Capítulo X – Marcos: Histórias, Histórias
Marcos corrigia redações com uma xícara de café requentado, o cheiro forte misturando-se ao mofo leve da sala dos professores. Dava aula de História no ensino médio e, entre guerras mundiais e tratados esquecidos, tentava ensinar seus alunos a duvidarem das versões oficiais.
Era um homem cansado, mas sereno. O casamento, agora um acordo silencioso, sobrevivia em função da criação dos dois filhos. Não havia sexo, mas havia respeito — uma irmandade forjada por boletos, greves e consultas pediátricas.
Sofia era outra história. Linda, selvagem, quase irritante na intensidade. Tiveram uma transa esquecível, mas suficiente para acender nela uma obsessão. Ele gostava disso — gostava de saber que era desejado sem que isso lhe custasse nada. Lizzie, ele não compreendia. Era como observar um teatro sem legenda. Uma criatura peculiar, que desfilava pelas manhãs com roupas de renda, meias 7/8 e uma servidão afetada. Ele não zombava, nem desejava. Só achava… exótico.
Clara o incomodava. Aquela forma doce de sorrir sem dizer nada, a maneira como se colocava sempre um degrau abaixo, e ainda assim com um ar de julgamento silencioso. Era simples demais. Vulgar demais. “Barriga de aluguel emocional”, pensava.
Sofia, no fundo, era útil. Fazia tudo que ele não tinha paciência de fazer: ouvir, lamber feridas alheias, limpar os cantos escuros da alma das outras duas. E o melhor: nunca cobrava nada. Nem amor, nem presença.
E isso era perfeito para ele.
Capítulo XI – Sofia: A Mãe, A Diarista, A Bússola Partida
Sofia sempre amou o cheiro de Marcos. Não importava se ele usava o mesmo perfume há dez anos; era o cheiro da autoridade que nunca a rejeitava, mas também nunca a chamava de "minha".
Toda vez que ele a tocava, mesmo que com desdém, seu corpo se retesava num desejo que beirava a humilhação. Queria ser vista. Queria ser esposa. Queria o anel, o nome. Mas no fundo sabia que bastava um olhar dele e expulsaria Lizzie com um peteleco emocional.
Porque Lizzie… ah, Lizzie. Aquela criatura mole e perfumada. Entre o carinho e o ciúme, Sofia oscilava. Sabia que a Sissy a amava como uma cadelinha de fita no pescoço, mas às vezes fantasiava punições silenciosas: deixá-la de castigo, trancada com plug anal e calcinha suja, só para ouvir seus gemidos suplicantes. E ria. Porque Lizzie era útil, uma espécie de brinquedo emocional e sexual, mas também uma ameaça, mesmo que doce.
Clara, por outro lado, era uma serva necessária. Sofia a via como uma Aia: discreta, trabalhadora, ideal para carregar seus sonhos no ventre simbólico. Fantasiava às vezes com sua boca, sua pele de fruta madura, mas nunca passava disso — exceto quando a ordem invertia: e era Clara quem sussurrava “mamãe” para ela.
Ela não queria perder seu trabalho. Seu orgulho vinha das casas que limpava, do cheiro de lavanda nos lençóis alheios, das gorjetas dadas com gratidão. Era zelosa, honesta. Era, acima de tudo, autônoma. Mesmo amando demais.
Capítulo XII – Clara: A Mãe de Aluguel, a Donzela Domada
Quando conheceu Sofia, Clara ainda achava que poderia ter uma vida normal: faculdade de turismo, pequenas rotas ecológicas, guias locais. Mas aquela mulher morena de olhos febris entrou em sua casa carregando produtos de limpeza e saiu levando sua paz.
Ficaram próximas. Depois, cúmplices. E sem perceber, Clara se ajoelhou — não fisicamente, mas emocionalmente. Quando virou Dogwoman, achava que era brincadeira. Um capricho. Mas os comandos de Sofia despertavam algo: instinto, medo, prazer.
Ainda assim, detestava Lizzie. Seu cheiro adocicado demais, a voz chorosa, o jeito afeminado forçado. Sentia nojo de sua pele — tão lisa que parecia plástico. Quando a tocava, era como tocar uma boneca molhada. Mas havia algo… um medo talvez, de gostar. No ritual de fecundação simbólica, fingiu que o sêmen era de Marcos. Gozou pensando nele, em ter seu filho, em roubar o lugar de Sofia.
