Eu traí, me arrependi, mas o que fazemos tem consequências – Parte 4. Criado por Will Safado.

Um conto erótico de Will Safado.
Categoria: Heterossexual
Contém 3332 palavras
Data: 21/07/2025 15:03:45
Última revisão: 21/07/2025 15:28:13

Fiquei esperando na portaria, como minha irmã havia pedido. Alguns minutos depois, ela chegou. Abriu a porta do passageiro e eu entrei no carro, colocando minha mala no banco de trás. Partimos em silêncio rumo à casa dela.

— Eu sabia que essa conversa com o Renato seria difícil — disse ela, com os olhos atentos à estrada, mas com o coração claramente voltado para mim. — E, pelo seu estado, a reação foi exatamente como eu imaginava...

Passei as mãos no rosto, tentando conter as emoções que ainda ferviam em mim. Encostei a cabeça no vidro da janela, sentindo o frio do mundo do lado de fora contrastar com a turbulência dentro de mim.

— Pois é... — Murmurei. — A conversa foi complicada. O Renato explodiu. Teve um momento em que ele ameaçou me dar um tapa..., mas desistiu no último instante. Eu... eu bem que merecia. Porque...

— Maris! — minha irmã me cortou com firmeza. Seu tom não tinha espaço para autocomiseração. — Chega de se lamentar. Não tem como reverter o passado. Você precisa pensar no presente, para que o seu futuro tenha alguma chance de ser melhor.

O silêncio que se seguiu não foi vazio. Foi denso. Cheio de verdades que doíam, mas libertavam. Lágrimas silenciosas rolaram pelo meu rosto, não por tristeza, mas por alívio. Pela primeira vez em muito tempo, alguém me lembrava que eu ainda podia escrever um novo capítulo — mesmo que o anterior tivesse sido um desastre.

Meu celular começou a tocar. Por um instante, meu coração acelerou — pensei que fosse o Renato. Mas não. Era o Daniel.

— Quem é? — perguntou minha irmã, sem tirar os olhos da rua.

— Daniel — respondi, sentindo o nó na garganta apertar.

O toque insistente ecoava no carro, como um lembrete cruel do que ainda estava pendente. Tocava. Tocava. Até que minha irmã, com a calma cortante de quem está acostumada a lidar com feridas humanas, falou com firmeza:

— Isso é outra coisa da qual você não pode fugir. Atenda. Dê um basta nisso.

Ela estava certa. Muito certa.

Respirei fundo e atendi. Coloquei no viva-voz. Precisava que ela ouvisse. Precisava não estar sozinha nisso.

— ENTÃO VOCÊ CONTOU AO RENATO SOBRE O NOSSO CASO, MARIS? — a voz de Daniel explodiu do outro lado da linha. — VI QUE ELE ME LIGOU, MAS NÃO ATENDI!

Ele estava transtornado. E era nítido. A raiva transbordava em cada sílaba. Ele não esperou resposta. Continuou:

— MARIS, NÓS PRECISAMOS CONVERSAR, PORRA!

Houve uma pausa. Eu o ouvi respirar fundo, como quem tenta segurar uma avalanche.

— Olha só... Eu entendo que cometemos um erro com o Renato. Nós o traímos, tanto você quanto eu. Mas... eu realmente me apaixonei por você. Eu mesmo achei isso estranho, nunca fui de me apegar a ninguém... mas aconteceu. Essas coisas... não têm explicação. Simplesmente... acontecem.

Silêncio.

O peso do que ele disse pairava no ar. Minha irmã, ao volante, apenas me lançou um olhar e fez um gesto discreto com a mão: Fala.

— Olha, Daniel... — comecei, com a voz trêmula mas decidida. — Sim, nós erramos. O Renato se afastou de mim, mergulhou no trabalho, mas eu também não fui atrás, não conversei. E você... você se aproveitou de um momento em que eu estava vulnerável.

Do outro lado, o silêncio foi interrompido por uma explosão:

— COMO É QUE É? — gritou Daniel, furioso. — QUER DIZER QUE EU SOU O FILHO DA PUTA DA HISTÓRIA? QUE EU TE SEDUZI? QUE ME APROVEITEI DE VOCÊ, SUA VADIA?! EU NÃO TE FORCEI A DAR ESSA SUA BUCETA PRA MIM! NÃO FUI EU QUE TE OBRIGUEI A ME DAR SEU CUZINHO! DE QUEM FOI MESMO A SUGESTÃO PRA TRANSARMOS NA SUA CASA, HEIN?

Foi quando o semáforo fechou. Minha irmã parou o carro bruscamente.

