A Sedução de um Casal! FULL

Um conto erótico de Silva
Categoria: Heterossexual
Contém 12963 palavras
Data: 12/06/2025 12:31:37

Nunca fui o tipo de cara ciumento. Não do tipo escandaloso, pelo menos. Sempre confiei na minha esposa — e com razão. A Bruna sempre foi discreta, na dela, bonita sem esforço, fiel até demais. A mulher que qualquer um ia olhar e pensar: “Essa aí não trai nem sob tortura.” E talvez não traísse mesmo.

Pelo menos não de forma óbvia.

A gente tinha se mudado há pouco mais de um mês pra essa casa geminada em um bairro tranquilo da cidade. Casas com quintalzinho, garagem na frente e um muro baixo separando o nosso jardim do do vizinho. Tudo calmo, seguro, bom pra quem queria construir uma vida estável.

Mas logo percebi que estabilidade era a última coisa que o destino tava planejando.

O vizinho da casa ao lado se chamava Roberto, um sujeito na casa dos 50 e poucos, talvez mais. A primeira vez que vi ele, tava sem camisa lavando o carro na calçada. Barrigudo, pele meio queimada de sol, careca nas entradas, e com uma corrente dourada pendurada no pescoço peludo.

Típico tiozão metido a gostoso.

Ele levantou a cabeça, me olhou por cima dos óculos escuros e deu aquele sorriso torto de canto de boca, como se fosse íntimo. Eu dei um aceno breve. Não fui com a cara dele desde o começo.

— Fala, campeão. Seja bem-vindo à vizinhança — disse ele, estendendo a mão engordurada de sabão. Eu apertei de má vontade.

— Valeu. Estamos chegando agora.

— Tô vendo, tô vendo… qualquer coisa que precisar, só chamar. A gente sempre dá um jeito.

Ele falou “a gente” como se houvesse alguém com ele. Mas morava sozinho. Depois soube que era divorciado. Duas filhas grandes que vinham de vez em nunca. O resto do tempo ele passava jogado na cadeira de praia no quintal, fumando charuto, ouvindo samba antigo e dando pitaco em tudo.

Babaca clássico.

Bruna, por outro lado, nunca ligou pra isso. Sempre muito educada, doce, dessas mulheres que falam sorrindo até com quem não merece. No terceiro dia na casa, ela apareceu de shortinho jeans e regata branca, levando um prato com bolo de cenoura pra “agradecer a recepção do vizinho”.

— Você levou bolo pro tiozinho? — perguntei quando ela voltou.

— Ele foi simpático. Achei educado da nossa parte. Você tem que parar de julgar as pessoas pela cara.

Mas o problema era justamente a cara que ele fez quando viu ela. Eu tava lá. Vi como ele olhou. Como encarou as coxas dela subindo os dois degraus da varanda. Como olhou aquela regatinha branca marcando os seios pequenos e firmes que ela quase sempre escondia.

Mas aquele dia, talvez pelo calor, ela não tava usando sutiã.

E ele reparou.

Eu também reparei.

**

Os dias foram passando. A casa era boa. O clima entre a gente melhor ainda. A Bruna cuidava das plantas no fim da tarde, lavava a varanda ouvindo música leve, e às vezes colocava uma canga no quintal pra pegar sol de manhã.

Ela dizia que ninguém via dali. Que o muro era alto.

Mas ele via.

Eu sabia que via. E talvez, num nível inconsciente, ela sabia também.

Uma manhã de sábado, acordei mais tarde que ela. Quando fui até a cozinha, percebi o som do chuveirão ligado no quintal. Fui até a porta e olhei pelo vidro.

Bruna estava de costas, debaixo do chuveiro, com um biquíni claro que grudava no corpo como tinta. Era o biquíni de sempre, o mesmo de ir pra praia, mas molhado e àquela distância, parecia um convite.

A calcinha se enfiava entre as nádegas, revelando a bunda empinada, firme.

O sutiã, branco e molhado, deixava os mamilos bem visíveis.

Ela se virou pra ajeitar o cabelo e me viu olhando. Sorriu.

— Tá acordado? — gritou de longe, como se nada estivesse demais.

— Tô — respondi, seco. Meu pau já estava semi-duro dentro do short. — Tá fazendo o quê?

— Tava quente. Fui lavar a varanda e aproveitei pra tomar um banho aqui mesmo.

Ela não notou. Mas do outro lado do muro — rente à parte dos fundos — havia uma fresta entre os blocos quebrados, entreaberta, mal vedada. E um par de olhos escuros observava dali.

Eu vi o brilho da lente do óculos espelhado. Roberto.

Sentado na poltrona de praia, encostado na sombra da sua varanda, vendo minha mulher se banhar como se fosse o entretenimento da manhã.

Fiquei paralisado por alguns segundos. Parte de mim quis invadir o quintal dele e tirar satisfação. A outra parte… ficou. Olhou. Sentiu o sangue ferver.

E ficou duro de verdade.

**

Comecei a reparar mais. Em tudo.

Bruna lavando roupa no tanque com o short molhado grudado na pele.

Bruna estendendo sutiãs e calcinhas no varal.

Bruna com as pernas dobradas no sofá, de frente pra janela.

E o velho sempre por perto. Sempre dando um jeito de estar em posição de ver, de notar, de comentar.

Um dia cheguei mais cedo do trabalho e vi os dois conversando no portão.

Ela ria. Ria como se estivesse aliviada de alguém escutá-la.

Ele fazia um gesto com a mão e colocava a outra na cintura. O sorriso safado, sem dentes, o olhar direto no busto dela.

Não era conversa boba.

Tinha um clima estranho ali.

— Que foi aquilo ali? — perguntei quando ela entrou.

— Ah, o Roberto só tava contando uma história engraçada. Você implica demais com ele, amor.

— Ele olhou pra você como se fosse te comer com os olhos.

Ela riu, mas com as bochechas coradas. Tentou disfarçar.

— Para com isso… que besteira.

Mas no fundo, ela sabia que ele tinha olhado sim. E sabia que ele olhava sempre.

Talvez fosse o ego, talvez fosse só distração.

Ou talvez… ela estivesse começando a gostar de ser olhada.

**

No domingo seguinte, Bruna colocou um vestido branco sem sutiã pra fazer o almoço. O tecido leve desenhava os seios com perfeição. Ela andava descalça pela casa, leve, relaxada, sem perceber que toda vez que se abaixava pra pegar algo na gaveta, um decote generoso se abria, deixando os bicos à mostra.

Na hora de jogar o lixo fora, foi até o portão com aquele mesmo vestido.

E lá estava ele. De novo.

Roberto, camisa aberta, cerveja na mão, encostado na grade do portão.

A conversa foi rápida, dois minutos.

Mas o suficiente pro velho ver tudo o que queria.

E quando ela voltou, os mamilos estavam duros.

Poderia ser o vento.

Poderia.

Mas naquele dia, quando a noite caiu e ela saiu do banho enrolada na toalha, me deu um beijo diferente.

Mais molhado.

Mais lento.

E foi ela quem subiu em cima de mim primeiro.

Foi ela quem pediu pra eu meter mais forte.

Foi ela quem gozou duas vezes, com um tesão que há muito tempo não aparecia daquele jeito.

Depois daquela transa intensa, a semana começou estranha. Bruna acordava mais animada, como se tivesse algo diferente na rotina, mesmo que dissesse que era só o clima bom. Usava roupas mais leves, mais soltas. Ficava mais tempo na varanda, molhando as plantas, mexendo no celular, dando risadas baixas com vídeos no Instagram. Eu observava de longe, tentando não parecer paranoico. Mas meu instinto dizia que tinha algo… fora do lugar.

Na quarta, cheguei mais cedo em casa. Ela não me esperava. Entrei pela garagem e fui direto pra cozinha. A porta da lavanderia tava semiaberta. Eu ouvi vozes.

— Nossa, Bruna… você sempre anda assim em casa?

Era a voz dele.

Do Roberto.

Rasteira, grave, com aquele tom que disfarça sarcasmo com elogio.

— Assim como? — ela respondeu, rindo, com aquele jeito que mistura constrangimento com vaidade. — Tá muito calor. Você nunca viu uma mulher de short?

— Já vi, claro… mas não assim… — ele disse, e depois riu. — A vizinhança ganhou um prêmio com você aqui, vou te falar.

Um silêncio curto. Um barulho de risada abafada.

Dei dois passos discretos até o vão da porta e olhei.

Ela estava de costas, com um short de malha colado e uma blusinha regata sem sutiã. O biquinho do seio esquerdo marcava o tecido justo. Ela mexia em um balde com pano de chão, enquanto ele estava do lado de lá do muro, espiando com o braço apoiado no topo, corpo meio inclinado. Um olhar que não pedia permissão.

— Deixa de ser bobo, Roberto.

— Se eu tivesse uns 20 anos a menos, hein… — ele soltou, olhando diretamente pro busto dela.

Ela riu. Mas dessa vez… não desmentiu.

Virou de lado, meio que apertando os braços contra o corpo, sem perceber que fazia os seios subirem um pouco.

— Vai trabalhar, velho tarado — disse ela, jogando um pano d’água em direção ao muro.

Ele riu e se afastou.

Naquele momento, não consegui entrar. Fiquei parado.

Tesão, raiva, descontrole e curiosidade se misturavam dentro de mim.

**

Naquela noite, Bruna trocava de roupa no quarto quando o celular dela vibrou em cima da cama. Eu não sou de mexer, mas não resisti. Peguei.

Mensagem no Instagram: @robertão_55.

Foto de um meme de humor bobo, com legenda:

“Essa aqui é a sua cara kkkkkk”

Não havia outras mensagens recentes visíveis. Provavelmente ela apagava.

Ela saiu do banheiro de calcinha e camiseta, enxugando o cabelo com a toalha.

— Quem é Robertão_55? — perguntei, tentando soar natural.

Ela fez uma cara entre o riso e o susto.

— Ah, é o Roberto… o vizinho. Ele me mandou uns vídeos bestas hoje.

— Por que ele tem teu Instagram?

Ela deu de ombros.

— Me achou lá. Deve ter visto em alguma foto minha com você. Relaxa, amor. É só brincadeira.

Mas meu cérebro tava em alerta máximo.

Não era só brincadeira. Tinha interesse.

E, o pior… ela estava deixando acontecer.

**

No sábado seguinte, Bruna tinha marcado salão pela manhã. Cabelo, sobrancelha, essas coisas. Saiu cedo e eu fiquei sozinho, organizando umas coisas do trabalho. No fim da manhã, recebo uma mensagem dela:

“Esqueci de pedir: pode recolher as roupas do varal? Vai chover.”

Fui até o quintal. O varal tinha três calcinhas molhadas, dois sutiãs e uma camisola branca bem fina. Tudo bem feminino, cheiroso, recém-lavado. Na hora que fui tirar a camisola, um vento bateu e ela ficou presa na minha mão, meio transparente contra a luz.