Mesmo assim, à noite, lambia as feridas de Lizzie. Às vezes, a castigava com desprezo silencioso. Noutras, a vestia com sua calcinha usada e mandava que servisse chá. Clara gostava do poder, mas jamais o admitiria.
Capítulo XIII – Lizzie: A Flor que Sangra
Lizzie se lembrava bem do primeiro dia em que passou batom escondida. Tinha dez anos. Era o batom da irmã. Daí em diante, a vida virou um campo de batalha silencioso.
A primeira namorada foi Sofia. O primeiro beijo, o primeiro “sim, você é linda assim”. Mas o amor não sobreviveu à chegada de Marcos, à culpa, aos silêncios. Mesmo assim, ela ficou. Como um cachorrinho fiel.
Tomou os primeiros comprimidos de ciproterona antes dos 17. Sentia o corpo mudar. O pau ficar mole. As emoções aumentarem. E gostava. Doía, mas era doce. Hoje, seu salão era um sucesso. Mulheres do bairro confiavam nela. Era doce, delicada, fazia milagres com escovas e desabafos.
Mas à noite, sentia a ausência de um lar legítimo. Era feminilizada, era submissa, era Sissy. Mas era amada? Sofia dizia que sim. Clara nunca dizia nada. Só a olhava com aquele misto de pena e nojo que feria mais que tapas.
E ainda assim, queria Clara. Desde o ritual, fantasiava refazer tudo. Queria de novo aquela calcinha molhada. Queria se ajoelhar diante dela. Queria brincar de filhinha. Mas... Sofia a odiaria? Clara a aceitaria?
Na dúvida, dormia de calcinha rendada, com plug de coração, e sonhava com castigos doces. E cartas. As de Clara, guardava todas. Mesmo as que não eram para ela.
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Interlúdio: O Berço da Semente
Parte I — Clara: o comando que escapa do afeto
O final da tarde tingia o quarto com uma luz âmbar, filtrada pelas cortinas bege que Clara insistia em manter sempre limpas. No chão, uma linha imaginária separava a ordem do caos: de um lado, o piso encerado, o tapete rústico, as orquídeas; do outro, o espaço onde Lizzie estava prestes a ajoelhar.
Clara vestia uma saia de linho cinza-chumbo, sem calcinha. Por cima, uma blusa de botão branca, frouxa, com o primeiro botão desabotoado. No pescoço, um colar de couro com um pequeno pingente em forma de concha, presente de Sofia. Sentia-se estranhamente poderosa naquela tarde. Como se a casa inteira girasse ao redor de sua vontade.
Na mão, segurava a calcinha da cerimônia — uma peça rendada, bordô escurecida, manchada de sangue seco em tons vinho, guardada desde o dia do ritual. A peça cheirava a passado, suor e promessa.
— Tire a roupa — disse, com a voz sem ênfase, como quem pede para fechar a porta.
Lizzie obedeceu. Primeiro, retirou a blusa lilás, de tecido sintético, que colava à pele com o suor acumulado do dia. Depois, desabotoou lentamente a saia de vinil preta, deixando à mostra suas pernas depiladas, brilhosas de óleo. O toque final era a cinta de castidade — cor-de-rosa bebê, com um pequeno cadeado dourado na frente.
Clara sorriu com desdém contido. Havia algo de ridículo naquela cena, mas também de irresistível.
— Vista isso — ordenou, jogando a calcinha em direção à sissy, que a segurou como se fosse um relicário.
Parte II — Lizzie: o altar de carne
Lizzie tremia. O quarto parecia mais quente do que realmente era. Havia algo no tom de voz de Clara que a desarmava completamente — não era ternura, era comando frio, quase ausente. Ainda assim, aquilo a excitava até a tontura.
Ao passar a calcinha pelas pernas finas, sentiu um arrepio. O tecido ainda úmido entre os dedos. O cheiro de Clara misturado ao ferrugem do sangue. Quando a peça encaixou sobre a cinta, um calor irradiou da virilha para o peito.
