Eu acabei decidindo não procurar mais a Lia. Apesar de ela aparentemente ter mudado bastante em suas atitudes e do sexo ter sido ótimo, eu ainda tinha aquela pulga atrás da orelha sobre a participação dela no caso da Amália. E ainda tinha aquele fato novo, dela ter falado que elas conversaram no mesmo dia que eu e a Amália havíamos transado e também que a Amália tinha contado disso para várias amigas no dia seguinte.
Só que, logo pela manhã do dia seguinte a Lia me ligou, falando que gostou muito da nossa brincadeira e praticamente implorou para que eu fosse lá na casa dela. Mesmo relutante eu acabei decidindo aceitar o seu convite.
Cheguei na casa da Lia no horário combinado, toquei a campainha e ela veio me atender, com um sorriso no rosto e me dando logo um selinho no portão da casa.
— Você ficou doida! Se alguém nos vê aqui!
— Deixa de ser bobo, não tem ninguém na rua.
E segurando na minha mão ela continuou:
— Vamos lá pra trás, a gente fica na beira da piscina.
Ela saiu me puxando pela mão. Estava descalça e com um lindo vestido florido, com predominância nas cores verde e branco e todo soltinho. Ela apertou o passo, toda linda e rebolando na minha frente.
Chegando lá ela se virou para mim e disse:
— Estamos sozinhos!
Ela levou uma das mãos para atrás da minha nuca e me puxou para outro beijo.
E logo a Lia começou a tirar o vestido, rindo alto e falando:
— Nós temos muito tempo para isso. Vamos antes dar um mergulho na piscina...
E saiu correndo em direção aos fundos da casa, trajando apenas um biquíni vermelho e segurando o vestido nas mãos.
Fui atrás dela protestando e já a encontrei dentro da água.
— Peraí, eu não trouxe roupa de banho.
Ela foi até a borda da piscina e calmamente retirou a parte de cima do biquíni e jogou em minha direção. Aquilo veio pesado e cheio de água, mas eu consegui me desviar e logo em seguida ela jogou a parte de baixo do biquíni, que também quase me acertou. Olhei para ela e falei:
— Vai ser assim, é?
Ela sorriu, me provocando com seu olhar malicioso. Coloquei minha mochila em uma mesa redonda com tampo de vidro e fui tirando minha roupa e a colocando sobre a mochila. Quando terminei de tirar a calça ela deu um gritinho e colocou uma mão com os dedos todos abertos sobre os olhos.
Fiquei de frente para ela e tirei a cueca.
— Fica parado aí. Não se mexe! Deixa eu memorizar essa imagem!
— Sua safadinha...
Falando isso corri e mergulhei dentro da piscina.
Ficamos um bom tempo ali, brincando, namorando e se esfregando. Até que uma hora eu a encostei contra a borda da parte mais rasa da piscina e lhe dei um beijo mais fogoso. Passei a beijar seu pescoço e fui descendo até alcançar os seus seios e me deparei com aqueles dois lindos montinhos firmes, com suas aureolas tão rosinhas que quase não se via e tinham em seu centro lindos biquinhos, também muito pequenos. Passei dar beijinhos naqueles biquinhos, que logo enrugaram e ficaram mais durinhos ainda.
Ela começou a gemer baixinho e segurou no meu pau. Voltamos a nos beijar. Ela estava muito ofegante e me falou.
— Eu vou fugir de ti...
E logo em seguida me empurrou e saiu correndo para dentro da casa, rindo, completamente molhada e nua.
Saí e piscina e vi umas toalhas sobre um aparador. Peguei uma, me enxuguei e depois enrolei essa toalha na cintura.
Quando estava saindo para ir atrás da Lia, vi minhas coisas sobre a mesinha. Pensei: “Se chegar alguém e eu tiver que fugir, é melhor sair vestido do que só com a toalha na cintura, ou pior, totalmente pelado.” Então coloquei todos os meus pertences na mochila e a coloquei nas costas.
Não foi difícil achar a Lia. Bastou seguir as pegadas molhadas. Ela estava em seu quarto, sentada em uma poltrona dupla, tipo namoradeira, trajando um roupão de algodão de cor rosa claro. Estava tocando uma musica romântica e instrumental, e logo identifiquei que o som estava vindo de um aparelho ao lado da cama, que era uma cama box de casal e tinha uma cabeceira alta e acolchoada da cor rose. O quarto era bem grande a arrumadinho.
Coloquei a mochila no chão e fui até onde a Lia estava sentada e, ainda de pé falei:
— Porque você fugiu?
