“Notas de Inocência”

Um conto erótico de NOTURNO'S
Categoria: Heterossexual
Contém 850 palavras
Data: 25/07/2025 13:27:03

Cascavel, PR

Eu nunca soube exatamente o que me levava de cidade em cidade. Talvez fosse o trabalho. Talvez a solidão. Ou talvez fosse só o desejo de me perder... para então me encontrar de novo — nos olhos de alguém, num quarto anônimo, num instante inesperado.

Foi em Cascavel que conheci Ana. Ou melhor... onde ela me viu primeiro.

Era uma tarde morna de sábado, céu claro, brisa leve. A praça perto do centro estava em silêncio contido, como se esperasse algo. Havia uma movimentação discreta de uma igreja que se preparava para um culto ao ar livre. Eu caminhava sem rumo, até ouvir as primeiras notas de um teclado. Macias. Íntimas.

Olhei. E a vi.

Ela estava sentada num banco de madeira improvisado, cabelos castanhos presos num rabo simples, um vestido azul claro que dançava com o vento. Jovem, talvez nem vinte ainda. Tocava como quem confessa segredos às teclas — e, por um instante, hesitou. Porque me viu.

A música seguiu, mas agora havia algo diferente. Como se cada nota tivesse meu nome. Como se ela tocasse para mim.

Fingi observar o entorno, mas meus olhos só viam ela. A delicadeza dos dedos, a firmeza na alma. E entre uma canção e outra, ela olhava de volta. Não havia timidez. Havia curiosidade. Fome de algo que ela ainda não conhecia.

Quando terminou, me aproximei. Comentei sobre a música, o jeito como ela fazia soar diferente. Ela sorriu. Um sorriso de menina. E disse, com voz doce:

— “Sou Ana... tecladista da igreja. Filha do pastor.”

O desejo mordeu minha nuca. Era como ouvir um sino de tentação soando na torre mais alta da inocência. Mas havia algo mais ali. Nos olhos dela. Vontade. Sede.

Conversamos. Ela gostava de Chopin, de Debussy. Mas queria ver o mundo, sentir outras melodias. Disse que se sentia presa. Que nunca saíra dali. E eu, naquele momento, era tudo o que representava o contrário: um estranho, um risco, um passo fora do compasso.

No dia seguinte, nos encontramos num café discreto. Ela veio de jeans, camiseta justa no corpo pequeno, mas de curvas doces. Os cabelos soltos agora. E nos olhos... faíscas.

Sentou-se à minha frente. Falamos de viagens, sonhos, medos. E, quando ela segurou minha mão sobre a mesa, seus dedos trêmulos disseram mais que mil palavras. Algo tinha sido decidido.

...No Quarto

Era fim de tarde quando ela entrou no quarto simples do hotel. Estava nervosa, as mãos suando, os olhos arregalados, mas firmes.

— “Nunca fiz isso...” — sussurrou.

— “Não precisa ter medo. Só sentir.”

Aproximei-me. Toquei seu rosto com as costas dos dedos. Ela fechou os olhos. Meu toque desceu pelo pescoço, desenhou a clavícula, encontrou o início do seio sob a blusa.

Seu corpo reagia com delicadeza. Cada toque era como uma nota explorada pela primeira vez. Quando comecei a despi-la, peça por peça, senti sua pele arrepiar. Sua respiração ficou mais pesada. Ela me olhava como se estivesse mergulhando num abismo — desejando a queda.

A blusa caiu. Depois o sutiã. Seus seios pequenos, firmes, se ergueram ao toque dos meus lábios. Ela soltou um gemido contido.

— “Me mostra...” — ela pediu, com voz rouca.

— “Te mostrar o quê, Ana?”

— “Tudo. O que é sentir de verdade. Ser mulher.”

A calça desceu com lentidão. A calcinha branca estava úmida. Muito. Passei os dedos por cima do tecido, sentindo a pulsação do desejo dela. Ela estremeceu.

Beijei sua barriga, suas coxas, sua pele quente e vibrante. Meus dedos deslizaram por dentro da calcinha, encontrando o centro do seu prazer. Ela arqueou o corpo, mordeu os lábios, segurou meu cabelo com as duas mãos.

— “Você é tão... molhada.”

— “É por você... só por você...”

Tirei a calcinha. Ela abriu as pernas, tímida, mas faminta. Comecei a explorá-la com a língua, com paciência, com precisão. Seus gemidos aumentaram, abafados na almofada. O quadril rebolava devagar, pedindo mais, implorando.

— “Meu Deus... isso é... isso é…”

— “Desejo. Só isso. E está tudo bem sentir.”

Ela gozou com um grito contido, tremendo inteira sob minha boca.

Depois, me puxou para cima e disse:

— “Agora... me faz tua.”

Me deitei sobre ela. Nossos corpos encaixaram como uma nova melodia. Penetrei devagar, sentindo sua virgindade ceder. Ela chorou baixinho, mas me olhou com coragem.

— “Vai... continua... me ensina.”

E eu fui. Cada estocada era uma nota grave, um novo tom de prazer. Ela gemia, me arranhava, sussurrava coisas que nem ela sabia que sabia:

— “Mais fundo...”

— “Me usa...”

— “Não para, por favor...”

— “Quero tudo... quero sentir tudo...”

Seu corpo se adaptou ao meu. Seus quadris me guiavam num ritmo primitivo, alucinado. Gozamos juntos, num final explosivo e quente, suados, colados, fundidos.

Depois, ela deitou sobre meu peito. Desenhava círculos invisíveis com o dedo e suspirava.

— “Foi como... voar.”

— “Foi só o começo.”

Antes de sair, beijou minha boca e depois minha testa.

— “Vai lembrar de mim?”

— “Sempre que eu ouvir uma tecla solitária tocando ao longe.”

E ela partiu.

Naquele fim de tarde em Cascavel, Ana descobriu que existe fé no desejo. Que há pureza no prazer. E que, às vezes, perder a inocência... é só outra forma de se libertar.

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