O vídeo de péssima qualidade e pouco mais de um minuto chegou ao celular do meu pai como revanche por eu ter me negado a saciar a tara de um colega PM dele. Numa montagem rudimentar, eu aparecia mamando a caceta grossa e enorme do sujeito fazendo uma careta de quem estava se deliciando com aquela coisa da qual jamais havia me aproximado, e nem desconfiava ser tão gigantesca. Na montagem fake meu rosto com o pauzão na boca estava tão distorcido que mal se podia dizer que era eu, embora o restante do corpo estivesse coberto com peças de roupa que inegavelmente eram minhas.
A postagem foi feita por um sargento PM, Deolindo, lotado no mesmo batalhão onde meu pai, tenente PM, trabalhava. Nunca fui com a cara do Deolindo, homem falso, ardiloso, que se fazia de amigo do meu pai para obter vantagens nas escalas do batalhão. Puxa-saco notório, ele vivia em nossa casa, ora surgindo com um fardo de latas de cerveja, ora propondo um churrasco na churrasqueira do nosso quintal que ele fazia questão de comandar, ora trazendo pequenos presentes para minha mãe e para mim fora de qualquer data comemorativa.
A maneira como ele olhava para mim me incomodava, eu me sentia nu e vulnerável diante da expressão de seu rosto. Assim como sentia arrepios quando ele me tocava longe das vistas de qualquer familiar. Foi durante um desses churrascos ao qual mais colegas do batalhão haviam corrido e que já se estendia ao finalzinho de uma tarde de domingo, que o Deolindo veio ter comigo em meu quarto, onde eu terminava uma tarefa escolar a ser entregue no dia seguinte. Ele se aproximou da cadeira na qual eu estava sentado, fechou as duas mãos pesadas nos meus ombros e os amassou, ao mesmo tempo em que elogiava meu corpo que definiu como taludo e gostoso. Fiquei sem ação, esbocei um sorriso amarelo e respeitoso em sinal de agradecimento pelo elogio. Aos poucos, ele se inclinou, roçou minha orelha com a boca e sussurrou a proposta indecente no meu ouvido – Essa carinha angelical e esses lábios carnudos são tudo que preciso na minha rola para ser o homem mais feliz desse mundo – verbalizou, sem meias palavras. Eu fiz menção de me levantar, mas ele me forçou a sentar novamente e a ouvir outro disparate – Você não tem jeito de ser muito macho, e aposto que vai gostar de mamar meu caralho e tomar o leitinho que vou jorrar na sua boca – eu estremeci da cabeça aos pés, gaguejei uma resposta negativa e ameacei contar tudo ao meu pai.
- Se você abrir a sua boca e disser uma única palavra do que aconteceu aqui, eu juro moleque, vou te foder até seu cu sangrar e vou contar uns segredinhos do seu pai que vão acabar com a carreira dele. Você escolhe, fala o que aconteceu aqui, ou se cala e dá uma boa mamada na minha pica. – ameaçou. Jurei me calar, mas me recusei, com as lágrimas descendo pela face, a chupar a jeba cabeçuda que ele havia tirado pela braguilha. Uma semana depois, meu pai recebia o vídeo do que jamais aconteceu.
De nada adiantaram minhas negativas de que aquilo nunca tinha acontecido, as súplicas de joelhos implorando para que meu pai me ouvisse, os clamores pelo perdão de algo que nunca fiz. Assim, aos quinze anos, meu pai me expulsou de casa apenas com as roupas do corpo depois de quase me aleijar durante uma surra na qual me mijei todo. Acabaram sobrando bofetões e socos até para a minha mãe que correu para me acudir quando percebeu que ele estava a ponto de me matar, assim como para um primo que nos visitava no dia e também tentou me livrar da fúria dele.
Meu pai sempre foi muito violento, segundo ele, tinha apanhado muito do meu avô que era um bronco do interior sem instrução que fora criado numa família numerosa com o cabo da enxada na mão desde pequeno. Acabou replicando o mesmo comportamento tanto em casa quanto no trabalho, onde se achava respaldado pela farda e pela estrela em seus ombros. Quando o Deolindo mencionou sobre os segredinhos do meu pai, eu sabia exatamente ao que ele se referia. Quando prendia algum meliante, meu pai tinha por regra descer o cacete no sujeito até lhe quebrar alguns ossos, ou mesmo o sujeito jamais chegar a uma delegacia depois de ser jogado dentro da viatura. Meu pai e uns colegas, entre eles o Deolindo, não cansavam de repetir que lugar de bandido não era na cadeia, mas no cemitério. Houve até um episódio que afastou meu pai das ruas por umas semanas no trabalho, depois que testemunhas viram dois assaltantes que haviam roubado um supermercado na periferia, serem espancados até não mais conseguirem se segurar sobre as próprias pernas, e serem jogados na viatura para serem levados à delegacia. Nenhum deles jamais chegou lá, seus corpos foram encontrados dois dias depois num matagal não muito distante do supermercado, cada um com um tiro na cabeça disparado a queima roupa. As duas testemunhas mudaram a primeira versão que deram e, pouco tempo depois, mudaram-se para endereços desconhecidos. Com as costas quentes dentro do batalhão e, diante da falta de evidências, o caso foi encerrado e meu pai retomou o serviço de rua. Outros casos de espancamento também faziam parte de boatos sobre o modus operandi das patrulhas que meu pai, enquanto tenente, comandava e, alguns que se atreveram a filmar a ação policial, tiveram a mesma punição dos meliantes, surras que deixaram marcas pelo corpo e ossos quebrados.
Com o mijo escorrido pelas pernas caminhei até a casa da única parente que tínhamos na cidade, uma prima da minha mãe que estava de mudança para o interior onde o marido dela havia conseguido um trabalho. Enquanto a mudança não acontecia, tive abrigo durante três meses, antes de me ver novamente com uma mão na frente e outra atrás sem um teto sobre a cabeça.
É aí que você descobre a solidariedade de alguns e crueldade de outros. Fui procurar ajuda entre alguns colegas da escola pública onde estudava, todos de famílias remediadas que mal tinham como se sustentar, quanto mais contar com uma boca extra dentro de casa. Em todo caso, funcionou por um tempo, sempre pulando de casa em casa e conhecendo todo tipo de gente.
