Ficar ou não ficar?... - Parte 6

Um conto erótico de Paulinho (Por Mark da Nanda)
Categoria: Heterossexual
Contém 5388 palavras
Data: 23/07/2025 11:09:45

Surgiu um silêncio e cheguei a olhar para a tela do aparelho, imaginando que a ligação tivesse caído, mas que nada. Logo, ela retornou:

- Eu queria tanto te ver...

- Quem sabe um dia, mas é melhor cê esperar sentada.

Um novo silêncio se seguiu, curto, pois na sequência veio um lamento, típico de quem se esforça para não chorar e ela falou:

- Você estava certo. Sempre esteve. O Léo não era flor que se cheire...

[CONTINUANDO]

As palavras de Emilinha, vindas através do telefone como ecos de um passado que eu ainda insistia em sepultar, foram ao mesmo tempo bálsamo e adaga, abrindo uma ferida ruim de cicatrizar. Ouvi-las, confessando que eu estivera certo em desconfiar das intenções daquele Leonardo, trouxe um alento à minh’alma, mas um alento traiçoeiro, como o doce que se prova sabendo que, se exagerar, logo azedará o bucho. Não era paranoia, dizia-me o orgulho; ciúme, talvez, ou melhor, muito ciúme, admito, pois o coração, esse velho companheiro, nunca soube amar sem vigiar. Mas, estranhamente, a confissão dela, com seu tom triste e quebrado, não me trouxe a paz que eu esperava. Ao contrário. Incomodou-me, como se houvesse ali um mistério ainda não desvendado, uma história que ela guardava com receio de revelar. O que me inquietava, pergunto-me agora, era o tom de sua voz, carregado de algo que não lhe era habitual:

- Cê quer me falar alguma coisa, Emilinha? - Perguntei, a voz mais dura do que pretendia, como se quisesse puni-la por ainda mexer comigo.

- Melhor não, Paulinho. - Respondeu ela, após um silêncio que pesava como chumbo: - Tô sabendo que ocê tem a sua vida e isso não é mais problema seu. Eu... Eu só queria ouvir sua voz. Estava mesmo com saudade do’cê...

Fiquei mudo, preso entre a curiosidade e o orgulho. Queria saber mais, arrancar dela cada detalhe do que acontecera com aquele Leonardo, talvez até tirar satisfações com aquele borra-botas mas sua voz, frágil como uma folha seca, sugeria que o telefone não era lugar para tais confissões. Antes que eu pudesse insistir, ela continuou:

- Eu... Eu vou desligar. Quando vier pra cá, passa lá em casa. Vou gostar muito de ver ocê novamente. - E, com um suspiro que parecia carregar o peso de mil arrependimentos: - Tchau, amor. Um beijo.

Atordoado, desliguei sem me despedir, como se a palavra “amor” fosse uma flecha que eu não sabia como desviar. O coração, esse traidor, batia descompassado, e eu, perdido em pensamentos, nem notei Barnabé, escorado no batente da porta, observando-me com aquele olhar que misturava curiosidade e ironia. Ele, que parecia sempre saber mais do que dizia, rompeu o silêncio:

- Então... foi essa aí? - Perguntou, aliás, deduziu, apontando com o queixo para o celular que eu ainda segurava, como se fosse uma prova de crime: - Essa aí que te desparafusou todo?

- Pois é... - Respondi, seco, tentando esconder o tumulto que me agitava por dentro.

- E o que tu vai fazer? - Insistiu ele, com um sorriso torto que parecia zombar da minha confusão.

- A gente não tem mais nada, padinho. Minha vida agora é aqui. - Disse eu, mais para me convencer do que para responder.

- Boa resposta, Seu Paulo. - Riu ele, dando um tapa no meu ombro: - Vamo tomar uma branquinha lá nas menina?

- Tô afim não, padinho. Hoje, eu vou ficar por aqui mesmo. - Retruquei, sentindo que a cachaça, por mais tentadora que fosse, não apagaria as lembranças que Emilinha reacendera.

Barnabé, com sua alma de folião incorrigível, partiu para mais uma noitada de diversões pecaminosas, enquanto eu fiquei na varanda, sob o céu estrelado de Goiás, refletindo sobre o que poderia ter sido e não foi. O coração, esse arquivo teimoso, guardava e repetia cada palavra dela, cada suspiro ouvido, cada talvez, cada senão, mas o ciúme, esse bicho danado, agora ria de mim, como se soubesse que eu nunca escaparia de suas garras.

No dia seguinte, fui acordado por um Barnabé estranhamente sorridente, que, com um brilho malicioso nos olhos, trouxe uma novidade que me tirou do torpor:

- Mês que vem, vou pra São Paulo. Queria que tu viesse comigo.

- Uai, mas precisa? Alguém tem que ficar aqui pra cuidar das coisa. - Protestei, ainda com o sono pesando nas pálpebras.