— Eu não fugi, só te trouxe para onde EU queria!
Ela, ainda sentada abriu o roupão, mostrando que estava com uma linda lingerie. O sutiã era rosa clarinho, com enchimentos que faziam seus seios parecerem maiores. Era todo recoberto com rendas e babadinhos brancos. A calcinha era uma tanguinha muito delicada, das mesmas cores e material que o sutiã. Ela tava muito sexy, sem deixar de ser teen.
Não resisti e soltei um assovio quando a vi daquele jeito.
Ela me analisou dos pés à cabeça, lambeu os lábios e falou:
— Gostou? Eu comprei essa lingerie especialmente para você. Agora, tira essa toalha, que eu quero chupar o seu pinto.
— Nossa Lia... você tá muito safadinha!
Olhei sério no rosto dela e perguntei:
— Você tem certeza que quer fazer isso?
Ela, ainda sentada, jogou o tronco para frente e tentou tirar minha toalha, mas eu fui mais rápido e dei um passo para trás, saindo do seu alcancei.
— Vai Beto, tira a toalha e deixa eu te chupar.
Me lembrei que nas transas com a Diana era ela que comandava, mas agora para fazer amor com a Lia, eu que teria que tomar a iniciativa. E então falei:
— Não, eu sou a visita aqui. Eu é que vou te chupar primeiro.
A peguei no colo e a levei até a cama. Deitei sobre ela e começamos a nos beijar. Meu pau estava totalmente duro. Logo, pela respiração ofegante, percebi que ela estava gostando e, quando mordi o lóbulo de sua orelha ela soltou um gemidinho gostoso.
Soltei seu sutiã e o retirei gentilmente, me deparando novamente com aqueles lindos seios. Desci minha língua pelo seu pescoço e não parei até abocanhar seu peito esquerdo. Logo em seguida passei a chupar o direito, enquanto apertei com a mão o peitinho que tinha acabado de chupar.
Dava para perceber que ela estava muito excitada, pela forma que gemia e pela respiração forçada.
Fui descendo pela sua barriguinha, degustando cada centímetro enquanto lambia e beijava sem parar. Até que cheguei à calcinha. Parei e meus olhos foram de encontro ao rosto da Lia. Ví que ela também me olhava, ofegante e com a boca semi aberta. Então ela fez um gesto com a cabeça, meio que me dando autorização para seguir em frente.
Vi que o fundo da calcinha já estava bem úmido. Passei a beijar seu ventre, enquanto puxava a calcinha para baixo. E logo fiquei a centímetros daquela bocetinha jovem, cheirosa e delicada. Passei a língua de baixo para cima, arrancando um longo gemido dela.
Abri um pouco a fenda e dei outra lambida, dessa vez de forma mais lenta e molhada. E passei a chupar aquela bocetinha rosinha. Não demorou muito para ela gozar.
Ela ainda tentou abafar um pouco o gritinho levando a mão à boca. Passei a lamber aquela rachinha para aproveitar ao máximo aquele mel cheiroso que estava saindo.
Confesso que me esbaldei naquela boceta jovem. Continuei ali, carinhosamente explorando as dobrinhas. E, claro que não podia deixar de comparar com a xoxotinha da Diana, que eu já conhecia tão bem.
Voltei a me dedicar ao grelinho, mas fui impedido por ela, que me puxou pelo cabelo e falou:
— Deita aqui que agora é a minha vez.
Ela pegou no meu pau com aquelas mãozinhas macias, deu um sorriso e falou:
— Eu achei que fosse menor.
Ela me deu uma lambida, enquanto enrolava os cabelos e os prendia num coque. Depois pegou o lençol e com ele limpou a babinha que estava saindo da cabeça do meu pau e então começou a mamar. Ela chupou como se estivesse faminta. Ela ia usando a boca e eu a segurei pela nunca e com a mão fui guiando seus movimentos. Apesar da falta de experiência, confesso que tive que fazê-la parar, puxando seus cabelos e lhe dando um beijo, só para não gozar na sua boca.
— Você gostou? Eu te machuquei?
— Claro que não, estava maravilhoso! É que minha língua tá doida pra te chupar de novo.
— Vai Beto, agora me fode!
Peguei uma camisinha no criado mudo, enquanto Lia me esperava, deitada na cama com as pernas abertas. Coloquei a camisinha e deitei-me sobre ela e nos beijamos.
Peguei meu pau, que estava muito duro e comecei a pincelar, passando por toda a extensão da rachinha, que já estava muito lubrificada e ficou mais ainda com o gel que vinha no preservativo. Até que posicionei meu pau, encaixando na entrada da xoxota.