Com a ajuda da minha mãe, e sem que meu pai soubesse, consegui me transferir para outra escola pública que ficava mais próxima de onde eu estava abrigado, pois não queria interromper os estudos, por mais fracos que fossem. As gangues proliferam feito pragas nas periferias e as escolas públicas são um vasto território vulnerável e desprotegido a ser explorado. Todos ali carregam a alcunha de estudantes, mesmo que parte deles não passe de delinquentes. Nesse ambiente hostil, experenciei o bullying predatório pela primeira vez. Eu era ingênuo, sem uma retaguarda para me proteger, tinha uma carinha angelical, um corpo bonito e desejável, um prato cheio para qualquer malandro que quisesse se dar bem às minhas custas. A maneira que encontrei para escapar um pouco do assédio, foi fingindo me aliar a uma das gangues que dominava o pedaço. Eu procurava ficar mais na retaguarda, não atuar diretamente nos delitos, apenas fazendo presença para que pensassem que eu era atuante.
Certo dia, enfastiados com a falta do que fazer, um dos líderes sugeriu fazer um arrastão num supermercado de um bairro vizinho. A possibilidade de saírem de lá carregados de mercadorias roubadas encheu os olhos da galera que topou o plano na hora. Eu tremi nas bases, não sabia que justificativa dar para não estar presente na ação, nem como agir quando chegasse a hora do delito. Não havia escapatória, era encarar ou sofrer as consequências depois. Numa turba de uns quinze garotos invadimos o supermercado. Os dois seguranças até tentaram conter a trupe, mas corriam entre os clientes mais perdidos e desorientados que ratos fugindo de gatos. Procurei me manter afastado dos mais radicais que derrubavam tudo das prateleiras, ameaçavam clientes em pânico e destruíam tudo que encontravam pela frente enquanto abarrotavam as mochilas de produtos roubados. De repente, um infeliz de um gerente, um sujeitinho magricela e miúdo, tentou barrar três caras da gangue, sem se dar conta de que estava decretando seu fim. Bateram tanto nele que ele nem teve tempo de descobrir de onde vinham os golpes, até que um chute fatal o deixou desacordado no corredor das bebidas, de onde foi posteriormente removido sem vida. Pelo menos meia dúzia de viaturas da polícia nos aguardava na saída do estacionamento do supermercado. A molecada se dispersou, cada um correu para um lado driblando os policias que desciam os cacetetes no lombo do primeiro que alcançavam. Como vi um bocado deles sendo apanhados e berrando de dor quando os cacetetes os atingiam, tentei disfarçar e me misturar com alguns clientes que se agruparam num canto tentando não ser envolvidos no arrastão. De nada adiantou, as câmeras de vigilância do supermercado espalhadas por tudo que é canto, registraram o momento em que entrei acompanhado da gangue. Na delegacia, diante de um delegado quase careca e mal ajambrado, neguei ter participado do roubo, mostrei meus bolsos vazios e a mochila com meu material escolar. Ele não acreditou numa única palavra do que eu disse, com dois investigadores ao seu lado na sala de interrogatório, cobriu minha cara de bofetadas que estalavam nas bochechas e deixaram meus ouvidos zunindo. Nenhum dos meus pais foi encontrado no endereço que dei, nem meu pai foi localizado no batalhão da PM que citei, nem mesmo o paradeiro dele puderam obter. Duas semanas depois e, após uma breve audiência com um juiz, eu dava entrada no Centro Socioeducativo para Jovens Delinquentes para cumprir uma pena de reclusão de dois anos e sete meses pela participação no arrastão do supermercado. Para minha sorte, se é que se pode dizer que tive alguma sorte, as câmeras registraram quem foram os três responsáveis pela morte do gerente, assim como a distância em que eu me encontrava enquanto o ato bárbaro era executado, comprovando que não tive participação alguma no assassinato.
Durante meses fiquei conjecturando por onde minha família podia estar, por que nenhum parente veio me visitar ou obter notícias minhas, o porquê de meu pai não estar mais na PM e tantas outras dúvidas que preenchiam as noites insones.
Os meses passavam numa lentidão aterradora. Eu me sentia só e abandonado. Chorava escondido para que não pensassem que eu era um fracote. Meu físico já bem desenvolvido para a idade continuava seduzindo, deixando aqueles garotões cheios de hormônios ardendo de tesão. Sem ter onde extravasar todo o furor acumulado, metiam-se em brigas ou se concentravam no sexo quase sem opções, a não ser a punheta e as bundinhas dos mais fracos. Apesar de taludo, eu não tinha como competir com alguns mais velhos, mais malandros e mais musculosos. Quatro deles não escondiam o tesão irreprimível que sentiam pelo meu corpo esguio e pela bunda roliça e arrebitada e, um belo dia, um feriado santo qualquer, ao qual haviam faltado alguns agentes de segurança, dois desses parrudos decidiram foder meu rabo debaixo dos chuveiros. Lutei o quanto pude, gritei por socorro, desferi pontapés e socos à esmo procurando salvaguardar minha virgindade e minha honra. O banheiro virou um campo de batalha, juntou gente querendo assistir o estupro iminente, os mais tarados agarraram seus caralhos e se masturbavam. Quando o pauzão de um dos parrudões já estava deslizando no meu reguinho estreito os agentes de segurança chegaram para acabar com a briga. A frustração de não poderem presenciar um estupro se transformou numa rebelião sem controle. Quando a polícia sufocou a rebelião, algumas dezenas de internos estavam feridos, entre eles eu, com um corte pouco acima da tetinha direita onde o parrudão que não conseguiu consumar o coito me enfiou a ponta de um estilete. Depois do episódio, mais um sentimento brotou em mim, o medo, o pavor daquilo ou coisa pior se repetir e acabar tendo um desfecho fatal, tal qual três outros anteriores envolvendo outros internos que presenciei.
Completei dezoito anos no feriado do dia do trabalho, dentro do cubículo cujas paredes e teto, bem como tamanho e cor de algumas manchas eu conhecia de cor. Uma assistente social que fora designada para acompanhar meu caso veio me visitar dois dias depois, e anunciar que eu seria libertado ainda naquela semana ou, no máximo, na seguinte.
- Só tem um detalhe, Lucas, até agora não conseguimos localizar seus pais, e será preciso que um adulto assine a papelada quando for solto. – disse ela. – Tem certeza que não se lembra de mais nenhum detalhe que possa nos levar a encontrar seus familiares, um endereço antigo, algum conhecido deles, quem sabe o daquela prima da sua mãe? – indagou, repetindo perguntas que já havia me feito mais de uma dúzia de vezes.
- Não, não sei exatamente para qual cidade do interior essa prima da minha mãe se mudou com o marido e os filhos. O que não consigo entender é porque não encontraram minha família no nosso endereço. Vocês têm certeza que procuraram no lugar certo?