- Isso! Assim é que se fala, Seu Paulo. - Disse ele, rindo: - De meninote, te vi virar moço e agora homem, disposto, decidido, certo do que tem que fazer. - E, com um tapa no ombro que quase me derrubou: - Mas, dessa vez, vou precisar de tu comigo, lá.

- Então tá, então. - Cedi, sem entender bem o que ele tramava.

- Aproveitando... Já que tu tirou a carteira de motorista há um tempinho, vamos revezar. Quero te deixar afiadinho no volante. - Acrescentou, com aquele tom de quem planeja mais do que revela.

- Tá confiando, hein, padinho? - Brinquei, tentando acompanhar seu humor.

- Melhor confiar em tu, do que num cabra qualquer. - Respondeu ele, com um piscar de olho que me fez rir, mas também desconfiar: - Além do mais, fui eu que te ensinei e tenho que acreditar que fiz o meu melhor.

O mês passou voando, perdido nas obrigações da fazenda e nas ordens que deixamos para Jereminas, apelido do Jeremias, um colono que veio lá de Minas tempos antes de mim. Eu, por minha vez, também ganhei minha própria alcunha em Águas Negras do Alto: “Coronelzinho”, por causa do meu jeito seco de tratar as pessoas e por ser o afilhado de Barnabé, conhecido por alguns como “O Coronel”. Confesso que odiava o meu, mas os moradores da região usavam o termo com um respeito que, no fundo, me lisonjeava. Quem sou eu para recusar a deferência, ainda que disfarçada de zombaria?

A viagem para São Paulo foi feita na velha Rural Willys. Fomos eu, Barnabé e Fabiano, um dos funcionários dele. Dirigi quase o tempo todo, porque Barnabé, o folgado, sob o pretexto de me “treinar”, passou a maior parte do trajeto dormindo ou contando histórias que eu já conhecia. Não me importei, confesso. Gostava de dirigir, e, modéstia à parte, fazia-o bem. Além disso, Passa-Vinte, como dizem em Minas, era logo ali, e São Paulo, um pulinho a mais. Mais cedo ou mais tarde, chegaríamos.

Chegamos à capital poucos dias antes do carnaval, um evento que, para mim, nunca teve grande apelo. As multidões, o barulho, as máscaras, enfim, tudo me parecia uma fuga, um disfarce para quem teme olhar-se no espelho. Mas Barnabé, com seus planos que eu nunca conseguia decifrar, tinha outras ideias.

No primeiro dia, fomos numa concessionária da Toyota receber uma Bandeirante zero bala comprada pelo Barnabé, um monstro marrom-escuro, de pneus enormes e coração pulsando óleo quente ainda maior que a da já combalida Rural. Era rústica por fora como a velha Rural Willys, mas com um conforto maior por dentro que certamente faria a estrada parecer menos cruel. Entendi porque Fabiano nos acompanhou: ele voltou de imediato para Goiás com a velha Rural e nós continuamos nossos afazeres.

Em quatro dias, ele resolveu vários negócios com seus advogados, numa papelada que dava medo só de olhar. Eu não entendia por que minha presença era necessária, mas os homens de terno, com seus olhares curiosos, pareciam interessados em me conhecer, como se eu fosse parte de algum plano que Barnabé não se dignava a explicar.

Quando pensei que finalmente iríamos para Passa-Vinte, ele me surpreendeu com uma novidade que, confesso, me deixou entre o espanto e a irritação:

- Como assim passar o carnaval aqui? Onde? Por quê? - Perguntei, com a desconfiança de quem já conhece as artimanhas do padrinho.

- Ara, Paulinho! Vamo vivê um pouco, homem. Tem uns bailes bão demais por aqui. Tu vai gostar... - Respondeu ele, com aquele sorriso que parecia sempre esconder uma carta na manga.

O carnaval de São Paulo não é para os fracos de coração, nem para aqueles que, como eu, carregam no peito um coração já machucado pelas do amor. Era um torvelinho de cores, um delírio de sons, uma orgia de luzes e um pandemônio de desejos carnais que zombava da minha simplicidade de roceiro. As ruas, apinhadas de foliões, exalavam um perfume agridoce de suor, cachaça e promessas vãs e porque não dizer vis. E eu lá, bem no meio daquela zorra sem ter para onde fugir, sentia-me um estranho em terra estrangeira.

