maracuja e acem

Da série rua
Um conto erótico de rueiro
Categoria: Heterossexual
Contém 3933 palavras
Data: 20/07/2025 11:46:10

Título: Acém & Maracujá

A terça caiu quente, abafada. Daquelas que grudam na pele mesmo à sombra. Minha mulher tinha ido ver uma tia doente no interior e, com a casa vazia, voltei do trabalho pensando no básico: carne pra semana, umas folhas, algo cítrico. Entrei no mercadinho da esquina com a cabeça num modo automático. Até ver ela.

A fila do açougue era curta, e ainda assim, pareceu um filme em câmera lenta. A mulher, última da fila, era o tipo que parece não se notar — roupas simples, calça legging de tecido surrado, blusa com pequenos furos no ombro. Mas o corpo... o corpo dizia outra história.

Cintura fina, curvas desenhadas com uma precisão que só o tempo e a genética conseguem. O black power contido emoldurava um rosto anguloso, de feições orgulhosas e expressão de quem não aceita desaforo. Quando ela virou levemente para olhar os bifes na vitrine, vi a dimensão das coisas. E me vi tropeçando, fingindo procurar maracujás, só para ver de novo o contorno perfeito daquele traseiro redondo — firme como uma fruta madura que se recusa a cair da árvore.

Voltei pra fila do açougue e, como o destino adora provocar, fiquei logo atrás dela. Me encarou com uma mistura de desconfiança e incômodo — talvez justa, dado como meus olhos estavam famintos. Mas puxei papo, com jeito.

— Vai de sopa hoje?

— É... os meninos. Tão com o pai hoje.

A voz dela era seca, mas não hostil. Disse que se chamava Sinira. Pediu um quilo de acém e aos poucos a expressão fechada foi se abrindo. Quando ela se virou pro caixa, fui atrás — e de novo, coincidência ou capricho do universo, fiquei atrás dela. Dessa vez, mais perto.

Na hora de pagar, o cartão não passou. Ela murmurou algo, embaraçada. Sem pensar, falei:

— Passa aqui junto com o meu. Pode deixar.

Ela hesitou. Aceitou. Agradeceu baixinho. E saiu com o mesmo passo econômico de quem carrega o mundo nas costas. Foi até o ponto de ônibus, mas eu fui atrás, coração batendo mais que o normal.

— Te deixo em casa, se quiser. Não é incômodo.

— Hm... tá bom.

No carro, o silêncio foi cúmplice. Ela falou pouco, mas soltou:

— Eu vi como cê olhou. No começo fiquei irritada, mas... depois cê foi gentil. E esse perfume aí... me deixou meio tonta.

Eu sorri, meio sem graça, e mencionei que tinha esquecido as saladas. Perguntei se ela se importava com uma parada rápida.

— Faço companhia — disse, como quem está testando o destino.

Na volta, ela tentou soltar o cinto. Não conseguiu. Me aproximei para ajudar. A distância entre nossos rostos ficou ridiculamente curta. O cheiro dela — cru, limpo, como sabão de roupa e calor de pele — me desarmou. Nossos olhos se prenderam por um segundo que durou mais do que deveria. E então, como se o calor do carro estivesse puxando tudo pro inevitável, aconteceu.

O beijo foi direto, intenso, como o encontro de duas vontades que fingiram resistir por tempo demais. O som do tecido se esfregando, a respiração entrecortada. Ela se afastou levemente, encostou a mão no meu peito.

— Nem te conheço... que doideira. Mas... você foi tão gentil. Seu perfume... me perdi.

E então, os olhos dela baixaram. Viram o que meu corpo já gritava. Um sorrisinho enviesado, um gesto rápido, como se devolvesse o favor.

O tempo dentro do carro parou de seguir o relógio. Tudo virou ritmo de respiração. A dela, mais acelerada. A minha, suspensa. Sinira se moveu devagar, como quem já tomou decisões mais difíceis que aquela. Seus olhos, antes desconfiados, agora eram só calor e curiosidade.

A mão dela roçou minha coxa primeiro com a ponta dos dedos, como se testasse a temperatura do metal antes de mergulhar. O toque dela era firme, mas carregava uma hesitação bonita — uma pausa longa entre dois compassos, como em música de amor antigo. E ali, entre a alavanca do câmbio e o banco do passageiro, ela se inclinou. Com movimentos lentos, quase cerimoniais. Como se estivesse colhendo algo sagrado com os próprios lábios.

