Fiquei ali, parado perto da porta, observando de longe a pista de dança. As luzes coloridas cortavam o salão, piscando no ritmo da música alta. As meninas riam, se soltavam, dançavam juntas — Camille estava ali com elas. Mas eu permaneci na minha. Não fui até lá justamente por isso. O clima entre mim e Jonathan ainda estava pesado, e eu não queria dar motivo pra mais confusão. Melhor evitar.
Do outro lado do salão, meus olhos encontraram os de Helena. Ela me encarava com aquele mesmo sorriso sacana de sempre, um canto da boca levantado, como se dissesse “eu sei o que fizemos”. Fez um gesto com a mão, chamando. Atravessar aquele salão parecia loucura, mas meu corpo foi sozinho.
Chegando perto, ela bateu no assento da cadeira ao lado, sem tirar os olhos de mim. Sentei. Ela puxou a cadeira, se aproximando até o cheiro doce do perfume dela invadir meu espaço. Se inclinou até meu ouvido, falando mais alto por causa da música:
— Viajo amanhã à noite pro exterior… mas queria te ver antes — sussurrou com um sorriso que misturava desejo e despedida.
— Não vai dar, Helena — respondi, sério.
— Ai, meu gordinho… larga esse orgulho — disse, mordendo o lábio.
— Não é orgulho. Eu vou viajar de madrugada.
— Pra onde?
— Interior. Chácara da família da minha tia.
— Vai depois. Eu pago a passagem.
— Já tá combinado com eles.
— Então me encontra no estacionamento.
— Tá louca? Com sua família aqui? — falei indignado.
Ela fez uma pausa. Depois, olhou pra trás com desprezo disfarçado de descaso.
— Olha lá… meu marido todo soltinho pra cima da sua prima. E ela… bem do jeitinho que ele gosta. Era assim que ele me olhava no começo.
Olhei na direção que ela indicava. Pierre cochichava no ouvido da Karina, os dois rindo como se estivessem num mundo só deles.
— Então isso é vingança? — perguntei.
— Vingança? — ela riu com escárnio. — Tô cagando pro que ele faz ou com quem anda.
Ela voltou o olhar pra mim, colou o corpo, e sussurrou no meu ouvido com a voz baixa, carregada de malícia:
— Só quero te sentir dentro de mim mais uma vez antes de ir. Vai ser rapidinho.
Aquela frase, daquele jeito, fez meu corpo reagir antes da minha mente decidir qualquer coisa. Ela sabia o poder que tinha.
Mas aí, num instante, vi Camille. De longe. Encostada na parede, me olhava. Não com raiva. Com uma tristeza silenciosa, olhos marejados, como se ela tivesse se quebrado. E eu sabia que quem tinha feito isso com ela era eu. Um peso esmagador, como água presa no meu peito, me afogava naquele momento.
Doeu. Fez algo dentro de mim encolher.
Me afastei devagar de Helena, mantendo o olhar firme.
— Melhor não. Já causei estrago demais por hoje.
— Estrago? — ela repetiu, sem entender.
Apenas balancei a cabeça, me levantei e saí andando, deixando pra trás o cheiro do seu perfume. Cruzei o salão com o olhar de Camille martelando no meu peito.
Encontrei Karina ainda dançando com Pierre. Me aproximei sério.
— Vamos, Karina.
— Ah não, priminho, agora que tá ficando bom?
Pierre, com aquele sotaque francês lambido, se meteu:
— Ah… non, Carlôs… está tão cêdô… Ne vá pâ ainda… Eu… e sua lindá primá… estámôs nos divertândô…
— Temos que ir — respondi, seco, já puxando o braço dela.
— Carlos… — ela disse, surpresa, mas veio.
Passei pela Fran e me despedi. Ela me abraçou, apertado, e sussurrou:
— Boa viagem, gatinho. Não some, hein. Me manda notícia.