Entretanto, Barnabé, meu padrinho de coração, com aquele riso torto que parecia esconder segredos mais antigos que o próprio carnaval, arrastou-me para um bloco de rua na Consolação, onde o samba rugia como um trovão e as fantasias brilhavam como estrelas caídas. Minhas botas de couro, ainda empoeiradas do cerrado goiano, pisavam o asfalto com a cautela de quem teme tropeçar na própria alma. E foi ali, no meio daquela muvuca que pulava, porque aquilo eu não chamo de dançar, como se o mundo fosse acabar ao amanhecer, que surgiu Denise. Não sei se foi o destino, esse velho cínico que gosta de rir às minhas custas, ou apenas o acaso, mas ela surgiu como uma visão, uma mulata de pele reluzente como bronze polido, os olhos castanhos faiscando com uma malícia que prometia tanto o paraíso quanto a danação. Cabia a cada aventureiro arriscar sua sorte e colher a sua sina. Sua fantasia, um paninho atrevido de tecido dourado e esmeralda, mal cobria o corpo esguio, mas forte, com seios que desafiavam a gravidade e quadris que pareciam dançar por conta própria. Eu, que já havia provado as lições da carne na Casa de Madame Cícera e depois em outros logradouros, senti o coração dar um salto, como um cavalo assustado por um trovão:

- Ora, ora, ora... Parece perdido, moço? - Perguntou ela, a voz carregada de um sotaque paulistano que soava como um convite.

Ela segurava uma lata de cerveja, o suor escorrendo pelo pescoço como se fosse parte do espetáculo. Seus olhos, rápidos e perspicazes, mediram-me de cima a baixo, como se eu fosse um lote de gado no leilão:

- Eu... só tô olhando. - Respondi, a voz engasgada, sentindo o calor subir pelo rosto.

Não era verdade, claro. Meus olhos, traidores como sempre, já se perdiam nas curvas daquela beldade e meu coração, esse tolo incorrigível, já começava a inventar histórias que eu sabia que não deveria acreditar:

- Olhando!? - Ela riu, um riso que era ao mesmo tempo graça e provocação: - Aqui não é lugar pra olhar, moço. É para se viver!

Sem me dar tempo de protestar, agarrou minha mão e me puxou para o meio do bloco, onde o samba engolia tudo: pudor, medo, até a memória de Emilinha, que ainda rondava minha alma como um fantasma teimoso. Dançamos, ou melhor, ela dançou, e eu, desajeitado, apenas fiz como a grande maioria dali: pulei. Meus pés, acostumados a pisar a terra seca do cerrado, tropeçavam no ritmo, mas Denise, com uma paciência ou talvez piedade, guiava-me com as mãos nos meus ombros, o corpo roçando o meu de propósito:

- Relaxa, vaqueiro. - Sussurrou ela, o hálito quente contra o meu ouvido: - Deixa São Paulo te acolher e eu te ensinar o que temos de melhor para oferecer...

E São Paulo ensinou, aliás, Denise. Foram aulas intensas... Ensinou-me que a carne tem suas próprias leis, que o desejo é um tirano mais cruel que o tempo, e que, por uma noite, um homem pode esquecer quem é. Naquele primeiro dia, ficamos até o sol raiar, ela girando como um redemoinho, eu tentando não ser tragado. No segundo dia, num bar abarrotado de foliões, ela subiu numa mesa, puxou-me pelo colarinho e me beijou com uma fome que fez o mundo girar ao contrário. O beijo tinha gosto de cerveja, hortelã e algo mais, algo que eu não sabia nomear, mas que me fazia querer mergulhar de cabeça naquele abismo:

- Cê é um gostoso, Paulo. - Disse ela, os lábios ainda roçando os meus: - Mas eu gosto e como gosto.

Eu, tolo, acreditei, ou quis acreditar, que aquelas palavras eram só para mim. O terceiro dia, porém, foi o ápice, ou talvez a queda. Num quarto alugado num hotelzinho vagabundo perto da Consolação, onde o papel de parede descascava e a cama rangia como se protestasse ante o meu peso, Denise me levou para além do carnaval. Despiu-me com a urgência de quem sabe que o tempo é curto, e eu, rendido, deixei que ela tomasse as rédeas. Seu corpo, firme e quente, movia-se sobre o meu como uma dança que não precisava de música, e seus gemidos ecoavam como a bateria de um bloco.

Ela era um vulcão, exigindo tudo de mim, e eu, pela primeira vez, senti-me à altura. Não era mais o menino de Passa-Vinte, mas um homem que podia enfrentar o mundo ou pelo menos aquela mulher. No fim, exaustos, ela deitou-se sobre meu peito, o suor misturando-se ao meu, e riu, um riso que misturava graça e melancolia:

- Você é bom de cama, meu caro. Quem diria? - Disse ela: - Mas carnaval é assim: brilha, explode e acaba. Não se apega, tá?

E, com um beijo rápido, deixou-me com uma frase que ecoou como um epitáfio:

- Foi só uma paixão de carnaval. Quem sabe a gente não volta a se encontrar um dia.

Dormimos e quando acordei, estava só. Sobre a cômoda, minha carteira estava aberta, mexida, com apenas alguns trocados e um bilhete. “Obrigada! Um dia hei de pagar.” Saí daquele quarto com o coração mais pesado que o esperado, não por amor, mas por aquela mania que tenho de querer encontrar alma onde só há carne. Denise, com sua beleza e sua efemeridade, foi um espelho da minha própria fragilidade, um lembrete de que o coração, pelo menos o meu, esse traidor, gosta de se iludir. Mas o carnaval acabou e com ele Denise, que desapareceu da minha vida tão rápido quanto surgiu.