Me veio uma imagem involuntária na cabeça: Roberto espiando tudo isso.

Dei um passo até a ponta do muro. Olhei.

Lá estava ele.

Sentado na cadeira de plástico, óculos escuros, peito peludo de fora, olhando diretamente pro meu quintal.

Não era coincidência. Ele sabia os horários. Ele sabia o que ia ver.

Por impulso, entrei de volta, peguei o celular e tirei uma foto rápida da camisola pendurada na mão, molhada.

Mandei no grupo nosso do casal, junto com a frase:

“Isso aqui é só meu.”

Ela respondeu minutos depois:

“Tira a mão, tarado kkk”

Mas depois disso, fiquei inquieto.

No meio da tarde, vi que ela tinha postado um story.

Foto no espelho do salão, de blusinha e calça jeans, com aquele filtro claro.

Legenda: “Renovada. Que venham os elogios.”

Emoji de coração.

Fui olhar quem visualizou.

Lá estava ele. O primeiro da lista.

**

Domingo, depois do almoço, ela saiu de novo pro quintal. Era costume agora: pegar sol de biquíni no horário em que ele sempre aparecia. Eu fingia que lia no sofá, mas ficava atento.

Dessa vez, ela usava um novo biquíni marrom escuro, bem menor que os anteriores. Os mamilos ficavam quase visíveis. O pano fino mal cobria os seios.

Ela levou o celular junto, colocou música baixinha e começou a tirar umas selfies sentada na cadeira, cruzando as pernas.

De dentro de casa, eu a vi de lado, arrumando o biquíni, ajustando as alças, esticando a calcinha no quadril. Tudo muito natural… mas com um quê de provocação consciente.

De repente, o portão lateral do vizinho se abre.

— Bom dia, Bruna! Tá aproveitando o sol, hein? — a voz dele, cheia de malícia, invade o ar.

Ela se assusta um pouco, mas logo sorri.

— É, tô aqui torrando um pouco. Não é todo dia que dá pra relaxar assim.

— Com esse biquíni aí… relaxar é difícil até pra quem só tá olhando.

Ela ri, encabulada.

Cruza as pernas. Se ajeita. Mas não levanta.

— Você é muito safado, Roberto, Atolo.

À noite, quando deitei na cama, ela saiu do banheiro só de toalha, cabelos molhados caindo no ombro. Sentou na beirada e passou creme na perna com movimentos lentos.

— Amor — ela disse, sem olhar pra mim —, sabia que o Roberto me chamou pra tomar cerveja qualquer dia desses?

Engoli seco.

— Sério? E você disse o quê?

Ela sorriu.

— Disse que não podia. Mas ele é engraçado, né?

Demorei a responder. Ela se virou e subiu em cima de mim, com aquele brilho no olhar. Deixou a toalha cair, revelando os seios livres, rijos. Me beijou com fome. Me montou devagar.

Durante o sexo, ela me olhava nos olhos. Me beijava mais molhado. Gemia mais alto.

❌❌❌

Desde aquele domingo ensolarado, alguma coisa mudou. Pequena. Quase imperceptível.

Mas eu sentia.

Ele não tinha mais vergonha nenhuma de mostrar que estava de olho nela.

E ela… bom, ela continuava sendo a mesma Bruna doce, recatada, mas agora com uns gestos meio… pensados demais. Uns shorts curtos demais. Uns sorrisos demorados.

Talvez fosse só minha cabeça, tentando encaixar peças. Talvez não.

Na terça-feira, cheguei do trabalho por volta das seis. Ela estava na cozinha, preparando o jantar de cabelo preso, de baby doll fino, justo. A parte de baixo era uma shortinho de tecido leve que realçava muito o volume da bunda. E por cima, uma blusinha sem mangas.

Sem sutiã.

— Tá quente, né? — ela disse ao me ver, com aquele tom normal de quem não vê maldade em nada.

Mas o que ela não sabia é que, quando fui passar pela janela da área de serviço, vi o velho Roberto… parado no quintal dele, com a mangueira ligada, fingindo molhar as plantas.

Só fingindo.

Ele olhava direto pra nossa cozinha.

E o reflexo do vidro deixava nítido que ele conseguia ver cada movimento dela ali dentro.

Eu travei. Fiquei observando ele com a mangueira parada, o jato d’água apontando pro chão, mas os olhos cravados nela.

Quando ele percebeu minha presença, não desviou. Apenas deu um leve sorriso de canto e ergueu o queixo, como se dissesse “e aí?”.

Voltei pra cozinha.

— Aquele velho tá sempre no quintal essa hora, né?

Ela riu, sem parar de mexer a panela.

— Ele é aposentado, amor. Não tem muita coisa pra fazer. E gosta de cuidar do jardim.

— Tá, mas ele vive no mesmo horário que você aparece por aqui.

Ela riu de novo.

— Você tá com ciúme do Roberto? Jura?

— Tô de olho — falei, me aproximando por trás e pegando na cintura dela. — Fica desfilando assim pela casa, marcando tudo, e ele ali babando…

Ela se virou, encostou o corpo no meu, levantou o queixo com aquele ar debochado.

— Se ele quiser ver alguma coisa, que tenha bom gosto então.

Me beijou e voltou pra panela.

**

Na quarta, a tensão deu mais um passo.

Eu tinha saído pra comprar pão no final da tarde, e quando voltei, passei direto pela lateral da casa pra entrar pela porta da cozinha. O portãozinho dos fundos estava entreaberto, e ouvi vozes de novo.

Me aproximei devagar.

Bruna estava na parte do tanque, de costas, dobrando roupas que havia recolhido do varal. De novo usando aquele baby doll leve.

E o Roberto, do lado de lá do muro, com uma cerveja na mão, assistindo de camarote.

— Cê devia abrir um OnlyFans, Bruna.

Ela deu uma risada alta, surpresa.

— Credo, que isso, homem?

— Tô falando sério. Você ia fazer sucesso. Muita mulher menos bonita que você ganha grana só postando fotinha de biquíni.

— Ah, para com isso.

— Qualquer hora eu te mostro umas aqui… você vai ver. Se quiser, tiro umas fotos suas. Só pros likes. Nem precisa mostrar nada. Só o charme.

Ela riu mais ainda, balançou a cabeça.

— Vai se tratar, Roberto.

Mas não parecia brava.

Parecia… acostumada.

Como se já soubesse que o velho ia falar alguma besteira toda vez que aparecesse.

Como se ele tivesse conquistado o direito de ser inconveniente.

**

Mais tarde, depois do banho, ela entrou no quarto com o celular na mão, rindo de novo. Me deitei, fingindo mexer no meu celular também, mas de olho nela.

Vi o nome no topo da tela:

“Robertão 😅”

Ela só leu a mensagem, riu, e apagou. Eu sei disso porque o som do print que tirei foi abafado pelo ventilador, mas o gesto dela era conhecido.

Abriu, leu, apagou.

Fiquei pensando no que ele mandou.

Uma foto?

Um vídeo?

Uma piada suja?

**

Na sexta à tarde, um evento novo.

Eu tava em home office e ela disse que ia ao mercado. Não demoraria.

Ficou uns quarenta minutos fora. Quando voltou, trouxe sacolas, estava suada e reclamando do calor. Mas o detalhe era o shorts.

Ela saiu com um shorts jeans comum e voltou com outro.

Percebi de cara. O tecido era mais fino, com a parte do bolso interno aparecendo por baixo, como se fosse desfiado.

Ela nunca usava aquele tipo.

— Ué, trocou de roupa no mercado?

Ela deu uma risada nervosa.

— Não, cê que não tinha reparado antes.

Mentira.

Eu tinha reparado sim.

Mais tarde, fui jogar o lixo fora.

No tambor azul ao lado da lavanderia, o shorts jeans anterior estava amassado. Molhado. Com uma mancha escura.

Não perguntei nada.

A dúvida é mais potente que a certeza.

**

Sábado chegou com calor de rachar.

Ela tirou do armário um biquíni azul-claro de lacinho, que eu não via há meses. Disse que queria pegar sol no quintal de trás porque não queria ir à praia “pra não se estressar com muvuca.”

A verdade era outra.

Enquanto ela se deitava no tapete de sol, com uma canga fina e um copo d’água, eu fui até o banheiro da área de serviço e subi no banquinho.

Dali, através da fresta da veneziana, eu conseguia ver parte do quintal. E, do outro lado do muro, o maldito Roberto já estava em posição.

Sentado de óculos escuros, celular na mão, sem camisa, perna cruzada.

De longe, dava pra ver que ele fingia estar distraído…

Mas ele via tudo.

Cada ajeitada do top.

Cada puxão de lacinho.

Cada vez que ela passava a mão pelo corpo pra espalhar o protetor solar.

Em certo momento, ela se levantou, virou de costas e ajeitou a parte de baixo, entrando com o dedo por dentro do pano, puxando o tecido pra tirar a marca da bunda.

O biquíni enfiado no rego. A bunda bronzeada, redonda, firme.

Ele virou o rosto devagar e ficou olhando.

Forte.

**

Naquela noite, enquanto ela tomava banho, fui até a varanda e olhei pro quintal do velho.

Ele tava lá, de novo, com uma cerveja e o celular.

Nos encaramos por alguns segundos.

— Tá bonito hoje o tempo, né? — ele disse.

— Tá. Ideal pra quem não perde uma cena.

Ele riu.

— Você que me desculpa, mas tua mulher… é um colírio.

Fiquei em silêncio.

Ele tomou um gole da cerveja e completou:

— Você devia ficar orgulhoso. Tem coisa mais gostosa que saber que tem uma mulher que deixa todo mundo babando?

Respirei fundo.

O celular da minha esposa sempre foi sagrado.

Aquele brilho de tela constante, a leve vibração de notificações entrando, as risadinhas que ela dava enquanto digitava, tudo isso eu encarava como parte da rotina… Até aquele bendito domingo no mercado.

Foi ali que alguma coisa acendeu.

O velho vizinho a olhando. O shorts trocado do nada. O jeito como ela se olhou no espelho antes de sairmos.

E o pior: a forma como ela tentou disfarçar tudo.

Aquilo não saiu da minha cabeça.

**

Na segunda à noite, com ela no banho e o notebook no colo, eu fiquei olhando o celular dela na mesa. Um iPhone antigo, com backup automático no iCloud e senhas salvas nos navegadores.

Era pra ser só uma olhada.

Um “alívio da dúvida”.

Mas virou um mergulho profundo no que ela escondia de mim.

**

Não consegui acessar direto o WhatsApp. Mas descobri uma coisa: o backup do app estava ativo e sincronado no computador via navegador da Apple. Bastou conectar com a senha que eu já sabia — a mesma de sempre — e, em poucos minutos, consegui restaurar o conteúdo mais recente: fotos, vídeos e mensagens até a semana passada.

Na pasta de mídias, entre fotos nossas e prints de receitas, uma sequência chamou minha atenção.

Nome do arquivo: short_azul_frente.mp4.

Apertei o play.