Não havia pressa em nada que ela fazia. O som ao redor se apagou — ficou só o ranger leve do banco de couro, o estalar quase imperceptível da saliva, e o zumbido do calor subindo pelas janelas fechadas. Minha mão escorregou até os cabelos dela, toque leve, mais pra sentir do que pra guiar. Os cachos vibravam a cada movimento de sua boca, como folhas ao vento morno.

Ela era... intensa. Mas silenciosa. Quase reverente. Não havia vulgaridade ali — era como se ela estivesse dizendo "obrigada" com o corpo, com a boca, com cada milímetro de língua que deslizava onde a razão já não comandava. O tempo, de novo, se dissolveu. Um zumbido passou pelos meus ouvidos — como um trem fantasma que cruza um túnel escuro e quente.

A cada vez que ela subia e descia, com a delicadeza de um beijo e o peso de uma confissão, eu perdia o fio da realidade. A respiração dela ecoava como uma oração indecente. Eu arqueei o corpo, tentando não entregar tudo de uma vez. E quando pensei que não haveria mais espaço pra surpresa, ela parou.

Olhou pra mim. Umedeceu os lábios com a língua. E sussurrou algo que ficou entre o pecado e a promessa:

— Você tem gosto de coisa que eu não devia querer...

Encostou a testa na minha barriga, como quem precisava de um instante. Eu acariciei a nuca dela, sem palavras. Só silêncio e a batida dos nossos corações.

Ela se recompôs devagar, sem culpa. Como quem já entendeu que o desejo também é uma forma de linguagem. Prendeu o cabelo de novo, com um elástico que tirou do pulso. Os olhos agora tinham um brilho novo — uma calma ardente.

— Me deixa na esquina da avenida. É melhor assim.

Eu queria dizer mil coisas, mas só consegui assentir. O carro voltou a se mover e a cidade pareceu outra — as luzes mais borradas, os sons mais graves. Como se tudo tivesse passado por um filtro úmido.

Paramos. Ela abriu a porta, uma perna de cada vez, como quem dança sozinha. Antes de sair, olhou pra mim com um meio sorriso.

— Cuidado com esse seu jeito gentil. Dá vontade de ficar.

Ela saiu do carro como quem fecha uma página que não devia nem ter aberto. Um passo. Dois. O meio sorriso dela ainda vibrando no ar, junto com o calor que ficou no banco e o cheiro que grudou na minha pele.

Mas algo ali... ficou incompleto.

Talvez ela tenha sentido. Talvez tenha visto, pelo retrovisor, meus dedos ainda fechados no volante, brancos de tensão. O corpo curvado pra frente, sem saber se respirava ou gritava. Foi quando ela parou.

No meio da calçada, virou o rosto devagar. Os olhos dela me encontraram como um gancho — firmes, escuros, com uma pergunta muda. Eu abri o vidro. Não disse nada. Só olhei de volta. E foi o suficiente.

Ela voltou dois passos. Encostou no carro. Disse baixinho:

— Onde você mora?

A pergunta veio como um chicote suave. Mas não era convite. Era teste.

— Perto daqui. Uns cinco minutos.

Ela arqueou uma sobrancelha. Olhou pra frente. E murmurou:

— Melhor não. Tua casa tem cheiro de mulher.

Aquilo me acertou como um tapa sem som. Preciso. Merecido. O silêncio entre nós endureceu por um instante, e então ela completou, com um meio sorriso:

— Mas... tem outro lugar? Algum lugar que não tenha nome?

Pensei rápido. A cidade à noite é cheia de frestas. Peguei uma rua lateral, depois outra, até chegar atrás de um galpão abandonado — um antigo mercado de peixes, com muros grafitados e portões semiabertos. A área dos fundos, coberta por uma marquise de zinco, cheirava a ferrugem e brisa quente.

Estacionei. A luz da lua batia enviesada, recortando as sombras do capô. Ela me olhou, avaliando. E antes que eu dissesse qualquer coisa, ela saiu do carro.