— Agora ajoelhe — disse Clara.
Lizzie ajoelhou sobre o tapete. A textura áspera raspava sua pele delicada, mas ela gostava. Fechou os olhos por um instante. Queria ser lembrança. Queria ser vestígio.
Clara caminhou ao redor dela como uma pastora avaliando seu cordeiro.
— Toque o chão com a língua — murmurou.
A sissy hesitou, depois obedeceu. O gosto da cera e do pó subiu pela boca. Era amargo, com um fundo doce de madeira velha. Lizzie sentiu-se pequena, suja e adorada. O joelho começou a doer. E isso a fazia se sentir real.
— Boa menina — Clara sussurrou, agora com um fio de prazer. — Mas ainda fede a morango azedo.
Lizzie engoliu seco. Sabia o que aquilo queria dizer. Era um insulto. Mas também um convite. Quando Clara a amarrou com meia-calça e fitas de cetim rosa nos punhos, o coração bateu acelerado. O corpo tremia, mas não por medo. Por antecipação.
Deitada de bruços, com os pulsos presos, sentia-se como uma boneca de porcelana prestes a ser quebrada.
— Hoje, você é minha decoração. Fique aí. Não se mexa. Não respire alto — Clara ordenou, deitando ao lado, de costas.
Mas, naquele instante, a maçaneta girou. A porta se abriu.
Parte III — Sofia: a indiferença que fere como navalha
Sofia entrou sem pressa, com uma sacola de supermercado em uma mão e os cabelos presos em um coque improvisado. Vestia um vestido longo preto, usado e justo, que moldava o corpo pequeno, mas firme. Notou a cena. Parou.
Silêncio.
Clara se levantou num sobressalto, mas não disse nada. Lizzie tentou se esconder, encolhendo-se como um gato ferido.
Sofia pousou a sacola na cômoda. Tirou calmamente um pacotinho de algodão, uma garrafa de vinho e uma caixa de bombons.
— Vocês duas terminaram de... brincar? — perguntou, com um sorriso delicado e um olhar vazio.
Lizzie tentou falar. Gaguejou. Choramingou. Estava presa ainda, os punhos atados, a calcinha colada à cinta.
— Senhora... eu... eu não queria... — sussurrou, com lágrimas quentes descendo pelo nariz.
Sofia se aproximou, tocou seu rosto com dedos gélidos. Olhou com ternura fingida.
— Shh... Você é só uma coisinha perdida. Sempre foi.
Virou-se para Clara. O sorriso sumiu.
— E você? Achou que não saberia? Ela fede a você desde o ritual. Você realmente achou que estava no comando?
Clara baixou os olhos. Quis se defender. Mas não havia argumento. Sentia vergonha. Do ato. Do desejo. Da fraqueza.
Sofia respirou fundo. Puxou uma das fitas que amarravam Lizzie e desfez o nó com violência controlada. Depois, virou-se para Clara:
— Você ainda é minha. Mas vou te deixar sozinha hoje. Pra pensar no que realmente quer ser: mulher, cadela ou só a sombra do que nunca teve coragem de ser.
Clara engoliu seco. Lizzie chorava em silêncio.
Sofia, então, pegou a calcinha do chão. Dobrou-a com delicadeza. E, antes de sair, jogou-a no cesto de roupas sujas.
— O berço da semente agora está contaminado. Boa noite.
A porta se fechou.
E no silêncio que restou, nem Clara, nem Lizzie sabiam se queriam correr ou se ajoelhar.
Capítulo XIV – Entre Alvejantes e Algemas
(Sofia e Lizzie – punição sensual, ciúme e redenção)
Sofia estava na lavanderia da casa. O chão estava encharcado de água com essência de lavanda. Usava luvas amarelas, camiseta do colégio técnico onde fez o curso de Limpeza Profissional e uma calça legging surrada. Estava de costas quando Lizzie entrou, vestida com um robe branco curto demais, as pernas nuas e a cabeça baixa como quem já sabia que viria dor.
— Senhora... posso te ajudar? — perguntou.
Sofia virou-se. Seus olhos escuros queimavam de silêncio. Sem dizer nada, apontou para o balde.
— Pegue a escova de roupa. De joelhos.