O beijo no rosto demorou mais do que o necessário. Karina também se despediu da Fran e, de longe, acenou para Camille. Saímos. Já no carro, ela entrou calada, com os olhos fixos na janela, vendo as luzes da cidade passarem.
Depois de um tempo, ela quebrou o silêncio com a voz tensa:
— Que porra foi essa, Carlos? Me tirou daquele jeito da festa... ficou com ciúmes do Pierre, foi?
— Tirei você de lá porque não quero que você entre nessa loucura que é a família dele. E também porque a Helena queria me levar pro estacionamento pra transar — com a família dela toda ali por perto!
— Quem te falou que eu queria ser salva? — falou ela, em um tom ainda meio sério.
— Olha, Karina, eu não tenho nada a ver com a sua vida, mas você tá vendo o que tá acontecendo comigo por ter me envolvido com essa família... então você acha mesmo que quer esse tipo de confusão pra sua vida?
Ela ficou um pouco pensativa, ainda olhando pela janela. Aos poucos, fui percebendo que aquele olhar nervoso que ela me lançou no começo ia se transformando em algo mais suave, quase compreensivo. Um silêncio pairou entre nós, denso, mas não hostil. Então, com um leve suspiro, ela pôs um sorriso no rosto.
Então ela virou pra mim, com um olhar cheio de travessura, e colocou a mão no meu peito, descendo devagar. A ponta dos dedos escorregou pela minha barriga, até perto do cós da calça.
— Mas assume… só um pouquinho… ficou com ciúmes, né?
— Não… tá maluca — disse, rindo.
Ela estava quase alcançando a minha coxa, mas parou. Recuou a mão lentamente, provocando.
— Certeza? Nem um pouquinho?
— Nem um pouquinho.
— Ah… então tá. Já que não sentiu nada… não precisa de consolo.
— Tá, tá, tá… só um pouquinho.
Ela sorriu, vitoriosa. A mão voltou a descer até minha coxa. Passou os dedos de leve sobre o volume que crescia na minha calça. Me arrepiou inteiro. Com a outra mão, soltou o cinto com um clique rápido.
Se inclinou, e com um olhar que eu já conhecia bem, abriu meu zíper devagar. Colocou a cueca de lado, liberando meu pau já ereto. A língua dela tocou a ponta com delicadeza. Eu me arqueei no banco, os dedos cravando no volante. E o carro reagiu com uma leve oscilação. Ela notou. E não parou.
— Cuidado, priminho… presta atenção no trânsito — murmurou com a boca cheia.
Ela me chupava devagar, firme, lambendo com precisão. A cada descida, o prazer aumentava, e meu controle diminuía. O carro trepidava em algum buraco, e ela engasgava levemente, o que só me deixava mais louco. Continuou assim, alternando chupadas profundas e carícias com a língua, enquanto me masturbava com a mão livre.
Antes que eu explodisse, estacionei num canto escuro da rua. Ela não parou. Continuou com os lábios apertando, sugando, me levando ao limite.
O gozo veio com força. Soltei um gemido grave, agarrando o volante. Ela engoliu tudo sem hesitar. Lambeu os lábios, limpando os cantos com o dedo e a língua, como se estivesse saboreando o último gole de um milkshake.
— Pronto. Agora pode continuar dirigindo.
Respirando pesado, ajeitei a calça, ainda ofegante. Olhei pra ela e sorri.
— Porra, tonta… você sabe como me deixar maluco.
— Mas isso não vai ficar assim, priminho… você me deve um orgasmo — disse com aquele olhar atrevido, a boca ainda úmida de nós.
Voltei a ligar o carro. Ela ajeitou o corpo no banco, puxou o cinto e se encostou como se nada tivesse acontecido.
— Ei, tonto, pode ficar tranquilo, tá? Não vou me envolver com o Pierre… embora aquele francês quase tenha me convencido — falou rindo alto, cheia de deboche.