— Aqui. — disse, encostando as mãos numa parede descascada. — É feio. Mas ninguém olha.

O beco atrás do galpão tinha cheiro de noite quente, ferrugem e concreto molhado. O tipo de lugar onde os limites morais se dissolvem junto ao suor.

Sinira saiu do carro sem esperar palavra. Foi até a parede grafitada e virou de costas. Com um movimento rápido, empinou o quadril, apoiou as mãos abertas no reboco descascado e jogou o corpo levemente pra frente — os pés afastados na medida certa, a perna direita meio dobrada. O quadril veio pra trás, oferecido, tensionado. Ela olhou por cima do ombro.

— Assim. Aqui. Não demora.

A calça legging foi puxada até a coxa — o elástico estalou seco. E ali, entre o tecido gasto e a pele exposta, ela surgiu inteira: o bumbum grande, firme, cheio, dividido por uma linha profunda. A cintura se afunilava e criava um vão entre as costas e o quadril, como se o corpo dela tivesse sido esculpido para aquela posição. Cada centímetro da pele escura brilhava com o suor do desejo recém-desperto.

A camisa subiu sem querer, revelando parte dos seios pesados, soltos sob o tecido fino. Um mamilo escapou pelo lado, escuro, rígido, arrepiado pelo contraste do ar e do calor. O cabelo black tremia com o mínimo movimento. Os braços firmes, os dedos pressionando a parede como se quisessem se enraizar ali.

Me aproximei por trás. Encostei devagar, como quem encosta em fogo. Ela gemeu, baixo — um som grave, impaciente.

O encaixe foi direto, sem cerimônia, e o impacto do primeiro impulso fez ela soltar um "ah!" cortado, quase raivoso. O corpo dela reagia com precisão — o bumbum amortecia, empurrava de volta, pedia mais. O som das peles batendo ecoava no espaço vazio. Ritmado. Duro. Suado.

— Isso... assim. — ela dizia entre dentes, o rosto encostado no braço dobrado.

Minhas mãos seguravam a cintura dela com força, enterradas nas laterais daquele corpo largo e vibrante. Às vezes desciam, puxavam as nádegas, separavam, ofereciam. O corpo dela se abria todo, como se tivesse fome. O equilíbrio perfeito entre entrega e domínio.

A cada estocada mais funda, o beco parecia ficar menor. O som de passos na rua ao longe só fazia aumentar a tensão. Era sexo de quem não pode mais esperar. Não era romance. Era urgência. Era dois corpos se atropelando pra esquecer a solidão.

Quando o ápice veio, ela arqueou o corpo inteiro, as pernas tremendo, um gemido rouco saindo do fundo da garganta. Eu fui junto — um jorro quente, feroz, inevitável. Um instante em que o mundo parou de girar.

Ficamos assim por segundos longos. Ela respirando alto, ainda apoiada, eu curvado sobre ela, suado, exausto. Depois se levantou, ajeitou a roupa sem pudor, virou pra mim e disse:

Ainda estavam encostados no carro, ofegantes, os corpos pingando o que sobrou da urgência. O concreto do beco começava a esfriar, e o silêncio entre eles era denso — um intervalo entre o crime e o perdão.

Foi quando os celulares tocaram. Ao mesmo tempo. Como um espasmo do mundo real tentando invadir o santuário sujo do desejo.

Ele atendeu primeiro.

— Alô?

— Amor… vou dormir, tá? Tô com dor de cabeça. Você ainda tá no trabalho ou já chegou em casa?

A voz da esposa veio morna, distante, como se de outro planeta. Ele olhou pra Sinira e respondeu devagar:

— Tô saindo daqui agora. Foi um dia cheio.

Enquanto desligava, o telefone dela também vibrava. Ela atendeu com a voz ainda rouca.

— Fala.

— Não vou levar os meninos hoje não. Caiu uma grana do Bolsa Família, levei eles no cinema. Dormem comigo hoje.

Ela ficou em silêncio por dois segundos. Depois:

— Tá certo então.

Desligou. E os dois se olharam.

Não disseram nada. O som do metal esfriando, os carros passando ao longe, e a respiração ainda descompassada preenchiam tudo.

Ele limpou o suor da testa com o dorso da mão. Olhou pra ela com uma mistura de fome e admiração.