Antes que eu conseguisse responder, ela pegou meu celular da minha mão e, com um único gesto firme, desligou a chamada. Desligou o aparelho.

— Por que você fez isso? — perguntei, surpresa e ferida. — Você mesma disse para eu falar com ele...

Ela me encarou. O tom era grave, mas sereno — o de quem já viu muito, o de quem já leu almas em frangalhos.

Ela respirou fundo. Seus olhos estavam firmes, mas não havia julgamento, apenas preocupação.

— Sim, eu disse. Porque você precisava ouvir a verdade, e ele precisava ouvir a sua. Mas uma coisa é ter uma conversa difícil. Outra é entrar em uma espiral com alguém emocionalmente desregulado.

— Mas ele... ele não passou dos limites — falei, tentando justificar.

— Ainda não — ela respondeu com firmeza. — Mas ele está perigosamente perto. E você viu como, em segundos, ele saiu da culpa para te agredir verbalmente, sexualmente. Isso não é amor, Maris.

Ela fez uma pausa. Um silêncio carregado de memória. Seus olhos buscaram algo no passado.

— Eu já vi o Daniel se irritando em outras situações... — disse, pensativa. — Lembra da festa de aniversário do Renato? Aquela de dois anos atrás?

— Lembro — respondi, olhando pela janela como se pudesse encontrar a cena lá fora.

— Eles estavam jogando baralho, entre amigos. No começo, era só diversão. Mas, em determinado momento, o Daniel perdeu uma rodada para aquele funcionário dele ... como é mesmo o nome dele?

Ela franziu a testa, tentando puxar da memória.

— Tobias — completei. — O Tobias.

— Isso. — Ela assentiu. — O Tobias começou a tirar sarro, e logo os outros entraram na onda. Até o Renato riu. Mas o Daniel não gostou nem um pouco. Você viu. Ele se levantou e partiu pra cima do Tobias, deu umas porradas nele. Foi preciso separar.

Fiquei em silêncio. Eu lembrava. Lembrava de cada segundo. Mas o que me marcou não foi só a briga — foi o jeito como o Daniel reagiu, como se uma parte dele tivesse se rompido por dentro.

— Na época, todo mundo achou que ele exagerou — ela continuou. — Riram, comentaram por dias. Mas você... seu olhar era diferente. Eu percebi. Você ficou assustada.

Assenti, devagar. Não era algo que eu gostava de lembrar.

— E sabe o que é isso, Maris? — ela disse, agora com aquele tom que só uma psicóloga consegue ter: direto, empático, mas firme. — É um padrão. O Daniel não sabe lidar com frustração. Quando se sente exposto, ridicularizado, ou contrariado, ele perde o controle. E isso não é apenas temperamento forte. Isso é falta de autorregulação emocional. Pode parecer pequeno — uma briga no jogo, uma ligação cheia de gritos — mas são partes de um mesmo comportamento. E, com o tempo, essas partes se juntam... e podem formar algo perigoso.

Ela respirou fundo, esperando que eu absorvesse.

— O mais preocupante não é o que ele fez — disse, com calma —, mas o que ele se sente no direito de fazer. Ele agrediu Tobias porque sentiu-se no direito. E hoje, gritou com você, te humilhou, falou absurdos... porque sentiu-se no direito. Percebe?

Eu fiquei em silêncio. Pela primeira vez, vi tudo como ela estava vendo. E aquilo doía. Mas também me despertava.

— Maris — ela completou, mais suave agora —, quando o medo começa a se confundir com desejo, e a culpa com paixão, a gente precisa parar. Respirar. E se perguntar: isso é amor ou é um alerta?

O semáforo abriu, e seguimos. Ela, atenta na avenida, prosseguiu e continuou falando o seguinte:

— Amor não tenta destruir quem está partindo. Amor sofre, sim, mas não tenta machucar. O que ele sente é posse. Controle. Ele se sente traído, exposto... e está projetando tudo em você.

— Você acha que ele é perigoso? — perguntei, com a voz quase falhando.

— Potencialmente, sim. — Sua resposta foi rápida, sem hesitação. — Não estou dizendo que ele vai fazer algo agora, hoje..., mas ele está em um estado emocional que, se alimentado com mais frustração, pode levá-lo a agir de forma impulsiva, talvez até violenta.

Fiquei em silêncio. Senti medo. Não dele, exatamente, mas de tudo que eu tinha ignorado até ali.

Ela segurou minha mão.

— Maris, você não está sozinha. E você não deve se culpar por ter procurado afeto onde sentia carência. Mas agora, o mais importante é se proteger emocionalmente. Criar limites. Cortar o contato, ao menos por um tempo. E, se precisar, vamos pensar até em uma medida protetiva, sim?