- É claro que sim, Lucas! Fomos diversas vezes ao local e tudo que soubemos é que seus pais se mudaram, mas ninguém soube dizer para onde. – respondeu ela
- Quem sabe foram para a mesma cidade da prima da minha mãe, elas eram próximas, se gostavam como se fossem irmãs. E o meu pai, ele é tenente da PM, alguém deve saber do paradeiro dele.
- Só soubemos que ele deu baixa da corporação, parece que ninguém quer falar sobre o caso, daí não conseguirmos nada de relevante. – mencionou ela.
- Então vou continuar preso? – adiei a pergunta pelo medo da resposta.
- Não, Lucas, não vai! Você completou dezoito anos e não pode mais ficar aqui. Já entramos em contato com o Conselho Tutelar, mas como você agora é de maior, eles não podem fazer muita coisa. – esclareceu
- E o que vai ser de mim? – não consegui evitar das lágrimas aflorarem e embaçarem a minha visão.
- Vamos dar um jeito, Lucas! Prometo que vou pensar numa solução até na quarta-feira, Ok?
- Por que quarta-feira? O que vai acontecer nesse dia?
- Você será solto, e eu venho com mais um colega buscar você. Não é uma ótima notícia? – perguntou, tentando me animar.
- Para onde vão me levar, para debaixo de uma ponte ou viaduto? – indaguei soluçando
Garoava fino na quarta-feira, o céu estava cinzento como a minha alma quando atravessei os portões atrás dos quais passei meus últimos 31 meses, ou 134 semanas, ou 940 dias segundo os registros que fui fazendo numa pequena caderneta de anotações. O carro do serviço social me levou até nosso antigo endereço, quase nada havia mudado por lá, exceto minha família. Bati na porta dos vizinhos mais próximos que me reconheceram e foram pouco receptivos, uma vez que, após a minha detenção, circularam boatos que eu havia perfurado o peito do gerente do supermercado com pelo menos cinco tiros, outros que eu tinha destroçado a cabeça dele com um porrete até parte do cérebro do coitado sair da caixa craniana e, outros ainda, de que eu havia enfiado uma faca na barriga do sujeito e o estripado a sangue frio. Alguma informação relevante sobre meus pais ninguém tinha, nem mesmo a dona Lucinda que vivia lá em casa pedindo um pouco de açúcar, uma caixa de leite, um tanto para enterrar o valor de um botijão de gás que sempre estavam à mingua na casa dela.
- Sei não, Lucas! Só vi o caminhão de mudança, eu estava com visitas, não deu para me despedir da sua mãe. – afirmou, no que era escrachadamente uma mentira, pois a fofoqueira sabia até o dia do mês em que a mulherada da vizinhança perdia sangue pela boceta.
Somente a velha Evangelina, uma senhora portuguesa viúva que morava quase no final da rua e que me viu crescer, mostrou alguma compaixão; assinou a papelada que o serviço social precisava para se livrar de mim e me ofereceu abrigo por aquela noite, prometendo conversar com uns parentes para ver se podiam fazer algo por mim.
Fiquei duas semanas na casa dela, consertando pequenas coisas pela casa, uma vez que havia aprendido algumas noções sobre eletricidade, encanamentos, marcenaria nos meses em que fiquei no Centro Socioeducacional. Um parente distante do marido dela se ofereceu a me dar guarida enquanto me ajudava a conseguir um trabalho. Fernão era alguns anos mais velho do que eu, vivia amaciado com uma mulher na qual havia feito dois filhos, sem nunca oficializar o casamento. Não precisei mais que uns poucos meses para descobrir o motivo do não casamento, ele já era casado no Ceará. Fernão era um mulherengo de mão cheia, péssimo empregado, mas o que lhe faltava em capacidade para o trabalho sobrava de safadeza. Ao menos duas vezes por semana ele passava num puteiro a caminho de casa, numa região de meretrício no centro da cidade compreendido entre as ruas Bento Freitas, Marquês de Itu e Rego Freitas; fodia uma boceta barata e tomava umas cervejas com uns caras que moravam nos quartos do mesmo edifício antigo onde estava instalado o puteiro. Ele me levava com ele, fez propaganda do meu belo físico para as putas mais jovens e me deixava extremamente constrangido. Nenhuma das minhas desculpas para não acompanhá-lo eram aceitas, e eu me via coagido a enfrentar aquela situação sem ter o que fazer.
Enquanto ele metia a estrovenga numa das quengas que já o conheciam, eu ficava sentado na escadaria esperando-o terminar a orgia para voltarmos para casa. Enquanto esperava, passavam por mim travestis, rapazes vindos de cidades pequenas das mais diversas partes do país cujos empregos mal davam para pagar o aluguel daquela espelunca, e um ou outro morador dos pequenos apartamentos dos andares mais altos, já que não havia elevador no prédio. Foi assim que conheci o Getúlio, motoqueiro entregador de encomendas durante o dia e travesti Juliana à noite numa boate da região. Com o tempo, ele foi me apresentando outros amigos dele, quase todos gays e um machinho invocado, Paulão que agia como se fosse o protetor deles todos.
- Está vendo o potencial do garoto, Paulão? Esse é filé, não é para o seu bico! Quisera eu ter esse corpitcho e essa bunda, tava feita na vida! – exclamou o Getúlio/Juliana quando me apresentou a ele.
- Qual sua idade moleque? – perguntou interessado, me examinando da cabeça aos pés como se eu fosse uma mercadoria à venda.
- Dezoito! Mas não estou para essas paradas, não! – fui logo avisando.
- Faz o que aqui, então?
- Já disse, Paulão, não é para o seu bico! Deixa o garotão em paz! Ele vem acompanhando um cliente que a Dora está dando um trato no momento. O nome dele é Lucas e boto meu cu na reta se ele ainda não for virgem! – disse o Getúlo/Juliana
- Tu bota o cu na reta por qualquer mixaria, seu veado do caralho! – retrucou o Paulão.
- Tem certeza que não quer fazer uma grana, moleque? Posso te levar nuns lugares cinco estrelas, vão gostar de você por lá! – propôs
- E tu lá conhece algum lugar cinco estrelas, Paulão? Cai na real, tu não passa de um explorador de velhas e gays sexagenários! Essa piroca que nem está com essa bola toda, não pega mais do que isso!
- Senta aqui então veado da porra, depois que essa piroca estourar as últimas pregas que você deve ter, me diz se não estou com essa bola toda! – revidou zangado o Paulão, pegando no pacotão que tinha entre as pernas.
