O domingo arrastou o dia como quem arrasta uma corrente pesada no chão. Ainda bem que o Junior ficou no computador, enfiado naquele mundo dele, sem querer puxar assunto comigo sobre… aquilo. Eu aproveitei pra fazer o que fazia muito antes e já nem lembrava mais: joguei videogame na sala, sentada no sofá, de short furado, camiseta velha e uma cervejinha gelada na mão. Aquele tipo de prazer simples que a gente esquece quando tá atolada demais nas merdas da vida.
Ele ainda dormia comigo na cama. Na minha cabeça, isso nem era um problema — a gente já tava nesse modo automático fazia tempo. E ele só se deitava quando eu já tava dormindo mesmo. Só que naquela noite não. Resolveu deitar cedo, do meu lado, como fazia anos que não fazia. Se acomodou ali, na cama, e começou a falar de planos pra casa… Coisa que nunca, NUNCA, tinha feito antes. E eu ali, ouvindo, sem saber o que aquilo significava. Se era uma tentativa torta de reaproximação ou só um surto de responsabilidade, sei lá.
Mas, claro… ele voltou ao assunto.
— Aquele cara do vídeo… me fala dele?
Eu respirei fundo. Sabia que uma hora ou outra ele ia voltar nisso, tava escrito. Achei estranho ele trazer de volta agora, assim, deitado do meu lado, falando num tom quase casual. Decidi ser mais sincera dessa vez… com algumas reservas, claro. Nem tudo precisa ser dito.
— Eu conheci ele naquele dia… Foi uma coisa meio doida. Eu tava chateada, não tava pensando direito.
Silêncio. Ele ficou olhando pro teto, como quem digeria a informação com o estômago embrulhado.
— Se arrependeu de ter feito?
Essa me pegou. Eu mesma nunca tinha me feito essa pergunta. Fiquei olhando pra frente, pro nada, buscando alguma sensação de arrependimento. Não tinha. Nem sombra. Mas eu não sabia se jogar essa verdade crua na cara dele era o certo… ou o cruel.
Soltei o ar devagar, fechei os olhos por um segundo, tentando me preparar, mas era inútil… não tinha como suavizar aquilo.
— Junior… pra ser honesta… Não. Nem um pouco.
Ele soltou uma risada seca, sem olhar pra mim.
— Ah, legal. Que bom que você curtiu.
Me virei pra ele, como quem procura alguma coisa… talvez um traço de raiva, talvez ciúmes… ou qualquer emoção que me mostrasse que ele ainda tava ali, vivo, sentindo. Mas o rosto dele tava impassível, fechado, e isso me confundia mais do que se ele tivesse quebrado tudo.
— E você? Tá… procurando alguém?
Minha voz saiu baixa, meio rouca. Eu ainda tinha ciúmes, claro. Ridículo, mas tinha.
— Na verdade não. Nem procurei nada disso. Eu tô… bem assim.
— Tá mesmo? — insisti, olhando de lado, tentando decifrar o tom dele. — Você parece estranho.
Ele deu um meio sorriso, quase triste.
— Eu sei… Eu achei que ia me importar… mas… não me importei. É estranho.
Fiquei em silêncio por um segundo, só ouvindo a respiração dele, aquele vazio entre nós se esticando. Resolvi levar a conversa onde precisava ir… pontuar o que tava combinado.
— Então é isso? Eu saio… fico com quem eu quiser… até você achar um lugar pra ir?
— Sim… Só… — ele respirou fundo — só não dá muito na cara. Pra se proteger… e pra não me deixar com fama de corno.
Soltei uma risadinha, meio amarga.
— E… pra onde você vai?
— Pra casa de praia dos meus pais… talvez.
— É longe lá…
— Sim.
Só consegui assentir. A verdade é que… eu não queria terminar com ele. Não queria mesmo. O problema é que ele virou um parasita estranho com o tempo… uma sombra de quem já foi. Se ele fosse um homem ativo, se se mexesse, se quisesse… a gente estaria muito melhor. Mas ele foi ficando… passivo, apático. E eu não podia carregar nós dois sozinha.
Ele ficou quieto um tempo… e quando falou, foi daquele jeito que ele sempre fazia, como quem joga uma bomba no meio da sala, como quem não quer nada.
— Me conta… como foi?
Virei o rosto, confusa.
— Como assim?
— Como foi… o que ele fez de legal… que você gostou…
Fiquei envergonhada na hora, a garganta secou.
— Ah… eu não sei se tenho coragem… O que você quer saber?
Ele deu de ombros, sem nem me olhar.
— Ele transa bem?
Fechei os olhos, mordi o lábio… e falei, porque não fazia mais sentido mentir.
— Nossa… muito. Ele é… uma máquina.
Ele soltou um riso abafado, meio cínico.
— Melhor que eu?
Engoli em seco, pensei em mentir… mas qual era o sentido?
