A manhã chegou lenta, com o sol filtrando pela janela do quarto que Carlos dividia com Elias. O calor suave e o som distante das ondas anunciavam que o dia já havia começado há algum tempo.
Carlos despertou com o corpo mole, os músculos ainda lembrando cada movimento da noite passada. Virou-se de lado na cama, percebendo que Elias já estava sentado, mexendo no celular com um olhar que misturava tédio e observação.
— Dormiu bem, sumido? — Elias perguntou, sem levantar os olhos. O tom era leve, mas havia uma ponta afiada ali, sutil.
Carlos esfregou os olhos, pigarreando. — Uhum... saí só pra tomar um ar ontem. Tava cheio aqui...
Elias arqueou a sobrancelha, finalmente olhando para ele. — Tomar ar? Achei que tivesse ido caminhar na orla, mas demorou bastante. Vi quando voltou, parecia que tinha corrido uma maratona... e suado só em certos lugares.
Carlos desviou o olhar, procurando a camisa no chão. — Tu tá sempre reparando demais.
— Alguém tem que prestar atenção quando o maestro sai com cara de poucos amigos e volta aliviado... e tu volta logo depois, todo calado. — Elias sorriu de lado. — Só tô ligando os pontos.
Carlos riu sem graça. — Não tem nada pra ligar, não.
Elias se levantou, aproximando-se lentamente. Parou diante de Carlos, olhando firme, provocador.
— Se quiser só brincar comigo de tarde e ser o brinquedo dele de noite, é bom deixar claro. — Sua voz era baixa, quase um sussurro. — Porque eu também sei ser ciumento, se for o caso.
Carlos sentiu o arrepio subir pela espinha. Elias deu um tapinha no ombro dele e saiu do quarto, deixando no ar uma tensão densa e carregada.
Carlos terminou de se vestir em silêncio e foi em direção à cozinha, onde o cheiro de café e pão na chapa dominava o ar. A casa de praia estava mais movimentada, com vozes animadas misturadas ao som do liquidificador e da TV ligada em volume baixo.
Na mesa, já estavam alguns primos, tias e crianças comendo, rindo, comentando sobre a praia do dia anterior. Elias estava encostado na bancada, tomando suco de caju em um copo de vidro, e lançou um olhar de soslaio para Carlos quando ele entrou.
— Dormiu até tarde, hein? — comentou uma tia, sorrindo. — Aproveitou bem à noite?
—Tava precisando descansar — respondeu Carlos, tentando manter o tom neutro.
O maestro surgiu logo depois, vindo da varanda, ainda com a camisa de botão desabotoada e os cabelos molhados. Estava mais sóbrio que na noite anterior, mas seus olhos procuraram Carlos com a mesma fome silenciosa.
— Bom dia — disse ele, olhando primeiro para Carlos, depois para Elias.
— Dormiu bem? — Elias perguntou, com um sorriso debochado, cruzando os braços.
O maestro estreitou levemente os olhos. — Dormi sim. E você?
— Leve, leve como pena — respondeu Elias, e deu um gole lento no suco, sem desviar o olhar.
Carlos puxou uma cadeira e sentou, pegando um pedaço de bolo como se aquilo fosse escudo. Os três estavam ali, reunidos casualmente em meio à família, mas o ar entre eles parecia suspenso, feito vidro prestes a estourar.
Uma prima passou perguntando quem iria à praia depois do café, mas Carlos nem escutou direito. O maestro se aproximou por trás e colocou a mão no ombro dele, firme, como quem marca território — e, ao mesmo tempo, como quem avisa que ainda está no controle.
— Vai querer ir comigo mais tarde comprar gelo? — ele sussurrou, quase inaudível.
Carlos apenas assentiu levemente, sem encará-lo.
Elias observava a cena de longe, agora em silêncio, mastigando devagar, como se estivesse saboreando mais do que só o pão.
— Bora? — perguntou o maestro, já com a chave do carro girando no dedo.
— Tô pronto — respondeu Carlos, subindo no carro ao lado dele.
O carro andava devagar pela rua de areia. Os dois em silêncio por alguns segundos, até que o maestro quebra o gelo.
— Dormiu com ele, né?
— Dormi no mesmo quarto — respondeu Carlos, olhando pela janela. — A casa tá cheia. Não tinha outro lugar.
— Não perguntei o que a casa tinha. Perguntei se dormiu com ele.
— E se eu disser que sim?
O maestro apertou mais o volante, sem responder de imediato.
— Eu vi a forma como ele te olha. Vi ontem... quando tavam lá no fundo, rindo, cochichando.
