Uma Proposta Ousada

Da série Putinho Vermelho
Um conto erótico de Tiago Campos
Categoria: Homossexual
Contém 1503 palavras
Data: 16/06/2025 10:57:57

A minha audácia pareceu pegá-lo de surpresa por um segundo, um lampejo rápido cruzando os seus lindos olhos azuis. Mas a surpresa durou somente um instante. Um brilho diferente acendeu em seus olhos, e logo um sorriso que beirava o predador, ainda mais largo e carregado de malícia, curvou-se lentamente em seus lábios. Inclinou-se ligeiramente para mim, a voz grave e profunda, carregada de uma insinuação que era quase palpável, deslizou para fora enquanto ele me provocava, dizendo que ele “não sabia que eu tinha um gosto especial por homens musculosos assim, daquele jeito”. Cada palavra cuidadosamente calculada para me desarmar e, talvez, me instigar.

A ansiedade me atingiu não como um raio, mas como uma onda de choque gélido, ou talvez, sim, como o impacto súbito de uma descarga elétrica que percorreu todo o meu corpo. Retirei a mão, que estava no seu peitoral, com a rapidez instintiva de quem se queima ao tocar ferro quente, e me apressei em construir uma negação, as palavras tropeçando umas sobre as outras na pressa de escapar. Murmurei algo como “não, não é bem isso”, “eu gosto é de mulheres”, tentando desesperadamente injetar convicção na minha voz e na minha postura. No entanto, meu coração batia desabalado no peito — um tambor incontrolável — e imagens traiçoeiras insistiam em se formar na minha mente: a força sob a camisa, o contorno dos músculos que eu notara, a proximidade perigosa que eu acabara de criar.

James, então, não se contentou em somente rir; ele gargalhou. Uma risada genuína, poderosa, que começou baixa e cresceu rapidamente, fazendo-o inclinar o corpo para trás, a cabeça pendendo ligeiramente, o som vibrando no ar da manhã e, parecia, reverberando dentro de mim. Era uma risada alta, despojada, que contrastava estranhamente com a malícia anterior, e me deixou ainda mais confuso, com as bochechas quentes de pura vergonha e um nó se formando no estômago. Num acesso de irritação, mais comigo mesmo do que com ele por me expor daquela maneira, disparei, a voz um pouco mais ríspida do que pretendia: “E o que você acha tão engraçado assim na minha… na minha declaração de preferência?”.

Suas gargalhadas diminuíram gradualmente, transformando-se em risadas controladas, mas os olhos ainda brilhavam com diversão, lutando para conter o riso por completo. O homem musculoso endireitou a postura e, com um ar cúmplice que me fez estremecer, brincou: “Bom, se vou ser seu guarda-costas, você teria que me avaliar primeiro, não é? Teria que inspecionar o… “material”. Ver se os músculos passam no teste. Se sou bom o suficiente para a função”. A proposta velada de um jogo, de uma inspeção mais profunda do que a superficial, acendeu algo dentro de mim.

Uma onda de calor começou a se espalhar pelo meu corpo, uma sensação que dissipou a vergonha e deu lugar a uma ousadia recém-descoberta, uma vontade de entrar na dança perigosa que ele propunha. Decidi, naquele instante, entrar de cabeça. Curvei meus próprios lábios num sorriso que, eu esperava, parecesse tão atrevido quanto o dele, e retruquei, com uma artificial seriedade que mal escondia a diversão e o nervosismo. “Ah, pode apostar que sou extremamente exigente”, eu disse, cruzando os braços como se estivesse realmente considerando.

Fiz uma pausa dramática, o sorriso ampliando. “E para uma avaliação completa e justa, sabe… não basta só um olhar superficial, ou apalpar um braço por cima da camisa. Teria que examinar o seu corpo sem roupa alguma. Cada centímetro. Para ter certeza da qualidade do… material de proteção” Minha voz baixou um pouco na última parte, tornando-a quase um convite. James, oh, James. A diversão anterior deu lugar novamente àquele brilho intenso nos olhos, a algo mais profundo e focado.

Com um movimento incrivelmente lento, deliberado, que parecia calcular cada milímetro do impacto que teria, ele me lançou uma piscadela. Uma piscadela tão sugestiva, tão cheia de significados ocultos, que parecia contar segredos quentes. E então, a voz… baixinha, rouca, como veludo áspero, mas carregada de uma potência silenciosa, deslizou no ar entre nós, diminuindo a distância invisível que restava. “Pode ficar tranquilo”, ele sussurrou, e o jeito como disse “tranquilo” já era uma provocação por si só. “Possuo uma… uma espada bem grande e dura. Perfeita para te defender. Posso até te ensinar a manuseá-la se quiser…”