— Bom, tonta, você faz o que quiser da sua vida. Só não use meu exemplo. A Helena falou que você faz o tipo dele.
— Bom saber. No dia em que eu quiser arrumar uma confusão na minha vida, penso nessa possibilidade. Mas, diferente de você, eu não pretendo fazer a mesma cagada.
Ficamos ali conversando por mais um tempo, ela tirando sarro da minha cara e eu rebatendo do meu jeito. Era aquela zoeira de primo mesmo, um implicando com o outro e a gente gargalhando da própria bobeira, naquela cumplicidade gostosa que só a gente tinha.
Aí, do nada, ela mudou de assunto.
— Meu… aquele Jonathan se acha.
— Nem me fala. Chegou bancando o dono da verdade, sem saber de nada.
— Fiquei com dó da Camile. Você viu o jeito que ela te olhou?
Suspirei. A lembrança do olhar dela ainda queimava nas minhas costas, como se fosse agora.
— Aquilo me desmonta.
— Você ficou mal.
— Eu sei que parti o coração dela. Mas ver aquele cara tratando ela daquele jeito… me tirou do sério.
— Ele foi um babaca. Mas relaxa, eu coloquei ele no lugar.
— Eu vi. Gostei, aliás. Mas, Karina… acho que ele gosta dela. De verdade. Viu o olhar dele quando percebeu que estava machucando?
Ela hesitou. Ficou séria por um instante.
— Talvez. Mas ele jogou sujo quando falou da Rafa. Sabia que ia doer.
— Sabia, sim. Mas acho que foi o ego falando. E, no fundo, é espelho: o que a Camile sente por mim e não é correspondido, ele sente por ela.
— Você tá defendendo esse cara demais.
— Não tô defendendo. Só tô tentando entender. O lado dele.
— Mesmo assim… ela também não é santa, né? Por que não fala logo a verdade?
— Porque a verdade envolve a mãe. Como é que se diz isso em voz alta? Que ficou com o cara que a mãe dela pegava?
O silêncio preencheu o carro.
— É… pesado. Desde o começo, isso tava escrito pra dar errado.
— E esse Jonathan? Você já sabia dele?
— Nunca… me falou de outro cara lá na praia, que ficava rodeando ela pra tirar a virgindade dela. O Jonathan, só conheci na chácara no dia do acontecido, e nem foi ela que falou sobre ele — quem me contou foi a Rafa.
— E você? Onde tava com a cabeça? Sabia o que a Camile sentia, e mesmo assim ficou com a melhor amiga dela?
— Sei lá… não pensei. Só aconteceu.
— Nossa, você já foi mais esperto, hein? Transar ao ar livre? Na caçamba da caminhonete? Com a galera dormindo ali perto?
E a Rafa, então… falsa! Ela sabia muito bem o que estava fazendo, sabia que a Camille gostava de você.
E mesmo assim, foi lá e ficou com você. Se fosse comigo…
Ela nem terminou. Não precisava.
— A gente achou que tava todo mundo dormindo…
Chegamos na casa dela já depois da meia-noite. Karina abriu o portão, guardei o carro, e entramos em silêncio. Ela me entregou a chave do quartinho do fundo e virou-se para o corredor. Eu a puxei pelo braço, com um sorriso enviesado.
— Vai fugir sem receber o pagamento? Eu não fico devendo nada pra ninguém.
— Bem que eu queria… mas você tem que dormir. Vai dirigir amanhã.
— Eu? Não era seu pai?
— Ele tá com problema na vista, lembra? Os óculos dele quebraram. Mamãe não quer que ele pegue a estrada. E você sabe como é o seu tio… quatro da manhã ele já tá de pé.
— Ah, safada… então foi por isso que você me chamou, né?
— Um pouco, sim. E também porque não aguentava mais a tia Vanessa reclamando que você tava frio com ela. Se você não fosse, ia passar as festas inteiras ouvindo ela falar de você, e a Mayara também perguntou se você ia…
— Fala sério, prima… virou minha assessora agora?
