[Saga da Esposa Corrompida] - O Que Está Escondido

Um conto erótico de Roux
Categoria: Heterossexual
Contém 1088 palavras
Data: 22/07/2025 13:29:38

Capítulo 1 — O Que Está Escondido

A luz da manhã escorria pelas frestas da cortina como leite morno. Era sábado, e o barulho mais alto naquela casa de três cômodos era o da torradeira disparando o pão pulando, seguido pela risadinha da pequena Isa tentando pegar com o garfo. Nayra, de avental florido e cabelo preso num coque displicente, passava manteiga em outra fatia enquanto cantarolava baixinho, sem perceber.

Jeffi observava a cena da porta da cozinha, com a testa colada no batente e uma xícara de café na mão. Sorriu. Ali estava a sua vida: a mulher que amava, a filha que idolatrava, e uma paz que muitos dariam tudo pra ter. E, ainda assim, um sentimento estranho sempre vinha junto desse sorriso. Um tipo de calor que nascia no peito, descendo como um nó.

“Bora, papai! Já tá frio!”, gritou Isa, balançando as pernas pequenas sentada à mesa. Jeffi caminhou até elas, deu um beijo no topo da cabeça da filha, depois um na bochecha da esposa.

— Tá cheirando tão bem quanto tu — disse ele, ainda com a voz grossa do sono.

Nayra sorriu, mas sem olhar diretamente nos olhos dele. Era o tipo de elogio que ela recebia com graça, mas também com uma ponta de timidez. Era bonita — muito bonita, na verdade. Do tipo que chamava atenção mesmo usando saia até abaixo dos joelhos e blusa sem decote, ela nunca usava roupas que marcavam o corpo. Nayra parecia determinada a não ser percebida assim.

Enquanto comiam, Jeffi fazia piadas sobre a semana, imitava os chefes das reuniões online e arrancava gargalhadas de Isa, que derrubava leite na toalha. Nayra ria também, sempre com aquela mão pousada na boca, como se risse com licença.

E naquele riso, Jeffi via tudo: a doçura, a contenção, a mulher que ele amava desde o primeiro dia — e a mulher que, talvez, ainda não sabia tudo o que era.

--

Mais tarde, depois de deixarem Isa na casa da avó, Jeffi e Nayra voltaram pra casa. Era o sábado do “dia deles”, uma tradição que mantinham desde que a filha nasceu. Tomar banho juntos, ver um filme besta, talvez transar — sem cobrança, sem pressa.

Enquanto ela lavava a louça do almoço, Jeffi ficou encostado na pia, apenas olhando. Nayra usava uma saia azul escura que descia até abaixo dos joelhos e uma camiseta larga do evento da igreja que ela frequentava uma vez por mês, por hábito mais do que por fé. A luz do entardecer batia em seu rosto de perfil, destacando as sardas no nariz, os olhos verdes que às vezes pareciam marejar sem razão.

Jeffi conhecia aquele corpo. Conhecia como um artesão conhece sua obra favorita. Os seios pequenos e firmes. As costas finas, elegantes. A bunda bonita, discreta, que ele adorava apertar nas noites silenciosas. E, ainda assim, aquele desejo insistente lhe subia como uma febre: imaginar outros homens descobrindo o que ela escondia e que só ele conhecia. Imaginar Nayra sendo vista, desejada, provocada — e gostando disso. Não por malícia. Mas por descoberta. Por libertação.

Ele não queria vê-la traindo. Ele queria vê-la livre.

--

À noite, no quarto, com Isa dormindo fora, o ritual se repetiu. Nayra saiu do banheiro com sua camisola de sempre, que cobria até o joelho, sempre comportada. Ainda assim, Jeffi achava ela linda — porque sabia o que vinha depois. E porque a amava de verdade.

— Tu vai me encarar até dormir? — disse ela, brincando, ao deitar.

— Tô só contemplando a obra divina.