**

Era ela. No provador de alguma loja, celular na mão, filmando o corpo no espelho.

Usava o shorts azul que eu jamais tinha visto antes. Apertado, fino, com um corte cavado e os bolsos externos virados. Ela filma o quadril, gira devagar, puxa o cós pra cima, enquadra a bunda e ri sozinha no final.

O vídeo tinha legenda:

“Testando esse. Tô vulgar ou só verão mesmo? 😂🔥”

Meus dedos gelaram.

Na sequência, outro vídeo: ela já usando o mesmo shorts, mas dessa vez com uma camiseta colada, de frente pro espelho de casa, como se estivesse escolhendo o look.

Mais um detalhe: na descrição, ela escreveu:

“Esse é só pra você, tá? Mas juro que se aquele velho babar de novo, vou rir na cara dele.”

**

Voltei pras mensagens.

A maior parte da conversa era com a tal Marcela. A melhor amiga dela desde a faculdade.

Li com o coração na boca.

Bruna: o do lado me chamou de “vizinha padronizada” hj kkkkk

Marcela: o q??? KKKKKKK

Bruna: ele disse q eu já tô no padrão verão: “cintura fina, bunda forte, e provocante sem querer” 😳

Marcela: MIGA…

Bruna: eu só ri. Mas na hora pensei: “esse velho não perde tempo”

Marcela: e tu se incomoda?

Bruna: depende… pq às vezes acho engraçado. Tipo, é só olhar, né?

Marcela: mas tu se arrumou pra ir no mercado com aquele shorts, ne? 👀

Bruna: kkkk confesso

**

Ela não só tinha comprado o shorts no dia, como trocado antes de sair, só pra “ver no espelho”.

E mesmo sem admitir diretamente, ela sabia que ia provocar.

Doía.

Mas era como ver o outro lado da moeda da mulher com quem dormi por anos.

**

Continuei lendo. Em outro trecho, mais revelador ainda:

Marcela: tu sabe que esse cara te come com os olhos, né?

Bruna: eu sei. Às vezes fico pensando se ele é só idiota ou se é estratégico…

Marcela: kkkkk como assim?

Bruna: tipo… ele sempre aparece do nada. Finge que tá cuidando das plantas, mas tá sempre ali quando eu saio. Sempre com alguma piada, sempre puxando assunto.

Tem dia que eu finjo que não vi, tem dia que eu sorrio.

Hoje, quando ele disse “tá uma delícia de se ver”, eu devia ter me irritado. Mas juro que tive vontade de rir.

Marcela: Tu tá gostando de provocar esse velho?

Bruna: não sei… às vezes acho que sim. Mas só até onde não passa disso.

**

Fechei o notebook.

O ar me faltava.

Ela nunca me traiu.

Mas…

Ela se divertia sendo desejada. Brincava com o limite. Testava reações. E o pior: com aquele velho ridículo como foco.

**

Mais tarde naquela noite, fingi normalidade.

Ela deitou no sofá, de short e camiseta, pernas cruzadas. Me chamou pra ver série.

Eu sentei, olhei pra ela.

Pra aquele corpo que era só meu… mas que agora eu sabia que também se exibia pra outra pessoa, mesmo que indiretamente.

Ela nunca teria coragem de fazer algo real, pensava.

Mas aquele desejo secreto dela — de provocar, de ser olhada, de ser admirada até pelo mais improvável — era mais perigoso do que qualquer beijo.

**

Na manhã seguinte, antes de sair, ela passou perfume.

Estava indo ao mercado de novo.

— Vai com o azul hoje? — perguntei, tentando parecer casual.

Ela riu.

— Não… acho que ele “impacta” demais.

— O vizinho ia adorar, né?

Ela me olhou. Franziu a testa, riu de leve.

— Que bobeira é essa agora?

Dei de ombros, mas por dentro estava queimando.

**

No caminho, olhei pra ela andando à minha frente.

Cabelo preso, andar leve, bunda marcando o tecido do shorts novo — outro, não o azul.

E ali percebi: ela tava consciente de tudo.

Sabia o poder que tinha.

Sabia que provocava.

E sabia que o vizinho tava sempre vendo.

**

Naquela noite, entrei de novo nas conversas.

Ela tinha mandado outra mensagem pra Marcela:

Bruna: o clima tá começando a me assustar um pouco.

Marcela: pq?

Bruna: meu marido tá diferente. Comentou do shorts, do vizinho, do perfume…

Marcela: será que ele percebeu?

Bruna: não sei. Só sei que preciso parar de brincar com isso.

Ela ainda não sabia.

Mas eu já tinha visto tudo.

❌❌❌❌

Nos dias seguintes, tentei agir com naturalidade.

Ela não podia saber que eu tinha lido tudo.

Mas por dentro, o que queimava não era raiva — era algo mais estranho. Uma mistura de curiosidade, desconfiança e… um tipo de tesão que eu nunca tinha sentido.

Ela estava brincando com fogo.

Só não sabia que eu estava vendo as chamas de perto.

**

Na quarta-feira à tarde, eu cheguei mais cedo do trabalho.

Ela estava no banho, e assim que entrei, vi uma sacolinha discreta sobre a mesa.

Pequena, papel kraft, alça dobrada. Nada escrito.

Fui mexer, curioso. Antes que pudesse, ela saiu do banheiro com a toalha enrolada no corpo.

— Oi, amor… chegou mais cedo?

— É. Tava mais tranquilo lá hoje.

Ela enxugava os cabelos, despreocupada. Me aproximei da sacola.

— Que que é isso aqui?

Ela olhou. Travou por meio segundo.

— Ah… é uma coisinha que o vizinho deixou na porta. Um presente. Disse que era da filha dele, mas eu nem abri.

**

Fiquei calado, esperando que ela abrisse.

Ela hesitou, mas puxou o papel com certo cuidado.

De dentro da sacola, tirou um biquíni. Vermelho. Pequeno. Fio-dental.

A parte de cima era quase um triângulo de pano. A de baixo, um “fio de linha”, como ela mesma descreveu.

Riu sem graça.

— Gente… isso aqui é um biquíni ou uma provocação?

— E ele disse que era da filha dele?

— Sim. Que a menina comprou, mas ficou pequeno e nunca usou. Acha que talvez sirva em mim, já que “lembro o corpo dela de antes”.

Fez até aspas com os dedos.

**

Meu sangue gelou.

Era uma ousadia velada, mas clara.

Aquele velho tava testando. Jogando iscas. Provocando.

E queria ver até onde ela iria com isso.

Ela ficou analisando a peça, levantando contra a luz.

— Isso aqui nem segura nada. Se eu usar isso na praia, vão achar que tô tentando causar.

Soltei, seco:

— Vai usar?

Ela me olhou. Um segundo de pausa.

— Não sei… talvez. Só pra ver se serve. Aqui em casa.

**

À noite, quando fui tomar banho, vi que ela trancou a porta do quarto.

Tinha deixado a sacola sobre a cama, vazia.

E mesmo tentando não imaginar, não consegui evitar.

Ela provando o biquíni, sozinha. Se olhando no espelho. Pensando se realmente ficou parecido com a filha do vizinho.

**

No dia seguinte, ela saiu pra trabalhar e eu, aproveitando o silêncio da casa, abri o notebook de novo.

Fui direto nas mídias. Nada do biquíni. Mas encontrei uma sequência de fotos espelhadas, tiradas recentemente. Shorts, regatas justas, cabelo solto…

Cada uma com ângulos mais ousados. Algumas de costas, quadril empinado, outras mordendo o lábio.

Elas estavam arquivadas numa pasta oculta do iCloud.

Ela não apagava. Só escondia.

Uma das fotos tinha legenda:

“Se eu tivesse coragem, mostrava essa. Só pra ver se ele desmaiava.”

**

Naquela noite, deixei o notebook aberto propositalmente na mesa, com uma guia de navegação aberta na página de um site de lingeries.

Ela viu.

— Comprando presente pra mim? — disse, rindo.

— Pensando em algo pra você, sim. Mas difícil competir com o vizinho, né? Agora ele dá até roupa íntima…

Ela cruzou os braços.

— Para com isso. Foi só um gesto. Achei até estranho, mas ele jurou que era coisa da filha.

— Estranho é você guardar um biquíni que nunca usaria. E experimentar trancada no quarto.

Ela respirou fundo.

— Você tá mexendo no meu celular?

Silêncio.

— Não. Tô prestando atenção. Só isso.

**

Ela foi se afastando, incomodada. Mas ficou pensativa.

Nos dias seguintes, o velho apareceu mais vezes do que o normal. Sempre regando plantas, lavando a frente da casa, limpando o carro — e sempre, SEMPRE, quando ela saía pra alguma coisa.

E ela? Passava com o mesmo shorts curto, um top que realçava os seios, e o cabelo sempre solto.

Fingia que não notava.

Mas notava sim.

**

Sábado de manhã, recebo mensagem de um número estranho.

Sem nome, só a notificação:

“Recebido 1 arquivo.”

Abri.

Era um vídeo.

Mal focado, tremido, feito claramente por alguém espiando de longe.

A imagem: minha esposa, no quintal de casa, pendurando roupas no varal.

Mas o detalhe: estava com o biquíni vermelho.

De costas. Quadril empinado. Cabelos presos, corpo molhado — talvez tivesse acabado de tomar banho.

A câmera treme, dá zoom, e por um instante, dá pra ouvir a respiração de quem grava.

Era ele.

O velho.

**

Aquilo me travou por dentro.

Ele não só tinha dado o biquíni.

Ele tinha conseguido vê-la usando.

E pior: tinha gravado. E agora mandava pra mim.

Um troféu. Um aviso. Um jogo.

**

Deitei na cama naquela noite e fingi dormir.

Ela se enroscou em mim, corpo quente, respiração tranquila.

Mas minha cabeça fervia.

Esse velho tava ultrapassando todos os limites.

E ela… tava deixando.

Se por inocência ou provocação inconsciente, ainda não sei.

Mas o que sei é que isso ainda vai explodir.

E talvez eu nem queira impedir.

Eu não respondi.

A mensagem dele ficou ali, pendurada, como uma mosca zumbindo dentro do meu crânio.

O vídeo.

O maldito vídeo da minha esposa de costas, com o biquíni que ele mesmo tinha “presenteado”.

E o mais doentio?

Eu assisti de novo. Duas vezes.

Não era pelo prazer. Era… algo mais complexo.

Era como assistir a um incêndio e não conseguir desviar os olhos.

**

Durante o café da manhã, no dia seguinte, a voz dela veio leve, distraída:

— Dormiu bem?

— Mais ou menos — respondi, olhando o celular.

Ela estava com uma camisa comprida, dessas que cobrem o short. Pernas à mostra. Cabelo preso. Pé descalço.

E eu só conseguia lembrar da imagem dela no vídeo. A curva da bunda, o tecido finíssimo enfiado no meio. A naturalidade do corpo dela.

Como se aquele tipo de roupa já fizesse parte da rotina.