A viagem até Passa-Vinte continuava longa, mas agora mais macia, pois a Bandeirante cumpria bem o seu papel. Ela cortava a estrada com um ronco grave, bonito de se escutar, e eu, agora mais confiante ao volante, sorridente mesmo, sentia-me quase orgulhoso de dirigir aquele brucutu. Barnabé, no banco do passageiro, cantarolava uma marchinha de carnaval enquanto lia alguns papéis. Às vezes, dava uma bizoiada em mim, interrompendo para contar alguma história do Carnaval recente ou me provocar com conselhos que eu já sabia de cor.

Eu sorria, e ria, mas no fundo, uma me agradava e incomodava ao mesmo tempo: rever Passa-Vinte. Pois é, isso me enchia de um misto de saudade, uma nostalgia gostosa, mas também de apreensão. Fazia mais de um ano que não via meu pai, Ciro, e a cidadezinha que me moldara, e isso me movia, mas sabia que Emilinha também estaria lá, com seus olhos e seus mistérios, e isso me fazia tremer.

Chegamos ao entardecer, quando o sol já pintava de laranja-avermelhado os telhados de Passa-Vinte, lembrando os doces de abóbora da venda do Seu Zé Formoso e um cheirinho de mato já se misturava ao aroma de café quentinho vindo de alguma cozinha. A casa do meu pai, simples, com suas paredes caiadas e a varanda onde tantas vezes proseamos, estava lá, como se o tempo tivesse parado. Estacionei o jipe, o coração batendo descompassado, e desci, ainda com o chapéu de feltro que Barnabé me dera de presente. Ele, com uma sacola de mantimentos na mão, ficou ao meu lado, o sorriso matreiro de quem sabe mais do que diz.

Meu pai apareceu na porta e estancou. Por um instante, o mundo parou. Ele estava mais magro, o cabelo mais grisalho e ralo, mas o olhar, aquele olhar firme que sempre me guiou, era o mesmo. Ficamos nos encarando, como se tentássemos medir o peso do tempo que havia nos separado:

- Paulinho, Paulinho... Ou devo chamar de Paulão? Se cresceu, homi, encorpou... - Disse ele com um sorriso no rosto antes da voz embargar e ele abrir os braços: - Tô com saudade do’cê!

Não me envergonho de dizer, corri! Esqueci a pose de homem feito e corri feito uma criança, o mesmo menino que tantas vezes chorou, riu e foi acalentado por aqueles braços já não tão fortes. Joguei-me nos braços dele:

- Tô de volta, meu pai. Tô de volta... - Murmurei, a voz falhando, enquanto as lágrimas, quentes e inevitáveis, escorriam pelo meu rosto.

Ele apertou-me com força, como se quisesse guardar-me ali no seu peito para sempre e eu me deixei levar para o alto, como nos meus tempos da minha infância, nem que fosse por um instante. Barnabé, ao lado, fingiu limpar uma poeira do olho, mas sei que ele também sentiu o peso daquele momento. Foi a primeira e última vez que vi o velho Barnabé chorar, mesmo sem derrubar uma única lágrima.

O jantar foi uma festa simples, regada a feijão cozido, arroz, torresmo crocante, couve, uma tubaína e histórias antigas. Meu pai contava como Passa-Vinte seguia igual, mas com “uns modernismos” que ele não aprovava, como o celular que todo mundo agora carregava. Barnabé ria, cutucando-o, e eu, entre uma garfada e outra, ou uma mordida num torresmo crocante, sentia-me em casa, mas com um vazio que nem a comida quente podia preencher. Foi então que Barnabé, com aquele brilho travesso nos olhos, virou-se para mim:

- Ô, Paulinho... Vai lá na venda da pracinha e compra um belo quarto de leitoa pra gente assar amanhã no almoço. Melhor: traz uma leitoa inteira e pinga, da boa! Não vai me trazer essas coisas de supermercado, não. A gente precisa comemorar...

Franzi a testa, confuso e o encarei, esperando uma explicação que não veio. Insisti:

- Uai, mas comemorar o quê?

Ele cutucou meu pai com o cotovelo novamente, o mesmo sorriso matreiro de sempre estampado no rosto:

- Ora! A primeira conquista de um homem é sempre um motivo de comemoração, né não, Ciro? Vamos comemorar seu carro novo!

Meu pai piscou um par de vezes, tão perdido quanto eu. Nós nos entreolhamos e depois ao Barnabé que não tirava mais aquele sorrisinho do rosto:

- Carro? Que carro? Eu não comprei carro algum...