— Tava só conversando.
— Conversa demais, pra quem diz que é meu.
Carlos riu de leve, provocando.
— Ué, você quer que eu use coleira agora?
O maestro olhou rápido pra ele, com um sorriso de canto.
— Talvez eu queira. Depois da noite passada, acho que você merecia uma.
Carlos virou o rosto pra ele, com olhar desafiador.
— Você fala muito. Mas é só quando tá com a rola enterrada que mostra quem manda mesmo.
O maestro parou o carro de repente, encostando no mato, o motor ainda ligado.
— Repete isso.
— Que você só mostra que manda quando tá metendo — repetiu Carlos, firme, encarando.
O maestro respirou fundo, inclinando-se ligeiramente.
— Cuidado, Carlos. Você sabe o que isso provoca em mim.
— Sei. E às vezes... é de propósito.
O maestro soltou uma risada baixa e arrancou com o carro novamente.
— Vai me deixar maluco ainda. E hoje à noite... vai se arrepender dessas provocações.
Carlos sorriu, olhando pra frente, já antecipando o que viria.
Voltaram com o porta-malas cheio de gelo e silêncio no carro. A tensão entre eles ainda vibrava, mas agora em forma de expectativa. Ao chegarem, descarregaram os sacos com a ajuda dos primos e cunhados. A cerveja voltou a rolar gelada e o clima leve da manhã foi retomado.
— Bora pra praia, gente! — gritou uma das primas animadas, já de biquíni e canga.
A caminhada foi curta. A praia, isolada e cercada por dunas e mata baixa, parecia só deles. Carlos tirou a camisa, o sol destacando o brilho da pele e os olhares de Elias e do Maestro pousando nele quase ao mesmo tempo.
— Tá bonito hoje, hein? — Elias comentou ao passar por ele, discreto.
Carlos apenas sorriu de canto, sem dizer nada, mas notando o olhar atravessado do Maestro ao longe.
Na areia, o grupo espalhou as toalhas, os coolers e a caixa de som que tocava um pagode tranquilo. Uns jogavam bola, outros ficaram conversando e bebendo. Carlos ficou um tempo boiando no mar, deitado de costas, sentindo o sol queimar o rosto e o corpo refrescado pela água. Quando saiu, Elias ofereceu uma toalha e os dois ficaram um tempo sentados perto da beirada da praia.
O Maestro os observava de longe, cercado por outros homens da família, bebendo em silêncio, os olhos atentos.
— O cara vai explodir uma hora dessas — Elias murmurou, quase em tom de piada.
— Deixa ele — respondeu Carlos, bebendo o resto da cerveja.
No fim da tarde, o grupo voltou andando devagar, ainda com sal no corpo, alguns levando conchas, outros apenas com os pés sujos de areia e o cansaço bom no corpo. Ao chegar na casa, já se podia sentir o cheiro de carne na brasa e o som das vozes altas se misturando com o crepúsculo.
O Maestro se afastou de imediato, indo direto pro banho sem dizer nada a ninguém.
Carlos subiu pro quarto, tirou a camisa molhada, largou a toalha sobre a cama e se agachou em frente à mochila, vasculhando com calma as roupas limpas que havia levado, procurando algo leve pra vestir antes do churrasco começar.
Carlos arrumava suas coisas no quarto, dobrando uma camiseta sobre a cama, quando Elias entrou com um sorriso tranquilo no rosto.
— E aí, beleza? — cumprimentou, jogando a toalha no ombro.
— Tranquilo — respondeu Carlos, tentando manter a naturalidade.
Elias começou a se despir com calma, ficando apenas de sunga, antes de entrar no banheiro. Para surpresa de Carlos, deixou a porta entreaberta. Carlos tentou não olhar, mas a curiosidade era maior. Sentou-se na cama mais próxima, fingindo mexer na mochila, mas seus olhos traíam a intenção.
Do ângulo onde estava, podia ver Elias tirando a sunga e entrando debaixo do chuveiro. A visão foi impactante: o corpo todo molhado, musculoso, e o membro duro, imponente. Uma rola preta de respeito, com a cabeça rosada, destacando-se entre as pernas — era visivelmente maior do que a do maestro. Carlos engoliu seco, sentindo o calor subir.
Elias percebeu que estava sendo observado. Ao invés de recuar, sorriu de canto e começou a se tocar, devagar, provocativo, os olhos fixos na direção de Carlos.
— Me alcança a toalha aí? — pediu, com um tom casual e malicioso.