— Vem comigo. Vamos pra um motel. Mas de verdade.

— Motel? — ela riu, com a voz ainda trêmula. — Nunca fui num desses chique, não. Só conheço os furados… tipo colchão fino, chuveiro gelado e barulho do quarto do lado.

— Hoje não. Hoje eu quero te ver com luz boa. Banho quente. Lençol limpo. Quero teu cheiro depois de sabonete, tua pele úmida saindo da toalha. Quero teu corpo com calma.

Ela mordeu o lábio. Olhou pro chão. Depois pra ele.

— Tá maluco… mas vamo. Nunca me chamaram assim não. Só me usaram. Hoje eu quero ver como é.

Entraram no carro. O caminho foi rápido, ansioso, os dois suando e rindo por dentro. Ele achou um motel bom, discreto, com fachada de vidro escuro e entrada sem burocracia. O quarto tinha cama grande, ar-condicionado já ligado, luzes indiretas, espelho no teto. E uma hidromassagem com controle digital.

Ela entrou devagar, olhando tudo. Passou os dedos na bancada de mármore, abriu a torneira só pra ouvir o som da água. Olhou pra ele.

— Isso tudo... é pra mim?

— Hoje é.

O quarto era simples, mas limpo. Hidro ligada, lençol branco, espelho no teto. Luz âmbar vinda de um canto. E o cheiro do sabão de motel tentando competir com o dela.

Sinira tirou a roupa ali mesmo, sem teatrinho. O sutiã caiu do ombro como se nem fizesse parte do corpo. A calcinha desceu devagar por aquelas coxas grossas, pretas, que brilhavam sob a luz como bronze derretido. Ela andava descalça, com passos largos, livres. O corpo dela — grande, cheio, curvo — não pedia desculpas. Tomava espaço. Exibia-se.

A bunda dela era um escândalo. Alta, firme, projetada como se tivesse sido moldada por calor e suor. O vão entre as coxas era estreito e suado. As costas largas, com dois sulcos marcando a musculatura que sustentava tudo. Os seios pendiam pesados, mas rijos. Os mamilos escuros, grandes, apontavam pra frente como se também desejassem.

Ela entrou na banheira com a confiança de quem sabe que está sendo vista. Não pra agradar — pra ser celebrada. A água subiu até os quadris. Ela sentou de frente, abriu as pernas, afundou o corpo até os mamilos. Depois jogou a cabeça pra trás, os cachos molhados colando na pele.

Ele ficou olhando, sentado na borda, a ereção latejando. Quando entrou, foi direto: por trás, os dois de joelhos na água. As mãos dele agarraram os quadris dela, puxaram. A entrada quente, úmida, apertada. O som da penetração ecoando com o splash da água.

— Isso, me abre — ela rosnou, com os dentes cravados no lábio inferior.

Os corpos batiam sob a espuma. A pele preta e brilhante, o som molhado das nádegas dela recebendo cada estocada. Ela rebolava de leve entre um movimento e outro, afinando o encaixe, afinando a tortura. O cabelo dela balançava, a água escorria pela lombar, pela curvatura infinita das costas.

Mudaram de posição. Ela sentou por cima, com os dois joelhos firmes de cada lado das coxas dele. A luz do teto mostrava tudo. A pele dela, tensa, negra, o ventre duro se movendo pra frente e pra trás. O vai e vem era ritmado, pesado, suado. A mão dele apertava as coxas dela com fome, e ela não parava — cavalgava com o rosto sério, concentrado, como se aquilo fosse um trabalho sagrado.

Os seios dela saltavam, molhados, com as auréolas grandes quase tocando o queixo dele a cada impulso. Ela gemia grave, com a voz rouca de mulher vivida.

— Vai, quero ver você gozar com essa minha raba — ela dizia, com a mão apoiada no peito dele, como quem desafia.

Ele não respondeu. Só obedeceu. O clímax veio como um estouro abafado. Um grunhido surdo, o corpo tenso, a respiração engasgada. E ela riu — um riso baixo, orgulhoso, cheio de gosto.

Ela saiu de cima ainda latejando, foi até o espelho, olhou o próprio corpo. A pele marcada de dedos. A espuma escorrendo pelas pernas.