Seus olhos não falavam como irmã. Falavam como profissional. Alguém que já vira mulheres serem engolidas por relações assim.

E dessa vez, eu acreditei nela.

Finalmente chegamos à casa da minha irmã, já era noite. Adentramos o elevador e ela, me abraçando, falou:

— Eita, irmãzinha cabeça dura essa que eu tenho, hein... — e esfregou a mão esquerda na minha cabeça.

Eu sabia que ela queria apenas me confortar, fazer com que eu esquecesse do problema que estava tendo, pelo menos por um tempinho.

Quando chegamos, minha irmã olhou pra mim com aquele jeitinho cuidadoso dela e falou:

— Por que você não vai tomar um banho? Um banho quente é bom pra relaxar...

Eu sabia que ela não falava isso só por falar. Minha irmã é psicóloga, entende dessas coisas. Ela sabia que um banho quente ajuda a tirar o peso do corpo, como se a água levasse embora um pouco do que a gente carrega por dentro também. Não resolve tudo, claro. Mas naquele momento, era a forma mais simples e silenciosa de dizer: cuida de você um pouco. Recomeça por aí.

E eu fui. No apartamento da minha irmã, os três quartos possuem suítes. Escolhi um dos dois que estavam vagos e adentrei com a minha mala. A coloquei na cama e fui para o banho. Lá eu poderia refletir melhor sobre o que estava ocorrendo comigo.

Com a água caindo pelo meu corpo, passei a relembrar do caso com o Daniel e das coisas que minha irmã me disse sobre ele. Lembro-me da primeira vez em que transei com ele, lá na minha casa. Eu estava me sentindo sozinha, jogada para escanteio. O Renato não deixou de ser amoroso, mas foi ficando menos presente, menos carinhoso. O caso com o Daniel também aconteceu porque ele era uma pessoa muito próxima da gente. O sexo naquele dia foi consequência de uma tensão sexual que já vinha se acumulando há algum tempo.

Quando transamos pela primeira vez, ali naquele sofá, ele estava com uma disposição absurda. Eu parecia ser a última mulher da Terra. Ele metia com violência, estocadas fundas, e o barulho do contato entre nossos corpos era alto. Meus gemidos de prazer o estimulavam ainda mais. Ele puxava meus cabelos, me chamava de vagabunda, puta, vadia... essas coisas. Dizia que aquilo era o que ele desejava fazia tempo. Que eu nem imaginava quantas vezes ele já tinha batido punheta pensando em mim. Todas aquelas palavras sujas me excitavam. Não posso negar.

Mas tem um detalhe que só agora me veio à mente. Naquela trepada, em um certo momento, ele falou no meu ouvido:

— Em alguma coisa eu tenho que me dar bem. O Renato é casado com você, é um empresário melhor que eu, tem mais grana e as pessoas o adoram. Estar aqui te fodendo é uma vitória pra mim.

Na hora, no calor do sexo, eu não dei muita importância ao que ele disse. Estava excitada demais, envolvida demais. Mas agora... agora tudo parece fazer sentido. Era inveja o que ele sentia do Renato?

Sim... era inveja. Mesmo que Daniel também tivesse se tornado empresário — assim como eu e Renato — a diferença é que ele não era sensato com os negócios e muito menos com o dinheiro. Começou a ganhar dinheiro e já queria ostentar, comprando carros importados, imóveis luxuosos, tentando mostrar sucesso ao mundo. Enquanto a gente, mesmo ganhando bem com os nossos negócios, sempre mantivemos os pés no chão. Sempre pensamos no amanhã.

O Renato construiu tudo com paciência, com foco, sem precisar se provar. E talvez isso incomodasse o Daniel. Talvez, estar comigo não era só desejo — era também uma forma de competir, de vencer o Renato em algo. Mesmo que de um jeito covarde, pelas costas.

E agora, sozinha aqui no banho, com a água escorrendo no meu corpo e as palavras dele ecoando na minha mente, eu me perguntava: será que eu fui mesmo amada por ele... ou apenas usada como instrumento da inveja que ele sentia do homem com quem eu era casada?

Nesses 8 meses em que mantive o caso com o Daniel, não dá pra dizer que me apaixonei. Eu estava no automático. Me envolvi? Sim. Mas não foi amor. Era tesão, curiosidade, carência… tudo misturado. Uma vez, no motel, ele me perguntou se eu estava apaixonada por ele. Respondi que não. Ele ficou desconcertado, visivelmente incomodado, mas não disse mais nada. E eu também preferi não prolongar.