Foi quando Barnabé, com um gesto teatral que parecia ensaiado, tirou as chaves da Bandeirante do bolso e as jogou no meu peito. Agora com os reflexos em dia, acostumado a desviar de chifre de boi bravo, peguei-as no ar, mas as mãos começaram a tremer em seguida. Encarei-o surpreso:

- Nunca tive um filho de sangue, mas agora tenho um de coração, e tu merece esse mimo: trabalha igual um burro e sei que não é de graça, mas sempre faz mais do que te peço. Tu merece. Agora, vai no jipe! Mostra pra esse povo quem voltou em grande estilo.

Fiquei sem palavras, os olhos arregalados, as chaves pesando como se fossem de ouro. Meu pai também olhava como se não soubesse se era um presente ou um afronta, afinal, ele, o pobre Ciro, por mais vontade que tivesse, nunca teria a mesma condição de me fazer tal agrado:

- Padinho... Isso é sério? - Perguntei, a voz tremendo.

Barnabé apenas assentiu, vindo dar-me um abraço:

- E não ouve recusar! É de coração, acredite. - Então se virou para o meu pai e concluiu: - Você tem mesmo motivo para se orgulhar dele, Ciro. Você criou um bom homem, homem com agá maiúsculo.

Meu pai se rendeu e deu um sorriso. Depois, veio na nossa direção e também me deu um abraço e, sendo o Ciro de sempre, um tapa no rosto:

- Vai lá, menino. Mostra do que um “Sandoval Silva” é capaz!

Meu coração não batia, dava pinote nesse momento, não só pela generosidade de Barnabé, mas pela certeza de que, agora, eu era mais do que o menino que partiu. Era um homem, talvez um homem que nem mesmo eu imaginara me tornar. Aturdido de felicidade, já tinha saído porta afora quando me lembrei de pegar a carteira, retornei e ouvi Barnabé falar:

- E vou convencer ele a terminar os estudos, Ciro. Quero que o Paulo se torne o administrador da minha fazenda. Já vi que, nele, eu posso confiar.

Estudar? Essa era uma novidade que eu não esperava, mas dirigindo o meu Bandeirante, imaginei eu me tornando um doutor, ou talvez só o administrador da fazenda do Barnabé, o que já não era pouco. Um agrônomo então, quem sabe? Ou um veterinário...

- Doutor Paulo... - Resmunguei em voz alta, o som reverberando gostoso dentro do jipe.

Dirigi até a venda do Seu Zé Formoso ainda atordoado com tanta notícia boa. Estava vestido como um vaqueiro chique, sem ser afrescalhado, como Barnabé mesmo dizia: calça jeans meio justa, camisa de manga longa azul-escura, cinto com uma fivela prateada que brilhava como um farol, botas de couro legítimo e o chapéu de feltro preto, que dava um ar de quem sabe para onde vai, mesmo que eu não soubesse. O rugido imponente da Bandeirante ecoava na rua principal de Passa-Vinte, levantando poeira e olhares curiosos. Eu reconhecia aos poucos cada rosto da minha infância e juventude, mas eles, os moradores tentavam decifrar quem era o forasteiro, certamente cochichando na calçada: “É algum fazendeiro, só pode.”, “Olha o carro desse moço!”, “Parece coisa de cinema!”

Estacionei em frente à venda e o menino Juca, aquele mesmo xereta de sempre, estava lá, um pouco maior é verdade, mas com o mesmo ar peralta. Ele chupava um picolé que pingava no chão à sua frente, sem tirar os olhos do meu jipe. Assim que desci, fechando a porta, ele arregalou os olhos, deixando o picolé cair e gritou:

- Paulinho!? É Paulinho de Seu Ciro...

Uma multidão logo se formou, e se aproximou como se eu fosse de outro mundo, o que não era de todo errado. Criou-se uma fofoca que se espalhou como um incêndio no mato seco: “Paulinho voltou!”, “Tá grande!”, “Tá rico!”, “Tá de jipe novo!”, “Tá chapeludo, parecendo o Charles Bronson!”, esse último ecoou da boca do próprio menino Juca:

- Que história é essa, Juca!? - Perguntei, rindo na sequência.

- Uai! Óia esse bigode aí. Tá igualzin ele... - O danado me retrucou, lembrando-me da barba mal feita de véspera, fazendo uma turma cair na risada.

Num traque, a notícia de meu retorno cruzou Passa-Vinte de ponta a ponta, como se meu nome fosse folha que o próprio vento levasse de um lado ao outro da cidade.

Após cumprimentar alguns, entrei na venda e, claro, Seu Zé Formoso me pegou de prosa boa. Ele ria e contava histórias antigas, não tão antigas, mas desconhecidas para mim que estive fora. Foi então que notei que todos se voltaram para a porta, em sinal de respeito ou admiração. Olhei e lá estava ela: Emilinha. Meu coração, esse mesmo traidor, deu um salto, como se quisesse rasgar o meu peito e sair correndo dali, talvez já imaginando que eu poderia fazer merda se ficasse. Ela estava linda, mais ainda do que eu lembrava. A moça se fizera mulher e o vestido azul que ousava tentar realçar aquela imagem, desaparecia ante o brilho em seus olhos. Mas, estes mesmos, os olhos... havia algo diferente. Eles outrora tão cheios de mistério, agora carregavam uma sombra, uma desesperança, como se a vida tivesse cobrado seu preço.