Comecei a pressionar bem devagar e meu pau começou a entrar. Não falamos nada, apenas nos olhamos, olhos nos olhos. Ao sentir a resistência, aumentei a pressão e logo a cabecinha entrou.
— Você quer que eu pare?
Ela fez que não com a cabeça e, pacientemente, consegui penetrá-la totalmente. Perguntei se estava tudo bem e ela respondeu que sim com a cabeça. Ela não falava nada, eu só via seus olhos e sentia sua respiração cadenciada.
Ficamos um bom tempo ali parados, só nos beijando, enquanto esperava para ela se acostumar e sentia aquela bocetinha quente apertando meu mau.
Logo ela foi relaxando e se acostumando e eu comecei a movimentar o quadril lentamente. Depois de mais um tempo passei a tirar um pouquinho e colocar novamente até o final, sempre monitorando as expressões dela e vendo até onde podia chegar. Conforme foi se acostumando e o tesão aumentando ela também começou a mexer os quadril.
Então tive a ideia de comê-la de ladinho que, segundo a Diana era uma das posições mais confortáveis. Tirei meu pau de dentro dela, posicionei-a de lado, me deitei atrás e com bastante cuidado penetrei novamente.
Passei a fodê-la bem devagar, enquanto beijava sua nuca e apertava um de seus seios. Logo aumentei a velocidade, levei minha mão para sua xoxota e comecei a masturbá-la enquanto a penetrava. Ela passou a gemer ruidosamente enquanto também movimentava o quadril. Não conseguimos segurar muito tempo e gozamos juntos.
Depois de alguns minutos ela, sorrindo, falou para mim:
— Beto, você acabou com a minha pepeka. Olha como tá toda vermelhinha!! Você judiou de mim! E eu adorei!
Eu ainda estava ofegante e não respondi, apenas me virei para o lado dela.
Ela foi se levantando e falando afobadamente. Parecia uma metralhadora:
— Eu to faminta! Vamos comer alguma coisa? Depois a gente toma um banho! Eu já vou deixar enchendo a jacuzzi do quarto dos meus pais. Vamos, me ajuda a tirar esses lençóis, já vou deixar lá em baixo na lavanderia...
Sentei na cama e calmamente comecei a beijar os seus seios.
— Para Beto! Temos muito tempo ainda. Vamos comer e depois relaxar na banheira.
— Sério! Vamos usar a banheira do quarto dos seus pais!
— Claro, já falei. Eu adoro relaxar na jacuzzi quando eles não estão! Não vai ter problema de eles desconfiarem de nada. E temos muito tempo.
Chegando perto meu ouvido ela disse baixinho, quase como um segredo:
— Eu ainda quero te chupar muito mais.
Ela juntou toda a roupa de cama, jogou nos meus braços e colocou outra no lugar. Fomos para a cozinha e no caminho ela entrou no quarto de seus pais e colocou a banheira para encher. Jogamos a roupa de cama em um cesto, na lavanderia e fomos procurar algo para comer.
Achamos cinco croissants na geladeira e pegamos também um vidro de suco de uva. Ficamos ali um bom tempo, comendo, rindo e conversando. Cada um enrolado em uma toalha.
Depois fomos para a banheira e tomamos um belo banho, com direito a muitos beijos, amassos e mãos bobas. Rimos muito, brincamos e molhamos o banheiro todo. Até que ela deitou sobre o meu corpo e começamos e a nos esfregar e nos beijar. Daí o negócio esquentou. Até que ela, já bem ofegante, me olhou com cara de pidona e falou:
— Vamos voltar pro meu quarto.
Concordei e voltamos para o quarto da Lia.
A deitei na cama e nos beijamos. Comecei a beijar o seu rosto, desci para os seios e ela falou, na mesma hora que colocava uma das mãos na frente de sua xoxotinha:
— Aqui não, tá bom?! É que tá muito sensível.
Olhei bem no rosto dela, dei um sorriso e falei:
— Sobrou muita coisa pra beijar. E eu vou aproveitar tudinho!
Beijei e lambi todo aquele corpo da cabeça aos pés. Aquela ninfetinha era deliciosa! Levantei seu pé esquerdo e dei uma mordidinha no dedão. Ela sorriu e gritou:
— Socorro!!! Um canibal quer me comer!!
E gargalhando, me empurrou com o outro pé e se virou de bruços na cama, para tentar fugir.