— Ah… não dá pra comparar… é diferente… ali tinha muita coisa nova envolvida… que fazia ser… muito bom.
A verdade? Sim, ele era melhor. O cara se cuidava, se mexia, se preocupava em me dar prazer… Junior, não. Eu gostava de transar com ele, gostava muito, mas… ele parou de se esforçar, virou meio que uma obrigação, uma rotina morna, um script decorado. Só que… com ele… com o Junior… tinha amor. Muito. E isso sempre deixou tudo intenso. A palavra pode parecer estranha, mas… era confortável. Como se… como se eu tivesse em casa.
Difícil de explicar. Muito difícil.
— Qual a melhor posição que vocês fizeram?
Soltei o ar devagar, pensando… e nem percebi quando a resposta escapou.
— Deixa eu pensar… acho que… de quatro. Teve uma hora que… nossa…
E, estranhamente, fui emendando, contando detalhes que eu nem queria, como se ele fosse… sei lá… um amigo de confidências pra essas coisas. E conforme eu falava, ele ia me fazendo perguntas, me puxando, me levando a lembrar de tudo… cada detalhe, cada sensação. E eu… eu me divertia com aquilo sem perceber, soltando risadas nervosas, deixando as palavras saírem soltas, sem filtro.
E enquanto eu falava… meu corpo ia esquentando ali, embaixo das cobertas, devagar… um calor que subia pelas coxas, pelo peito, até o rosto. E quando eu me apertava, me encolhia, dava aquele nervosinho gostoso… como um aviso silencioso: “tu tá começando a se excitar com isso.”
Ele percebeu. Claro que percebeu.
— Caramba… deve ter sido ótimo. — ele se ajeitou, sentando na cama, com aquela calma irritante, como quem já sabia o próximo passo — E pra te provar que eu gosto de ouvir…
Pegou minha mão. E eu deixei. Inocente, ou querendo fingir que era. A gente sempre teve essa intimidade… nunca existiram proibições ali.
— Olha aqui…
E puxou minha mão, colocando em cima do pau dele, que estava escondido debaixo da coberta, mas pra fora do short. Quando senti… aquela carne dura, quente, latejante… meu corpo inteiro enviou um sinal de alerta, um choque que percorreu minha espinha e parou direto na boceta.
Mas já era tarde. Aquilo já tinha me pegado.
Mesmo assim, protestei, num fio de voz, sem força real pra afastar a mão.
— Junior… não… não faz isso… Por favor…
Mas minha mão não saía dali. Nem ele soltava. Nem eu puxava. E ficou aquele silêncio espesso entre nós, como se o ar estivesse preso na garganta dos dois. Ele com aquele risinho idiota na cara… e eu, pensando se valia a pena fazer aquela merda. Porque era isso… fazer merda. Eu ia me separar, caralho. Dar esperanças seria… cruel. Um erro.
— Mostra pra mim… como você fez com ele.
Minha mão ainda tava ali, parada, meio tensa. Não mexia, mas também… não saía.
— Você sabe como eu fiz… — falei, meio sem paciência, meio querendo encerrar aquilo antes que fosse tarde demais. — Eu fiz do mesmo jeito que eu faço com você… Deixa de ser bobo.
E, sem perceber, minha mão ficou mais mole… os dedos relaxaram… se acomodaram em cima do pau dele. Quente, duro, pulsando. Aquela familiaridade perigosa.
— Você quer… que role de novo com ele?
Respirei fundo. O peito subiu devagar… e, quando soltei o ar, um riso escapou. De felicidade. De desejo. De quem já não tava mais preocupada com o certo.
— Quero…
Ele sorriu, meio de canto, e baixou ainda mais a guarda.
— Posso confessar uma coisa?
— Pode… — soltei, rindo, levantando a sobrancelha — já estamos confessando tantas mesmo…
Meus dedos, como se tivessem vontade própria, abraçaram o pau dele, instintivamente. Fechando ao redor, sentindo o calor, o peso. E começou… o movimento automático, inconsciente, como quem respira sem perceber.
— Eu… eu não imaginava que você era tão safada a esse ponto… — ele soltou, a voz meio falhada, meio impressionada — fazendo com mulher… depois um ménage… Eu fico… meio culpado, sabe… por não ter explorado isso em você direito.
Ri, balançando a cabeça, os olhos ainda presos no que a minha mão fazia sem nem pedir autorização.
— Que nada… você encheu o saco com isso uma época. — revirei os olhos. — Até falei com a Manu… que a única coisa que me deixou culpada… foi ter feito depois que terminamos… porque você vivia me perturbando.
E, enquanto eu falava, meus dedos, já abraçados no pau dele, iam num vai e vem lento, quase preguiçoso, quase distraído… mas tão natural. Tão automático. Como quem sabe exatamente o que tá fazendo… e nem precisa pensar.
E quando eu me virei para ver seu rosto, foi quando o trem do nosso relacionamento descarrilhou de novo.
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