No apartamento do chefe – Capítulo 2

Um conto erótico de Santos
Categoria: Gay
Contém 900 palavras
Data: 20/07/2025 10:58:54

Os dias no apartamento de Ricardo se tornaram uma montanha-russa emocional para Lucas. Cada vez que cruzava a porta daquele espaço elegante no Brooklin — com sua vista estonteante e um silêncio que parecia amplificar cada pensamento — sentia o coração apertar no peito. Estar tão perto de Ricardo era, ao mesmo tempo, um sonho e uma tortura.

Aos 58 anos, Ricardo permanecia imponente: corpo atlético, barba bem cuidada, olhos castanhos intensos que pareciam enxergar mais do que Lucas gostaria. Ele tentava se concentrar nos processos, nos contratos, nos detalhes jurídicos, mas o perfume de Ricardo, o modo como ele se movia pela casa, ou o som grave da sua voz explicando um caso… tudo o distraía. Lucas se esforçava para manter a fachada profissional, mas por dentro, o desejo — aquele que há anos tentava enterrar — gritava.

Três meses se passaram nessa rotina de idas alternadas ao apartamento. Lucas se sentia mais à vontade no ambiente, mas a tensão entre eles — ou ao menos a que ele sentia — só crescia. Notava pequenos gestos: olhares que duravam um segundo além do necessário, sorrisos mais fáceis, silêncios que pareciam conter palavras não ditas. Lucas não sabia se era real ou fruto da sua imaginação, mas uma coisa era certa: ele precisava testar os limites, mesmo que sutilmente. Queria ver até onde podia ir. Até onde Ricardo reagiria.

Foi numa sexta-feira, um dia mais leve, sem reuniões externas — apenas revisões internas de casos da semana seguinte. Lucas planejou tudo com cuidado. Em vez da calça social de sempre, escolheu um short de futebol justo, que marcava bem o corpo moldado pela academia — especialmente os glúteos, dos quais ele sabia o efeito. Por cima, usou uma calça leve, fácil de tirar. E, por baixo do short, uma ousadia maior: uma cueca jockstrap preta, que deixava a parte de trás completamente exposta. Era arriscado. Mas a ideia de provocar uma reação em Ricardo — ainda que mínima — fazia seu sangue ferver.

Chegou ao apartamento pouco antes das nove, com o laptop na mochila e o coração na garganta. Ricardo o recebeu como sempre: camisa polo ajustada ao peitoral largo, sorriso tranquilo, voz acolhedora.

— Bom te ver, Lucas. Vamos trabalhar na sala hoje, tá mais fresco — disse, apontando para a mesa de jantar.

O dia correu tranquilo. Os dois mergulhados em contratos e planilhas. Mas Lucas sentia o short apertado sob a calça o tempo todo — como se o plano que armara tivesse vida própria, pulsando sob a pele. Cada vez que Ricardo se inclinava para mostrar algo na tela, o calor do corpo dele parecia incendiar o ar entre eles.

Quando o expediente terminou, por volta das 17h, Lucas decidiu colocar o plano em prática. Estavam organizando os últimos papéis, quando ele falou, tentando soar casual:

— Dr. Ricardo, eu vou direto pra academia depois. Já vim com o short por baixo… posso me trocar aqui mesmo antes de ir?

Ricardo levantou os olhos do laptop, com uma expressão neutra, mas atenta.

— Claro, Lucas. Fica à vontade. Pode usar o banheiro da suíte de hóspedes, ali no corredor.

Lucas assentiu, o estômago revirando. O banheiro, como tudo naquele apartamento, era impecável: azulejos brancos, pia de mármore, iluminação suave e um espelho grande que refletia cada detalhe do corpo. Ele deixou a porta entreaberta, apenas um centímetro — o suficiente para que não parecesse proposital, mas que, por acaso, alguém pudesse ver. Tirou a calça com calma e a dobrou cuidadosamente sobre a pia. Ficou apenas com o short de treino e a jockstrap por baixo. No espelho, seu corpo refletia firme: pele clara, músculos definidos, e a bunda perfeitamente moldada, realçada pelo tecido justo.

Fingindo arrumar a mochila, ajustou o short de forma displicente. E então ouviu passos no corredor. Ricardo seguia em direção ao quarto, que ficava logo adiante. Lucas permaneceu de lado, de frente para o espelho, a parte traseira exposta a quem passasse. Não se virou. Mas pelo canto dos olhos, viu uma sombra parar na porta entreaberta. O silêncio foi absoluto. Um segundo. Dois. Talvez três. Longos o suficiente para que Lucas soubesse: Ricardo tinha visto. E não apenas visto — ele parou.

O coração de Lucas parecia prestes a explodir. A tensão era palpável. Sem uma palavra, os passos voltaram a ecoar, e Ricardo seguiu até o quarto.

Lucas terminou de se vestir. Vestiu uma regata de treino, jogou a mochila no ombro e voltou para a sala, tentando parecer natural. O rosto ainda quente, mas o olhar firme. Minutos depois, Ricardo reapareceu — agora com outra camisa, mais leve, talvez recém-trocada. Ele parecia o mesmo de sempre… mas havia algo no olhar. Um brilho diferente. Um silêncio carregado.

— Bom, Lucas… por hoje é isso. Bom treino pra você — disse Ricardo, com a voz firme, mas com uma nota sutil, como se algo não dito pairasse no ar. Estendeu a mão, como fazia de vez em quando.

Lucas a apertou, sentindo o calor e a firmeza daquele gesto durar um pouco mais do que o necessário.

— Obrigado, Dr. Ricardo. Até segunda.

Pegou suas coisas e caminhou até a porta, sentindo — ou imaginando — o olhar de Ricardo nas costas. Quando o elevador se fechou, soltou o ar que nem sabia estar prendendo.

O que tinha acabado de acontecer? Ricardo tinha visto. Isso era certo. Mas o que pensara?

Lucas não sabia.

Só sabia de uma coisa: algo estava mudando.

Mesmo que nenhum dos dois estivesse pronto para admitir.

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