Quando o Fernão saiu do quarto da puta eu respirei aliviado por me ver livre daquele constrangimento, embora simpatizasse com aquele pessoal esquisito, muito diverso de tudo que eu já tinha visto.
Fernão não era tão esperto e safo como imaginava. Numa noite ao voltarmos do trabalho e da habitual passagem pelo puteiro, a mulher o esperava na companhia de dois irmãos. Ela descobrira por meio de uma amiga cuja reputação também não era lá essas coisas e que conhecia uma das putas onde o Fernão ia se esbaldar depois do expediente, que estava fazendo papel de corna. Foi uma briga feia. A mulher descarregou sua ira na forma de gritos que a vizinhança toda ouviu, de posse de uma faca para destrinchar ameaçou cortar o que o Fernão tinha de mais importante, o pau infiel. Atracaram-se. Ele batia, ela apanhava; ela batia, ele apanhava. Os irmãos dela assistiram o duelo por um tempo, depois partiram para cima do marido adultero e só o soltaram, jogando-o no meio da rua, quando o infeliz estava com o corpo todo moído de tantos socos que levou. Eu, que nada tinha a ver com a traição, mas que fui equiparado como cúmplice das safadezas dele, fui sumariamente despejado da casa e convidado a nunca mais dar as caras por lá. Em suma, estava sem teto novamente.
A dona Evangelina havia deixado um recado que me foi transmitido juntamente com o despejo – que a procura-se, pois tinha novidades quanto ao paradeiro dos meus pais. – depois de ajudar o Fernão a procurar abrigo na casa de um colega, pois mal conseguia andar de tanto que apanhou dos cunhados, fui ter com ela.
- Sua mãe me ligou e eu contei que você tinha saído da Casa de Acolhimento Socioeducativo havia uns meses e que a procurou. Aqui está o número do celular dela. Ela pediu que ligasse assim que possível. – avisou-me ela
- Obrigado, dona Evangelina, nem sei como lhe agradecer, a senhora é uma santa! – exclamei eufórico, tascando-lhe um beijo nas bochechas, o que a deixou toda envaidecida.
- Sabes que és um gajo muito querido, não sabes? – devolveu risonha naquele sotaque português que nunca a abandonou apesar de ter vivido mais tempo no Brasil do que em sua terra natal. – E vais ficar cá comigo, pois já estou a sabere que o Fernão foi expulso de casa – emendou.
Também foi ela quem me conseguiu um emprego de balconista num armarinho do bairro, cujo dono era conterrâneo dela e conhecido de longa data do finado marido dela, o que me permitiu colaborar com as despesas da casa enquanto tocava a vida adiante. Era um serviço leve e fácil, minha presença logo fez aumentar a frequência de clientes mulheres, que faziam questão de serem atendidas por mim, ao invés do dono carrancudo que facilmente se irritava diante da indecisão dos clientes. O português se mostrou satisfeito com meu desempenho e também um tanto quanto ousado quando as curvas da minha bunda começaram a acordar o pinto murcho que há tempos não era acometido de comichões tão frequentes. A bem do salário no final do mês, eu fingia não perceber sua indiscrição e muito menos as encoxadas que levava ao ser prensado contra o balcão.
Nessa nova vida conheci o irmão de um colega da escola, Juvenal, um malaco de uns vinte anos que sobrevivia aplicando pequenos golpes em desavisados e ingênuos, oferecendo seu corpo musculoso e atraente para solteironas e mulheres mais velhas e carentes em troca de uma grana ou presentes. Alguns gays mais velhos que abordava nas saídas de saunas também faziam parte de seus préstimos sexuais. Ou, quando esses clientes rareavam, ele revendia produtos que surrupiava de algumas lojas do bairro. O fato é, que ele sempre tinha uns trocados no bolso, exibia umas correntes de prata cafonas no pescoço e celulares de última geração.
Um dia o Juvenal me levou ao Cine República, um dos locais onde fazia ponto. A princípio, quando me fez o convite mencionando a palavra cinema, pensei que fossemos assistir a um filme, mas pouco depois descobri não se tratar de um cinema convencional, mas de um local de pegação. Uma sensação estranha se apossou de mim quando adentramos ao local imerso numa escuridão que mal dava para distinguir uns palmos diante do nariz, antes dos olhos se acostumarem com a escuridão intensa. No térreo, passamos por uma sala de exibição quase convencional, onde rolava uma suruba generalizada entre homens e mulheres na tela. Sem nos determos, o Juvenal me explicou que era onde passavam os filmes pornôs heterossexuais. Subimos ao segundo andar, que era o território onde ele parecia conhecer todo mundo, pois passava pelos caras encostados às paredes cumprimentando-os como velhos amigos. Era o andar dos filmes gays, de dark rooms dentro de uma das quais nos encontrávamos e um bar para o qual ele me apontou e instruiu a ir caso ele fosse abordado por algum cliente e fosse fazer um programa. Que universo é esse, fiquei a me perguntar em minha ignorância ingênua; jamais havia sequer imaginado que um mundo como esse existia.
O corpão do Juvenal fazia sucesso, homens na faixa dos 50 e 60 anos logo o cercaram, alisaram o cacete dele e lhe dirigiam sorrisos lascivos e convidativos. Após uma troca rápida de algumas frases, ele se dirigiu a um canto com um sujeito na faixa dos 50. Antes de eu me dirigir ao bar, conforme ele havia me instruído, pude ver o sujeito tirando o cacetão do Juvenal para fora e caindo de boca na tora grossa. Não sei o que me levou a sentir um misto de nojo e excitação que desceu pela minha coluna e fez meu cuzinho piscar.
Depois de quase duas horas sentado no bar observando o movimento frenético de clientes e, já bem passado da meia-noite, cheguei à conclusão que o Juvenal não ia voltar. Ele tinha me precavido de que o programa rápido de não mais de meia hora que acontecia no dark room podia se estender para algo mais demorado em outro lugar se o cliente pagasse bem. Até aí tudo bem. O problema era que eu não tinha grana no bolso nem para a passagem do metrô, uma vez que ele, ao me fazer o convite, havia se proposto a pagar por tudo, além de haver esquecido minha carteira em casa.