Seu Zé, percebendo o peso do momento, inventou uma desculpa e sumiu para os fundos, não sem antes enxotar todos os presentes, quase todos, deixando-nos a sós:

- Paulinho. - Disse ela, a voz suave, mas com um tremor que lhe traía a imagem de mulher madura: - Cê tá... diferente, mais bonito...

- Emilinha! – Fiz um meneio de cabeça.

Só que, quando respondi, a voz saiu seca, doída. Não era a do Paulo, muito menos do Paulinho menino, mas sim a do Coronelzinho, tomador de conta da fazenda. Sem saber o que fazer, apenas ajustei o chapéu para sombrear meus olhos e disse:

- Cê também tá muito bonita.

Nos encaramos e o ar entre nós parecia feito de vidro, um limite criado para proteger, mas pronto para rachar em mil pedaços ao menor avanço de um dos dois. E quem deu o primeiro passo foi ela, à frente, na minha direção, suas mãos apertando uma bolsinha como se buscasse coragem:

- Será que a gente... poderia... conversar? Lá fora, quem sabe?

Eu sabia que não devia, mas meu corpo não era mais meu, havia sido tomado por lembranças e perguntas ainda sem respostas. Assenti e saímos para a calçada, sob os olhares curiosos dos passantes, e dali para a pracinha, e da pracinha para o coreto, onde nos sentamos. Emilinha começou, a voz baixa, como se temesse despertar um monstro:

- Eu te devo uma explicação. Eu sei... Não foi justo o que fiz, deixar ocê assim, sem dizer, sem explicar...

- Então fala, uai! - Disse eu, o Coronelzinho, impaciente, cruzando os braços, o tom mais duro do que eu queria: - Fala, Emilinha! O que aconteceu em Beagá? O que o talzinho do Leonardo fez co’cê?

Ela respirou fundo, ficando em silêncio e desviou o olhar, envergonhada de si mesma. Depois, os mesmos olhos marejaram, mas ela começou a falar, cada palavra uma facada nova:

- No começo, quando eu e você ainda tava junto, parecia um sonho. Leo... - Ela pigarreou e se corrigiu: - O Leonardo me falava da vida dele na capital e como eu também poderia ter uma vida igual. Dizia que eu podia estudar, trabalhar, virar uma moça da cidade grande, como essas de novela que a gente assiste. Dizia que aqui era muito pouco para mim, que você era muito pouco para mim...

Meu sangue ferveu, mas me contive, afinal, o que eu tinha que acertar, se fosse fazer, não seria com ela, mas sim com o talzinho, um dia, pessoalmente, cara a cara. Após uma breve pausa, analisando-me, ela continuou:

- Ele me convenceu a ir pra Belorizonte, prometendo mundos e fundos. Eu acreditei, Paulinho, porque... Ah... porque era jovem, boba, e achei que queria mais do que a praça e o coreto. Mas era tudo uma grande mentirada! O Leonardo não queria uma namorada, queria uma boneca, alguém pra ser mandada. Só fui descobrir isso lá...

- Namorada!? Então, cê foi pra lá pensando que seria namorada dele? E eu, Emilinha? A gente já não era namorado?

Ela abaixou a cabeça, constrangida, pois a resposta era clara, ofuscante até demais. Eu me desculpei, pedindo que ela continuasse, mas ela se calou, os olhos cheios de água, mas sem coragem de chorar. Quem acabou falando? Eu, claro:

- Pois é... Queria mais do que a praça e o coreto, mais do que eu podia te dar, né?

Ela suspirou profundamente, pois responder aquilo não era necessário. Então, falou, como se tentasse explicar o inexplicável para si mesma:

- Ele era bruto demais! Nu! Bruto, bruto, bruto... - Balançava negativamente a cabeça enquanto falava: - Decidia tudo por mim: o que eu vestia, com quem eu falava, até o que eu comia. Se eu desobedecia, ele gritava, me humilhava. Uma vez, me trancou no quarto por dois dias, só porque respondi uma mensagem de uma amiga sem ele saber. Ele dizia que eu era dele, que sem ele eu não era nada. E os amigos dele... eles riam, como se eu fosse um troféu.

- E a sua tia, Emilinha, tava onde!?

- É... Então... Ela achava normal. Pelo jeito, era assim que ela aprendeu a ser tratada e me dizia que, com o tempo, eu acostumaria e tudo se ajeitaria.

