E aí, pessoal! Tudo certo?
Faz um tempinho que não apareço por aqui, né? Mas voltei com uma história daquelas… daquelas que começam inocentes, com convite pra uma festa de aniversário e acabam mexendo com tudo dentro da gente — e fora também.
Bom, o convite veio da Melissa, colega da Luana no escritório onde ela tá trabalhando agora. A princípio, confesso que torci o nariz. Tava cansado, semana pesada, cabeça cheia. Mas Luana, com aquele jeitinho que só ela tem, me convenceu.
Chegamos no apê da Melissa no meio da noite, já com a música rolando e aquele cheirinho bom de incenso misturado com vinho tinto no ar. O lugar era bem decorado, cheio de gente descolada — poucos colegas de trabalho, e muitos “amigos dela” que, sinceramente, pareciam mais parte de um clube bem fechado.
Mas o que me chamou atenção logo de cara foi… a própria Melissa.
A mulher era de parar qualquer ambiente. Cabelo solto, vestido colado, decote honesto (mas perigoso), perfume marcante e uma presença que... nossa. Era impossível não notar. E eu tentei. Por respeito à Luana. E também porque me conheço.
Luana, por sua vez, tava leve. Feliz. Rindo com as amigas, bebendo vinho, rodando pela sala como se já conhecesse todo mundo. Eu fiquei ali, só observando, com uma cerveja na mão e aquele feeling de que tinha alguma coisa diferente naquela noite. Não era só uma festa. Era algo mais.
Foi aí que a coisa começou a virar.
A gente tava num grupinho de conversa, todo mundo rindo de umas histórias malucas, quando chega o tal do Maurício, chefe da Luana. Alto, cara de executivo, barba bem feita, aquele ar de quem sempre quer mais do que parece. O cara se aproxima… e passa a mão nas costas da Luana. Mas não foi qualquer toque. Foi íntimo. Lento. Como se já tivesse liberdade.
Ela virou na hora, meio assustada. Ele deu um sorriso cínico, como se nada tivesse acontecido. E pra completar, Melissa apareceu e apresentou ele com naturalidade:
— Gente, esse é o Maurício. Meu amigo… e chefe da Luana.
Quando me apresentei como marido dela, fiz questão de dar aquele aperto de mão firme. Aquele que fala mais que mil palavras. Ele tentou manter a pose, mas deu um passinho pra trás. Sentiu.
Logo depois, pedi pra Luana me mostrar onde era o banheiro. O caminho passava por um corredor escuro, cheio de portas. E aí… foi onde tudo virou de vez.
Uma porta entreaberta. Um quarto com luz baixa. E ali dentro… Melissa ajoelhada. Mais uma garota com ela. E Maurício, de pé, recebendo um boquete duplo como se aquilo fosse normal, parte do cronograma da noite.
A cena era explícita, direta, e inacreditavelmente natural pra eles.
Fiquei paralisado. Luana também viu. Ninguém disse nada, mas os olhos dela estavam dizendo tudo. A gente seguiu pro banheiro em silêncio. Mas na volta… o clima já era outro.
Melissa apareceu logo depois, cabelo molhado — provavelmente tinha tomado um banho rápido. Veio toda leve, sorrindo, como se nada tivesse acontecido. Me chamou pra dançar. Luana já tava se distraindo com uma amiga, rindo alto, e eu… fui.
Talvez por impulso. Talvez pra entender o que ela queria. Talvez só pra observar de perto. E sim… Melissa dançava como quem sabe seduzir com os olhos, os quadris, e a ponta dos dedos. Mas ainda assim… respeitosa. Medindo o terreno.
Foi então que Luana reapareceu. Chegou de mansinho, encostou no meu ombro e sussurrou:
— Vamos embora?
A voz dela tava mansa… mas os olhos diziam outra coisa.
— Bora — respondi, direto.