Quando o Renato comentou que minha irmã deu um choque de realidade nele, aquilo mexeu comigo. Sabe quando você desperta? Como se a ficha caísse? Foi isso. É como em tantos outros casos de infidelidade. A pessoa vai se envolvendo, se deixando levar pelas transas boas, pela adrenalina, pelos encontros secretos, mas em algum momento, bate o estalo.

Quantas mulheres casadas não vivem isso? Estão com o marido, mas acabam cedendo a um colega de trabalho, a um vizinho, a um amigo da família… Só que o sexo, por mais gostoso que seja, não segura tudo. A realidade bate. No meu caso, era isso: eu estava traindo o Renato, mas sem querer renunciar a ele eu não queria o Daniel pra minha vida. Não como marido. Só queria ser desejada. Sentir aquela safadeza de novo. Mas no fim, tudo isso cobra um preço.

Fiquei bastante tempo no banho. Quando saí, uma coisa chamou minha atenção: a porta do banheiro estava um pouco aberta… Eu jurava que tinha fechado. Estranho. Saí pelada, só com a toalha enrolada na cabeça, fui até minha mala, escolhi uma roupa e me vesti — coloquei uma calça de moletom e uma blusinha branca. Sequei mais um pouco o cabelo e saí do quarto.

Fui direto pra cozinha. Quando cheguei lá, vi minha irmã e o Rodolfo, o marido dela. Ela estava preparando a janta. Assim que me viu, o Rodolfo veio logo falar comigo:

— Maris… sinto muito pelo que aconteceu. Que coisa, hein?

Ele me abraçou forte, o corpo dele bem colado no meu. Achei estranho…, mas abracei de volta.

Depois do abraço, ele ainda falou:

— Olha só… eu e a Letícia estamos preparando a janta. E pode ficar aqui em casa o tempo que quiser, tá? O TEMPO QUE VOCÊ QUISER.

Na hora, eu sorri e agradeci. Foi automático. Mas por dentro… não sei. Me bateu uma sensação estranha. Ao mesmo tempo que eu estava feliz pelo acolhimento, principalmente da minha irmã, aquela generosidade, aquela empolgação exagerada dele… era estranha. Tinha algo ali que não combinava com a situação.

Logo depois que falou aquilo, Rodolfo olhou pro meu corpo — da cabeça aos pés. Sem disfarçar. Minha irmã estava de costas, cortando legumes, e respondeu:

— Isso mesmo, mana. Pode ficar aqui o tempo que desejar.

Nesse momento, Rodolfo olhou pra ela, ainda de costas, e balbuciou algo. Não consegui entender o que foi. Mas não parecia algo qualquer. Me causou um arrepio.

Mas… talvez eu esteja delirando. É, com certeza estou. O Rodolfo sempre foi gentil comigo. Educado. Nunca me desrespeitou. Nunca deu abertura para nada. Sempre me tratou como irmã da Letícia e só.

Eu é que devo estar sensível demais com tudo que aconteceu. Abalada, vulnerável. Estou imaginando absurdos. Criando coisa onde não tem. Talvez tenha sido só um gesto de carinho, de apoio… e eu estou vendo sombra onde só tem luz. Talvez. Mas… por que, então, essa sensação estranha ainda não passou?

Quando o jantar ficou pronto, comemos juntos — minha irmã, Rodolfo e eu. Conversamos sobre assuntos variados, e eu percebi que os dois faziam um esforço claro para me deixar mais à vontade. Tentavam me distrair, me fazer rir, aliviar o peso do que estava acontecendo.

Depois da refeição, minha irmã e eu fomos para a sala. Rodolfo ficou na cozinha, dizendo que lavaria a louça. Achei aquele gesto gentil, como sempre. Minutos depois, ele se juntou a nós no sofá.

Num momento de silêncio, comentei que estava com uma sensação estranha. Um aperto no peito que eu não sabia explicar. Rodolfo, rápido, respondeu:

— Relaxa, Maris… isso com certeza não é nada.

Letícia completou com um tom doce:

— Tudo que você precisa agora é descansar, mana. Só isso.

Assenti com a cabeça. Talvez fosse isso mesmo. Talvez. Mas aquela sensação não passava. E a maneira como Rodolfo olhou pra mim naquele instante… não sei. Algo ali me inquietava. Ficamos batendo papo por mais de uma hora e meia, eu acho.

Até que Rodolfo quebrou o silêncio com a voz calma:

— Que tal tomarmos um chá, hein? Um chá antes de dormir faz bem.

Letícia logo concordou e se levantou dizendo que o ajudaria, mas ele respondeu de forma inesperadamente firme:

— NÃO.