Fui mais rápido e segurei suas duas pernas. Abaixei-me e dei uma mordidinha em sua bunda. Ela gemeu gostoso. Continuei subindo e dei outra mordidinha de leve em sua nuca. Ela virou o rosto para o lado e me implorou, gemendo:
— Enfia esse pau na minha boca!
Ela se virou, de barriga para cima, me ajoelhei do lado de sua cabeça e ela começou a mamar desesperadamente. Aproveitei para acariciar seus peitinhos e apertar os biquinhos.
Desci a mão e passei a massagear seu grelinho, bem de leve, fazendo movimentos circulares com o meu dedo indicador.
Não demorou muito para ela gozar, gemendo baixinho e parando de mamar, mas ainda agarrada no meu pau. Fiz a menção de sair para deitar ao lado dela e ela apertou mais o meu pau.
— Ainda não terminei. Eu quero que você goze encima dos meus peitinhos! Só deixa eu me recuperar um pouquinho.
Ela voltou a mamar e me apunhetar, até que, como ela queria, acabei gozando naqueles lindos peitinhos.
Ainda tomamos um demorado banho juntos, conversamos muito e acabei indo para casa quase oito horas da noite.
Foi no dia seguinte que as coisas começaram a dar muito errado. Logo pela manhã a Diana veio, aos prantos, falar para a minha mãe, que o seu marido havia chegado para buscá-los e que na semana seguinte eles já iriam embora para o Mato Grosso.
Eu fiquei muito mal com a noticia. Não com a noticia em si, mas mais pela forma que a Diana estava reagindo a tudo aquilo. Eu não consegui conversar direito com ela mais nenhuma vez. Pois ela sempre começava a chorar desesperadamente.
Cheguei a ponto de conversar com os meus pais e com a própria Diana, expondo o fato de ela estar seguindo aquele traste para longe, para algo sem garantia alguma de que daria certo e ainda deixando toda a família (pelo menos a mãe dela, que eu conhecia) em Criciúma. Só que não teve jeito e eles acabaram indo embora.
Àqueles dois meses em que convivi com a Diana foram maravilhosos. Não só pelo fato da gente ter feito muito sexo. Mais principalmente pela sabedoria, pela alegria e pela bondade que ela demonstrava constantemente. Hoje vejo que ela foi uma das pessoas que mais ajudou a que eu me transformasse nesse homem que sou hoje.
E eu tenho essa tristeza de não tê-la ajudado mais, principalmente nessa hora mais complicada de sua vida. Foi complicado, pois o conhecimento e os recursos que eu tinha aos 18 anos eram quase nada. Penso que se isso tivesse acontecido hoje eu poderia ter ajudado muito essa mulher. E hoje, sempre que ajudo alguém, penso que pode ter surgido alguma boa alma que também tenha ajudado a Diana lá no passado.
Só não vou falar aqui o que ela me disse na nossa despedida, porque senão vou abrir o berreiro. Não tenho a menor dúvida que a Diana era uma mulher maravilhosa.
Conversei com os meus pais. Minha mãe ficou de conversar com a Diana e meu pai tirou o corpo fora, dizendo que já tinha muita dor de cabeça em seu trabalho e o seu coração não aguentaria mais esse estresse.
Nunca me esquecerei desse problema que o meu pai teve. Foi dois anos antes. Eu já havia feito 16 anos e, já na reta final para a entrega do imposto de renda, que era a época que ele mais trabalhava, meu pai acabou enfartando.
Essa história do meu pai aconteceu assim: em um dia em que ele chegou do trabalho muito tarde. Nesse dia eu já tinha até chegado da minha aula quando ele chegou em casa. Ele comentou com minha mãe que tinha tido uma indisposição e ao contar o que tinha sentido eu já percebi a cara de preocupação da minha mãe, que foi logo ligando para marcar uma consulta médica para ele no dia seguinte. Recordo-me que ela conseguiu a consulta para o período da tarde, só não me recordo o horário.
No dia seguinte minha mãe me ligou por volta das 15h. Na hora que ela pediu para que eu ficasse calmo, e assim eu já sabia que alguma coisa grave havia acontecido. Ela me contou que meu pai tinha passado mal, foi levado para o pronto socorro e de lá foi encaminhando na mesma hora para o Hospital São José, onde estava internado.
Meu mundo caiu nessa hora. E foi muito difícil para todo mundo.
Meu pai acabou ficando internado quase uma semana nesse hospital, onde esperaram que ele estabilizasse e também que conseguissem um leito no Instituto de Cardiologia de Santa Catarina, que é o hospital de referência no Estado, só que esse hospital fica no município de São José, a quase 200 km de Criciúma.
Ele foi transferido para esse Instituto de Cardiologia, onde tentaram de todas as formas evitar um tratamento mais invasivo, só que não teve jeito. Fizeram até cateterismo nele, mas, no final, meu pai acabou tendo que fazer uma cirurgia cardíaca chamada como cirurgia de ponte de safena.
Minha mãe e o tio Zezinho o acompanharam durante todo o processo e eu acabei ficando em casa. Eles foram para São José e se revezavam acompanhando o meu pai. E foi muito agonizante não estar presente para acompanhar meu pai. Não me saia da cabeça uma história que uma pessoa me contou, de que conhecia alguém que não tinha resistido sequer a esse procedimento do cateterismo.
Nessas horas de dificuldade é que descobrimos quem são nossos verdadeiros amigos. Eu recebi muita força do Fabrício e principalmente do Bidu e da minha prima Laura.
Minha mãe ficava muito preocupada de eu ficar sozinho, então o Fábio dormiu lá em casa umas quatro noites e até a Laura passou mais de uma semana comigo, apesar da minha mãe não gostar que ficássemos juntos. Inclusive a Laura estava comigo na noite que minha mãe ligou dizendo que os médicos haviam prometido que meu pai receberia alta hospitalar e autorização para viajar na manhã do dia seguinte.
E foi o que aconteceu e meu pai retornou para a casa depois de 20 dias internado. Chegou muito abatido e com aquela cicatriz enorme no peito. Eu me assustei mesmo com o estado da minha mãe. Parecia que ela tinha perdido uns cinco quilos e estava com umas olheiras enormes. Na hora eu fiquei imaginando a barra que ela enfrentou para ter sentido tanto, mesmo sendo auxiliar de enfermagem e estar acostumada com o ambiente hospitalar.
As ordens médicas para o meu pai eram bem claras: repousar por mais uns 15 dias e depois começar a fazer alguma atividade física; controlar a alimentação; tomar os remédios na hora certa e, principalmente, parar de fumar.
O fumo era o grande vício do meu pai. O ódio que eu tenho até hoje de cigarro se deve a ele. Meu pai fumava mais de dois maços por dia. Ele não bebia e não tinha outros vícios, só que fumava a toda hora. E quando eu chegava perto dele era um cheiro de fumaça que me embrulhava e estomago.
Como minha mãe não dirigia, ainda tivemos a ajuda dos meus tios para levar meu pai para as consultas e exames. Foi nessa época que meu tio Zezinho me ensinou a dirigir, alegando que no caso de uma emergência muito grande eu mesmo poderia usar o carro para socorrer alguém.
Depois desse baque todo veio a primeira consequência, que foi o problema financeiro.
Nós éramos classe média beeeemmm baixa. Meu pai, como já falei anteriormente, era contador e tinha um escritório, só que era um escritório muito pequeno e atendia as pessoas da comunidade e alguns profissionais liberais. E com a doença ele perdeu praticamente todos os clientes e também perdeu o evento mais lucrativo do ano, que era a época do imposto de renda. E, segundo os médicos, ele deveria esperar mais uns três meses para voltar a trabalhar.
Minha mãe também recebia por dias trabalhados e passou praticamente um mês sem trabalhar.
Fora que eles não tinham quase nenhuma poupança e de bens só tinham a casa que morávamos, que é daquelas financiadas a perder de vista e também tinham um carrinho Volkswagen Gol, que não valia quase nada.
Fora isso eles ainda ajudavam financeiramente meu irmão, que morava em São Paulo.
Foram tempos difíceis. Não chegamos a passar nenhuma necessidade, mas decidimos que não teríamos mais ninguém trabalhando em casa. Minha mãe passou a tirar uns plantões extras e eu passei a dar todo o meu salário para eles. E ainda, nos primeiros meses, cheguei até a usar quase toda a minha poupança para pagar dívidas, consultas e remédios.
Foi nesse momento que eu acabei desistindo totalmente de cursar medicina. Eu já estava bem inclinado para ir para algum dos cursos voltados às ciências da computação e todo esse problema com o meu pai acabou sendo o empurrãozinho que falta para desistir desse sonho da minha época de criança.
No final das contas acabou dando tudo certo. Em meados de setembro o meu pai voltou a trabalhar e aos poucos foi reconquistando a sua antiga clientela.
E apesar do susto todo e das dificuldades que passamos, esse episódio serviu para mostrar aos meus pais que eu não era mais aquele menino briguento e sonhador. Mostrou que eu tinha amadurecido muito (e amadureci mais ainda com tudo o que aconteceu) e que podiam confiar em mim para qualquer coisa.