Cerrei os punhos, o ciúme antigo misturando-se a uma raiva nova, uma raiva que só não causaria uma desgraceira das bravas porque o talzinho não estava ali:

- Ele te machucou, Emilinha? - Perguntei, a voz tremendo, tentando não imaginar o pior.

Ela baixou o olhar e antes que continuasse, um furdunço de criança apareceu, inundando a pracinha. Tirei uma nota graúda da carteira e dei para o maior deles comprar sorvetes para todos, mas somente se eles nos deixassem em paz. Pareceu mágica e o silêncio reinou. Emilinha continuou, a voz quase um sussurro:

- Ah, Paulinho, se você soubesse...

- Tô tentando saber, uai... Fala, mulher! - Quase explodi, tomado por uma ansiedade que sufocava.

Ela suspirou e, olhando para um ponto qualquer no vazio da própria alma, continuou:

- Não com as mãos, mas com palavras, com gestos, olhares... Era como se ele quisesse apagar quem eu era. - Ela parou e tirou um lencinho da bolsa, enxugando o nariz: - Cê me perguntou agorinha sobre a tia Valdete... Ela até tentou ajudar uma vez. Acho que até ela viu que não tava direito, mas ela tava mesmo doente, um problema no coração. Quando ela morreu, meus pais foram lá no enterro e aí eu não aguentei mais, voltei pra cá. Só que Passa-Vinte já não era minha casa, não sem você...

Engoli em seco, o coração dividido entre a mágoa e a vontade de abraçá-la:

- Cê não foi certa. - Falei, se encará-la: - Por que mentiu pra sua mãe, dizendo que a gente tinha terminado?

- Eu não sei. - Disse ela, as lágrimas agora escorrendo: - Primeiro, eu acreditei na promessa de um doido e fui procurar algo que eu não queria, quando o que eu tinha me bastava e muito. Depois, eu achei que podia consertar tudo sozinha, mas só piorei. Quando te liguei, naquela noite, era pra pedir perdão, mas... eu não sabia como.

Levantei-me dando um passo à frente, buscando respirar um ar que tinha em fartura, mas não entrava no meu peito. Tirei o chapéu, segurando-o pela aba junto a minha cintura, e a encarei:

- Emilinha, eu vi ocê com ele, na varanda. Vi o beijo, sei que vi. Depois, vi o colar de coraçãozinho que tinha uma foto dele, não tinha? E o jeito que ocê olhava pra ele... Eu achei que você tinha escolhido ele e foi, não foi?

Ela negou com a cabeça, as lágrimas caindo como chuva, mas as palavras, ao contrário, confirmavam tudo:

- Eu não lembro do beijo direito, já te falei isso, mas depois ele me confirmou que a gente se beijou, sim, mas eu juro que não lembro. O colar... era uma lembrança. Quando ele disse que ia embora, me deu, para eu ter algo para me lembrar dele. - Ela suspirou profundamente, tentando se controlar: - E o olhar... eu não posso negar. Eu estava perdida, achava que precisava dele... daquilo...

Um silêncio surgiu, não o silêncio que traz paz, mas aquele que carrega angústia e aperta o coração como se quisesse extrair algo de dentro da gente. Então, perguntei:

- Cê se deitou com ele?

Não houve resposta, mas o fechar de seus olhos, e a vergonha estampada em sua face, bastaram. Eu sentia o peso de tudo um pouco: saudade, ciúme, raiva, mas também uma vontade nova, de entender, de perdoar:

- E agora, Emilinha? O que cê quer de mim?

Ela suspirou novamente, abriu os olhos e sorriu, um sorriso triste, nervoso, mas que carregava uma sinceridade que eu já havia visto antes, na nossa época de crianças, quando tudo parecia mais simples, organizado, mesmo na nossa bagunça:

- Quero, de todo coração, que cê seja feliz, Paulinho! Seja aqui, ou em Goiás, ou onde for. Mas, se ainda tiver um cantinho no seu coração...

Aquilo me pareceu uma despedida e me doeu. Olhei para a venda do Seu Zé Formoso e me lembrei da encomenda do padinho Barnabé. Depois, olhei para os olhos de Emilinha que não me cobravam uma resposta, apenas, talvez, compreensão. O ciúme ainda estava aqui, mas o homem que eu me tornara, forjado no sol do cerrado, sabia que o coração, esse traidor danado, às vezes não é um traidor, só não sabe como acertar todas as vezes:

- Não sei, Emilinha. - Falei, a voz saindo mais suave agora: - Cê não foi honesta comigo.

- Eu sei...

- Ó só... Amanhã a gente vai assar uma leitoa lá em casa. Se ocê quiser almoçar lá, tá convidada?

Ela deu uma risada curta, enxugando as lágrimas com as costas da mão:

- Só se tiver aquele doce de leite com pimenta...

- Ara! Nem sonhando! - Ri também de uma lembrança gostosa da nossa infância, mas completei: - Não tô prometendo nada! É só um almoço mesmo, entre dois amigos.