O tom mais alto do que o habitual fez minha irmã parar no lugar. Ele pareceu perceber de imediato e, suavizando a voz, completou:

— Não precisa, querida. Fica aqui com a Maris, eu cuido disso.

E sem esperar resposta, levantou-se e foi para a cozinha. Letícia me olhou sorrindo, como se quisesse tranquilizar qualquer sensação estranha:

— O Rodolfo é sempre assim… prestativo.

Poucos minutos depois, ele voltou com a bandeja e três xícaras. Nos serviu, e ele me entregou uma com um sorriso gentil:

— Toma tudo, Maris. Chá é bom pra acalmar.

— Eu já disse isso a ela — completou Letícia, bebendo a dela com gosto.

Enquanto o tempo passava, seguimos conversando. Conversa vai, conversa vem… até que comecei a sentir uma sonolência estranha. Pesada. Incômoda. Quase no mesmo instante, Letícia levou a mão à testa e comentou:

— Amor, vamos dormir… estou morrendo de sono.

Rodolfo bocejou em seguida, como se o cansaço tivesse vindo de repente para ele também:

— É… vamos sim.

— Eu também vou pra cama — falei, tentando disfarçar o torpor que crescia em mim.

Rodolfo se levantou, desligou a TV, e fomos todos dormir.

Mas algo naquela noite... algo não parecia certo.

Quando cheguei no quarto, fui direto para a cama como se algo me puxasse. Joguei a mala no chão com certa pressa, e a toalha que estava sobre a cama, apenas a empurrei por cima dela. Meus movimentos já estavam lentos, desconectados. Deitei-me. A maciez da cama parecia me engolir, me envolver como braços invisíveis. Meus olhos pesavam — as pálpebras lutavam para se manter abertas, mas era inútil. Havia um silêncio estranho no ar, uma paz que soava artificial… inquietante.

Fechei os olhos. E naquele exato instante, tudo apagou. Como se alguém tivesse desligado um interruptor dentro de mim. Não houve sonhos. Nem tempo. Apenas o vazio. Um vazio absoluto. E a sensação estranha, lá no fundo, de que algo não estava certo.

Acordei no dia seguinte com a cabeça pesada, como se não tivesse dormido… e sim, apagado. Meus olhos custaram a abrir. A luz do quarto parecia mais forte do que o normal, tudo me incomodava. Me levantei devagar, com o corpo estranho, como se estivesse fora de mim — ou dentro de algo que não me pertencia.

Caminhei até o banheiro arrastando os pés, sentindo uma leve tontura. Quando me sentei no vaso sanitário, um arrepio atravessou minha espinha. No instante em que comecei a urinar, uma dor aguda me fez prender a respiração. Ardia. Muito. Como se algo ali dentro estivesse machucado, violado, alterado de alguma forma que eu não compreendia.

Minha respiração acelerou. Um medo irracional começou a crescer. Quando tentei me limpar, outra dor me fez estremecer — agora, mais abaixo, mais atrás. Era como se meu corpo quisesse me contar algo…, mas sem palavras.

Fiquei parada ali, sentada, com os olhos arregalados, tentando entender o que estava acontecendo. Não lembrava de nada incomum. Nenhum som durante a noite. Nenhuma movimentação. Nada. Mas o meu corpo… o meu corpo dizia outra coisa. Ele sabia de algo. Algo que a minha mente se recusava — ou era incapaz — de acessar.

Voltei lentamente para o quarto, olhando ao redor como se algo ali pudesse me dar respostas. Mas só encontrei o silêncio. Um silêncio pesado. Como se a casa inteira soubesse o que eu não sabia.

continua...

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Foto de perfil de Will Safado.Will Safado.Contos: 47Seguidores: 100Seguindo: 23Mensagem Sou um apaixonado por filmes e séries, um verdadeiro amante da literatura. Escrever contos eróticos tornou-se meu passatempo, acabei descobrindo um prazer imenso ao me dedicar a essa atividade. A capacidade de criar narrativas e explorar diferentes facetas da sexualidade tornou-se uma experiência cativante e enriquecedora para mim. Os comentários são bem-vindos, sendo eles elogios ou críticas. Só peço que sejam respeitosos, até porque não tolero desaforo. e-mail para contato: wbdm162025@outlook.com

Comentários

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Parabéns Will mais um capítulo exitante.

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Will Safado, em defesa do texto que você criou, que realmente ficou numa situação muito mais complexa, só que, traição, trauma, mau caratismo, mentira, idade, raça, credo ou cor, ou seja, nada impede uma mulher de ser estuprada, o indivíduo desprezível se aproveita de uma vulnerabilidade da mulher no momento do abuso, por isso é um crime tão hediondo, sendo ainda, que a porcentagem de abuso grave contra a mulher é muito maior no âmbito doméstico, que dá uma sensação de segurança para a mulher, deixando-a em estado de vulnerabilidade máximo, exatamente como relatado no conto, na minha opinião seu conto continua pertinente, basta não se empolgar com a sua própria criatividade, regulando para se manter verossímil e ao mesmo tempo interessante, não é fácil, mas você mesmo que se desafiou. Boa sorte 🍀.