**

No celular, uma nova mensagem.

Do mesmo número.

“Tem mais coisa, se quiser ver. Impressionante o quanto ela confia em você.”

Era provocação. Era um convite. Era uma cutucada no meu orgulho de homem.

E eu, como um animal ferido, fiquei em silêncio.

Não bloqueei. Não respondi. Mas também não parei de olhar.

**

À noite, depois do banho, ela saiu do quarto só de toalha.

— Você viu meu biquíni?

Perguntou casual, como se fosse sobre o controle remoto.

Engoli seco.

— Qual?

— Aquele vermelho. Acho que deixei jogado por aqui. Não era meu mesmo…

— Você usou?

Ela me olhou, hesitando. Sobrancelha arqueada.

— Só experimentei. Pra ver se servia.

Deu os ombros. — Tá tão calor esses dias, né?

Silêncio.

Eu só assenti. Mas por dentro, o grito.

Experimentou. Usou. E alguém filmou.

Talvez ela não saiba disso. Talvez saiba.

Talvez tenha sentido aquele olhar escondido enquanto estendia a roupa.

Talvez tenha se exibido de propósito.

**

No dia seguinte, mais uma mensagem.

Sem legenda, sem texto.

Duas fotos.

Na primeira, ela estava abaixada, amarrando o cadarço, com um short claro e uma regata sem sutiã.

O mamilo marcava com nitidez, como se a camiseta fosse parte da pele.

Na segunda, ela esticava um pano na varanda, o quadril empinado.

O ângulo? De baixo pra cima, claramente de quem espiava da casa ao lado.

O velho tava monitorando tudo. E me mandando.

**

Não sei se era chantagem, provocação ou uma forma distorcida de compartilhar o troféu.

O que sei é que ele não queria só ela.

Ele queria me incluir. No jogo. No voyerismo. Na provocação.

E eu… não saía do tabuleiro.

**

À noite, tomei coragem.

Enquanto ela mexia no celular no sofá, lancei, como quem joga verde:

— Você anda se arrumando mais ultimamente, né?

Ela olhou.

— Como assim?

— Shorts mais curtos, essas regatas soltas… Até o cabelo, agora vive solto. Antes nem ligava.

Ela riu, tentando disfarçar o incômodo.

— Tô tentando me sentir mais bonita. Faz mal?

— Não. Só reparei. E o biquíni vermelho? Vai usar na praia?

— Tá brincando, né?

Ela riu. — Aquilo é indecente. Foi só pra ver como ficava.

E completou, mais baixo:

— E ficou melhor do que eu esperava…

**

A frase ficou no ar.

Não encostamos um no outro naquela noite. Mas dormimos com o corpo quente.

A tensão sexual entre nós — estranha, densa, silenciosa — crescia.

E era alimentada por um terceiro.

**

Dois dias depois, chegou mais uma mensagem.

Dessa vez, com texto:

“Ela sabe que é desejada. Sabe que é observada. E não faz nada pra evitar.”

A foto anexada era ousada.

Ela na cozinha, de costas, lavando louça, com a bunda marcada sob um short de malha fina, e os pés descalços.

A cueca dele pendurada na janela deixava claro o ponto de vista da câmera.

O velho estava obcecado. E ousado.

Numa sexta-feira à noite, convidei-a pra tomar uma cerveja na varanda. Só nós dois. Clima mais solto.

Ela topou.

Botou um short jeans rasgado, desses bem curtos, e uma blusinha fina. Sem sutiã de novo.

Enquanto conversávamos, eu lancei outra isca:

— E o vizinho, sumiu, né?

Ela sorriu de lado.

— Ele sempre aparece. Mas agora anda mais… gentil. Até educado demais.

— Te elogia?

Ela desviou o olhar.

— Às vezes. Diz que lembra da ex-mulher dele. Ou da filha, quando era mais nova. Fala que é bom ver “mulher de verdade” na vizinhança.

Fez aspas com os dedos.

**

Meu sangue ferveu.

Ela sabia. Sabia do jogo.

E de algum jeito, estava deixando continuar.

**

Mais uma mensagem, dessa vez em vídeo.

Era curto. Cinco segundos.

Ela pegando o lixo na frente de casa.

Sem calcinha.

O short de malha deixou escapar parte dos grandes lábios, pela lateral.

Câmera lenta. Zoom. Trecho pausado.

O velho tinha pego. O velho tinha filmado. E me mandado.

Eu pausei. Revi. Pausei de novo.

Não apaguei. Mas também não respondi.

**

À noite, perguntei:

— Você saiu hoje à tarde, né?

Ela travou um segundo.

— Uhum. Fui levar o lixo.

— Com aquele short? Sem nada por baixo?

Ela sorriu, como se estivesse envergonhada.

— Não sabia que você tava reparando tanto…

**

Não era uma confissão.

Mas também não era negação.

Ela tava começando a testar os próprios limites.

E eu estava dentro disso.

**

Deitei com ela, mas não toquei.

Fiquei virado, com o vídeo no celular, volume no mínimo, replay automático.

Minha mulher se exibindo sem saber.

Ou fingindo não saber.

Ou, pior: querendo que alguém visse.

**

No fim de semana, o velho não apareceu.

Mas deixou algo na caixa de correio.

Um envelope. Dentro, uma folha com uma única frase:

“A curiosidade do homem o condena, mas também o excita. Você escolhe o que fazer com isso.”

Assinava com uma letra tremida e rabiscada: “R.”

**

Era um aviso? Um convite? Uma ameaça?

Não sei.

Mas uma coisa era clara:

Esse jogo tá longe de acabar.

❌❌❌

Era um sábado à noite quando ela entrou no quarto com uma taça de vinho e a mesma camiseta larga de sempre, sem sutiã.

Desligou a luz do teto e deixou só o abajur aceso.

A pele dela brilhou, suave.

As coxas nuas, cruzadas, meio distraída no celular.

Me olhou por cima da borda da taça.

— Vai ficar só olhando?

Aquilo acendeu algo que eu nem sabia que tava aceso ainda.

Levei uns segundos pra responder.

Não falei nada.

Só fui.

**

Transamos como sempre. Mas com uma intensidade diferente.

Mais silêncio. Mais pressão nos quadris. Mais controle.

Ela de quatro, arqueando as costas de um jeito que parecia filme.

O som da pele batendo, os gemidos contidos, os olhos dela fechando com força quando eu puxava seu cabelo.

A mão dela marcando o lençol.

O quadril dela recuando contra mim. Querendo mais.

E eu, como se estivesse gravando cada segundo com os olhos.

Mas não era só com os olhos.

Dessa vez, peguei o celular. Gravei.

Sem ela ver.

Sem ela imaginar.

Um vídeo curto.

Uns vinte segundos.

Ela completamente entregue. A bunda dela empinada. O meu corpo invadindo o dela. O som da cama. O meu gemido rouco.

A posse. A afirmação. A marca.

Depois do gozo, ela caiu de lado, rindo, ofegante.

— Que foi isso?

— Você me provocou — respondi.

Ela sorriu, de olhos fechados.

— Ainda bem.

**

Enquanto ela dormia, eu levantei, fui pro banheiro e enviei o vídeo.

Não pro grupo, nem por mensagem normal.

Enviei por visualização única. Pro velho.

Sem texto. Sem legenda. Só o vídeo.

Como quem diz: “Ela é minha.”

Toquei em enviar, o coração acelerado.

A tela confirmou: “Mensagem vista.”

O velho viu.

**

No dia seguinte, o velho mandou uma mensagem.

Curta.

“Bonito. Mas você parece mais preocupado em mostrar do que em sentir.”

Eu encarei aquilo como um soco.

Uma afronta. Uma nova provocação.

Como se ele tivesse ganhado mais ainda por eu ter cedido.

Como se tivesse me feito jogar.

No jogo dele.

**

Mas o jogo… mudou.

A partir daquele vídeo, o velho parou de filmar escondido.

Agora ele aparecia. Se fazia ver.

Se fazia presente.

**

Na segunda-feira, fui chegando com o carro, e ele tava varrendo a calçada.

Olhou pra mim com aquele meio sorriso.

— Tudo em paz, rapaz?

— Tudo sim, senhor.

— Vi a patroa esses dias… Tá com um brilho diferente, hein?

Parei por um segundo. O estômago virou. Mas disfarcei.

— Ela tá bem, sim.

— Imagino que sim. Mulher bem comida fica até com o cabelo diferente — disse, sorrindo com os dentes falhados.

**

Entrei em casa com o sangue fervendo.

Mas também com outra sensação.

Tipo… excitação envenenada.

Vício sujo. Curiosidade doentia.

**

À noite, ela saiu do banho com a toalha na cabeça e um robe fininho no corpo.

Sem calcinha, sem sutiã. A transparência não deixava dúvida.

Me olhou com malícia.

— Hoje vai querer vídeo de novo?

Travou meu peito por um segundo.

— Que vídeo?

— Ontem à noite. Você não achou que eu não vi, né?

Ela sorriu e foi deitando de lado na cama.

— Até que gostei…

Disse, deitando de bruços. — Me senti gostosa pra caramba.

**

Não soube o que responder.

Mas o pau endureceu na hora.

Ela sabia.

Tinha deixado.

E mais: tinha gostado.

**

No dia seguinte, a coisa foi além.

Recebi um pacote no portão.

Remetente sem nome.

Abri ali mesmo.

Dentro, uma lingerie preta rendada, com recado à mão, tremido:

“Ela usaria isso por você. Mas também saberia que eu vi primeiro.”

Parei por segundos, olhando aquilo.

Era ousadia. Era invasão. Era um passo novo.

Mas… eu não podia jogar fora.

**

Levei a lingerie até o quarto, larguei em cima da cama.

Ela saiu do banho, viu a peça, segurou.

— Isso é pra mim?

Assenti.

Ela sorriu, surpresa.

— Onde você comprou?

— Não lembro o nome. Achei que ia gostar.

Ela encostou a renda no corpo.

— Gostei.

Fez uma pausa. — Quer que eu prove?

**

Ver ela usando aquilo foi tipo assistir a um filme pornô exclusivo.

A renda desenhava os seios, marcava os mamilos. A calcinha finíssima mal cobria o que devia.

Ela virou de costas, olhou no espelho, deu risada.

— Tô me sentindo exposta. Mas poderosa.

E completou, se encarando:

— Acho que vou usar isso com um short jeans qualquer, por cima. Ninguém vai perceber…

Mas eu percebi.

E sabia que o velho também.

**

Dois dias depois, ela usou.

Com o short por cima.

Mas a transparência da blusa deixava ver parte da renda.

O velho estava no portão. Viu.

Sorriu.

Me olhou.

Não falou nada.

Mas à noite, o celular vibrou.

Mensagem do velho.

“Ela gostou do presente. Você não?

O jogo tá ficando bom.”

**

Aos poucos, eu ia me dando conta: eu não tava controlando nada.

O que eu achava que era domínio, era só mais lenha na fogueira dele.