Carlos se levantou hesitante, levando a toalha até a porta do banheiro. Antes que pudesse estender, Elias o encarou com desejo nos olhos.
— Pode entrar... — disse, abrindo mais o box. — Não precisa ter medo. É grande... mas não morde.
O convite tirou o chão de Carlos por um instante. O coração acelerado, o corpo quente. Ele tirou a roupa, sentindo o olhar de Elias o devorar, e entrou no box.
A água morna caía entre os dois corpos próximos. Elias pegou a mão de Carlos e a levou até seu membro, sussurrando:
— Passa a mão... sente...
Carlos obedeceu, sentindo o peso e a textura daquele pau latejante. Logo, estava de joelhos, entregando-se ao desejo. Chupava com vontade, ouvindo os gemidos abafados de Elias. A cena era intensa, úmida e carregada de tesão.
Elias então o virou de frente pra parede do box, empurrando com jeitinho, até Carlos ficar de quatro. Acariciou, passou a mão devagar, e foi encaixando a cabeça da rola. Tapou a boca de Carlos com firmeza quando ele gemeu alto ao sentir a entrada profunda.
A pegada era firme, intensa, ritmada. Elias socava com gosto, e Carlos sentia cada centímetro daquela jeba dominando seu corpo. Quando o prazer se acumulou demais, Carlos gozou sem sequer tocar no próprio pau, tremendo com a sensação.
Pouco depois, Elias se afastou, tirou o pau molhado e gozou nas costas de Carlos, com um gemido rouco e satisfeito.
Ambos ficaram em silêncio por alguns instantes, recuperando o fôlego sob o som da água.
— Agora sim... banho tomado — brincou Elias, sorrindo.
Carlos riu sem graça, mas também satisfeito. Terminaram o banho, se enxugaram e seguiram para se vestir. O dia ainda prometia.
Depois de se vestirem, Carlos e Elias saíram do quarto como se nada tivesse acontecido. O som de risadas e música já vinha da parte externa da casa, onde o resto da família começava a se reunir para preparar o jantar e aproveitar o fim da tarde. O cheiro de carne na brasa se misturava com o de maresia, e uma brisa quente ainda soprava do mar.
— Prontos? — disse Elias, já sorrindo e se juntando ao grupo como se estivesse completamente despreocupado.
Carlos o seguiu mais quieto, tentando manter o olhar longe de uma certa figura: o maestro. Ele estava perto da churrasqueira, cerveja na mão, óculos escuros no rosto mesmo com o sol quase se pondo. Quando viu Carlos se aproximando ao lado de Elias, a mandíbula dele travou por um instante. Não disse nada, mas os olhos escuros acompanharam os dois com atenção.
— Demoraram, hein? — comentou alguém da família.
— Fomos comprar gelo e acabamos ficando na praia um tempo, tava bom demais — respondeu Elias, jogando charme na resposta.
Carlos riu, tentando disfarçar o nervosismo.
O maestro se afastou da churrasqueira e se aproximou deles, ainda segurando a cerveja.
— E aí, aproveitaram bem o passeio? — perguntou, com um tom calmo demais.
— Foi tranquilo, só pegamos uma praia mesmo — respondeu Elias, natural, enquanto dava um gole no copo de vinho.
O olhar do maestro, no entanto, se fixou em Carlos. Um silêncio rápido pairou entre os três, até que alguém da família gritou chamando para a mesa.
— Bora comer, galera! — disse o tio animado.
A tensão se dissolveu momentaneamente, e todos se dirigiram para a área externa onde seria servido o jantar. Carlos sentou-se à mesa, tentando agir como se tudo estivesse em perfeita ordem, mas sentia o peso do olhar do maestro por trás dos óculos escuros, como se cada gesto seu fosse cuidadosamente vigiado.
Durante o jantar, as conversas seguiram animadas, mas os olhares entre Carlos, Elias e o maestro teciam uma rede silenciosa de intenções e segredos.
A noite caiu preguiçosa sobre a casa de praia. Depois do jantar, parte da família começou a arrumar a bagunça, enquanto outros se dirigiam para a frente da casa, onde o som de um carro tocava um pagode animado. Alguns dançavam descalços na areia batida do quintal, outros apenas bebiam sentados em cadeiras de praia. O clima era leve, mas para Carlos, havia um certo peso no ar.
Ele tentou evitar o olhar do maestro o quanto pôde. Em contrapartida, Elias parecia completamente tranquilo, bebendo com os primos, rindo alto, como se o que havia acontecido mais cedo no banheiro fosse apenas mais uma brincadeira entre amigos. Aquela atitude soltinha deixava Carlos ainda mais nervoso… e excitado.