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RECADO AOS TRÊS LEITORES IMBECIS QUE ME MANDARAM E-MAILS ME XINGANDO

Vamos falar claro, já que sutileza claramente não é o forte de vocês três. Recebi suas "preciosas" mensagens - ou melhor, essas vergonhas alheias disfarçadas de críticas - e decidi que sim, merecem uma resposta. Não porque eu me importe com a opinião de quem não sabe diferenciar "mau" de "mal", mas porque às vezes é preciso expor a imbecilidade alheia para que ela não se reproduza.

Seu e-mail, caro "crítico literário" que nunca publicou nada, foi uma aula de como NÃO se comportar. Xingar um autor porque a história não seguiu o rumo que VOCÊ queria? Sério mesmo? Quando foi que você achou que eu trabalhava pra você? Quando decidiu que minha criatividade era sua empregada? Me poupe.

E não, não vou perder meu tempo discutindo seus "argumentos" - se é que podemos chamar de argumento frases como "isso é uma merda" e "para de escrever". Crítica se faz com base, com construção, com respeito. O que vocês fizeram foi cuspir ódio gratuito, daquele tipo patético que só serve pra mostrar o quanto são pequenos.

Mas vou lhes contar um segredinho: cada mensagem de ódio que recebo só prova que estou fazendo algo certo. Arte que não provoca, que não incomoda, que não mexe com as pessoas, é arte morta. E pelo visto, mexi com vocês o suficiente para tirarem tempo do dia de vocês pra vir me xingar. Isso, meus caros, chama-se impacto.

Aos meus verdadeiros leitores: peço desculpas por ter que compartilhar esse lixo, mas às vezes é necessário mostrar o tipo de asneira que autores precisam lidar. A vocês três, os "especialistas" anônimos: se acham que podem fazer melhor, provem. Escrevam. Publiquem. Mostrem ao mundo essa genialidade que vocês claramente acham que têm. Até lá, guardem seus xingamentos pra quem tem paciência para mediocridade - porque aqui não é o lugar.

Com o desprezo que merecem, Will Safado.

P.S.: Na próxima vez que quiserem criticar um autor, lembrem-se: burrice escrita não vira crítica, só vergonha alheia.

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Poxa Will, que capítulo decepcionante hein meu amigo, você veio até aqui como uma locomotiva espetacular, só que está seu quarto capítulo foi uma amarga decepção!!!

E ainda por cima dos textos você me insinera dois graves crimes dopagem, e estupro,

Mas ainda ainda consegue se salvar no quinto capítulo, eu aguardar, vou aguardar o seu desenrolar pra melhorar ou se afundar nós próprios textos!!!!!

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Calramos. Que pena que achou este capítulo decepcionante. Eu, particularmente, gostei do que escrevi – e não é (nem nunca foi) meu objetivo agradar gregos e troianos.

Quando você diz que posso estar me afundando na minha própria história, bom... pode estar certo ou não. Isso é relativo. É seu ponto de vista – o que não significa que seja o de todos.

Mas agradeço por expor sua opinião. Afinal, esse espaço é pra isso mesmo.

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Poxa Will, que capítulo decepcionante hein meu amigo, você veio até aqui como uma locomotiva espetacular, só que está seu quarto capítulo foi uma amarga decepção!!!

E ainda por cima dos textos você me insinera dois graves crimes dopagem, e estupro,

Mas ainda ainda consegue se salvar no quinto capítulo, eu aguardar, vou aguardar o seu desenrolar pra melhorar ou se afundar nós próprios textos!!!!!

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Conto bom cunhado fdp dopou e se aproveitou Bia trama

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Não acho q foi o cunhado q a estuprou l, isso está muito evidente, eu apostaria q o cunhado dopou a esposa e a cunhada e facilitou a entrado do Daniel pra estupra-la

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De início quando a Maris ok a chegou na casa da irmã e ela mesma diz que sentiu algo estranho e agora quando ela acorda sente seu corpo diferente. Bem sinistro esse capítulo!

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Não sei, não curti essa possibilidade do Rodolfo ter drogado ela e se aproveitado da situação. Ficou meio fora do contexto e trouxe outro peso completamente diferente pra história do que já vinha ocorrendo.