**

Na sexta, o velho foi além.

Deixou outro presente na caixa de correio.

Um colar.

Delicado, com um pingente pequeno em forma de coração.

E um bilhete:

“A beleza merece ser enfeitada. Que tal esse toque final?”

**

Eu guardei. Não mostrei.

Mas… à noite, com o vinho rolando, mostrei o colar como se tivesse comprado.

Ela ficou encantada.

— Você tá um caso sério, hein? Que que tá rolando?

— Tô só valorizando o que é meu.

**

Ela vestiu o colar. Foi até o espelho. Virou de lado.

Mexeu no cabelo.

— Com isso e a lingerie preta, tô parecendo até… sei lá.

Parou.

Me olhou pelo reflexo. — Uma mulher de novela.

Aquela manhã de domingo parecia comum.

Sol batendo no quintal. Cheiro de café.

Ela com o cabelo preso num coque malfeito, camiseta larga e calcinha por baixo.

Andava pela casa distraída, com a xícara na mão e o celular na outra.

Mas eu… eu já não era mais o mesmo.

Tava sempre atento. Observando tudo.

Cada palavra, cada escolha de roupa, cada mensagem no celular.

E aquela lingerie, o colar… tudo aquilo ainda ecoava na minha cabeça.

Principalmente o jeito como ela se olhou no espelho com aquilo.

Aquela vaidade nova.

Como se algo tivesse sido desbloqueado.

**

— Tô pensando em dar uma geral nas roupas de praia — ela disse, do nada, sentada no chão, com uma caixa no colo.

— Por quê?

— Ah, verão tá chegando… a gente sempre decide ir pra praia de última hora, e aí eu nunca sei o que levo.

Assenti, fingindo naturalidade.

Ela tirou alguns biquínis antigos, tops, cangas, e separou de lado.

— Esse aqui já era… esse também.

De repente, segurou um biquíni preto, bem pequeno. Parte de cima com aro, parte de baixo quase um fio.

— Esse… nem lembro onde comprei.

Ficou uns segundos olhando.

— Você já me viu com esse?

Fingi pensar.

— Acho que não.

Ela riu.

— É meio indecente. Só usei uma vez, num rolê com umas amigas.

— E gostou?

Ela deu de ombros.

— Me senti meio observada. Mas confesso que foi bom.

**

Ela separou o biquíni.

Mais tarde, no banho, vi que deixou ele pendurado atrás da porta.

**

À noite, no celular, recebi mais uma mensagem.

Do velho.

“Ela vai usar o biquíni.

Aquele.

O espelho vai adorar.”

**

O sangue gelou por um segundo.

Como ele sabia?

Ele não podia saber.

Só que sabia.

**

Na segunda-feira, depois que ela saiu pra trabalhar, abri o notebook.

Amiga: “E o maridão, ainda tá na pegada? 😏”

Ela: “Até demais… esses dias ele me pegou de um jeito, nossa…”

Amiga: “Amooo! E aquele babado do colar? Ele tá todo diferente, hein?”

Ela: “Então… tô desconfiada de alguma coisa. Mas no bom sentido. Sabe quando o homem fica mais macho?”

**

Continuei lendo. Coração acelerado.

Nenhuma traição, nenhuma confissão grave.

Mas um clima. Um fogo.

E então achei algo curioso.

Uma conversa arquivada com uma ex-colega de trabalho, com quem ela não falava há tempos.

Colega: “Ué, você postou foto com short jeans claro. Aquele nem te servia mais, né?”

Ela: “Eu nem tenho mais ele kkkk deve ser outro parecido”

Colega: “Mas é igualzinho. Até rasgado no bolso. Vi pelo stories do portão 👀”

Ela: “Gente… será que alguém postou e marcou errado? Agora fiquei na dúvida.”

**

Fiquei parado, lendo aquilo de novo.

Short jeans. Rasgado no bolso.

Ela negando que usou.

Mas era o short que ela usou com a lingerie.

No dia que o velho estava no portão.

Ou seja… alguém postou.

Alguém filmou.

E pior… alguém que ela nem viu.

**

O velho.

Só podia ser ele.

Filmou. Fez parecer que era algo casual. Talvez pegou um ângulo em que ela aparecesse de costas, descendo as escadas, ou entrando no carro.

E marcou como se fosse outra coisa.

E a roupa… a peça que ela disse que nem tinha mais… era a mesma.

Ele fez questão de mostrar.

De soltar.

De espalhar.

Sem que ela soubesse.

**

À noite, depois do banho, ela saiu só de toalha.

— Amor, você viu aquele meu biquíni preto? O que achei no domingo?

— Qual deles?

— O mais ousado. A parte de baixo quase some.

— Acho que vi sim. Por quê?

Ela hesitou.

— Pensei em levar ele na próxima viagem. Mas não sei se tenho coragem de usar.

Parei por um segundo.

— Talvez eu tenha. Quer experimentar?

Ela me olhou.

— Agora?

Assenti. Calmamente.

— Vai ser só entre a gente.

**

Ela entrou no quarto e voltou com o biquíni.

Entrou no banheiro e, minutos depois, saiu.

E eu quase perdi o ar.

A parte de cima mal segurava os seios.

A de baixo… era quase invisível.

Ela puxou de leve na lateral, nervosa.

— Tá exagerado demais?

— Tá perfeito.

Ela deu uma voltinha. A bunda empinada, o tecido sumindo no meio.

Parou de frente pro espelho, depois de costas.

Sorriu de lado.

— É… até que eu tô gostosa.

Fiquei só olhando. Não falei nada.

— Você não vai filmar de novo, vai?

— Não.

Ela virou o rosto.

— Mas se quiser…

— Não.

— Ué?

— Hoje, quero só ver. Gravar aqui — apontei pra cabeça.

**

Mas era mentira.

Eu gravei.

Disfarçadamente.

Não pela luxúria. Mas pela guerra.

Porque sabia que o velho queria ver.

E eu… talvez quisesse mostrar.

**

À meia-noite, no escuro da sala, com o vídeo em mãos, abri o chat com ele.

Não escrevi nada.

Apenas enviei o vídeo.

Visualização única.

Ela de costas.

Girando devagar.

A bunda apertada pela parte de baixo.

A mão ajeitando o cabelo.

O olhar se achando.

Se gostando.

**

Ele visualizou às 00:04.

❌❌❌

Depois do vídeo, o velho ficou quieto por dois dias.

Nenhuma resposta direta, nenhum comentário safado.

Só o silêncio.

Mas eu sabia que era o tipo de silêncio que antecede a próxima jogada.

E ela veio.

**

Na quarta-feira à tarde, ela me mandou uma foto pelo WhatsApp.

Um pacote sobre a cama, com um laço azul.

“Você que mandou isso pra mim?

Tava na porta. Sem bilhete.”

Respondi que não.

E fui seco.

— O que é isso aí?

— Não sei ainda. Posso abrir?

— Claro.

Ela ligou a câmera. Ao vivo.

E eu assisti. Como quem assiste um espetáculo.

Primeiro tirou o laço.

Depois rasgou o papel devagar, os dedos delicados correndo pelas dobras.

Dentro, uma caixinha.

Dentro da caixinha… um maiô preto.

Cavadíssimo.

Costas abertas.

Sem bojo.

E uma alça que passava por entre os seios.

Ela arregalou os olhos.

— Meu Deus…

— O que foi?

— Isso aqui… é praticamente uma lingerie de praia.

— É bonito?

— É… é lindo. Mas não é meu estilo.

— Experimenta, vai — falei, com a voz leve, como se não fosse nada demais.

— Tá maluco? Isso aqui é de filme pornô.

— Você não quer saber como fica?

Ela sorriu, mordendo o lábio.

— Você tá estranho, hein?

— Só curioso.

**

Ela hesitou. Foi pro banheiro.

E quando saiu…

**

O maiô era um absurdo.

As coxas dela ficaram ainda mais marcadas.

Os seios mal se encaixavam.

E a parte de baixo… subia tanto que quase tocava o umbigo.

— Se eu levantar o braço, esse negócio me beija — ela riu, tímida.

— Tá perfeita.

Ela olhou no espelho. Se ajeitou.

Depois girou de costas.

— Não tenho coragem de usar isso na praia.

— Mas usaria aonde?

— Sei lá… numa piscina mais reservada. Ou só aqui com você.

Pausou.

— Não sei quem mandou, mas tem um bom gosto ousado.

**

Aquilo queimou por dentro.

Ela já não estava mais irritada com o presente.

Pelo contrário… ela o elogiou.

**

No dia seguinte, o velho me mandou mensagem.

“Ela gostou.

Não precisa agradecer.”

E uma foto: o maiô igualzinho, pendurado numa loja.

Ou seja: ele sabia que ela tinha experimentado.

Tava acompanhando tudo.

No tempo dele.

No jogo dele.

**

À noite, ela foi dormir mais cedo.

Eu fiquei na sala, com o celular.

Rolando a conversa arquivada entre ela e a amiga de confiança.

Amiga: “Menina… o que foi aquele maiô? TU TÁ UM TESÃO!”

Ela: “Pior que nem é meu. Apareceu do nada, acredita?”

Amiga: “Do nada é o caralho! Isso foi presente de macho tarado kkkkk”

Ela: “Tô achando que foi o meu marido… mas ele jura que não.”

Amiga: “E se não foi ele… quem foi?”

Ela: “Pois é…”

**

Deixei aquilo quieto.

Mas não por muito tempo.

Na sexta-feira, o velho mandou outro recado.

“Pede pra ela me ajudar com um quadro.

Só encaixar na parede.

Rápido.

Sem segundas intenções.

Ainda.”

Respondi:

“Faz você.

Você tem mãos.”

E ele respondeu só com uma foto:

a esposa de costas, de shorts claro e regata branca, estendendo roupa no quintal.

Sem rosto.

Sem áudio.

Sem legenda.

Só ela.

Filmada pela janela.

**

Na hora, fechei o celular.

O sangue ferveu.

Mas não era ódio.

Era uma mistura doentia de raiva e tesão.

De ver ela sendo devorada aos poucos, sem perceber.

**

A sexta-feira amanheceu abafada, com o céu claro e o sol sem vergonha já queimando a nuca logo cedo. Bruna saiu cedo, com aquele jeito leve de sempre. Shorts jeans claro, rasgadinho, regata branca e cabelo preso num coque bagunçado. Me deu um beijo distraído e saiu dizendo que ia na farmácia e depois passar na casa da mãe. Eu fiquei em casa, fingindo trabalhar, mas a cabeça… tava em outro lugar.

Desde o maiô preto e o vídeo que mandei pro velho, tudo parecia ter mudado de camada. O jogo não era mais só provocação. Agora tinha algo implícito, uma tensão que me fazia suar frio até quando nada acontecia. Era como se o vizinho tivesse entrado na nossa intimidade pela porta da frente — e eu, mesmo querendo bater a porta na cara dele, tinha deixado entreaberta.