Nos despedimos com acenos curtos e pegamos o caminho de casa. No carro, silêncio. Eu dirigindo, ela olhando pela janela. Mas o quarto daquela festa ainda tava na minha cabeça como se fosse um filme passando em loop.
Em casa, estacionei, desliguei o carro e soltei:
— Aquilo que a gente viu… já era programado, né?
Ela demorou a responder.
— Não sei. Talvez tenha sido só a bebida. O clima… todo mundo tava meio solto.
— Lu… o cara passou a mão nas tuas costas como se fosse dele. Tu não viu isso?
— Eu vi. Mas ele nunca foi desrespeitoso antes. Sempre foi educado. Aquilo foi fora da curva.
— E se não for? E se for exatamente o que ele é?
Ela ficou em silêncio. Depois disse, mais calma:
— Eu não deixei ele passar do ponto. Eu soube me afastar. Tu viu.
— Vi. E é por isso que tô aqui, te ouvindo. Só tô dizendo que esse tipo de ambiente, com gente como ele… é cheio de armadilha.
Foi aí que ela se levantou, me puxou pela mão e disse:
— Vem cá.
Me arrastou pro banheiro, a luz ainda apagada, e ali mesmo me prensou na parede. Me beijou com força. Com desejo. Daquele jeito que diz tudo sem precisar de explicação.
Foi intenso.
Nos beijamos no corredor, tropeçamos na cama, e transamos com vontade. Nada de pressa. Era corpo pedindo por conexão. Eu sentia ela mais entregue do que nunca, como se quisesse reafirmar o que já era dela.
Depois, deitados, ela encostou a cabeça no meu peito e sussurrou:
— Se ele cruzar a linha de novo… eu saio. Prometo.
Acordei cedo no dia seguinte, mesmo depois da noite agitada. O corpo ainda lembrava do jeito que a Luana me puxou no corredor, do beijo quente no banheiro, da forma como ela se entregou na cama como quem diz “eu sou tua, e ninguém mais”.
Ela ainda dormia quando levantei, cabelo bagunçado, costas nuas, uma das pernas enrolada no lençol. Linda. Meu primeiro impulso foi deitar de novo e puxar ela pra mais uma rodada, mas o relógio já gritava. Deixei um café pronto e saí pra resolver umas pendências do trabalho.
Durante o dia, fiquei pensando em tudo que a gente viveu na festa. A imagem da Melissa ajoelhada ainda passava pela minha cabeça como flash — rápida, quente, e perigosa. Mas o que mais martelava era o toque do chefe da Luana, o tal do Maurício. A forma como ele se aproximou, como tentou impor presença… aquilo não ia sair da minha cabeça fácil.
À tarde, mandei mensagem pra Luana:
> “E aí, amor? Tudo tranquilo no trabalho?”
Ela demorou uns minutos pra responder:
> “Tudo sim. Meio estranho hoje, confesso… mas tô de olho em tudo. Te amo.”
Meio estranho. Claro que tava. Depois do que rolou, impossível a energia do lugar voltar ao normal de um dia pro outro.
Quando chegamos em casa à noite, ela me contou com mais calma.
— O clima lá mudou, Jonas. Melissa fingiu que nada aconteceu. Me tratou como se tivesse tudo bem, mas sabe aquele olhar que diz “eu sei que você viu”? Pois é. E o Maurício… passou por mim no corredor, sorriu, mas nem ousou puxar assunto. Só cumprimentou e sumiu.
— E tu? Tá firme?
— Tô. Mas tô ligada. Hoje deixei bem claro que tô na minha. Trabalhei calada, fiz meu serviço, saí na hora certa. Não dou espaço.
Assenti com a cabeça, mas o sangue ainda fervia.
— Se ele insistir… tu me avisa. Nem que a gente resolva isso pessoalmente.
Ela colocou a mão no meu peito, me puxou devagar e falou olhando nos meus olhos:
— Eu te prometi. Se ele cruzar o limite, eu saio. Sem pensar duas vezes.
E eu, lutando contra mim mesmo tentando confiar.