A situação da traição estava interessante, o proximo ápice seria o encontro do marido e do amante e de como resolveriam a situação, bem como a redenção da personagem em relação ao que ela fez com o Marido e o perdão dela para com ela mesmo.

Colocar a possibilidade de um abuso agora, deixa todo resto insiguinificante e destrói completamente o apoio dela, alem de fragilizar a irmã que até agora era um porto seguro e um exemplo de pessoa e de relação boa.

É como se jogasse as duas contra todos, o marido traído, o amante possessivo e agora o cunhado abusador.

Se for seguir esse caminho, seria interessante resolver logo uma situação para iniciar outra, o conto se prende muito às questões sentimentais e longos detalhes, talvez seja sua maneira de escrever, mas prorrogar isso abrindo diversas possibilidades pode tornar o texto forçado, longo e acabar com a emoção da história. Estamos de fato na época das reviravoltas no site, tem contos com vários capítulos que ficam toda hora mudando o rumo da história a fim de surpreender o leitor, mas isso não serve para a maioria dos contos pois a coisa acaba ficando extremamente fantasiosa.

O seu conto está realista até o momento e na medida certa,o que é algo raro no site, a atitudes dos personagens, os sentimentos, as falas, tudo está ok e no ponto.

Se você já tem a ideia da história formada é melhor fechar ela, derrepente o abuso pode servir de base para um outro conto, trazendo todo o contexto do abuso, as dúvidas, sentimentos, e todo o resto que pode surgir de uma situação dessa, que é muito pior e mais pesada que uma traicao conjugal.

Como leitor e fã dos seus contos, não sei se acrescentar isso nessa história seria o mais ideal.

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Entendo sua crítica, e agradeço por ela. Você está certo: inserir um abuso em uma história que já tinha tensão suficiente como a traição pode parecer um excesso. Mas minha intenção nunca foi "chocar por chocar" — foi mostrar como a vulnerabilidade abre portas para violências ainda piores.

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Como eu disse, caberia em outro conto.

A história deixou de ser sobre os traumas e complicações sobre um triângulo amoroso e passou a ser sobre duas irmãs contra o mundo. Tendo o amante possessivo (que se tornou irrelevante diante do abuso) o marido que pensou mais na carreira e deixou a esposa de lado (na ótica do abuso, o que sobrou pra ele ? Aceita o chifre e consola a esposa ou simplesmente sai da história e nem se envolve) e o cunhado abusador (que se tornou o vilão principal, e vai iniciar uma situação piscicologica entre a irmã forte, a irmã fraca e o combate contra o abusador que dorme ao lado).

Viu como as coisas mudam muito ?

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Você está tirando conclusões precipitadas sobre o rumo da história porque está vendo apenas uma única possibilidade – como se a introdução do abuso apagasse tudo o que veio antes, quando, na verdade, ela só torna mais complexo.

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Will, se eu entendo o comentário do Osório, a infidelidade conjugal (mesmo que por oito meses!!!) é muito menos importante do que o crime de drogas e abusar de uma mulher. O trauma que pode causar é infinitamente maior !!!

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Id@, Se você acha que estou comparando gravidades, não é isso. Estou mostrando que a vida real é complexa, e as vezes as pessoas acumulam traumas em camadas. Uma coisa é crime (o abuso), a outra é uma falha moral (infidelidade) – mas ambas fazem parte da jornada dessa personagem.

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O Will está certo. Veja o título. Eu trai, me arrependi, mas o que fazemos tem consequências. Nossa vida é feita de escolhas e consequências. O abuso é injustificável mas provavelmente ela foi vista como uma mulher volúvel. Repito, o abuso é injustificável e quem o comete também faz uma escolha e haverá consequências. Continue Will. Abraços.

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Complexo de mais torna os capítulos maiores, exige mais detalhes, mais explicações o que torna a história mais arrastada e faz perder a emoção.

Uma história que gira em torno de paixão e moção e diferente de uma história que gira em torno de investigação.

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Concordo com você Will Safado, abre um leque exponencial de possibilidades, o problema será quanto a dar sentido ás atitudes dos personagens, são duas personalidades abusivas convivendo extremamente próximos durante anos, são dois os principais problemas; a motivação de ambos, a do Daniel foi citada de maneira muito rasa para a profundidade da traição e o Rodolfo sabe que a Letícia é treinada em observar mulheres vítimas de abusos, qual seria a motivação para ele arriscar tanto dentro do próprio lar e ainda com a estimada cunhada; tem também a razão em qual uma psicóloga treinada em analisar padrões de violência contra mulher, inevitavelmente analisando também o perfil psicológico e comportamental de um abusador, conviver com ambos, pois o Daniel demonstra alguns fortes indícios de ser também um abusador e não perceber nada durante vários anos, veremos o desenrolar, embolou bastante, mas nada que com critério, bom senso e dissernimento com as construções das motivações dos personagens para que tudo se desenrole com a verossimilhança necessária.