— Alguém tem que administrar sua vida. Você só faz merda. — Ela riu baixinho, pra não acordar os pais. — Sua vida tá parecendo novela mexicana… só falta alguém desmaiar no meio da sala.
Ela veio até mim devagar, pegou meu rosto entre as mãos e me deu um selinho leve, quase inocente. Depois, desapareceu pelo corredor.
Fui pro quartinho do fundo, deitei no velho colchão que um dia foi meu e apaguei.
Parecia que eu tinha acabado de fechar os olhos quando ouvi batidas na porta. Meu tio. O celular marcava 4h. Levantei, me arrumei, carregamos o carro e caímos na estrada. Três horas depois, chegamos. Karina e minha tia ainda dormiam no banco de trás. Meu tio as acordou, descemos e fomos cumprimentar a família. Café de chácara, cheiro de fogão à lenha e pão de queijo recém-saído do forno.
Mais tarde, eu e Karina fomos dar uma volta pela estrada de terra. Ríamos, jogávamos pedrinhas, chutávamos poeira como crianças. Aquilo era leveza, por mais que minha cabeça ainda pesasse.
Por volta das onze, o celular tocou. Rafa.
— Ei, Carlos… o que aconteceu? A Camile me ligou, me detonou. Disse que era pra eu esquecer a amizade, que com uma amiga como eu ela não precisava de inimiga. Você contou?
— Porra… sério? Eu não. Mas o babaca do Jonathan. Ele nos pegou trocando olhares. Acho que foi ego. E contou pra ela que nos viu transando na caminhonete.
— Filho da puta! E não contou que também já transou comigo? Vou mandar os prints pra Camile ver quem ele é de verdade.
— Melhor não, Rafa. A gente errou. Já ferimos demais. Se tiver alguma chance de perdão, vai ter que vir com o tempo. Joga merda no ventilador agora não.
Ela silenciou.
— Que amiga filha da puta que eu sou, né? Eu sabia desde o começo o que ela sentia por você…
— Não é só você, Rafa. Eu também sabia. E mesmo assim, deixei rolar. Fui covarde.
Ela começou a chorar. Fiquei com ela no telefone até conseguir acalmá-la. Quando desligou, fiquei ali sentado na beira da estrada de chão, olhando o chão, o mundo apertando no peito.
Karina se aproximou em silêncio. Sentou ao meu lado, colocou a mão nas minhas costas e ficou ali. Só isso. Presente. Cúmplice.
Ficamos assim por uns bons minutos, sem dizer nada. Depois voltamos pra casa.
O almoço estava pronto. Comemos e fomos pro quarto descansar. Dormimos no mesmo quarto, ela na cama e eu no colchão. Mas eu estava tão mal que ela me chamou pra deitar com ela. Me deitei de costas, ela veio por trás e me abraçou. A mão fazendo carinho na minha cabeça, como quem tenta colar os pedaços.
Peguei no sono com aquele gesto simples.
Mais tarde, ainda sonolento, ouvi a porta se abrir. A voz animada da Vanessa:
— Acordem, seus lindos!
Karina fez sinal de silêncio.
— Fala baixo, tia. Ele não tá bem.
— O que aconteceu com meu gatinho?
— Lembra da Camile e da Helena? Pois é. Deu merda. A filha se apaixonou por ele.
— Sério? A gente sabia que isso não ia acabar bem, né?
— E pra piorar… ele ainda ficou com a melhor amiga da Camile.
— Nossa. Que amiga, hein? Se fosse comigo, eu arrancava os cabelos dela.
— Eu também falei isso pra ele.
— Tá bom… deixa ele descansar. À noite eu consolo ele do meu jeito.
Ela saiu. Voltei a cochilar. Só fui acordar com meu tio chamando pra ir ao mercadinho da cidade comprar as coisas pro churrasco.