Mais tarde, quando a maioria já estava relaxada, alguns cochilando, outros apenas ouvindo música em tom mais baixo, o maestro se aproximou de Carlos com passos firmes e uma latinha de cerveja amassada na mão.
— Vamos dar uma volta? — disse, com um tom que não soava como convite, mas como ordem.
Carlos hesitou por um segundo, mas assentiu. Levantou-se e caminhou atrás dele, passando por entre colchões improvisados, copos plásticos espalhados e restos de churrasco.
Eles saíram pelos fundos da casa, onde uma trilha levava até uma área mais afastada com coqueiros. A lua iluminava levemente o caminho de areia fina, e o som do mar vinha ao longe.
— Se divertiu hoje, né? — disse o maestro, ainda de costas.
Carlos não respondeu de imediato. O maestro parou, virou-se devagar e encarou o rapaz.
— Vi como você tava com o Elias. Tava se achando, né?
— A gente só conversou... — tentou justificar, com a voz baixa.
O maestro deu uma risada seca e se aproximou, encurtando a distância entre os dois.
— Sei bem o tipo de conversa que vocês tiveram.
Carlos sentiu o coração bater mais forte.
— Vai me dizer que ele te fez esquecer de mim?
Ele não respondeu, mas seus olhos entregavam o contrário. O maestro aproximou o rosto do dele, o suficiente para Carlos sentir o cheiro da cerveja e o suor leve da pele quente. O silêncio que se seguiu parecia carregar promessas e ameaças ao mesmo tempo.
— Você é meu. Não se esqueça disso.
Carlos engoliu seco. O maestro passou a mão por sua nuca, apertando levemente, e depois desceu até sua cintura.
— Vem comigo — murmurou.
Eles caminharam por mais alguns metros até chegarem a uma casa abandonada que ficava ali por perto, de frente pro mato, escondida por árvores altas. Era um lugar que o maestro conhecia bem.
A porta da casa abandonada rangeu ao ser aberta, revelando o interior empoeirado e silencioso. O sol já se escondia no horizonte, lançando uma luz alaranjada pelas frestas da madeira. O maestro entrou primeiro, olhando ao redor com uma mistura de nostalgia e desejo. Carlos seguiu atrás, sentindo o coração acelerar. A atmosfera ali era carregada de algo proibido, perigoso… e excitante.
O maestro trancou a porta e se virou, o olhar cravado em Carlos, agora mais escuro, mais intenso.
— Você se divertiu com o Elias, não foi? — ele disse, aproximando-se lentamente, cada palavra carregada de tensão. — Eu sabia… desde o momento que vi seu olhar.
Carlos hesitou, tentando encontrar uma resposta, mas o maestro não esperava por ela. Com uma força firme, mas controlada, o empurrou contra a parede fria.
— Não pense que isso me deixou com raiva… — murmurou rente ao ouvido de Carlos, mordiscando de leve o lóbulo. — Me deu ainda mais vontade de te usar. Porque você é meu.
Sem esperar, o maestro abaixou as calças de Carlos, ajoelhando-se para lambê-lo com fome, como se estivesse marcando território. Depois se ergueu, virou Carlos de costas e, ainda com as roupas parcialmente no corpo, o penetrou de uma vez só, fazendo Carlos gemer alto, o som ecoando na casa vazia.
— Ele te deixou bem aberto pra mim… — disse o maestro, ofegante, socando fundo, com uma pegada brutal. — Mas só eu sei como te fazer gozar assim, não é?
Carlos, com os braços apoiados na parede, tentava se manter em pé, os olhos revirando de prazer e os gemidos se misturando ao som das estocadas.
O maestro pressionava o corpo suado de Carlos contra a parede áspera da casa abandonada, com a respiração acelerada e o olhar tomado por um misto de luxúria e dominação. Seus dedos apertavam a cintura do rapaz com firmeza, como se quisessem deixar marcas de posse. A cada investida, o som de pele contra pele ecoava pelo espaço vazio e úmido, misturando-se aos gemidos abafados que escapavam da garganta de Carlos.
— Então foi o Elias… — sussurrou o maestro ao pé do ouvido de Carlos, a voz grave e carregada de tensão. — Por isso seu cuzinho já estava molinho pra mim.
Carlos não respondeu. Estava entregue, dobrado sobre um colchão velho estendido no chão coberto por um lençol improvisado. Seu corpo se curvava com cada estocada, os olhos revirando de prazer e humilhação.
