A luz da manhã entrou pela fresta da cortina com suavidade, como se soubesse que interromper o silêncio seria pecado.
Lucas acordou ainda no chão, coberto apenas por um lençol leve, seu corpo dolorido, mas quente. A sensação não era desconforto — era marca. Era lembrança.
Antonio já estava acordado, deitado, olhando para ele em silêncio.
Por longos minutos, os dois se encararam sem dizer uma palavra. O que havia começado como um jogo entre primos, uma aposta adolescente e provocativa, agora estava longe de qualquer brincadeira.
Havia algo novo ali. Um elo feito não só de carne, mas de entrega. Lucas não se envergonhava mais de se ajoelhar, de servir, de beijar. Ele queria. Ele precisava.
Antonio quebrou o silêncio primeiro:
— Ainda acha que é só uma aposta?
Lucas abaixou os olhos.
— Não, Senhor. Isso é mais do que isso. É... o que eu sou agora.
Antonio se levantou, caminhou nu até o banheiro. Deixou a porta entreaberta. Era um gesto que dizia tudo: Você pode entrar. Você me serve em tudo agora.
Lucas entendeu.
O dia seguiu lento, mas carregado de uma nova rotina. Lucas passou a limpar a casa, cozinhar, organizar tudo — sem que Antonio precisasse pedir. Tinha se tornado mais do que um submisso sexual. Era uma extensão da vontade do primo.
Enquanto Antonio comia, Lucas se mantinha ajoelhado ao lado da cadeira, pronto para pegar mais água, recolher o prato, atender qualquer necessidade. Era como uma sombra silenciosa. Não com tristeza — mas com um tipo de devoção calma, sólida.
Antonio, por sua vez, testava. Tocava Lucas ao passar, dava ordens simples com o olhar, sentava-se com naturalidade e estendia o pé esperando que Lucas soubesse o que fazer.
E Lucas sabia.
À tarde, enquanto Antonio descansava no sofá, Lucas lavava o chão da cozinha, descalço, suado, concentrado. O pano de chão deslizando, os músculos do braço tensionados, a camiseta colada ao corpo. Quando Antonio entrou no cômodo e o viu ali, ajoelhado, focado, entregando-se a algo tão simples — sorriu.
Era como olhar para uma peça rara que, por fim, estava no lugar certo.
— Tá limpando bem, hein?
Lucas ergueu os olhos, ofegante.
— Só quero deixar tudo perfeito pro Senhor.
— E você acha que consegue?
— Eu preciso conseguir.
Antonio se aproximou, passou os dedos pelos cabelos úmidos de Lucas, depois desceu pelo rosto até o queixo. Levantou-o com leveza.
— Então continue. Não para. Nem por um segundo.
Naquela noite, Lucas já não perguntou onde dormiria. Sabia que sua função era clara: servir, de todas as formas.
E Antonio, deitado como um rei em seu trono, aceitava tudo com o conforto de quem sabe que, agora, possui um servo completo.
Ali não havia mais dúvida, nem hesitação.
Só verdade.
E a verdade era: Lucas não era mais apenas dele. Lucas era, agora, um brinquedo nas mãos (e aos pés) de Antonio.