Ela riu, ajeitou-se ao lado dele e encostou a perna por cima da dele.

O sexo foi tranquilo, íntimo. Nayra sempre tomava iniciativa de forma tímida, quase ensaiada. O beijo era doce, os toques suaves. Ela não fazia sons altos, nem pedia nada. Mas seu corpo respondia com calor, com suspiros abafados. Ela não era fria na cama, ela gostava e gozava — disso Jeffi nunca duvidou.

Mas ela seguia um roteiro. Um roteiro internalizado desde cedo: se entregar com amor, mas nunca com voracidade. Como se tesão demais fosse pecado, como se gemer fosse vulgar.

E mesmo assim, naquela calma, havia beleza, havia tesão. Jeffi sentia prazer, sentia conexão. Mas sabia, como quem ouve uma música e percebe que faltam acordes, que havia mais ali dentro. Algo que Nayra não deixava sair. Algo que ela nem sabia que existia.

Depois, quando ela dormia encostada nele, leve e tranquila, Jeffi ficou acordado, olhando pro teto.

- “Ela sente prazer. Mas tem medo de parecer devassa.

Ela é linda. Mas não se vê assim.

Ela é minha. Mas nunca foi dela mesma.”

--

Levantou devagar, foi até a cozinha beber água. A madrugada era fresca, silenciosa. No varal da área de serviço, uma calcinha velha secava. Era cor de vinho, rendinha gasta. Ele se aproximou, passou os dedos no tecido e pensou:

- “Isso aqui esconde mais do que cobre. Esconde uma mulher inteira.”

Era isso que o consumia. Ele não queria outra. Não queria mais. Queria Nayra inteira. Queria vê-la despida da culpa, dos dogmas, da modéstia imposta. Queria ver sua esposa descobrindo o prazer sem filtro.

E mais: queria ver ela sabendo que é desejável — e aceitando isso com gosto. Mesmo que, um dia, isso significasse ser desejada por outro homem. E mais: gostar disso.

Voltou pro quarto. Nayra dormia de lado, totalmente nua, os cabelos ruivos espalhados no travesseiro. Jeffi encostou-se nela, beijou-lhe o ombro e murmurou: “um dia tu vai saber quem tu é de verdade.”

--

No café da manhã do dia seguinte, ele decidiu começar pequeno. Sentaram-se à mesa depois de buscarem Isa, e enquanto Nayra passava geleia no pão da filha, Jeffi falou:

— Aquele vestido azul que tu usava antes de Isa nascer… tu ainda tem?

— O que tinha o botão solto? Nem sei… por quê?

— Tu devia usar ele de novo um dia. Ele combina contigo. Te deixa linda.

Nayra parou um segundo, sem saber se sorria ou franzia a testa.

— Cê nunca reclamou das minhas roupas.

— E não tô reclamando. Tô elogiando. Tu é bonita demais pra se esconder tanto.

Isa interrompeu o momento com uma piada qualquer, e a conversa desviou. Mas Jeffi viu. Viu Nayra passando a mão no pescoço com um leve desconforto — não indignação, não vergonha. Apenas... surpresa.

Ela não estava acostumada a ser vista assim. Mas algo ali tinha plantado uma coisinha. Uma fagulha. E Jeffi sabia: agora era esperar. Com paciência. Com estratégia. Porque uma coisa ele entendia muito bem: grandes transformações não acontecem com empurrões. Elas nascem de dentro. Crescem com tempo. E explodem quando ninguém tá vendo.

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Comentários

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A história é muito boa! Parabéns

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Fica a dica para facilitar para os leitores

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Não tinha visto esse conto na lista do dia aqui do site ,só o posterior.. Os dois contos como são uma única história,deveria ser o mesmo nome para não dar confusão e os leitores possam continuar acompanhando a história corretamente pois a impressão que dá é que são histórias diferentes.

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Obrigado pelo toque e pelo feedback

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