Já se passaram anos. A vida nos levou por caminhos diferentes. Casamos, formamos família, seguimos carreira. Mas, por ironia do destino — ou vontade do acaso — Carlos e eu fomos trabalhar na mesma cidade do interior.
Ele era gerente em uma empresa de logística. Eu, supervisor administrativo de uma rede de hotéis. Nos reencontramos por acaso numa feira empresarial, e o olhar que trocamos naquele dia dizia tudo. O passado não tinha morrido. Estava ali, guardado, só esperando uma faísca.
Começamos a nos ver com frequência. Almoços rápidos, cafés demorados, uma ou outra cerveja ao fim do expediente. A química era evidente. Mas agora éramos homens casados, mais cuidadosos — ou, ao menos, fingíamos ser.
Numa dessas conversas, Carlos sugeriu:
— O Fernando, lembra dele? Aquele nosso amigo da época da faculdade… tá vindo passar o fim de semana aqui. Bora nos encontrar os três?
— Claro — respondi. — Se quiserem, podem ir no hotel onde tô trabalhando. Tenho uma suíte livre esse fim de semana. A gente bebe, coloca o papo em dia.
Na sexta à noite, eles chegaram. Eu já estava lá, de camisa aberta, duas cervejas na mesa e uma garrafa de whisky fechada. Quando os dois entraram, o clima mudou. Era como se a tensão tivesse invadido o quarto junto com eles.
Fernando, o tal amigo, tinha mudado. Cabelos grisalhos nas laterais, barba bem-feita, porte atlético. Tinha aquele charme de homem vivido. E o jeito como me olhou… direto, curioso. Como se soubesse de algo. Como se quisesse algo.
Bebemos, rimos, relembramos histórias antigas. Carlos e eu trocávamos olhares, e Fernando percebia. Não era burro. A certa altura da noite, ele soltou:
— Sempre achei que vocês dois tinham algo a mais. A forma como se olhavam… tinha tensão ali.
Carlos sorriu. Eu fiquei em silêncio.
— E tinham? — ele insistiu.
Carlos se levantou, foi até mim e respondeu olhando nos meus olhos:
— Tínhamos. E ainda temos.
Em seguida, sem pedir permissão, se inclinou e me beijou. Aquele beijo que eu conhecia bem: lento, quente, cheio de fome.
Fernando nos olhava, sério, respirando forte. Eu quebrei o beijo, olhei pra ele e perguntei:
— Isso te incomoda?
Ele demorou alguns segundos, bebeu o resto da cerveja de um gole só, se levantou, tirou a camisa e disse:
— Pelo contrário. Me deixa ver.
Carlos e eu nos olhamos. Sem palavras, sabíamos que aquela noite seria diferente.
Nos despimos aos poucos, sem pressa. Fernando se sentou na poltrona, assistindo, com o pau duro marcando a calça. Eu e Carlos fomos pra cama. Ele se deitou de costas, e eu subi sobre ele, roçando nossos paus, me esfregando, gemendo baixo.
Fernando se aproximou, tirou a calça e ficou completamente nu. O pau dele era grosso, com a cabeça larga. Sem dizer nada, ele passou a mão na minha nuca e me guiou até ele. Levei à boca com vontade, sugando, lambendo, sentindo ele crescer ainda mais.
Enquanto eu chupava o Fernando, Carlos me penetrava por trás, devagar, com aquele movimento que só ele sabia fazer — profundo, ritmado, fazendo meu corpo inteiro vibrar.
Gemidos baixos, respiração pesada, suor escorrendo.
A cena era intensa: eu de quatro, sendo comido pelo Carlos e chupando o Fernando com vontade, como se estivesse possuído por um desejo antigo, acumulado por anos.
Fernando gemeu alto, segurando minha cabeça com força e gozando na minha boca. Engoli tudo, sem hesitar. Minutos depois, Carlos enfiou fundo, tremeu, e gozei junto, com um jato quente entre nossas barrigas.
Caímos os três na cama, exaustos, ofegantes, rindo como se fôssemos garotos outra vez.
Na manhã seguinte, o sol entrou pela janela e iluminou os corpos ainda entrelaçados. Nenhum de nós disse nada. Apenas nos olhamos. Com cumplicidade. Com desejo. Com a certeza de que aquela noite tinha mudado tudo.
E talvez, apenas talvez… fosse só o começo de algo novo.