O movimento foi diminuindo à medida que a madrugada avançava, às 04:40 só restavam meia dúzia de pessoas sonolentas sentadas no balcão do bar ou recostadas nas paredes. Fazia tempo que o cara quarentão parrudo estava me encarando, depois de haver atendido dois clientes na entrada do dark room de onde pude vê-lo em ação, um que apenas lhe fez um boquete, e outro que depois da mamada na rola, foi prensado contra a parede feito uma lagartixa e levou a estrovenga no rabo enquanto gemia. Ele metia forte, lançava seu corpão musculoso contra o cliente a cada estocada bruta, sem que sua expressão facial demonstrasse qualquer sentimento. Eu não estava só extasiado, sentia um tesão crescendo dentro de mim, o pau endurecendo, o cuzinho convulsionando, e um desejo irrefreável de estar na posição daquele cliente. O cliente lhe passou a grana depois de subir as calças que haviam escorregado até seus pés, e ele tirou a camisinha cheia de porra do pauzão, fez um nó e a jogou num canto do chão, guardou a pica na calça e veio em direção ao bar onde se recostou numa parede à espera do próximo cliente. Eu nunca me senti tão atraído por alguém. Ele tinha uma aparência rude daquele tipo de macho hétero de poucas palavras, daqueles que não levam desaforo para casa e resolvem as questões na base da porrada. Seus movimentos eram lentos e pareciam ser bem estudados antes de serem executados e isso estava me deixando alucinado. Cheguei a pensar em ir trocar umas palavras com ele, mas o que eu ia dizer para um homem daqueles. Ele queria clientes, não um molecão sem um tostão no bolso querendo puxar conversa mole. No entanto, depois de um tempo também me lançando olhares esporádicos, foi ele quem se aproximou.
- Esperando alguém?
- Sim, estava, mas acho que ele conseguiu um programa e esqueceu de me avisar. – respondi
- O por que não foi para casa, não é mais hora de um molecão estar nas ruas. – questionou. Envergonhado, demorei a responder.
- Vem sempre aqui? – perguntei, para ver se ele esquecia da pergunta.
- Às vezes! Você é amigo do Juvenal?
- Você o conhece? Sim, posso dizer que sou. – devolvi
- Aqui todos se conhecem, a maioria pelo menos! Notei que seu corpo atraiu muitos olhares, não quis fazer nenhum programa? – arre que esse sujeito estava me deixando cada vez mais encabulado, eram as perguntas, era aquele corpão parrudo, aquele rosto barbudo de macho, aquele volume enorme dentro do jeans.
- Não vim fazer programa, só vim acompanhar o Juvenal, ele queria me mostrar o lugar. – respondi. Foi quando percebeu que eu era um peixe fora d’água naquele ambiente.
- Gostou? – por uma fração de segundos pensei que estava se referindo a ele, e quase caí na esparrela de responder que sim, que o achava muito atraente e sedutor.
- Quase! Quer dizer, acho que sim, isto é, é um lugar muito diferente. – gaguejei feito um tolo, ao notar um sorrisinho se formando em seus lábios.
- O Juvenal saiu faz tempo com um cliente, e você ainda não me respondeu porque não foi para casa. – insistiu.
- Não sei bem como chegar em casa, ainda sou novato nessa parte da cidade e estou sem grana. Vou esperar amanhecer para ligar para o Juvenal e perguntar como posso voltar para casa. – respondi sincero e corando, pois ele parecia estar me devorando com aquele olhar penetrante.
- Para onde precisa ir?
- Belenzinho! É o nome do bairro. – respondi, como se ele não conhecesse a cidade melhor do que eu.
- De onde você é?
- Nasci aqui, mas quase nunca saí do bairro onde morava com meus pais, não conheço a cidade direito. – esclareci, omitindo é lógico o fato de que quando comecei a ter idade para me deslocar sozinho, fui trancafiado num centro de detenção juvenil.
Ele me ouvia enternecido, dava para notar no brilho do olhar dele. Estava sacando que eu era um molecão inexperiente, virgem, desamparado e cujo corpo e rosto angelical estavam lhe dando um tesão da porra, uma vontade voraz de saborear meus lábios, sentir a maciez da minha boca, envolver meu corpo em seus braços.
- Está amanhecendo! – exclamou ao consultar relógio. Está com fome?
- Um pouco! Acho que vou ligar para o Juvenal. – respondi
- Vem comigo, vamos tomar um café, tem uma padaria aqui perto num edifício chamado Copam, conhece? – convidou. – Você ainda não me disse seu nome!
- É Lucas! Não sei, acho melhor voltar para casa. – respondi. A verdade era que estava com medo de ficar perto dele, de não conseguir resistir ao seu olhar se fosse me chamar para algum lugar e meter o pauzão dele no meu cuzinho. Só de pensar nisso, meu corpo tremia.
- O que foi Lucas, por que ficou tão sério de repente? Está com medo de mim? Meu chamo Pedro! – como ele sabia que eu estava morrendo de medo dele? Agora tudo ficou ainda mais nebuloso. – Não vai me responder?
- Não, não é! Quer dizer, sim é; mas não, não estou; já ouvi falar só não sei onde fica! – nenhum pensamento coerente passava pela minha mente, eu só conseguia prestar atenção naquele par de olhos que não se desviavam de mim.
- Vem cá, moleque! Não sou nenhum bicho papão! Só te acho lindo demais para ficar solto por aí sem rumo e com fome. Tem muito gavião procurando um passarinho lindo feito você para comer. – sentenciou rindo e me abraçando junto ao corpo quente dele.
Devorando um lanche na companhia dele, meia hora depois eu estava tão relaxado que a conversa rolava franca e solta, embora aquela sensação de ser uma presa ainda estivesse a me atormentar. Por ser um sábado, eu não precisava ir para o trabalho, uma vez que a esposa do português me substituía nesses dias no meio expediente que o armarinho funcionava.
Da padaria ele me levou a casa dele, uma quitinete na cobertura de um prédio baixo quase ao lado do Minhocão numa rua de Santa Cecília. Já não era somente meu corpo que tremia, as pernas o seguiam por inércia, o coração queria sair pela boca, e quando entramos no pequeno apartamento e ele fechou a porta atrás de si eu voltei a sentir aquela mesma sensação que senti quando me levaram para o Centro de Detenção só que com uma diferença, agora era como se fosse uma jaula junto com um leão faminto.
- Você está tremendo, Lucas! Está tudo bem? – questionou, tocando sua mão enorme e pesada no meu rosto lisinho.
- Está! Eu acho! Tudo bem, estou bem, sim! O que vai fazer comigo?
- Nada Lucas! Não vou fazer nada com você, se acalme! – respondeu me abraçando e me comprimindo contra aquele tórax sólido. – Alguém já fez alguma coisa com você? Te machucaram?
- Não! Ninguém fez nada comigo! Eu não deixei! – escapou sem querer, me referindo ao episódio da tentativa de estupro dentro da Casa de Acolhimento.