Por volta das 11h, recebi uma mensagem dele. Aqueles recados que pareciam inofensivos, mas sempre vinham com veneno nas entrelinhas:

“A piscina do condomínio tá limpa hoje. Se a madame quiser dar um mergulho, o portão tá destrancado.”

Fiquei olhando aquilo. Ele nunca tinha mencionado essa tal piscina. Nem sabia que havia uma. Mas logo entendi: era a piscina dele. Um desses fundos improvisados, com deck de plástico, sombrinha furada e uma escada velha. Tinha visto de relance um dia. Não era nada chique, mas… era água. E era um convite.

Respondi seco:

“Ela tem outras coisas pra fazer.”

Cinco minutos depois, outra mensagem.

“Tudo bem. Mas fica o aviso. Calor desse merece um refresco. Ainda mais com aquele biquíni vermelho…”

Fechei o celular com raiva. Mas a imagem já estava cravada. A Bruna naquele maiô ou biquíni, molhada, dentro da piscina dele. A ideia me corroía por dentro. E me deixava duro.

**_

Ela voltou no fim da tarde, com o rosto levemente bronzeado e a pele brilhando de suor. Estava com outra roupa — vestido leve, sem alça, colado ao corpo. Tirou a sandália e foi direto pro banheiro.

Enquanto ela tomava banho, o celular dela vibrou no balcão da cozinha.

Notificação: Instagram — mensagem de @robertão_55.

Não resisti. Peguei o celular e deslizei a notificação pra cima, sem desbloquear.

No pré-visualizado:

“Se animar com a piscininha, me avisa. Só falta a sereia.”

Engoli seco. Coloquei o celular de volta no lugar. Quando ela saiu do banheiro, enrolada na toalha, com os cabelos molhados pingando nas costas, fingi normalidade.

— Tá calor ainda, né? — ela disse.

— Tá sim. O velho disse que tem uma piscina no quintal. Ofereceu pra você dar um mergulho.

Ela parou, me olhando surpresa.

— Sério?

— Uhum. Mandou mensagem.

Ela franziu os olhos, tentando decifrar meu tom.

— E você… achou o quê disso?

— Achei típico. Mas sei lá… você que sabe.

Ela deu uma risadinha nervosa.

— Ele só tá querendo causar, amor.

— E tá conseguindo?

Ela não respondeu. Entrou no quarto.

Minutos depois, vi ela experimentando um dos biquínis no espelho. O preto de novo. Passava a mão na lateral, girava, analisava o peito no espelho. Murmurava algo. Se achando.

Voltou pra cozinha de camiseta e short, como se nada tivesse acontecido.

**

No sábado, ela acordou mais cedo. Disse que queria tomar sol.

Mas em vez de ir pro quintal dos fundos, pegou a bolsa e falou:

— Acho que vou lá na piscina

Apenas assenti.

— Vai com aquele biquíni preto?

Ela hesitou.

— Não. Levei outro. O verde. Mais comportado.

**

Uma hora depois, cheguei perto da janela da área de serviço. Aquela de sempre, com a fresta entreaberta.

Do outro lado do muro, a piscina. Azul clara, pequena, com cadeiras plásticas ao redor.

E ela lá.

Bruna.

Deitada na espreguiçadeira improvisada, com o biquíni verde, sim — mas tão cavado quanto qualquer outro. O pano subia alto nas laterais do quadril, a parte de cima era amarrada no pescoço, apertando os seios como se fossem escapar a qualquer momento.

E o velho? Sentado numa cadeira, bermuda florida, camisa aberta. Com um copo na mão e o celular no colo.

Conversavam. Ela ria. Soltava os cabelos. Se esticava. E em certo momento, molhou os pés na borda da piscina.

A luz do sol batia nas pernas dela. A água refletia nos seios. Era uma pintura de putaria disfarçada.

Filmei. Só uns segundos. Só pra mim.

**

Quando ela voltou, fingiu normalidade.

— Foi bom lá. A água tava meio gelada, mas deu pra refrescar.

— O velho ficou por lá?

Ela riu.

— Claro. A piscina é dele. Mas se comportou.

— Sempre se comporta… até onde interessa.

Ela não respondeu. Mas o sorriso não sumiu.

**

À noite, enquanto ela dormia, chegou mais uma mensagem.

“Obrigado pelo presente de hoje. A sereia é ainda mais bonita fora d’água.”

E junto, uma foto.

Bruna, de costas, subindo os dois degraus do deck. A bunda marcada, molhada, pingando. O pano do biquíni quase transparente.

Ele tinha filmado.

Ele tinha tirado foto.

E mandado pra mim.

**

Eu devia explodir. Devia ameaçar. Mas não fiz nada disso.

Fiquei olhando. Tesão, ódio e um prazer masoquista se misturando.

**

Mais tarde naquela noite, me deitei ao lado dela. Passei a mão devagar na bunda, por baixo do short.

Ela se virou, sorrindo, com os olhos sonolentos.

— Hm… tá querendo?

— Quero sentir se você tá mais molhada do que quando saiu da piscina.

Ela mordeu o lábio. Se virou de costas. E empinou.

Eu entrei nela devagar. Sem falar nada.

Enquanto metia, pensava na cena que o velho tinha visto.

E, pior, no que ele tinha imaginado.

**

E eu gozei… pensando nisso.

No olhar dele.

Na bunda dela.

No que ainda podia acontecer.

O domingo amanheceu abafado, mais quente que o normal. Bruna tava mais calada que de costume. Depois do café, ficou rolando o celular no sofá, com as pernas cruzadas e um short curto de moletom que mal cobria metade da bunda.

Eu percebia que ela ficava entrando e saindo do Instagram. E sorria de canto, como quem lê algo indecente e finge que não. Quando fui olhar pela janela, vi que o velho tava na varanda. De novo. Óculos escuros, camisa aberta, e aquele mesmo sorriso de canto.

Às 11h, ela recebeu uma mensagem e saiu do nada pro quarto. Ficou lá uns 10 minutos, trancada. Achei estranho. Quando voltou, tinha trocado de short e colocado um top justo por baixo da blusa. O top realçava os seios, mas com um detalhe: os bicos estavam duros. Como se tivessem sido provocados antes.

Não perguntei nada.

Só fiquei olhando.

**

Por volta do meio-dia, recebi uma mensagem dele.

“Tô preparando uma carne. Chama ela pra vir comigo. Pode vir também, claro. Ou assistir, se preferir.”

Era isso.

O jogo agora era escancarado.

Ele me oferecia a carne e minha mulher no mesmo prato.

Mas a pergunta que grudou na minha cabeça não foi nem sobre o convite. Foi: será que ela já sabia?

**

À tarde, Bruna passou batom na frente do espelho da sala. Raro pra um domingo em casa.

— Vai sair?

— Não… só quis me arrumar um pouco. A gente vai fazer o quê hoje?

— O velho tá assando carne.

Ela fez uma cara de surpresa que durou um segundo.

— Ah… é?

— Foi o que ele me disse. Que era pra você passar lá. Que podia chamar.

Ela desviou o olhar, mordendo o canto do lábio.

— Se você quiser, a gente vai…

— Eu topo — respondi.

**

Cinco minutos depois, estávamos no quintal dele.

O cheiro de carne, cerveja gelada e música baixa no rádio de pilha criavam uma atmosfera que disfarçava o clima sexual pesado no ar.

Roberto nos recebeu com aquele sorriso nojento de sempre, mas hoje… parecia mais vitorioso. Como se soubesse que tinha dado mais um passo.

Bruna sentou numa cadeira de plástico, cruzou as pernas e serviu uma cerveja pra si mesma. O copo gelado escorria pelas mãos dela, e ela molhava os lábios de um jeito… molhado demais.

O velho não parava de olhar.

Falava besteiras disfarçadas de piadas. Chamava ela de “vizinha caprichada”, de “tentação de domingo”. E ela… ria. Às vezes tentava disfarçar. Às vezes deixava.

Até que ele soltou:

— Preciso de ajuda com as bebidas lá dentro. Cês me dão uma força?

Bruna se levantou primeiro.

— Vou lá.

Eu fui atrás. Claro.

**

A cozinha dele era pequena, com uma bancada improvisada e um freezer velho no canto.

Ele abriu a porta do freezer e fingiu procurar algo. Bruna ficou de lado, com o quadril encostado na pia, olhando distraída. O vestido leve subia um pouco. Dava pra ver o começo da coxa e parte da lateral da calcinha.

Roberto se virou com duas latas de cerveja. Entregou uma pra ela, devagar. E na hora de passar, roçou os dedos nos dela.

Ela fingiu que não percebeu.

Mas eu percebi tudo.

— Tá bem fresquinha — ele disse.

— Melhor assim — respondeu ela, sem encará-lo diretamente.

— Com o calor que tá… se não tiver gelado, não desce.

Ele olhou pra ela. Depois pra mim.

— Igual mulher provocante… se não tiver no ponto certo, não serve.

Bruna riu. Nervosa.

— Credo, Roberto…

— Só tô falando de cerveja — ele disse, com aquele sorriso falso.

Mas o clima tava tenso. E eu… tava de pau duro.

**

Voltamos pro quintal.

Ele colocou uma música de samba antiga, pegou o celular, e começou a mostrar fotos antigas de churrascos, de festas.

Em certo momento, virou pra Bruna:

— Quer ver uma que vai gostar? Peraí…

Ele rolou a galeria e mostrou uma foto de uma mulher de biquíni. Cabelo solto, bunda empinada, apoiada na beira da piscina dele.

— Essa era minha ex. Só usava esses biquínis ousados porque sabia que eu gostava.

Bruna deu uma risada sem graça.

— E você gostava mesmo, né?

— Muito. Mas hoje em dia… o gosto ficou mais refinado.

Ele encarou ela. Longo. Sem piscar.

Ela desviou. Bateu o copo na mesa. Fingiu que ia buscar mais gelo.

**

Eu fiquei ali.

Parado.

A imagem da ex dele de biquíni era uma isca. Mas a provocação era outra: Bruna estava ali agora. Mais gostosa. Mais provocante. E ele tava deixando claro.

**

Mais tarde, já com a carne servida, ele sugeriu:

— Vamos comer lá dentro. Tá mais fresco. E tenho uma garrafa de vinho aberta.

Bruna hesitou, mas concordou.

A sala dele era pequena. Ele puxou uma cadeira pra ela — propositalmente baixa. Quando ela sentou, as pernas se abriram sutilmente. E a calcinha ficou à mostra por um segundo, entre a coxa e o tecido do vestido.

Ele viu. Eu vi. Ela… talvez soubesse.

**

O vinho foi descendo. A carne também.

E em dado momento, ele soltou:

— Já pensou se a gente tivesse se conhecido antes? Bruna, você teria me dado uma chance?

Ela riu alto. Mas o riso era desconcertado.

— Nem brinca com isso.

— Eu tô brincando… mas é sério. Uma mulher como você, num corpo desses… se fosse minha, eu não deixava nem sair de casa.