— Sabia que isso me deixaria louco? — continuou o maestro, mordendo o ombro de Carlos, que gemeu alto. — Só de imaginar ele te comendo… me dá mais vontade ainda de te foder até você esquecer o nome dele.
Ele puxou Carlos pelos cabelos, fazendo-o se virar de lado, expondo o rosto ruborizado e a boca entreaberta.
— Fala. — ordenou com o pau pulsando dentro dele. — Você gostou quando ele te meteu?
Carlos hesitou, mordendo os lábios, mas o maestro enfiou mais fundo, rasgando um gemido involuntário do rapaz.
— Fala! — insistiu, agora batendo com força contra as nádegas.
— G-gostei… — confessou Carlos entre gemidos. — Mas… é diferente com você…
O maestro sorriu, ofegante, e aumentou o ritmo, agora selvagem, descontrolado. Suas mãos seguravam com força as coxas de Carlos, abrindo-as mais, expondo, invadindo, dominando.
— Eu sou o único que pode te deixar assim — disse com os olhos fixos no corpo do amante — todo entregue, todo meu. E agora… vou gozar dentro desse cu usado, porque mesmo depois de outro, ele ainda é meu.
Carlos gemia alto, suado, com o corpo rendido, o prazer explodindo em ondas. E quando o maestro finalmente gozou, enterrado até o fim, o grito abafado de satisfação preencheu o vazio da casa.
Silêncio. Apenas o som da respiração dos dois preenchia o espaço.
O maestro se deixou cair ao lado de Carlos, ainda de pau mole escorregando para fora. Puxou o rapaz para perto, colando o corpo ao dele, como se quisesse envolvê-lo por completo.
— Da próxima vez, quero ver vocês dois juntos. Entendeu?
Carlos virou o rosto, surpreso. E viu nos olhos do maestro… mais desejo do que ciúme.
Depois de um banho rápido na casa abandonada — apenas o suficiente para remover o suor, mas não o cheiro do desejo — Carlos e o maestro se vestiram em silêncio, trocando apenas olhares carregados de cumplicidade e exaustão. O céu começava a escurecer quando pegaram o carro e seguiram de volta pela estrada de terra, com a brisa do mar soprando pelas janelas abertas.
Durante o trajeto, o maestro mantinha uma das mãos no volante e a outra repousando firme na coxa de Carlos, como se precisasse reafirmar que ele ainda era seu. Nenhum dos dois dizia muito. O silêncio entre eles era pesado, mas confortável — o tipo de silêncio que só existe entre dois corpos que se conhecem profundamente.
Ao chegarem na casa da praia, as luzes já estavam acesas. O som das vozes da família vinha da varanda, onde todos se reuniam em volta da churrasqueira improvisada. O cheiro de carne assando se misturava ao som de risadas e música popular tocando em uma caixa de som.
— Demoraram, hein? — comentou um dos tios, já meio bêbado, ao vê-los entrando pelo portão. — Foram buscar gelo no fim do mundo?
— Quase isso — respondeu o maestro, rindo e dando um tapinha nas costas de Carlos, como se fossem apenas dois amigos voltando de um passeio qualquer.
Elias estava sentado no degrau da varanda, bebendo cerveja, sem camisa. Seus olhos cruzaram com os de Carlos por um breve momento — e naquele instante, tudo foi dito sem uma palavra. Um leve sorriso se formou nos lábios do rapaz mais novo, e Carlos sentiu seu rosto esquentar.
Depois do jantar, a noite se desenrolou de forma tranquila. Todos pareciam cansados do dia, e aos poucos os grupos se dispersaram. Alguns foram dormir, outros ficaram jogando cartas ou ouvindo música em voz baixa. Elias e o maestro trocaram poucas palavras, como se tudo entre eles estivesse suspenso por um fio de tensão silenciosa.
Já no quarto, Carlos se jogou na cama, exausto. Elias entrou logo depois e apagou a luz. O quarto ficou em penumbra, só a luz da lua atravessando a cortina. Ambos ficaram deitados, calados, ouvindo o som distante das ondas quebrando na areia.
— Foi um fim de semana agitado, né? — comentou Elias em tom neutro, virando-se de lado, de costas para Carlos.
Carlos não respondeu. Só sorriu no escuro, com o corpo ainda dolorido e a mente cheia de lembranças.
No dia seguinte, todos acordaram cedo para arrumar as coisas e voltar para a cidade. Era o fim do fim de semana na praia. Mas para Carlos… a história mal tinha começado.