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Olha, vou ser sincero: quando comecei a escrever essa história, também tinha minhas dúvidas sobre misturar traição com abuso. Mas sabe o que percebi? A vida real é cheia de camadas - a gente nunca tem só um problema de cada vez.

Quanto ao "caberia em outro conto": cara, tudo cabe em qualquer conto se a gente souber costurar. Eu poderia ter feito duas histórias separadas? Poderia. Mas aí perderia essa coisa suja e complexa que surgiu quando os temas se misturaram na minha mente.

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Análise cirúrgica, essas reviravoltas mirabolantes estão acontecendo continuamente em vários contos e na maioria das vezes estraga o conto, eu sempre falo aqui, na maioria das vezes menos é mais, façam o simples, o feijão com arroz, muitas das vezes os autores se perdem nesses emaranhados de ideias e terminam abandonando o conto, só deixando claro que não me refiro a esse conto específicamente, estou falando de forma ampla.

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Meu fio ce vai vê coisas. !!!!

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Mas que filho da puta, dopou a cunhada e a esposa

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Fazia tempo que não acessava esse site, acessei hoje e me deparei com esse título sugestivo e resolver ler. O autor deixou claro que seria um conto curto, só que pelo andar da carruagem ainda teremos uns 35 capítulos pela frente, nesse capítulo foi inserido o cunhado da protagonista que dopou as irmãs e provavelmente estrupou a protagonista, isso trará consequências para todos, só espero que o autor não se perca nesse alongamento da história como acontece com boa parte dos autores que se propõem a escrever contos longos, até agora o conto está muito bom.

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Olá! Fico feliz que tenha voltado ao site e que o título tenha te despertado interesse. É sempre bom saber que novos e antigos leitores estão acompanhando o que escrevo.

De fato, no início eu comentei que seria um conto curto — e realmente essa era a ideia inicial. Mas como toda boa história que começa a crescer por si só, percebi que havia espaço para explorar mais os personagens, as situações e, claro, para deixar a trama mais envolvente. Inclusive, também mencionei depois que decidi prolongá-la. Então, essa mudança de direção foi informada sim.

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Eita que a mulher vai pagar caro a traição realizada. E parece que só ela,por enquanto. Agora apareceu o cunhado.

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FDP do cunhado dopou as duas e estrupou ela.

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Tá de brincadeira!!! O cara dopou a esposa e a cunhada ???

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Ficou incomodada, Id@? Que isso tenha acontecido na história?

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Fiquei sim, Will. Ja não bastava acabar com um relacionamento, essa atitude irá acabar com mais do que isso. Principalmente, ira acabar com a personagem que está fazendo tudo certo para ajudar a irmã.

Por esse motivo, eu não sei se eu concordo com a sua resposta ao comentário do Hades. Por que, nesse caso, a vulnerabilidade da irmã está sendo uma “violência” com a Letícia!!! Dopar as duas não tem nada a ver com se aproveitar da vulnerabilidade de uma pessoa. E um crime !!!

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Quando eu falei das vulnerabilidades, tava me referindo exatamente a isso: a Maristela tava frágil, vacilou, traiu e agora tá aí se arrependendo. Levou um esculacho do marido e nem sabe se ele vai perdoar. Aí, pra piorar, aconteceu uma merda muito pior com ela - ela nem sabe direito o que foi ainda, mas a gente sabe que foi nojento.

O foda é que ela foi pra casa da irmã justamente por se sentir segura lá, achando que era um porto seguro. Só que o perigo tava escondido dentro desse "refúgio". É tipo quando você corre de um problema e cai direto na boca do lobo. Sacou?

Ela tava procurando abrigo e acabou encontrando foi o perigo mais perto possível. Agora além de lidar com a traição, ainda tem que encarar essa porra toda que aconteceu - e o pior é que ela nem tem certeza do que foi. Tá nesse limbo de "será que aconteceu mesmo?" enquanto o corpo dela tá gritando que sim.

É pesado, mas é justamente isso que deixa a história foda - porque na vida real também é assim. As piores merdas sempre acontecem quando a gente tá mais vulnerável, e muitas vezes vêm de onde a gente menos espera.

E a minha resposta foi para o OsorioHorse. Para o Hades, eu respondi outra coisa, kkk.

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Will, ta tudo certo. Entendi o seu argumento. Só toma cuidado para não “esticar” a história, mais do que o necessário.

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