- O que tentaram fazer com você? O que você não deixou que fizesse? – ai, como ele fazia perguntas. Para que tantas perguntas se eu estava quase me cagando de tanto medo ao sentir como ele era forte, como seu cheiro era inebriante, como aquele calor que vinha dele fazia meu cu piscar sem parar.
- Nada! Não fizeram nada!
- Olha para mim, Lucas! – disse, erguendo meu queixo de modo a que eu o encarasse. – Seja lá o que fizeram com você, eu juro que não vou fazer o mesmo! Você está seguro comigo, pode confiar! Nunca faria nada para te machucar, acredite! – eu acreditei, porque aquele olhar não podia estar mentindo, porque aqueles braços que me envolviam eram a coisa mais segura que já senti na vida.
- Eu sei, Pedro! Eu confio! Só estou sentindo umas coisas que nunca senti antes. – afirmei
- O que está sentindo? Você ainda está tremendo! É porque está nos meus braços? – ai, essas perguntas que não acabavam nunca.
- É!
- Fala para mim, Lucas, o que está sentindo?
- Tesão! – minha voz saiu tão baixa que ele mal conseguiu ouvir, não fosse a excitação que percorria seu corpo.
- Ah, moleque! Está com tesão, é? Muito tesão? Tesão por mim? – questionava me apertando cada vez mais forte contra o peito.
- É!
- Também estou com muito tesão! Dá uma olhada para isso aqui, e veja como estou com tesão. – disse, apontando para a ereção cavalar aprisionada no jeans. Mas não vou fazer nada que você não queira, entende?
- Ahã! – respondi, voltando a procurar nem sei o que naqueles olhos. – É que não sei o que eu quero, só sei que quero! Eu nunca fiz nada, não sei como se faz, mas queria fazer com você! – confessei num arroubo de coragem.
- Sabe o que está me pedindo, moleque? Está me deixando maluco com esse rostinho me encarando. Eu também quero você, como nunca quis algo ou alguém antes. – devolveu ele.
- Me ensina? – a sugestão foi demais para ele. Sua boca se acoplou à minha num furor desmedido, a língua me penetrou e vasculhou cada recanto da minha boca, a saliva morna dele escorria se misturando à minha e eu só queria que aquele instante se perpetrasse para todo o sempre.
- Ah moleque, assim você me mata! – exclamou quando começou a arrancar as roupas do meu corpo e a admirar embevecido a nudez que tinha a seu dispor.
Foram longos minutos tateando pelo meu corpo, explorando cada detalhe, deslizando aquela mão grande sobre a pele que se incendiava ao toque cobiçoso dele, enquanto os beijos libidinosos se sucediam cada vez mais ávidos. Meus mamilos estavam duros e sensíveis, meu pinto nunca esteve tão rijo, meu cuzinho se contorcia em espasmos.
- O que foi isso? – perguntou, quando os dois dedos com os quais esteve amassando os bicos dos meus mamilos escorregaram sobre a cicatriz do peitinho direito.
- Me enfiaram um estilete! Tenho mais outra aqui! – afirmei virando um pouco de lado para que lhe mostrar a cicatriz na região lombar.
- Quem fez isso com você? – indagou perplexo
- A das costas foi meu pai quando me jogou em cima de uma mesa cheia de garrafas de cerveja quando estava me dando uma surra. Algumas quebraram e um pedaço de vidro entrou em mim. – revelei, enquanto ele afagava suavemente a cicatriz. – A do estilete foi no Centro Socioeducativo onde fiquei preso por dois anos e meio. – ele me encarou indignado.
- O que você fez? Você matou alguém, moleque? – por uns instantes pensei que ia me expulsar e nunca mais olhar na minha cara, o olhar de rejeição dele doeu fundo.
- Não! Juro que não, Pedro! – exclamei de pronto, com os olhos marejados, achando que o tinha perdido antes mesmo de nos conhecermos mais a fundo.
Ele então me puxou para junto dele, beijou minha testa e me apertou contra o tronco vigoroso. Toquei suavemente seu rosto, cofiei a barba por fazer e beijei-o na boca com toda devoção que tinha no coração. Nunca antes alguém havia me acolhido com tanto afeto e tive vontade chorar, mas não era hora de mostrar minhas fraquezas. Acariciei os pelos do peito dele, grossos, mas sedosos, e fui percorrendo a trilha peluda que levava à virilha passando pelo abdômen musculoso. A respiração dele parou, seus olhos não se desviavam da minha mão e, lenta e delicadamente, eu a introduzi na bermuda dele até encontrar o que havia me deixado tão excitado quando aquele cliente na dark room fez um boquete na mangueira colossal e grossa que saiu da braguilha. O Pedro começou a arfar, o pauzão dando ligeiros pinotes estava envolto pela minha mão macia que, vagarosamente o tirou da bermuda para que eu pudesse admirar todo seu esplendor.
- Gosta? – murmurou ele, quando me viu indeciso sobre o que fazer com aquilo
- Muito! É lindo! É tão másculo! – devolvi maravilhado.
- É todo seu, para fazer o que tiver vontade! – retrucou com o tesão a lhe corroer as entranhas.
Eu me inclinei sobre a virilha peluda, segurei o pauzão com uma das mãos e contornei a cabeçorra úmida com os lábios. Imediatamente senti um líquido viscoso entrar na minha boca, salgado, saboroso, perfumado como toda aquela região entre suas pernas musculosas, aroma e sabor de macho.
- Caralho Lucas, mama logo essa porra, está me deixando maluco! – grunhiu suspirando alto.
- Não sei como fazer! – exclamei sincero. Ele só faltou explodir de tanto tesão.
- Lambe, chupa como se fosse um picolé, mas faça qualquer coisa com essa boquinha de veludo para acabar com essa comichão na minha pica! – devolveu, agarrando-me pelos cabelos e afundando meu rosto nos pentelhos dele.
Era a tremedeira que não me deixava chupar direito, pois os lábios não me obedeciam. Só aos poucos o sabor do melzinho que escorria do pauzão dele foi me dando confiança, e uma vontade irresistível de chupar e engolir aquele sumo delicioso. O Pedro ronronava à medida que minhas lambidas e chupadas percorriam toda extensão da verga carnuda. Eu ainda caí na bobeira de perguntar se estava fazendo tudo certinho, o que o fez socar o caralhão no fundo da minha garganta e explodir.
- Cacete, moleque! Certinho? Você está me levando à loucura, Lucas! Mama tesudinho, mama que tem muito leite de macho para você engolir. – ronronou extasiado.