Arrastei os pés pela varanda de madeira que rangia a cada passo, o som se espalhando ao entardecer silencioso. O ar fresco carregava cheiro de terra molhada e madeira antiga. Foi então que a vi.
Vanessa, encostada no batente da porta, braços cruzados, o corpo relaxado como se o tempo passasse devagar só para ela. Um sorriso calmo, quase preguiçoso, desenhou-se em seus lábios — daqueles que congelam um instante e fazem o mundo desacelerar.
— Carlinhos! Que saudade! — chamou, a voz quente, convidativa.
Ela veio até mim, envolveu-me num abraço firme que durou mais do que o esperado. Senti o calor dela se espalhar pelo meu peito, o cheiro doce do cabelo perto do meu rosto. Ficamos ali, no silêncio confortável de quem não precisava dizer nada.
Esperamos meu tio, depois seguimos para a vila, onde as luzes amarelas lançavam sombras preguiçosas nas ruas estreitas. Parecia que até o ar respirava mais devagar ali.
Por ser uma cidade muito pequena, na frente do mercadinho dei de cara com Maiara e o noivo dela. Ela sorriu contida, daquele jeito que tenta esconder alguma coisa — um sorriso de quem já teve algo, mas que precisa ficar em segredo. O noivo não podia saber, então tudo ficava guardado no olhar.
Ela passou por mim, nos cumprimentamos com um simples “oi”, e o noivo dela apenas respondeu com um aceno de cabeça.
Meu celular vibrou no bolso. Era dela:
“Oi, gostoso! Que bom que você veio. A Ka disse que não sabia se você viria. Vamos marcar um dia pra se ver? Eu entro em contato. Não responde, tá? 😈🍑💦🔥”
Entramos no mercado e pegamos o essencial — principalmente bebida. Na volta para o sítio, o burburinho já tomava conta do lugar. Risadas, conversas atravessadas e aquele vai e vem de vozes animadas preenchiam o ar geladinho da noite, dando o tom da festa que só começava.
Enquanto o grupo organizava tudo, meu tio e eu ficamos preparando o churrasco na varanda, o cheiro da carne já começando a se espalhar.
Depois do jantar, foi só alegria. Truco, gritaria, dominó batendo forte na mesa, Uno rolando com blefe, zoeira e cara feia de mentira. Tinha piada, apelido, gente fingindo brigar, tudo no tom da brincadeira.
A energia era tão boa que até eu, meio quieto no começo, acabei entrando na onda. Joguei um pouco de tudo, ri, me distraí. No fim das contas, me peguei me divertindo de verdade.A noite foi passando. Um a um, foram se retirando para dormir. No final, ficamos apenas nós três: Karina, Vanessa e eu.
A chuva fina tinha esfriado o ar, trazendo um frescor úmido que pegou na pele. Karina voltou com duas mantas, nos enfiamos no sofá gasto, o tecido antigo rangendo sob o peso.
Vanessa encostou em mim, a cabeça descansando no meu ombro, os dedos dela encontrando os meus, entrelaçando-se devagar. O som da chuva e nossos sussurros formavam uma música só nossa.
O celular vibrou. Era Rafa. Abri a mensagem: um áudio com a voz trêmula e uma foto “Jonathan e Camille, sentados no avião, trocando um beijo discreto.”
Rafa arfou, a raiva misturada à dor cortando o áudio:
— Aquele filho da puta conseguiu o que queria. Foi no meu lugar. Era pra ser eu com ela.Ela me bloqueou. Aposto que ele postou só pra me provocar.
Tentei acalmar, as palavras saindo baixas, o tom cuidadoso. Karina e Vanessa ficaram em silêncio, a tensão invisível pairando no ar.
Quando desliguei, voltei para elas. Risadas tímidas cortaram a atmosfera carregada.
Então, senti. A mão de Vanessa deslizou lentamente debaixo da manta, o toque macio da pele despertando um calor urgente. Acariciou minha coxa, subindo até encontrar meu corpo por cima da calça.
