“Último Ato”

Um conto erótico de NOTURNO'S
Categoria: Heterossexual
Contém 596 palavras
Data: 26/07/2025 18:36:12

Era uma sexta-feira fria daquelas em que o vento corta e a pele implora por calor. Eu estava hospedado num hotel no centro de Cascavel, há dois dias, lidando com compromissos que já não faziam sentido. Meu corpo estava ali. Mas minha cabeça, não.

Ana.

Meses tinham passado desde a última vez. Nenhuma mensagem. Nenhuma aparição repentina. Apenas silêncio — e a lembrança ardente do nosso último encontro, também aqui, como se o tempo tivesse congelado nela.

Então, naquela tarde, enquanto eu tomava um café morno no saguão do hotel, a recepcionista me chamou.

Um envelope. Sem remetente.

Dentro, um bilhete:

> “Quarto 803. Te espero só com a luz do abajur acesa. Sem perguntas. Só venha.”

Era a letra dela.

Meu coração acelerou como se anunciasse um pecado prestes a ser cometido. E talvez fosse mesmo.

A porta estava entreaberta. Entrei devagar.

O quarto estava mergulhado em penumbra. O abajur ao lado da cama derramava uma luz dourada e suave, recortando sombras sobre a parede. A atmosfera era cálida, carregada, silenciosa demais para ser casual.

Ana estava em pé, de costas. Um robe vinho, quase transparente, desenhava suas curvas.

Ela se virou. E tudo parou.

Seu olhar me atingiu com uma mistura de desejo e urgência. Não disse nada. Só caminhou até mim, me encarou por alguns segundos — olhos firmes, respiração marcada — e me beijou. Com fome. Com pressa. Com adeus na boca.

Me empurrou até a cama, rasgou minhas roupas com pressa, como quem não quer perder nem um segundo do que já está acabando. Suas mãos sabiam o caminho, mas havia algo diferente: ela tocava como se fosse a última vez.

Tirou o robe. Estava nua, exceto por uma meia-arrastão e salto preto.

— “Hoje não sou sua Ana.” — sussurrou rente ao meu ouvido. — “Hoje sou seu vício. Me usa. Me sente. Me queima.”

E eu já não era eu. Só desejo.

Ela montou em mim de costas, com movimentos lentos e calculados, olhando por cima do ombro, puxando meu cabelo, se tocando com a outra mão.

— “Você gosta de ver, não gosta?”

Me fazia assistir. Me torturava com prazer. Me quebrava por dentro com cada gemido sincero, sem censura.

Depois, ajoelhou-se entre minhas pernas e me olhou como quem desafia.

Lambeu. Beijou. Mordeu. Provocou.

Subiu em mim outra vez, agora me encarando com intensidade:

— “Me fode com tudo. Sem dó. Sem freio. Hoje eu quero lembrar de você gemendo como um animal.”

E eu obedeci.

Horas comprimidas em minutos. Posicionamentos trocados, gemidos abafados contra o travesseiro, palavras sujas ao pé do ouvido, tapas, arranhões, mordidas — era sexo e despedida, luxúria e fim.

Ela me empurrou contra a parede, sentou em mim de novo, os cabelos colando na pele suada, os olhos cerrados. Começou a tremer. Gozo bruto, tremores reais.

— “Goza comigo. Dentro. Agora. Sente o fim em mim.”

E eu gozei. Como se aquele momento fosse o último lugar do mundo.

Depois, o silêncio.

Ela sentou na beira da cama, ainda com a pele quente, o corpo suado e os cabelos desalinhados. Se vestiu devagar, com a calma de quem encerra um espetáculo.

Me olhou com ternura… e distância.

— “Você vai pra onde agora?” — perguntei.

Ela não respondeu. Apenas sorriu.

— “Eu já fui. Você só vai entender isso amanhã.”

Calçou os saltos. Ajeitou os cabelos. Me deu um beijo na testa — como quem sela um fim — e saiu.

Sem olhar pra trás.

Sem dizer até logo.

Na manhã seguinte, ao escovar os dentes, notei algo no espelho do banheiro. Um bilhete, preso com batom vermelho:

> “Me lembra com desejo. Mas não tenta me encontrar.”

— Ana.

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