E assim, sob as primeiras estrelas de Passa-Vinte, senti que, talvez, o mistério que me assombrava tanto pudesse, enfim, ter encontrado sua resposta, mesmo que ainda estivesse mergulhado em dúvidas e agora, em desconfianças quanto ao futuro.

OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO SÃO FICTÍCIOS, E OS FATOS MENCIONADOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL SÃO MERA COINCIDÊNCIA.

FICA PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DO “CASA DOS CONTOS” SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DOS AUTORES, SOB AS PENAS DA LEI.

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Foto de perfil de Mark da NandaMark da NandaContos: 296Seguidores: 683Seguindo: 27Mensagem Apenas alguém fascinado pela arte literária e apaixonado pela vida, suas possibilidades e surpresas. Liberal ou não, seja bem vindo. Comentários? Tragam! Mas o respeito deverá pautar sempre a conduta de todos, leitores, autores, comentaristas e visitantes. Forte abraço.

Comentários

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Na minha opinião a Emilinha só se arrependeu porque foi maltratada emocionalmente, e ainda, por provavelmente ter sido usada como objeto sexual, sem respeito algum, não digo que ela mereça a danação eterna nos mármores do inferno, mas para um homem do interior, criado rústicamente e ainda por cima, ultra ciumento, o Paulinho reagiu muito brandamente ao saber que a Emilinha entregou a virgindade ao Leonardo, aliás qualquer homem nessa situação, mesmo que amadurecido, teria uma reação mais negativa, menos evoluída, afinal ele sempre achou que ele seria o homem da vida da Emilinha e ela ainda bate forte no peito dele até hoje, não consigo reconhecer um amadurecimento emocional tão radical em um ano, sendo que se passou no convívio em uma fazenda de gado, com peões, que quase sempre por fanfarronice, contam causos de suas conquistas amorosas, na maioria das vezes quase misóginas.

O mistério é de onde ele aprendeu a ter tanta complacência, ainda mais com uma situação com tantos tabus e sentimentos.

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Paulinho não comeu, o primo dela comeu e ele vai aceitar carne mastigada e cuspida dêle?

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Sigo acompanhando. Estória bonita. Só sinto falta do erotismo peculiar de seus contos.

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Excelente totalmente diferente

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Com disse no comentário do capítulo anterior, Paulinho vai ficar com as sobras do Leonardo, vai viver ao lado de uma mulher q não o valoriza, q ao primeiro sinal de algo melhor lhe vira as costas e some, ela voltou não por amor ao Paulinho, mas sim pra não viver sendo humilhada, pelo visto Emilinha não ama o Paulinho como ele a ama, e depois de se perder, ela agora só vê ele como uma saída digna pros seus problemas

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Simplesmente espetacular, vc é PHÓDA meu irmão !

👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼

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Eu achei a Emilinha realmente arrependida, ficou muito bem construído o motivo dela ter se aventurado e quebrado a cara. Agora é ver se eles conseguem lidar com a mágoa e o ressentimento, perdoar não é tão simples. Gostei muito do reencontro deles, deu pra ver o quanto eles cresceram nesse meio tempo, amadureceram. Parece até que a gente está acompanhando a história há anos, muito boa essa imersão. Ansioso pelo próximo capítulo, assim que vi a notificação no email, já corri pra ler

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Poseidon seu comentário é fabuloso , Vc frisou bem o motivo da Emilinha ter ido embora , imagina uma menina cheias de sonhos olhando o primo todo playboy e ainda instigando pra ela sair de sua cidade que pelo visto é uma cidade do interior, agora o perdão passa a ser uma coisa que só nosso Paulinho pode dar , a mágoa é grande .

Também achei q este conto parece algo que está a anos acompanhando .

Muito bom este conto .

Diferente dos contos da casa .

O Mark sabe nos instigar .

O conto não tem uma cena de sexo e mesmo assim nós prende a respiração

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O único arrependimento da Emilinha foi por ter quebrado a cara, pois se ela tivesse se dado bem nem ao menos se lembraria do Paulinho, e isso não é amor, ela quer usar o sentimento do Paulinho ao seu favor e fazer dele uma muleta sentimental pra ela

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Corrigindo, chifradeira profissional. O corretor tinha mudado o termo

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Mais um capítulo muito bom e muito bem escrito. Tomara que o Paulinho tome tenência e não se deixe dobrar muito fácil,.pois pedir perdão depois de fazer merda é fácil, mas precisa descobrir se a traição não vai se tornar um hábito pra ela e se transformar em uma choradeira profissional.

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Caco , até entendo seu posicionamento , não defendendo a Emilinha ,mas veja o lado dela , uma menina cheia de sonhos, com a cabeça a mil pensando como seria a cidade grande , estudar , tralhar e crescer na vida , coisa que ela não teria se estivesse em sua cidade .

Eu vejo que ela ama de verdade o nosso Paulinho e só se iludiu com a proposta do primo

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