Ela bebeu mais um gole. E não respondeu.

**

Na volta pra casa, o silêncio dominou.

Ela entrou, foi direto pro quarto, e ficou lá sozinha por uns minutos.

Quando voltei, ela tava sentada na cama, com o celular na mão e o vestido erguido até as coxas.

— Cansada?

Ela fez que sim com a cabeça.

— O vinho bateu.

Cheguei mais perto. Passei a mão na coxa dela. A pele quente.

Ela deixou. Deitou de lado, virando a bunda pra mim.

Eu levantei o vestido, abaixei a calcinha e entrei de uma vez.

Ela gemeu forte, sem cerimônia.

— Tá com tesão, né?

Ela não respondeu. Só empinou mais.

Fodemos como se alguém estivesse vendo.

E talvez… estivesse.

**

Mais tarde, chegou mensagem dele.

“Ela ficou linda sentada na cadeira baixa. Quase vi tudo. Mas o melhor ainda tá por vir.”

Eu devia odiar isso.

Mas gozei de novo.

Sozinho.

Com raiva.

E com tesão.

❌❌❌❌

Os dias seguintes passaram num ritmo estranho. Bruna seguia sua rotina, mas havia um clima diferente no ar. Ela andava mais distraída, mais vaidosa, com sorrisos de canto e olhares demorados no espelho. Passava cremes com mais cuidado, se olhava de lado com mais frequência, e até nas roupas… algo tinha mudado.

Comecei a notar que ela evitava ficar muito tempo comigo quando estava de shorts mais curtos ou com regatas sem sutiã. Como se soubesse que estava demais… e isso causava algo nela. Algo que talvez não queria admitir — nem pra mim, nem pra ela mesma.

Na quinta-feira à tarde, eu cheguei mais cedo do trabalho. Ela não sabia. Entrei pela lateral da casa e fui direto pro corredor dos fundos.

Foi ali que ouvi a voz dele.

Baixa. Grave.

— Você já usou aquele maiô de novo?

Ela riu, envergonhada.

— Claro que não. Aquilo foi presente indecente, Roberto.

— Mas serviu bem. Melhor do que eu imaginava, viu. Quase infartei.

Silêncio.

— Você devia trancar melhor a porta da lavanderia. Qualquer hora alguém te pega assim… soltinha, de short sem nada por baixo.

Ela riu mais ainda.

— Como você sabe que eu tava sem nada?

— Eu sei tudo. E vejo mais do que você pensa.

Ela ficou muda.

Eu, do outro lado da parede, quase não respirava.

**

Naquela noite, esperei ela dormir. Peguei o celular dela e fui direto nas mídias do WhatsApp. Arquivadas. Escondidas.

E lá estavam.

Quatro fotos.

Todas tiradas por ela mesma. Todas no espelho do banheiro.

1. Shorts jeans desfiado, a calcinha aparecendo por cima.

2. Vestido colado no corpo, com o mamilo nitidamente marcando.

3. Blusinha transparente com o biquíni preto por baixo.

4. De costas, puxando o cabelo pra cima, com o maiô cavado revelando a curva da bunda quase inteira.

Mas o detalhe estava nas legendas apagadas. Só dava pra ver pela visualização de mídia.

“Esse é só entre nós, hein?”

“Queria saber se esse me deixa mais puta ou mais gostosa”

“Se o vizinho ver, desmaia kkkk”

Meu pau endureceu na hora.

E eu me odiei por isso.

**

No sábado, ela disse que ia fazer as unhas na casa da irmã.

Saiu de vestido leve e um top sem alça por baixo. A bunda balançava solta a cada passo.

Minutos depois que ela saiu, recebo uma mensagem. Número sem nome.

Abro.

Vídeo.

Era curto. Dez segundos.

Ela entrando no portão da frente do Roberto.

Sozinha.

Sorrindo.

Com o cabelo solto, óculos escuros, e segurando algo na mão — um pote.

Provavelmente “emprestado” da geladeira, como desculpa.

**

Eu fiquei em silêncio.

Não respondi.

Esperei.

Uma hora depois, nova mensagem.

“Ela pediu açúcar. Eu dei. Devagar.”

E junto, uma foto.

Ela sentada na cadeira da cozinha dele. De lado. Pernas cruzadas. Rosto parcialmente visível.

O vestido subido até a coxa.

O joelho virado pro lado.

A calcinha branca marcando de leve por baixo da perna.

**

À noite, tentei agir normal. Mas ela tava diferente.

Mais solta. Mais viva.

Tomou banho e saiu só de baby doll.

Deitou do meu lado e puxou a minha mão pra dentro do short dela.

— Sente como eu tô quente — sussurrou.

E tava mesmo.

Molhada. Inchada.

Pronta.

Meti nela com força. E ela gemeu como se tivesse esperando por aquilo o dia todo.

Durante a transa, ela mordeu minha orelha e disse:

— Hoje eu fiquei com isso aqui latejando o dia inteiro. Sem motivo.

Eu soube o motivo.

Era terça-feira. Quente, abafada, com aquele tipo de calor que parece carregar tensão no ar.

Bruna passou a manhã inquieta, andando pela casa com pouca roupa, mexendo nas plantas, ajeitando coisas sem importância. Vestia um shortinho de malha claro, desses que marcam tudo, e uma regatinha branca sem sutiã.

Os mamilos estavam duros. Desde cedo.

E ela nem parecia se importar.

Ficava indo até o portão da frente, voltava, parava na frente do espelho da sala. Ajeitava o cabelo. Molhava os lábios. Passava hidratante nas coxas com movimentos lentos, quase ensaiados.

Por volta das três da tarde, ela pegou o celular e saiu pro quintal dos fundos.

Fiquei em silêncio, do lado da área de serviço, já acostumado a esperar.

Me escondi atrás da veneziana e olhei.

Ela estava encostada no tanque, mexendo no celular. As costas pra mim. O quadril empinado. A bunda redonda dentro do short fino, que subia toda vez que ela se mexia. A camiseta larga descia pelas costas, mas parava antes de cobrir o volume da bunda.

E então… ele apareceu.

Roberto.

Camisa aberta, sem regata, bermuda frouxa, chinelo arrastando. O peito peludo brilhava de suor.

Parou no muro. Só os ombros visíveis. E a voz arrastada.

— Que visão de terça-feira, hein…

Bruna riu. Aquela risada sem freio, sem julgamento.

— Você é sempre assim? Não tem filtro?

— Quando a vizinhança é bonita, eu desligo o filtro — respondeu, com aquele sorriso podre que eu já conhecia só pela entonação.

— Achei que tava cuidando das plantas.

— Tô. Mas você apareceu, aí eu mudei de foco.

Ela abaixou um pouco a cabeça, mexendo no pano de chão.

— Você devia parar de me olhar assim…

— Mas aí seria injusto com meus olhos.

Ela riu de novo. Aquela risada curta, cúmplice. Diferente.

Silêncio.

E então, ele disse:

— Quer ver uma coisa?

— Lá vem…

— Não. Sério. Só pra você ver como me deixa.

Ela hesitou.

— Como assim?

— Assim.

Ele deu dois passos pra trás.

E então… eu vi.

Do ângulo em que eu estava, consegui ver quase tudo por entre os blocos quebrados da mureta lateral.

O velho tava com a bermuda frouxa abaixada até a metade da coxa.

Segurava o pau grosso, semi-duro, apontando pra cima, entre os dedos peludos e o suor escorrendo pela barriga.

Era grande. Escuro. Veias grossas saltando, mesmo ainda sem estar completamente ereto.

— Isso aqui é o que você faz comigo sem nem encostar — ele disse.

Bruna não falou nada por uns segundos.

Apenas ficou parada.

A respiração dela mudou.

Eu vi de costas, mas senti.

— Roberto… — ela murmurou.

— Se quiser olhar, olha. Se não quiser, fecha os olhos. Mas é isso.

Ela não se moveu.

Mas também… não saiu.

— Você tá maluco.

— Talvez. Mas você provocou isso. E tá gostando de ver.

Silêncio.

Ela mordeu o canto do lábio. Eu vi. O reflexo da janela da cozinha mostrou.

E então… ela se virou devagar.

Não saiu correndo. Não gritou. Não mandou ele se foder.

Apenas virou.

— Isso é errado — disse ela, com a voz mais baixa.

— O que é errado… é esconder o tesão. E eu não escondo.

— Eu sou casada.

— E mesmo assim, olha.

Silêncio.

— Quer que eu guarde? — ele perguntou.

Ela hesitou.

— Faz o que quiser.

Virou de costas. Lentamente.

Mas não foi embora.

Deu mais dois passos até o varal e ficou ali, fingindo arrumar um pregador.

Mas a bunda tava empinada. O pano do short enfiado entre as nádegas. E a respiração… mais ofegante.

O velho não puxou de volta a bermuda de imediato.

Ficou ali. Só observando.

E então, voltou com a bermuda devagar.

— Você ainda vai me enlouquecer, garota.

Ela riu. Mas baixinho. E ficou ali mais um tempo, sem dizer nada.

**

À noite, quando ela deitou do meu lado, puxou minha mão pra dentro do short dela.

Estava encharcada.

— Você tá molhada desde quando?

Ela mordeu o lábio.

— Desde que ouvi besteira demais.

— E viu?

Ela hesitou.

— O quê?

— O que não devia.

Ela me olhou nos olhos.

— Talvez. Mas não toquei.

— Mas gostou?

Ela não respondeu.

Subiu por cima de mim.

E cavalgou como nunca.

Com os olhos fechados, a cabeça pra trás e os mamilos duros raspando no meu peito.

Gozei rápido.

E ela sorriu.

— Tá muito sensível, hein…

Mas eu sabia.

Era ele que ela tava vendo quando fechava os olhos.

Era ele que tava crescendo na mente dela.

E agora… ela tinha visto.

Com os próprios olhos.

**

Mais tarde, recebo uma última mensagem.

Do velho.

“Ela olhou por três segundos. Isso basta. Agora, já sabe. E vai lembrar do tamanho. Sempre.”

❌❌❌❌

A manhã de sábado começou diferente. Bruna acordou antes de mim. Quando levantei, ela já estava no quintal, molhando as plantas. Shorts claro, cavado, e uma blusinha branca de alça sem nada por baixo. Os mamilos marcavam com nitidez. E ela não parecia se importar.

Fiquei observando da porta. O sol iluminava o contorno da bunda dela de um jeito indecente. E eu sabia que, do outro lado da parede, Roberto via tudo.

Antes do meio-dia, meu celular vibrou.

Roberto:

“Hoje vou limpar a casa. Chamar a Bruna pra me ajudar. Mas você já sabe: vou comer ela. Com gosto. Vou filmar tudo. E te mando. Se quiser assistir de camarote, sabe onde olhar.”

Fiquei paralisado.

Por alguns segundos, o sangue ferveu.

Depois… o pau endureceu.

Não respondi.

Apenas fechei o celular.

**

Bruna entrou pouco depois, com o rosto levemente corado.