Ela me olhou de canto, um brilho safado nos olhos. Pisquei, o jogo começava.
Minha mão buscou o corpo dela, deslizando pelo contorno da perna, o short jeans folgado como convite. Enfiei os dedos por dentro, toquei — ela estava sem calcinha quente, molhada, entregue.
Ela suspirou, arrepio e prazer misturados num só suspiro.
Depois de um tempo, Karina percebeu os movimentos por debaixo da manta. Ela riu e disse, quase brincando:
— Vocês estão de sacanagem, né?
E ela mesma respondeu, com uma risada:
— Literalmente de sacanagem.
Rimos abafados, flagrados.
Karina levantou-se devagar, um sorriso travesso nos lábios.
— Já que estão praticamente se pegando, vou dormir. — A provocação dela veio leve, quase um desafio.
— Ah, sobrinha... ninguém tá te tocando — Vanessa respondeu, com um sorriso malicioso.
Karina fez uma careta safada.
— Tá bom, vou deixar vocês aproveitarem. Ontem quem aproveitou fui eu, né? — riu alto, entrou na casa, apagou a luz e fechou a porta.
Ficamos só nós dois. A varanda mergulhada na luz fria da lua parecia existir num mundo à parte, um universo suspenso sob a manta leve que dançava com a brisa. Ela encostava a cabeça no meu ombro, o corpo ainda colado ao meu, como se não quisesse perder nem um centímetro de contato. A mão dela acariciava meu pau por cima da calça num ritmo quase inocente, mas cheio de intenção.
Minhas mãos tinham encontrado um caminho mais ousado. Sob o short dela, meus dedos descobriram a umidade que nascia devagar, quente, pulsante. Quando senti o quanto sua buceta já estava molhada, deslizei os dedos com mais firmeza, contornando com paciência seu clitóris. Ela gemeu baixo, o som abafado, como se lutasse contra o próprio corpo.
Levei a mão livre até a boca dela, pressionando devagar.
— Geme baixo — sussurrei, colando meus lábios em seu cabelo.
Ela mordeu minha palma de leve, os olhos fechados, as pernas começando a se mover num ritmo próprio, encaixando o sexo contra meus dedos como se buscasse mais. A cada pequeno círculo que eu fazia, ela tremia — e quanto mais ela tremia, mais eu queria provocá-la.
Quando seu corpo começou a endurecer contra o meu, ela apertou meu pau com mais força, como se segurasse o próprio prazer na palma da mão. As unhas se cravaram no meu braço, puxando minha camiseta, e senti sua buceta latejar entre meus dedos. O mel escorria quente, cobrindo minha mão. Ela gozou ofegante no meu ouvido, tremendo inteira, e me olhou logo depois — o rosto relaxado, os olhos acesos, a expressão de quem tinha vencido uma guerra íntima.
Sem dizer nada, ela desabotoou minha calça. Tirou minha cueca com um gesto rápido e libertou meu pau, já duro, latejando. Sorriu ao ver a rigidez, como se já soubesse que ele estaria assim. Envolveu o membro com as mãos e começou uma punheta firme, lenta no início, ritmada, cruel.
Eu tentava controlar a respiração, mas estava cada vez mais difícil. Ela me encarava direto, os olhos famintos, e cada reação minha a fazia apertar um pouco mais. A pele dela brilhava sob a lua, os dedos melados de pré- gozo , e o sorriso dela dizia tudo: ela sabia exatamente como me deixar à beira do colapso.
— Viu? — sussurrou, com uma risadinha maliciosa. — Pensou que era fácil segurar o prazer?
Ela tinha guardado isso. Era a vingança perfeita. E foi implacável: subia e descia, ora lenta, ora rápida, sentindo cada mudança no meu corpo como se fosse sua própria pulsação. Quando percebeu que eu estava prestes a gozar, não aliviou — acelerou ainda mais, os olhos cravados nos meus.