Lizzie ajoelhou. A escova era dura, cerdas de náilon. Sofia aproximou-se, ajoelhou também, e, com um gesto súbito, enfiou a escova entre as pernas da sissy, roçando por cima da cinta de castidade.
— Isso aqui... — sussurrou, com um riso cruel — ...não é seu direito. É meu.
Lizzie mordeu o lábio, os olhos marejados. Sofia então pegou uma tira de fita de cetim do cesto de costura e amarrou os punhos da sissy atrás das costas.
— Você se ofereceu. Não te pedi nada. Mas agora... agora eu te quero quebrada, como uma colher de pau depois da feijoada.
Fez Lizzie lamber a sola de seus tênis velhos. Depois, tirou as luvas, puxou os cabelos dela, e disse:
— Quer perdão? Chame minha buceta de lar.
E Lizzie, submissa, sussurrou:
— Lar.
O castigo terminou com Sofia sentada na máquina de lavar, usando Lizzie como apoio para os pés. A sissy permaneceu ajoelhada, imóvel, o rosto entre os tornozelos de Sofia.
Naquela noite, dormiram juntas. Mas sem beijos. Sem promessas. Apenas com o peso da posse restituída.
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Capítulo XV – Clara e o Historiador
(Marcos e Clara – tensão de classe, poder e desejo não correspondido)
Clara aguardava Marcos na biblioteca comunitária. Ele havia prometido revisar o artigo dela sobre turismo histórico nas rotas jesuíticas do litoral. Vestia uma calça jeans justa e blusa verde-musgo com decote sutil. No colo, o notebook aberto; na mente, a esperança de impressionar.
Marcos chegou atrasado. Camisa social amarrotada, blazer de linho cru, e o mesmo perfume de sempre: vetiver e desdém.
— Clara... você ainda escreve como quem sonha com um diploma, não com uma tese — comentou, sem olhar para ela, concentrado nas anotações.
Ela sorriu amarelo. Queria rebater, mas se sentia pequena. Queria que ele a visse como mulher, mas também como intelectual. Queria... talvez, ser notada. De verdade.
— Você não gosta de mim, né, professor?
Ele largou a caneta, olhou nos olhos dela. A voz veio seca:
— Você quer ser minha Sofia. Mas só sabe ser... Lizzie.
A frase bateu como tapa gelado.
— Mas ao menos... você me comeria? — arriscou.
Ele se levantou. Pousou a mão no ombro dela, como um padre benevolente.
— Clara, você é útil. É limpa. É dedicada. Mas... não me excita. Sinto muito.
Ela desabou por dentro. Mas assentiu.
Na saída, passou no banheiro, lavou o rosto e murmurou para si:
— Eu sou útil. E isso também é uma forma de poder.
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Capítulo XVI – No Salão das Bonecas
(Espaço de Lizzie – salão de beleza, identidade e fetichismo cotidiano)
Lizzie chegava cedo ao salão. A chave sempre rodava duas vezes antes de abrir. O piso de porcelanato branco brilhava. No canto, um pequeno altar com flores de plástico, uma vela lilás e uma estátua da deusa Iemanjá. Era sua forma de agradecer por cada cliente.
Vestia um vestido rodado, meia 7/8 e anágua. Sob o vestido, cinta rosa e plug anal com pedraria lilás. O sutiã de renda não sustentava nada — era apenas enfeite. E símbolo.
Naquele dia, atendia Rita, uma cliente fiel e tagarela.
— Lizzie, você é um milagre. Nem minha filha me entende como você.
— É porque eu sou todas elas. E nenhuma — respondeu, rindo.
Rita não sabia que, sob a bancada, Lizzie guardava fotos antigas: sua primeira calcinha, o primeiro comprimido de ciproterona, e um caderno com fantasias escritas à mão. Era seu templo. Seu confessionário.
Entre escovas e esmaltes, fantasias surgiam: Sofia a obrigando a atender clientes com anéis de castidade visíveis. Clara, sentada na cadeira de manicure, ordenando que lavasse os pés dela com shampoo. Marcos… esse não aparecia. Era apenas uma sombra no fundo do salão.
No fim do dia, Lizzie tirava o avental e, de vez em quando, masturbava-se sem orgasmo, apenas pelo ritual da espera. Porque Sissy que é sissy não goza sem ordem.
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Capítulo XVII – No Tapete da Sala
(Intersecção dos espaços – vida cotidiana invadida por fetichismo sutil)
Naquela noite, todas estavam em casa. Sofia cozinhava — arroz, lentilha e bifes finos. Clara corrigia relatórios de visitas turísticas. Lizzie passava roupas. Tudo parecia normal, exceto pelos pequenos rituais:
Clara usava, por baixo da calça, um plug vibratório controlado por Sofia.
Lizzie vestia babydoll infantilizado com babados e um babador bordado: “Boa Menina”.
Sofia tinha um cronômetro. A cada 15 minutos, mandava uma das duas parar e dizer “eu pertenço”.
Na sala, havia regras silenciosas: quem tocava o controle da TV precisava pedir permissão. Quem sentava no sofá, ficava com os pés recolhidos. E só Sofia podia se deitar.
A noite terminou com as três deitadas no tapete. Clara ao centro. Lizzie com a cabeça em seu colo. Sofia acariciando os cabelos das duas.
— Somos três. Uma mãe. Uma cadela. E uma boneca.
Clara murmurou:
— E nenhuma é só isso.
Sofia beijou a testa de ambas e completou:
— Mas hoje, vão dormir acreditando que são. E amanhã, talvez sejam outra coisa.
E dormiram assim. Entre migalhas de lentilha, controles vibratórios, e promessas que ninguém precisava cumprir.
Capítulo XVIII – A Audácia de Lizzie
Lizzie decidiu, numa madrugada de desespero silencioso, quebrar as regras de Sofia. Tremendo de medo e excitação, enviou uma mensagem sugestiva para Marcos, oferecendo-se como nunca ousara antes. Usou palavras provocantes, delicadas, mas perigosamente claras. Sabia que Marcos mostraria à Sofia; contava com isso, mesmo que isso pudesse custar-lhe tudo.
Ao amanhecer, Sofia confrontou-a friamente, sem raiva aparente, apenas uma decepção penetrante. Lizzie, ajoelhada, confessou seu desespero de ser notada, de ser punida, de ser enfim amada com dor. Sofia, em silêncio, deixou-a ali, sozinha com suas lágrimas, sem conforto, sem promessas, numa punição emocional que feria mais fundo do que qualquer tapa.
Capítulo XIX – A Vulnerabilidade de Marcos
Marcos lia e relia a mensagem de Lizzie, intrigado e confuso. Aquela oferta inesperada o perturbou profundamente, não só pelo desejo repentino, mas pela percepção de sua própria fragilidade. Sonhou com uma vida ao lado de Sofia, Lizzie e Clara, mas o sonho rapidamente revelou-se uma prisão: rotina, boletos, compromissos, filhos e sua identidade dissolvendo-se lentamente, expondo um homem envelhecido, cheio de inseguranças e medos.
Sentiu vergonha de si mesmo, um alfa decadente desejando conforto e submissão de quem julgava fraco. A imagem de Lizzie, submissa mas audaz, encantava-o contra a própria vontade, desafiando tudo que acreditava saber sobre si mesmo.
Capítulo XX – A Ascensão de Clara
Uma noite, durante um jantar silencioso, Clara inesperadamente tomou controle. Sutilmente provocativa, ela ordenou a Sofia que sentasse no chão, enquanto Lizzie servia a comida vestindo apenas um avental transparente e uma gargantilha com uma coleira delicada. Marcos, perplexo e desconfortável, permaneceu quieto, enquanto Clara circulava lentamente a mesa, ditando regras novas com um sorriso sereno e irresistível.
A inversão foi perturbadora e sedutora, uma nova dinâmica se revelava, onde Clara, antes sempre inferiorizada, tornava-se o centro gravitacional do poder. As humilhações eram suaves, mas precisas, sedutoras na sua crueldade doce. Naquela noite, todos dormiram inquietos, conscientes de que algo essencial havia mudado.
Clara sorriu antes de adormecer, satisfeita com sua nova e inesperada dominação, pronta para explorar esse território desconhecido com sensualidade e precisão.