Ela saiu da banheira devagar, como quem renasce. Foi até o banheiro e ligou o chuveiro alto — jato quente, vapor denso, gotas batendo com força nas costas largas. Tomou banho como quem se coroa. Ensaboou cada dobra com precisão, lavando o sexo como quem limpa relíquia. O cheiro do sabonete misturado ao sal do próprio corpo começou a se espalhar pelo quarto.

Ele estava deitado na cama, pelado, assistindo qualquer coisa na TV — um programa de música ou entrevista de madrugada. Mas quando ela saiu do banheiro, a imagem congelou.

A toalha caiu dos ombros dela com um gesto simples. E o que se revelou foi pura obra-prima: a pele negra reluzente, os seios grandes com mamilos escuros e pesados, a barriga macia com um leve afundado no umbigo. As coxas grossas, marcadas de sabonete mal enxaguado. E entre elas… a vulva cheia, volumosa, escura, como fruta madura que exala de longe.

Ela caminhou até ele com passos lentos, e ele se sentou na beira da cama. Passou as mãos por trás das coxas dela e aproximou o rosto. O cheiro que vinha dali era forte — de sabonete e suor limpo, de mulher de verdade. Um aroma denso, metálico, levemente adocicado nas bordas. Úmido. Quente. Viscoso.

A língua dele encostou de leve, primeiro só contornando os grandes lábios — grossos, tensos, macios como veludo quente. Depois penetrou entre as dobras, explorando com paciência. O clitóris era grande, exposto, duro. Ele o lambeu devagar, como quem prova algo raro. A mão dela pousou na cabeça dele e ficou ali, leve, como benção.

— Assim mesmo... — ela sussurrou, com a voz baixa e grave, olhos fechados.

Ele a chupava como quem se ajoelha. Como quem agradece. A cada movimento de língua, o corpo dela tremia de leve. Os quadris se movimentavam num vai-e-vem suave. O gosto era salgado, forte, inconfundível. Corpo de mulher preta em brasa.

Quando ela começou a gemer mais alto, ele subiu pelo corpo dela e a deitou na cama. As pernas abertas, os seios balançando com a respiração. O corpo todo dizendo sim.

A penetração foi lenta no início — ele queria ver tudo, sentir tudo. Depois, os corpos começaram a bater com mais força, mais suor, mais barulho. Trocaram de posição várias vezes: de lado, ela por cima, de quatro. Em cada uma, o corpo dela parecia mais vivo, mais necessário. Ele mordia, apertava, deslizava. Ela ria, gemia, arranhava. E quando ela goza de verdade — as pernas tremem, o quadril sacode, e o grito vem rouco, entrecortado, cheio de história.

Quando ela se deitou de bruços na cama e empinou, os dois joelhos afastados e os cotovelos fincados no colchão, parecia uma escultura viva de puro convite. A bunda se projetava firme, alta, aberta, a pele negra brilhando com o vapor do banho recém-tomado. Ele se ajoelhou atrás dela, e por um instante só ficou olhando — hipnotizado pela simetria bruta, pelo vão entre as coxas que parecia uma fenda entre mundos.

Quando entrou, o estalo do encaixe foi abafado pela carne — macia, quente, viva.

Cada investida de quadril ecoava por dentro do corpo dela como um trovão seco. E mesmo com a força, ela mantinha o ritmo, rebolando de volta, ajustando o encaixe com pequenas contrações que faziam o membro dele ser sugado, encaixado, consumido.

— Mais fundo... — ela murmurava, a voz rouca e baixa. — Mais...

Cada batida era uma onda. Cada encontro de peles, uma marretada no tempo. As mãos dele agarravam as ancas dela com força, e mesmo assim ela o puxava de volta com os músculos da própria bunda, como se tivesse mãos invisíveis ali também.

No “papai e mamãe”, o corpo dela tomava outra dimensão. Deitada de costas, os seios saltando ao centro, os mamilos apontando pra cima como faróis escuros. As pernas longas se abriram ao redor da cintura dele, e quando ele começou a se movimentar, ela reagiu como fera — os calcanhares cruzaram atrás das costas dele, os pés com as unhas vermelhas pressionando, puxando, querendo ele mais fundo. Mais fundo.