Entendi. Oh, como entendi o duplo sentido. O picante, o ousado, a promessa velada naquela “espada” dele, a insinuação clara da sua virilidade. Um calor súbito, incontrolável, percorreu minha espinha, descendo até a base do meu corpo, e meu corpo tremeu. Não de medo, mas… de antecipação. De uma mistura eletrizante de desejo e nervosismo. A voz saiu um pouco embargada, um sussurro que mal se distinguiu do meu próprio batimento cardíaco acelerado pela expectativa e pela ousadia daquele jogo que estávamos jogando. “Só… só vou acreditar”, eu disse, fixando meus olhos nos dele, desafiando-o, “vendo. Vendo com meus próprios olhos o tamanho dessa… “espada” que você diz ter”

A bola estava de volta com ele, e a tensão entre nós se tornou quase insuportável. Com um movimento rápido, deliberado e inesquecível, o lenhador levou a mão à região do pênis, apertando levemente o tecido gasto da sua calça jeans para realçar o volume presente ali. Foi um gesto descarado, calculado para ser visto, que me fez prender a respiração no fundo dos pulmões, um nó se formando na minha garganta enquanto meus olhos se fixavam naquele ponto por uma fração de segundo. Mantendo um contato visual intenso que parecia me desnudar, ele afirmou: “Quando quiser, Chapeuzinho, venha até a clareira para me ver pelado e fazer uma avaliação”.

Senti um choque percorrer todo o meu ser, uma onda mista de surpresa, excitação e descrença. Era difícil processar a audácia daquelas poucas palavras, a clareza chocante da promessa nua e crua que ele acabara de lançar no ar entre nós. Minha mente girava, tentando assimilar a direta e desinibida oferta. James somente sorriu novamente, não um sorriso inocente, mas um sorriso de quem tinha plena consciência do impacto que suas palavras e gestos haviam causado, um sorriso repleto de malícia e autoconfiança. Ele disse que nos veríamos por aí, com uma casualidade que parecia zombar da intensidade do momento que acabara de criar, antes de se virar com uma leveza surpreendente e ir embora.

Assim que entrei novamente em casa, Dona Adelaide ergueu os olhos verdes e cálidos para mim e perguntou quem estava ali no portão, com aquela voz doce e um pouco curiosa que sempre me passava uma sensação de segurança. Inventei a desculpa mais plausível que me veio à mente para mascarar a verdade e a intensidade do encontro. Menti rapidamente, dizendo que era somente James, o lenhador, que havia passado para ver se tínhamos alguns dos doces que ela faz — uma justificativa simples e inofensiva para explicar a presença inesperada dele e o fato de eu ter demorado um pouco mais do que o normal.

Os olhos de vovó brilharam com um orgulho genuíno e uma alegria simples ao ouvir aquilo. Ela disse o quanto ficava feliz em saber que as pessoas gostavam tanto dos doces dela, que o trabalho delicado que fazíamos com tanto carinho era apreciado pelas pessoas da vizinhança. Aquele momento de pura e inocente satisfação dela lavou um pouco a tensão que eu sentia.

Passamos o resto da manhã e toda a tarde imersos na rotina calmante da produção de doces. O cheiro de açúcar caramelizando e especiarias se intensificava, preenchendo cada canto da casa. Nossas mãos trabalhavam juntas, moldando, assando, embalando tudo cuidadosamente em pequenas trouxas coloridas amarradas com barbante, arrumando-as na cesta de vime para a entrega de amanhã. Era um ritmo familiar, quase meditativo, mas minha mente, apesar do esforço para me concentrar, divagava constantemente para James. Imagens fragmentadas do nosso breve encontro pipocavam na minha cabeça: o contato visual penetrante, o sorriso sedutor, e, acima de tudo, a imagem da sua mão apertando a calça, a promessa visual explícita.

Ao final do dia, sentindo-me física e mentalmente exausto pelo trabalho e pela luta interna contra os pensamentos, fui tomar banho. Fechei a porta do banheiro atrás de mim, buscando um refúgio de privacidade. Permiti que a cascata quente da água caísse sobre mim, relaxando os músculos tensos, lavando o suor e a poeira do dia. E foi ali, na solidão e no vapor do box, que a barreira que eu tentara manter durante horas se desfez completamente. A imagem daquele homem musculoso voltou com força total, avassaladora e nítida, como se estivesse acontecendo naquele exato momento. O sorriso, a audácia escancarada nas suas palavras, a imagem da sua mão naquele gesto, tudo se reproduziu na minha memória com uma intensidade perturbadora.

Ali, sem a presença de Dona Adelaide ou a distração do trabalho, o desejo que ele havia despertado com uma precisão quase cirúrgica desencadeou-se. Não era mais uma onda de calor no peito, mas um fogo que subia, uma necessidade urgente que parecia consumir-me por dentro, um desejo avassalador e inegável, explodindo na privacidade daquele banho quente.

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