— Goza pra mim, safado — murmurou, rente ao meu ouvido.
O mundo parou. Meu corpo todo se enrijeceu, os músculos das costas se contraíram e não consegui segurar. Gozei forte, o jato quente sujando a mão dela, a manta, minha calça, um pouco da camiseta. Ela continuou ali, sem pressa, fazendo movimentos mais leves, como se quisesse me esvaziar até o fim.
Então ouvimos um ruído seco vindo de dentro da casa. Uma luz acendeu. Passos no corredor.
Nos afastamos num susto, tentando recompor as roupas com pressa, o coração ainda disparado. A porta da varanda se abriu devagar.
Era a minha tia.
A porta se abriu com um rangido seco, e a voz firme cortou o ar da madrugada.
— Gente... já são quatro da manhã. Vocês não vão dormir, não?
Era minha tia. Parada na soleira da porta, braços cruzados, a silhueta marcada contra a luz amarelada do corredor.
Vanessa arregalou os olhos, mas tentou manter a leveza.
— Nossa, maninha... sério. A gente se empolgou aqui, falando do passado, rindo das histórias. Nem vimos a hora passar.
— Verdade, tia... o papo tava tão bom que ninguém reparou no relógio — emendei, com um sorriso nervoso e a garganta seca.
Ela nos encarou por um segundo que pareceu mais longo do que deveria, depois balançou a cabeça, meio contrariada.
— Ficar nessa friagem... vão acabar gripados — disse por fim, já se virando. Entrou e fechou a porta atrás de si. Os passos ecoaram pelo corredor e, um a um, os interruptores foram desligados, devolvendo à casa o silêncio da noite.
Ficamos ali parados, congelados. Os olhos arregalados, o peito subindo e descendo com a respiração ainda presa no susto. O arrepio não era só do frio.
— Porra... foi por pouco — murmurei, a voz ainda tensa. — Será que ela percebeu alguma coisa?
— Tô com o coração disparado até agora... Mas acho que não — disse Vanessa, tentando se acalmar. — Se ela tivesse percebido, teria falado. Conheço minha irmã.
— Se ela pega a gente no flagra, a gente tava fodido.
Vanessa ainda parecia em choque. A pele pálida, os olhos arregalados.
— Ela ia me matar — disse, baixo, quase pra si mesma. — Esses dias eu só brinquei dizendo que você tinha virado um homão... Ela me deu um sermão. Deus me livre se descobre o que a gente faz.
— Mas eu e você nem temos laço de sangue…
— Eu sei, menino. Mas eu praticamente te vi crescer. E minha irmã é das antigas. Dessas que acham normal um homem mais velho com uma garota nova, mas se escandaliza com o contrário. Mesmo sem sangue, ela nos vê como se fôssemos da mesma família.
— E isso é contigo… imagina se ela descobre qualquer coisa entre eu e a Karina, que somos mesmo do mesmo sangue.
— Porra, nem fala isso — Vanessa murmurou, passando a mão pelo rosto. — Ela endoidava de vez.
Ficamos ali, ainda por alguns minutos, num silêncio que não era mais só tensão. A adrenalina foi baixando, mas deixava um rastro: a pele mais sensível, a respiração mais lenta, o olhar que queimava.
Os olhos de Vanessa se encontraram nos meus. Não houve palavras. Só aproximações lentas, respirações cruzadas, mãos que se buscaram aos poucos.
E então o beijo aconteceu.
Primeiro tímido, tateando o que restava de hesitação. Depois, mais quente, mais profundo, como se o susto de antes tivesse apenas acendido ainda mais o desejo. A língua dela buscava a minha com fome contida. E isso começou a deixar o meu pau duro novamente.
"Se você curtiu a leitura, não esquece de deixar suas estrelinhas! Elas me motivam a continuar escrevendo e trazer novos contos cada vez mais quentes pra vocês."