— O Roberto chamou pra ajudar ele a arrastar uns móveis. Disse que tá limpando a casa. Achei meio estranho, mas…

— E você vai?

Ela hesitou.

— Ué… tá calor, tô sem fazer nada… é só uma ajudinha.

— Vai com esse short?

Ela sorriu, travessa.

— Por quê? Tá demais?

Assenti, devagar.

— Tá.

Ela não trocou.

Não disse mais nada.

Pegou o celular, prendeu o cabelo e saiu.

**

Fui até a lavanderia.

Subi no banco.

Abri devagar a fresta da veneziana.

E esperei.

Cinco minutos. Dez.

E então… ela apareceu.

Bruna entrou pela porta lateral da casa dele.

O velho a recebeu com aquele meio sorriso safado. Estava de regata furada, bermuda solta e chinelo. O peito peludo suado.

Ela entrou rindo.

Sumiu da minha vista.

Minutos depois, o celular vibrou.

Vídeo ao vivo.

Remetente: Roberto.

Abri.

A imagem tremia um pouco, mas estava nítida.

Bruna de pé, encostada na pia da cozinha dele, olhando pro celular com um sorriso tímido.

O velho filmava com a câmera frontal, como se fosse selfie, mas ela sabia. Ela olhava direto pra lente.

— Pronta pra deixar essa casa mais suja do que limpa? — ele disse.

Ela riu, envergonhada.

— Você é louco…

— Só louco por isso aqui — e filmou a bunda dela.

Ela revirou os olhos e virou de costas.

O short subia no meio da bunda, marcando como uma calcinha. A blusinha transparente deixava os mamilos visíveis.

O velho chegou por trás. Passou a mão devagar na lateral da cintura dela. Ela não recuou.

— Tá filmando?

— Tô. Ele merece ver, né?

Ela virou o rosto, mordendo o lábio.

— Ele já viu demais…

— Mas nunca assim.

**

O vídeo cortou.

Cinco minutos depois, outro chegou.

Vídeo (4min32s).

Tremia um pouco. Mas o som era claro.

Bruna agora estava em cima da cama do velho.

De quatro.

O short jogado no chão.

A calcinha abaixada até os joelhos.

Ele filmava com uma das mãos, enquanto a outra espalhava os dedos pela bunda dela. Grossa. Firme.

Ele deu dois tapas. Bruna gemeu baixinho.

— Vai mesmo mandar pra ele? — ela perguntou, com a voz rouca.

— Ele tá vendo já, amor.

Ela mordeu o lençol.

— Que doente…

— Tá molhada, Bruna. Só de saber que ele vê você assim.

Ele passou o pau grosso, já duro, entre as nádegas dela. A câmera mostrou.

Ela olhou pra trás, com os olhos arregalados.

— Caralho…

— Fala — ele provocou. — É isso que você queria?

Ela não respondeu. Só empinou mais.

Ele encaixou devagar.

Ela gemeu alto.

O som do corpo dela recebendo aquele pau ecoava. As estocadas começaram lentas, profundas. A câmera mostrava tudo: o quadril dela indo e voltando, os gemidos abafados, a bunda dela batendo contra o quadril dele.

— Olha pra câmera, Bruna. Mostra pro teu marido.

Ela virou o rosto. Os olhos semicerrados. A boca aberta.

— Me desculpa, amor…

— Tá gostoso? — ele perguntou.

— Tá… pra caralho…

Ele aumentou o ritmo.

Ela perdeu o controle.

Gemia, gemia, e gemia.

E o vídeo terminou com ela se deitando de lado, exausta, o corpo suado, a respiração falha.

— Manda pra ele. Agora ele vai saber o que é ver de verdade.

**

Fiquei em choque.

Não conseguia respirar direito.

Assisti de novo.

E meu pau… duro. Latejando.

**

Quando ela voltou pra casa, me deu um beijo na testa.

Sem falar nada.

Foi direto pro banho.

A calcinha que ela usava estava pendurada na borda da pia.

Molhada.

**

Mais tarde, ela deitou nua ao meu lado.

— Foi tudo bem lá? — perguntei.

Ela apenas sorriu.

Virou de costas.

E empinou.

**

Transamos como se fôssemos outros.

Mais animalesco.

Mais entregue.

Mais sujo.

E no fundo da minha mente, a imagem dela de quatro, sendo filmada, ainda queimava.

E eu… não parava de gozar

Era segunda à noite. A casa em silêncio. Só o som abafado do ventilador no quarto e o estalo ocasional da madeira da janela com o vento.

Bruna estava deitada no sofá, de costas pra mim, com o celular na mão e os pés encolhidos. Vestia só uma camiseta longa e uma calcinha fina. As pernas nuas, suaves, o cabelo preso de forma desleixada, como se não quisesse chamar atenção… mas chamava. Chamava demais.

Eu estava sentado no canto da sala, o notebook no colo, com a mensagem ainda aberta.

O vídeo.

O maldito vídeo que Roberto tinha me mandado.

Estava ali, com o play pronto.

A curiosidade me corroía há dias. A imagem da Bruna de quatro naquela cama, o velho atrás, gemidos abafados, o corpo suado — eu tinha visto tudo, sozinho, em segredo. E me masturbado com raiva. Com fome. Com uma vergonha que se transformava em gozo.

Mas agora… eu queria mais.

Eu queria ver com ela.

Eu queria ver o que ela sentia ao se ver.

**

— Amor… — chamei, baixo.

Ela virou o rosto por cima do ombro, sem se mexer.

— Oi?

— Vem aqui um minuto.

Ela hesitou. Depois se levantou.

Veio devagar.

Sentou do meu lado.

— Que foi?

O notebook brilhava na minha perna.

Abri o vídeo. Pausei no primeiro frame.

Ela congelou.

Era ela.

De costas.

De quatro.

Com a bunda empinada. O velho atrás. A mão dele sobre a cintura dela.

Ela mordeu o lábio.

— Onde você conseguiu isso?

— Você sabe onde.

Silêncio.

Ela desviou o olhar.

— Eu não achei que ele fosse… realmente mandar.

— Mas deixou ele gravar.

Ela assentiu.

Devagar.

— Eu tava… no calor do momento.

— E agora?

Ela hesitou. Respirou fundo.

— Agora eu tô com vergonha.

— Quer que eu apague?

Ela demorou. Muito.

Depois balançou a cabeça.

— Não.

Ficamos em silêncio. O vídeo parado. Os dois na tela, esperando o play.

E então… eu apertei.

**

A imagem tremeu no começo. O velho filmava com o celular na mão esquerda. A outra apertava as nádegas da Bruna. A voz dele soava baixa, rouca.

— Olha isso… que delícia de mulher…

Ela estava de quatro. A calcinha abaixada. A bunda à mostra, empinada.

Na sala, ao meu lado, Bruna cruzou as pernas. Encolheu os ombros. Apertou os braços contra o peito.

— Tá com vergonha de si mesma?

— Eu não sabia que… que ia ser tão explícito.

— Mas foi. E foi você que fez.

Na tela, ele passava o pau entre as nádegas dela. Devagar.

O pau grosso, escuro, veias marcadas. A pele da Bruna brilhava.

Ela olhava pra trás, de olhos semiabertos.

— Caralho… — sussurrou ela na gravação.

Do meu lado, ela baixou o rosto. Mas não tirou os olhos da tela.

— Eu tava… nervosa.

— Tava com tesão.

Ela não respondeu.

Na gravação, ele a segurou pelos quadris e começou a entrar.

Devagar.

Bruna gemeu alto.

Ao meu lado, ela fechou os olhos por um instante.

Depois os abriu.

E continuou assistindo.

A câmera mostrava tudo: o pau dele sumindo dentro dela, a bunda dela batendo contra o quadril dele, o som molhado dos corpos.

Gemidos, respiração pesada, palavras sussurradas.

— Olha pra câmera — ele dizia.

— Mostra pra ele como você geme.

E ela… mostrava.

De olhos fechados, boca aberta, gemendo com força, até morder o lençol.

**

Eu pausei.

Bruna estava com os olhos cheios. De vergonha. De excitação.

— Você tá sentindo o quê?

Ela demorou a responder.

— Eu tô… com vergonha.

— E mais o quê?

Ela me olhou. A respiração ofegante.

— Eu tô com tesão.

**

Apertei o play de novo.

Na tela, ele a virava de lado. A câmera mostrava os seios dela balançando, o mamilo rígido.

Ela gemia baixo, mordendo os lábios. A mão dele descia pela barriga e encontrava o clitóris.

Ela tremia.

Se contorcia.

Até gozar.

Com o corpo inteiro tremendo.

Os olhos fechados.

E o gemido contido que eu conhecia muito bem.

Do meu lado, ela estava encolhida.

Mas os mamilos marcavam sob a camiseta.

— Você se viu gozar? — perguntei.

Ela assentiu.

— Já tinha gozado antes?

— Com ele? Não. Só nessa hora.

Pausei de novo.

Ela estava agora deitada na tela. Corpo mole. Pernas abertas. O velho ainda filmava, tocando o próprio pau.

E então, ela olhou pra câmera.

Sussurrou:

— Me desculpa, amor…

**

Eu pausei na hora.

O quarto inteiro estava pesado. Quente.

Eu passei a mão na coxa dela. Estava quente também.

E molhada.

— Tira a camiseta — pedi.

Ela tirou.

Os seios duros, marcados, arfando com a respiração.

A mão dela desceu entre as pernas.

Ela não falou nada.

Só começou a se tocar.

Eu abaixei o short e fiquei só observando.

Ela se masturbava assistindo ao próprio vídeo.

Se vendo ser comida.

Se ouvindo gemer.

E gozar.

**

Abaixei e passei a língua devagar.

Ela gemeu alto.

O vídeo ainda pausado.

A imagem dela deitada, nua, fodida.

Eu entrei nela com força.

Ela gemeu mais ainda.

Durante a transa, olhava pro notebook.

— Eu sou uma vadia — ela sussurrou.

— E eu sou um corno doente.

Ela riu.

— Mas gostou de ver.

— E você… gostou de fazer.

Ela não respondeu.

Só gozou de novo.

**

Na tela, o vídeo ainda pausado.

Na cama, o corpo dela ainda tremendo.

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Comentários

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Amigo sinceramente, faça uma continuação! Seus leitores merecem continuar lendo mais desse excelente conto, mantenha o nível alto, pq esse conto merece, abraço.

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Excelente conto! Uma viagem no campo do exibicionismo, maridinho sabia disso, e alimentou o desejo da esposinha gostosa, o melhor de tudo é a fina sintonia deles adorei, votado.

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Muito bom. A tensão e o tesão numa crescente angústia e suspense até terminar em tesão

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Um dos melhores contos que já li, bem escrito, sem pressa e indo passo a passo mostrando diferente pontos de vista até o final, muito excitante

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MUITO BOM ! O texto te prende para ler cada palavra. Parabéns. Muito sensual e excitante!!!!!

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