Eu nunca tinha visto duas bolas tão grandes quanto as que estavam no sacão pesado dele, e curioso, palpei-as com as pontas dos dedos, depois as envolvi na mão e coloquei uma delas na boca, peluda como estava, cheirando forte a almíscar e a massageei com a língua quando ela encheu minha boca.
- Engole a pica, engole moleque! – ordenou apressado, voltando a enfiar a cabeçorra na minha boca e, segundos depois, jorrando os jatos de uma porra cremosa e saborosa diretamente na minha garganta, onde eu os engolia deliciado com sua textura e sabor, enquanto o Pedro rugia feito um leão. – Tesão do caralho! Se já na primeira mamada você faz um estrago desses na gente, imagina quando dominar a técnica. – disse, enquanto eu engolia o último jato e lambia os beiços para recolher o que havia escorrido.
- Você é tão gostoso, Pedro! – exclamei ao terminar e me lançar no torso maciço dele.
De tão seguro que me sentia, enrodilhado no corpo do Pedro, com ele passando a mão suavemente na minha nádega e sua respiração cadenciada ressoando no ouvido encostado no peito dele, acabei cochilando. Sentia como se estivesse num ninho onde nada de ruim podia me acontecer. Passaram-se horas sem eu perceber. Quando despertei estava escuro, a janela pela qual antes se infiltrava o sol agora não passava de uma moldura para o entardecer. Ele estava desperto, ainda roçava de leve a minha bunda e me mantinha em seus braços. Vagarosamente fui levando a mão até seu sexo gigantesco, que estava flácido caído sobre sua coxa musculosa e peluda com a glande arroxeada exposta. Afaguei-o de leve, afundando as pontas dos dedos nos pentelhos grossos e crespos o que o fez reagir.
- Acordou, bela adormecida? Está dormindo há horas!
- É tão bom estar aqui com você!
- Eu podia passar a vida toda com você em meus braços e acariciando meu pau. Mas, se continuar com essa mão safada brincando com a minha rola, já sabe o que vai acontecer. – sussurrou, ao sentir que a verga também despertava excitada.
- Entra em mim, Pedro! – exclamei, ao primeiro espasmo que contraiu meu ânus.
- Você deveria ser proibido de falar certas coisas, moleque, para não matar a gente de tanto tesão. – devolveu ele, num suspiro rouco.
- Quero que faça comigo o que fez ontem à noite com aquele cliente no dark room.
- Ia estourar todo seu cuzinho! Você é virgem, e aquele cara é mais largo que a boca de um túnel. Não posso fazer isso com você! – retrucou
- Você sabe como fazer, só entra em mim! Eu quero te sentir dentro do meu corpo! – tornei a pedir, encarando-o com doçura, quando o pauzão dele já estava tão rijo e vertendo pré-sêmen que não conseguia movê-lo.
- Ah, moleque, o quer de mim? Me matar de tesão? Me levar à loucura? Faz ideia do que está fazendo comigo ao me pedir isso? – perguntava em êxtase.
- Só quero que entre em mim para eu poder te aninhar, para te fazer carinho. – respondi, antes de me deitar de bruços e dar uma leve empinada na bunda.
Ele veio para cima de mim com tudo, arfando ruidoso, com o corpo tenso pela adrenalina que corria em suas veias e pela testosterona que ingurgitava seus colhões enormes e dava rigidez ao caralhão. Com ambas as mãos ele abriu minhas nádegas, expondo o reguinho liso e profundo no qual vislumbrou o buraquinho rosado circundado por preguinhas rugosas. No primeiro beijo molhado sobre a parte interna de uma das bandas eu não contive o tesão e gemi, tamanho o prazer que se apossou de mim. Eles foram se repetindo, adentrando cada vez mais fundo no rego até que um deles cobriu minha rosquinha anal, fiquei todo arrepiado. Pensei que ia desfalecer e em meio ao gritinho que escapou da boca, pronunciei seu nome.
- Ai Pedro!
A barba pinicava a pele alva e sensível do rego e a língua dele explorava minha fendinha numa sofreguidão descontrolada, me fazendo gemer manhoso. Ele montou em mim, seu corpão parrudo e pesado me prendia debaixo dele. Ele cuspiu no meu buraquinho e enfiou o polegar para sondar a elasticidade.
- Delícia de cuzinho apertado! Por ser a primeira vez, vai doer um pouco, e não tenho gel para amenizar, pois não contava ter seu cuzinho a minha disposição! Está preparado?
- Ai Pedro, entra em mim, Pedro! – implorei, pois só queria aquele macho inteiro dentro do meu corpo.
Antes de encaixar a cabeça babada do caralhão no meu orifício ele cuspiu novamente sobre ele e deu uma forçada, o que me fez prender a respiração. Senti as preguinhas estirando e, abruptamente, a cabeçorra insuflada escorregou para dentro do meu cuzinho, estourando tudo que encontrava pelo caminho. Gritei e me agarrei aos lençóis sentindo uma dor forte me rasgando os esfíncteres. O Pedro me abraçou, bolinou meus mamilos, deu um chupão forte na nuca e foi gradativamente metendo o restante do cacetão no meu cuzinho, me alargando como se estivesse a cavar uma trincheira no meu rabo.
- Tá doendo, Pedro! – gani, sentindo a carne se rasgar.
- Já vai passar, moleque! Aguenta firme que já vai passar! Eu te avisei que ia doer, não avisei?
- Foi, mas não pensei que fosse tanto!
- Quer que eu tire?
- Não! Não tira, Pedro! Eu vou ser forte, prometo! Só não tira, está doendo, mas nunca senti tanto prazer. – afirmei
- Isso tesudinho do caralho, entrega esse cuzinho virgem para mim, entrega! – arfava ele, bombando meu buraquinho com força.
Eu gania sentindo o poder do cacetão dele socando meu cu e, apesar de doer bastante era gostoso por demais sentir aquele vaivém rítmico tirando meu cabaço. O esfrega-esfrega do meu pinto duro contra o colchão me fez gozar espalhando uma onda de prazer pelo meu corpo trêmulo. Soltei outro gritinho quando o primeiro jato eclodiu, o que permitiu ao Pedro saber que eu estava gozando com o cacetão dele me arrombando.
- Está gostando, não é moleque safado? Agora você é oficialmente gay, o gayzinho mais lindo e gostoso que já fodi! – grunhia o Pedro, acelerando as estocadas, o que me dava a sensação de estar empalado.
