Os dias em Brasília seguiam desafiadores para Ricardo. A leveza do café da manhã com Thiago, Mateus e Luiz ainda ecoava em sua mente — as risadas, os comentários descontraídos e, sobretudo, a imagem daquele jovem que lhe lembrava tanto Lucas. Ele tentava se manter centrado, aproveitando o tempo com os filhos, mas a forma natural e livre com que os dois viviam sua sexualidade mexia com ele mais do que gostaria de admitir. Era como se cada momento na cidade o obrigasse a confrontar algo novo — e antigo — dentro de si.
Naquela manhã, entre goles de café e trocas de piadas, Thiago anunciou que precisaria viajar por três dias para resolver um caso em Goiânia. Olhou para Mateus com um sorriso debochado:
— Se comporta, hein, Theus. Nada de transformar o apê numa rave enquanto eu não estiver.
Mateus riu, jogando uma torrada em direção ao irmão.
— Relaxa, mano. Vou ser um anjo.
Ricardo ergueu uma sobrancelha, cético.
— Anjo, sei… Vocês dois são fogo, isso sim — comentou, com um sorriso cansado.
Depois da despedida, o dia seguiu calmo. Ricardo aproveitou para descansar, enquanto Mateus se ocupava com e-mails e chamadas do escritório. Mas, à medida que a noite caía, o clima na casa mudava.
Por volta das sete, Mateus entrou na sala com um sorriso malicioso e uma cerveja na mão.
— Pai, só pra avisar… hoje vou trazer um novinho pra comer. Tranquilo?
Ricardo quase engasgou com a água que bebia, rindo em seguida para disfarçar o susto.
— Caralho, vocês são mesmo sem filtro, hein? — disse, balançando a cabeça. — Tá tranquilo, só cuida pra não destruir o apartamento.
— Relaxa. Vai ser só diversão — respondeu Mateus, antes de desaparecer pelo corredor.
Ricardo tentou retomar o foco em um jogo na TV, mas sua mente não parava. A naturalidade com que o filho vivia o próprio desejo era, ao mesmo tempo, desconcertante e fascinante. Era como se algo dentro dele estivesse sendo lentamente escancarado.
Mais tarde, perto das dez, a porta do apartamento se abriu. Mateus entrou acompanhado de um jovem de cerca de 23 anos — magro, pele clara, cabelo bagunçado, olhar tímido, mas corpo definido, quase esculpido. Ele acenou brevemente para Ricardo, que retribuiu com um movimento contido, tentando manter a compostura.
Pouco depois, Ricardo foi até a cozinha pegar água. No retorno, parou diante do corredor ao ouvir os primeiros sons vindos do quarto de Mateus. A porta estava entreaberta, deixando escapar uma linha de luz e… os gemidos. Ele tentou se conter, mas quando passou pela fresta, não resistiu e lançou um olhar rápido.
O que viu o paralisou.
O jovem estava de quatro na cama, a bunda empinada, branca e firme. Mateus, nu e suado, o segurava com força pela cintura, penetrando com vigor. O quarto estava tomado pelos sons de gemidos e corpos se chocando. O rapaz gemia alto, pedindo mais, e a intensidade da cena fez o corpo de Ricardo reagir no mesmo instante.
Sua ereção pulsava contra a calça de moletom, e por um instante ele ficou ali, hipnotizado — não apenas pela imagem explícita, mas pela liberdade, pela entrega, pela força crua daquele desejo sem freios. Era como assistir a algo que ele sempre evitou olhar de frente.
Com o coração acelerado, ele se forçou a voltar ao quarto de hóspedes e trancou a porta. Deitou-se, mas os sons ainda vinham abafados pelas paredes. A cada novo gemido, a cena se repetia em sua mente, agora misturada a flashes de Lucas — a bunda branca no banheiro do escritório, o short justo, o jeito tímido e sensual com que se movia.
Não resistiu.
A mão desceu, e logo ele se entregava àquela fantasia proibida, misturada entre passado, presente e desejo. Gozou com força, ofegante, tomado por uma mistura agridoce de culpa e alívio.
Ficou ali, imóvel, olhando para o teto enquanto a respiração se acalmava. Não sabia exatamente o que estava acontecendo com ele — mas sabia que não era mais possível ignorar.
Algo dentro dele estava mudando.
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Enquanto isso, em São Paulo, Lucas seguia sua rotina em home office, alheio ao que acontecia em Brasília. Ocupava-se com processos e relatórios, mas a ausência de Ricardo o deixava inquieto. Pensava no chefe com frequência, no momento tenso — e íntimo — no banheiro, e no que poderia acontecer quando ele voltasse. Por ora, mantinha o foco no trabalho, mas a espera parecia mais longa a cada dia.