— Assim, gruda mais em mim... cada milímetro teu me estica por dentro — ela dizia, com os olhos fechados e a boca entreaberta.

O contraste do corpo branco dele contra a pele dela era gritante. A bunda pálida recebia os pés negros dela com força. O ritmo aumentava. E ela não só recebia — ela guiava. As mãos nos quadris dele, puxando. Como se ela soubesse exatamente o ângulo, como se ela soubesse exatamente o ângulo, a profundidade, a cadência que fariam o corpo dela acender em chamas por dentro. Os quadris dele, pressionados contra os pés dela, ganhavam impulso. Cada centímetro a mais que entrava nela era multiplicado em gemidos curtos, sincopados — sons graves que pareciam sair de um tambor ancestral.

Ela o encarava de frente agora, olhos semicerrados, lábios molhados e entreabertos. A pele suada, vibrando. Os cabelos colados à testa. E quando os corpos se tocavam fundo, de verdade, havia um instante de suspensão — como se o ar do quarto parasse só pra dar passagem ao prazer.

Mas foi quando ela montou que tudo mudou.

Subiu por cima dele com autoridade. Posicionou-se devagar, segurando o membro dele com firmeza e encaixando-se como uma coroa sobre um altar. E começou a quicar.

Os movimentos não eram apressados. Eram marcados, calculados, como os passos de uma rainha atravessando o salão principal. Os seios imensos balançavam com precisão própria — duas ondas pesadas e hipnóticas, saudando o olhar debaixo com majestade. Os mamilos escuros apontavam pro teto, suados, orgulhosos. O corpo dela suava por inteiro, o ventre duro descendo em círculos apertados, o som da penetração úmida virando trilha sonora da noite.

— Tá sentindo? — ela dizia, com a mão no peito dele. — Isso aqui é só meu jeito de agradecer.

A força dos quadris, o controle dos músculos internos, o calor do encaixe — tudo nela era potência. E mesmo montada, era ela quem mandava. E mandava bem.

Ela parou só por um segundo, o rosto dele entre os seios, e sussurrou com a respiração falhada:

— Nunca deixaram eu brilhar. Mas agora... agora eu sei. Eu sou tudo isso.

E ele não conseguia responder. Só gemia, travado, rendido.

O final foi inevitável. O orgasmo veio longo, grunhido preso na garganta, um jato de espasmos dentro dela, enquanto ela tremia por cima, com as costas arqueadas, o clitóris pressionado contra o osso púbico dele, e os pés empurrando a cama de leve. Ela mordeu o ombro dele. Ele afundou os dedos na carne das coxas dela.

Depois, os dois desabaram. Ela caiu ao lado dele, ainda respirando como se tivesse corrido uma maratona. As pernas abertas, o sexo ainda pulsando. O quarto cheirava a suor, sabonete, sêmen e vitória.

Adormeceram ali mesmo, entrelaçados, como duas feras depois da caça.

O celular vibrou. A luz entrava pelas frestas da cortina. Ele olhou a hora: 8h22.

— Merda. Reunião às nove.

Ela acordou junto, o cabelo bagunçado, a cara inchada de sono. Olhou pro teto, depois pro relógio.

— Também tô ferrada.

Se vestiram rápido. Ela prendeu o sutiã rindo, ainda com o corpo mole.

— E se a gente não tivesse acordado?

— Tava perdido... mas valia.

Na saída do motel, trocaram um olhar sem fala. Ele abriu a porta do carro. Ela entrou. E foi embora com o mesmo silêncio com que chegou.

Nos dias seguintes, ele passou no mercadinho. Várias vezes. Olhava a fila da carne. A estufa dos legumes. O corredor das frutas. Nada.

Uma vez, uma atendente com cabelo parecido chegou a sorrir. Mas era só vontade dele.

Depois de uns meses, parou de procurar.

Mas às vezes, quando a cidade ficava quente demais, e o suor escorria entre as pernas no fim do dia… ele lembrava.

Do peso.

Do gosto.

Do trono molhado em forma de corpo.

E do ventre escuro e cheio onde, por algumas horas, ele havia desaparecido inteiro.

envie opiniões e contato para

marronbjj@gmail.com

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive faixa preta a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários