1x11: A Teia que Se Forma

Da série Desajustados
Um conto erótico de Lucas
Categoria: Gay
Contém 2438 palavras
Data: 10/06/2025 21:48:14

Léo estava com os olhos cheios de lágrimas, mas também com uma raiva visível que endurecia seus traços. Ricardo estava paralisado, assustado e tremendo, o coração batendo descompassadamente no peito.

— Fala, o que está escrito aqui é verdade?! — Léo gritou, a voz carregada de fúria e mágoa, e jogou o diário aberto em cima da cama, as páginas revelando os segredos de Ricardo.

— O que você leu? — Ricardo perguntou, a voz quase um sussurro, sua mente em pânico, convencido de que Léo havia descoberto sua sexualidade.

— Não acredito, cara, isso não pode estar acontecendo — Léo murmurou, sentando-se pesadamente na cama, os ombros curvados em desespero.

Ricardo respirou fundo, tentando controlar o nervosismo. — Léo, tem que entender que eu não queria isso.

— Cara, eu amo a Marília, ninguém nunca soube disso, mas ela te ama — Léo revelou, a voz embargada pela dor de sua própria paixão secreta.

Ricardo congelou por um instante e, então, uma onda de alívio o percorreu. Então era isso que Léo havia lido! Não sobre ser gay, mas sobre Marília. Ele respirou aliviado, um peso imenso saindo de seus ombros.

— Então foi isso? — Ricardo perguntou, o tom de voz mais leve.

— E tu achou que foi o quê? — Léo retrucou, o olhar confuso.

— Nada, nada. Mas então você gosta da Marília? — Ricardo perguntou, sentindo-se um pouco estranho com a súbita mudança de foco.

— Sim, desde quando nos conhecemos — Léo confessou, a voz baixa.

— Cara, ela me ama, mas eu não a amo — Ricardo disse, com sinceridade.

— Não importa, odeio você! Você a conquistou, eu não — Léo levantou-se da cama, a raiva dominando sua expressão.

— Eu não tenho culpa, Léo. Não queria que ela me amasse tanto a ponto de ficar magoada comigo — Ricardo tentou argumentar, a voz calma.

— Por isso que ela e a Carol estavam sentadas longe da gente na escola — Léo concluiu, ligando os pontos.

— Sim, foi por isso. Cara, se você a ama, lute por ela, conquiste-a. Você estará me ajudando também — Ricardo incentivou, vendo ali uma possível solução para a situação com Marília.

Residência da Família Brandão

Martha e Daniel chegaram em casa. Era uma casa grande e bonita, com uma aura de conforto da classe média. Martha estava com os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar. Ao entrarem, ela se jogou no sofá, exausta.

— Quer comer alguma coisa, amor? — Daniel perguntou, a voz suave, tentando quebrar o silêncio pesado.

— Não, não estou com vontade — Martha respondeu, virando o rosto para a janela.

— Mas Martha, você não almoçou hoje e, além disso, precisa comer. O Rafael não iria querer te ver triste assim — Daniel insistiu, sua voz carregada de preocupação.

— É, mas ele não está aqui, não está me vendo. Ele está no hospital em coma! — A voz de Martha subiu, nervosa, com uma ponta de irritação pelo conselho.

Daniel abaixou a cabeça, derrotado, e seguiu para a cozinha. Sentou-se à mesa, apoiou a cabeça nas mãos e chorou escondido, sem que a esposa o visse. Precisava se mostrar forte na frente dela, mas por dentro estava tão devastado quanto. Martha levantou-se do sofá e dirigiu-se lentamente ao quarto de Rafael. Era um quarto espaçoso, decorado com vários pôsteres de bandas internacionais. A cama estava impecável, e tudo parecia arrumado.

— Meu filho, quem te fez isso? — ela sussurrou, a voz embargada, acariciando a cama vazia.

De repente, um vento forte entrou pela janela aberta, fazendo as cortinas esvoaçarem. De cima do guarda-roupa, uma caixa de madeira escura caiu com um baque surdo no chão. Martha se arrepiou, sentindo um calafrio percorrer sua espinha. Ela pegou a caixa, tentando abri-la sem sucesso. Estava bem trancada com dois cadeados antigos.

— O que será que tem aqui dentro? — Martha murmurou para si mesma, a curiosidade misturando-se ao medo.

Residência da Família Soprano

Após sair da casa de Marília, Carol foi para a sua casa. Seus pais estavam assistindo televisão na sala, o brilho da tela iluminando o ambiente aconchegante. A garota chegou quieta, sentando-se no outro sofá com a cabeça baixa, o semblante pensativo.

— Filha, o que houve? Está triste? — Renato, o pai, perguntou, percebendo a quietude incomum da filha.

— Não, pai, é que... Marília vai morar no Rio de Janeiro — Carol respondeu, a voz embargada.

— Para o Rio? Mas por quê? — Renato questionou, surpreso.

— O tio dela a chamou para ir para lá, ela e a família dela — Carol explicou.

— Por isso está triste, minha filha? — Flávia, a mãe, perguntou, com um tom de carinho.

— Sim, mas depende de vocês — Carol disse, levantando os olhos esperançosos.

— De nós? — Renato e Flávia perguntaram em uníssono, confusos.

— Ela me chamou para ir com ela, mas preciso da permissão de vocês — Carol revelou, o coração batendo forte.

— Você ir para o Rio? — Flávia exclamou, a surpresa evidente.

— Filha, você tem certeza? — Renato questionou, a preocupação em sua voz.

— Sim, mãe, vocês sabem dos meus sentimentos para com Marília. Não conseguiria viver longe dela — Carol confessou, a voz firme e cheia de convicção.

— Você realmente a ama, né? — Flávia perguntou, o olhar compassivo.

— Sim, mãe, eu amo Marília — Carol afirmou, um brilho de determinação em seus olhos.

Residência Família Matarazzo

Léo sentou-se na cama novamente, o olhar distante e desolado. — Eu sou um fraco, cara. Como lutaria pelo amor dela? E além disso, não sou bom para ela, não seria o par ideal para fazê-la feliz — ele murmurou, a voz carregada de autocrítica.

— Por que não? Você é uma ótima pessoa — Ricardo tentou animá-lo, sentindo pena do amigo.

— Vou-me embora — Léo disse, levantando-se.

— Está bem, tchau — Ricardo respondeu, respeitando o espaço do amigo.

Léo parou na porta do quarto e se virou. — Ah, não te odeio, não. Você é meu melhor amigo, cara — ele disse, a voz suavizada pelo afeto.

Léo abraçou Ricardo rapidamente e saiu do quarto, deixando um rastro de tristeza no ar. Ricardo pegou o diário da cama, o objeto que quase revelara seus segredos mais profundos, e o escondeu novamente atrás do guarda-roupa, num lugar que esperava ser mais seguro. Léo saiu da casa e seguiu pela rua, perdido em seus próprios pensamentos.

Hospital

Fernando estava dormindo, um sono leve e reparador, quando um casal entrou no quarto. A mulher era loira, baixa, e o homem, forte e alto, ambos com uma aparência jovem para pais de um garoto como Fernando. Eles estavam acompanhados pela enfermeira, que parecia satisfeita.

— Bem, ele pode ir, mas deve repousar um pouco ainda. Questão de dois dias e ele já pode voltar para o mundo real — a enfermeira explicou, sorrindo.

— Muito obrigada, doutora — disse Leila, a mãe de Fernando, seu rosto iluminado por um alívio genuíno.

— Vocês têm um filho muito forte, e que vale ouro — a enfermeira elogiou.

— É, nós sabemos, vale ouro — Leonardo, o pai, respondeu em um tom de voz que continha uma ironia sutil, não percebida pela enfermeira.

— Bem, as malas dele estão ali, vocês podem levar, basta assinar esse documento — a enfermeira instruiu, entregando uma prancheta.

Leila assentiu, agradecida. Assinaram o papel, e Leila sentou-se na beira da cama, acariciando o rosto de Fernando com ternura, o que o fez despertar.

— Pronto para voltar para casa? — Leila perguntou, a voz suave.

— Estou sim, mãe — Fernando respondeu, um sorriso fraco nos lábios.

— E aí? Está se sentindo bem? — Leonardo perguntou, sua voz mantendo um certo distanciamento.

Sem olhar para o pai, Fernando respondeu: — Estou sim. Não é dessa vez que aqueles idiotas vão me derrotar.

— Se você não fosse como é, seria mais fácil — Leonardo retrucou, o tom de crítica evidente.

— Por favor, aqui não — Leila interveio, a voz baixa, tentando evitar um conflito.

A enfermeira lançou um olhar reprovador para o pai de Fernando e saiu, deixando o clima ainda mais pesado. O garoto levantou-se da cama, pegou a mala e seguiu com os pais. Entraram no carro de Leonardo.

— O Theo está morrendo de saudades de você, meu amor. Ele só não veio te visitar porque parece que está envolvido em um negócio aí, que vai ajudá-lo na sua carreira de cantor — Leila disse, tentando amenizar a tensão.

— Aquela bicha feia cantor? Vai morrer de fome — Leonardo resmungou, com desprezo.

— Ele é meu melhor amigo, Leonardo, não fale assim dele! — Fernando retrucou, a voz carregada de raiva.

— Nando, ele é seu pai, por que o chamar pelo nome? — Leila repreendeu.

— Se ele cumprisse o papel de pai? — Fernando rebateu, a voz ríspida.

— Deixa, Leila, esse garoto é excomungado — Leonardo disse, dando de ombros.

— Você bem que poderia tratá-lo melhor, ele é seu filho, Leonardo — Leila insistiu, a frustração em sua voz.

— Sei, sei. Esperava um filho — Leonardo respondeu, a frase fria como uma lâmina.

O clima seguiu tenso e pesado até a casa da família.

Residência Família Brandão

Martha saiu do quarto de Rafael, uma caixa preta nas mãos, e a levou até o marido na sala.

— Que caixa é essa, Martha? — Daniel perguntou, a curiosidade em seu tom.

— Não sei, encontrei no quarto de Rafa. Veja, está trancada e com dois cadeados — Martha explicou, apresentando o objeto misterioso.

— Por que trancaria? — Daniel questionou, o cenho franzido.

— Deve ter algo importante e confidencial aqui — Martha supôs, a voz cheia de apreensão.

— Então não seria bom abrirmos — Daniel ponderou, hesitante.

— Mas pode nos ajudar a chegar até quem o machucou daquela maneira — Martha argumentou, a esperança acendendo em seus olhos vermelhos.

— Mas não temos as chaves. Devem estar escondidas? — Daniel observou, examinando a caixa.

Martha sentou-se ao lado de Daniel, e juntos, observaram a caixa. De repente, Daniel percebeu uma pequena abertura na lateral, que parecia precisar apenas da remoção de uma fina camada de madeira. Com cuidado, removeram a camada e encontraram um envelope selado.

— Lê o que está escrito aí — Martha pediu, a voz quase um sussurro.

Daniel segurou a carta, a mão tremendo levemente, e começou a ler, as palavras ganhando vida na sala silenciosa:

"Minha mãe e meu pai, se vocês estão lendo isso é porque acharam a caixa que eu mesmo deixei em um local visível. Vocês devem ter notado minhas constantes saídas de casa. Provavelmente estou morto, ou gravemente ferido. Já sabia disso. Queria que vocês soubessem de tudo sobre mim. Deixei toda a minha história dentro dessa caixa. Tem dois cadeados, ambos guardados pelos meus melhores amigos. Os encontrem e saberão de tudo. Não contate a polícia. Rafael."

— Morto? — Martha sussurrou, a palavra um choque em meio às suas lágrimas.

Eles voltaram a chorar, a dor agora misturada a um pavor crescente.

— Quem iria querer nosso filho morto, Daniel? Já estou ficando preocupada — Martha soluçou, a voz fraca.

— Calma, vou ligar para o Hospital e não deixar ninguém visitá-lo a não ser nós — Daniel disse, com determinação, pegando o telefone.

Daniel ligou e comunicou a ordem de restrição.

— E não podemos acionar a polícia... Rafael, em que você se envolveu, meu filho? — Martha lamentou, a pergunta ecoando no silêncio da casa, um mistério sombrio pairando sobre eles.

Rua

Léo continuava andando pela rua, a cabeça baixa, perdido em pensamentos. Dobrou em um beco estreito e escuro. De repente, dois homens se aproximaram em sua direção, os mesmos da festa que o haviam machucado. O garoto percebeu a tempo e tentou voltar, mas os homens correram e o pegaram, cada um o segurando por um braço.

— Léo, o chefe está ficando nervoso, cara. Pague logo — o Cara 1 disse, a voz rouca e ameaçadora.

— Eu vou pagar, cara, por favor, não me machuquem — Léo implorou, o pânico tomando conta de seu rosto.

— Melhor pagar mesmo. O chefe já está quase vencendo os pagamentos, sabe o que acontece se vencer, não sabe? — o Cara 2, que o segurava, falou, fazendo com a mão o gesto de uma arma apontando para a cabeça de Léo, que chorava incontrolavelmente.

— Está chorando, malandro? É bom mesmo, o recado está dado novamente — o Cara 1 zombou.

Os dois chutaram Léo, que caiu no chão, sentindo uma dor aguda na barriga. Eles pararam abruptamente ao perceberem a aproximação de um garoto pelo beco. Os agressores se entreolharam e saíram apressadamente. O garoto, com um boné virado para trás, se aproximou de Léo.

Residência Família Matarazzo

O carro parou na porta da casa, e Zélia e os filhos desceram, entrando no lar. Amanda seguiu direto para o seu quarto, André foi jogar videogame, e Zélia ficou na cozinha, conversando com Ricardo.

— Então, mãe, como foi lá? O que houve? — Ricardo perguntou, curioso sobre o drama na casa de Marli.

— Sâmara foi expulsa de casa — Zélia revelou, a voz carregada de espanto.

— Sério? Mas por quê? — Ricardo perguntou, chocado.

— Ela está namorando um tal de Marcelo Frois — Zélia disse.

— Conheço. Por causa disso? — Ricardo questionou, surpreso.

— Parece que andou roubando dinheiro de Emílio para comprar presentes para ele e coisas para ela — Zélia explicou, a voz cheia de desilusão.

— Nossa, a Sâmara? Não acredito — Ricardo lamentou, a notícia o pegando de surpresa.

— Pois é — Zélia suspirou.

Enquanto isso, Amanda continuava em seu quarto, deitada na cama. Seu celular tocou, e ela atendeu com um suspiro.

— Alô? — Amanda atendeu.

— Amanda, sou eu, Breno. Vim me desculpar — a voz de Breno soou do outro lado da linha.

— Agora, seu canalha? Você iria me abandonar nesse estado — Amanda retrucou, a voz carregada de mágoa.

— É que não estou pronto para isso ainda — Breno tentou justificar, a voz hesitante.

— E eu estou? Como acha que vou chegar para minha mãe e dizer... — Amanda começou, a voz falhando.

— Mas como foi acontecer, nossa — Breno murmurou, surpreso.

— Não sei, aconteceu! Estou grávida de você, não tem como mudar! — Amanda gritou, as palavras explodindo em frustração.

Amanda bateu o celular na cama e desabou em choro.

Rua

O garoto estendeu a mão para Léo, que a aceitou, agradecido. Léo sentia uma dor lancinante na barriga.

— O que houve? — o garoto perguntou, preocupado.

— Me envolvi com uma coisa, e não estou conseguindo pagar — Léo confessou, a voz baixa.

— Pagar em dinheiro? Ou o quê? — o garoto questionou, o tom neutro.

— Dinheiro — Léo respondeu.

— Acho que posso te ajudar. Não sei o que foi, mas me simpatizei com você — o garoto ofereceu, um brilho de interesse em seus olhos.

— Valeu, cara, mas não faz meu tipo — Léo disse, rapidamente, interpretando mal a simpatia.

— O quê? Está achando que sou gay? Sou não, fique tranquilo — o garoto riu, descontraído.

— Melhor assim. Me chamo Léo, e você? — Léo perguntou, sentindo-se mais à vontade.

O garoto, forte, com o boné virado para trás e aqueles olhos azuis chamativos, sorriu.

— Me chamo Pedro... — ele revelou.

— Pedro... sempre gostei desse nome — Léo disse, um sorriso surgindo em seu rosto machucado.

— Acho que vamos ser ótimos amigos, Léo — Pedro afirmou, um sorriso que não alcançava seus olhos.

Continua...

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