O arfar dele também acelerou, ele me agarrava com mais força, quase me amassando, do fundo da garganta vinham grunhidos roucos, o corpão se retesava e eu sentia o pauzão atolado no meu cu inchando. Ele se estremeceu todo, urrou e começou a gozar. Uma sequência de pulsadas fortes foi inundando meu cuzinho com o esperma leitoso e morno dele, parecia um sonho, o auge da felicidade.
- Quero ser seu, Pedro! – exclamei, sentindo os jatos sendo despejados no cu
- Você já é meu, moleque! Sou seu macho agora e vou te inseminar com meu leite toda vez que tiver vontade. – afirmou ele, deixando o peso do corpo cair em cima de mim, enquanto o caralhão dava as últimas pulsadas antes de entrar em repouso.
Quando sacou o caralhão grosso do meu cuzinho, constatou o estrago. O imenso rombo deixado ia se fechando aos poucos e exibia a minha mucosa anal vermelha e esfolada, coberta de porra. De um bocado de preguinhas dilaceradas brotavam gotas de sangue que escorriam num filete pelo reguinho como um riacho corre em seu leito. Meu cu ardia como se estivesse queimando, mas não me tirava o prazer que estava sentindo.
O Pedro foi molhar uma toalha na pia do banheiro e veio limpar meu reguinho, admirando cheio de tesão e ternura o cuzinho aflorando sangue que tanto prazer lhe proporcionou. Aquilo agora era dele, seu território, sobre o qual exerceria todo poder de macho dominante.
Mudei-me para a casa dele sem pensar duas vezes. Aquele macho era tudo do que eu precisava. A dona Evangelina foi novamente compreensiva, parecia saber que eu era um nômade à procura da felicidade. Mesmo assim, me deu um conselho – que não fosse tão ávido ao pote, que não entregasse meu coração ao primeiro homem que me dissesse palavras bonitas, que fosse cauteloso com as pessoas, pois muitas delas podiam se aproveitar da minha ingenuidade – e, deixou mais uma vez a porta de sua casa aberta para mim.
- Sabes que podes voltar quando quiseres e precisares, não sabes, meu menino? – sentenciou emocionada, como se a cada partida eu lhe roubasse um pouco da felicidade.
- Amo a senhora, dona Evangelina! Amo muito! – devolvi, abraçando-a
- Agora vá, estás a me fazer chorar, e o gajo já está a se mostrar impaciente com a sua demora! – exclamou, apontando para o Pedro que me aguardava no portão. – Cuida-te, meu menino!
O Pedro não estava brincando quando afirmou que era meu macho e que eu lhe pertencia depois de se apossar do meu cu. Pouco mais de uma semana após me descabaçar, disse que queria que eu conhecesse um cara.
- Comentei sobre você e ele ficou interessado, quer te conhecer. É um cliente diferenciado, não vai até as boates, quando me chama vou à casa ou ao escritório dele, é advogado e paga muito melhor que os do cine, boates ou saunas. É um gay versátil, como só faço o ativo ele quer transar com um passivinho. Marquei no escritório dele no final da tarde e fiquei de te levar, já avisei que vai custar o dobro e ele topou na hora quando mostrei sua foto. – confesso que fiquei um pouco decepcionado, nem tanto por ele transar profissionalmente com outros caras, mas por não querer a minha exclusividade.
- Tudo bem, faço o que você mandar! – respondi, sabendo que de alguma forma eu teria que pagar minha estadia na casa dele. Nada na vida sai de graça, isso eu já aprendi.
Chegamos ao escritório alguns minutos depois do horário combinado; segundo o Pedro, era bom deixar os clientes esperando ansiosos para levar um cacete no rabo, deixava-os com mais tesão e mais obedientes. E foi o que constatei assim que o sujeito abriu a porta agitado. Ele devia ter mais ou menos a mesma idade do Pedro, quarenta e pouco, o corpo não era lá essas coisas e a cara muito menos, era um homem feio com duas entradas profundas na testa e uma barba grisalha densa. O sorriso com o qual nos recebeu era frio e imparcial, só o olhar que lançou para o meio das pernas do Pedro indicava seu desejo.
Fomos para uma sala nos fundos do escritório, ele mandou que tirássemos a roupa e afrouxou a gravata, abriu os botões da camisa fazendo surgir um peito bastante peludo. Seu olhar cobiçoso se dividiu entre o caralhão do Pedro e a minha bunda polpuda. Nunca antes senti tanta vergonha por estar nu diante de alguém e cobria meu sexo pequeno com as duas mãos.
- Dá uma volta, moleque! Quero ver seu rabo! – ordenou, o que fiz começando a tremer, depois de procurar a aprovação do Pedro com um olhar recatado.
- Falei que era coisa boa! Grande, carnudo e bem rijo, pode testar! – disse o Pedro.
- Bem melhor do que nas fotos! Como conseguiu essa gracinha?
- Tenho minhas fontes! – respondeu o Pedro
- Qual sua idade, moleque? - perguntou o sujeito
- Dezoito!
- Tem certeza que esse moleque tem dezoitos anos, Pedro? Não vai me meter numa fria! O garoto tem carinha de bem menos que isso! – questionou o sujeito, manipulando o cacete que já estava duro sob a calça.
- Posso mostrar a identidade, se quiser. – ponderei.
- Confio em você Pedro! O molecão é gostoso para caralho!
- Pode confiar, como ele mesmo disse, tem a identidade para provar.
- Fode o moleque, Pedro! Fode o cu desse veadinho da porra, quero ouvir ele gritando na sua vara. – sentenciou, sentado numa cadeira giratória de onde queria apreciar o coito entre dois corpos de tamanhos tão diferentes.
Demorou um pouco mais que o normal para o caralhão do Pedro endurecer, talvez porque precisasse de mais concentração quando trepava por dinheiro; então fui até ele e o beijei na boca, na borda da mandíbula, entre os mamilos, ao mesmo tempo em que acariciava suas bolas e desencapava a cabeçorra. Ele endureceu na hora, me agarrou pela nuca, meteu a língua na minha boca e entrou com a mão no meu rego, metendo um dedo no meu cuzinho, o que me fez soltar um gemido excitado que deixou o cliente fervendo de tesão. Debrucei-me sobre o espaldar do sofá no meio da sala e ofereci minha bunda ao Pedro.
- Fode, porra! Fode esse veado filho da puta! Quero ouvir ele gritar! – exclamou exigente o sujeito.
Eu não queria gritar, mas a estocada potente que o Pedro deu no meu cuzinho alargando-o além da elasticidade, fez meu grito preencher o ar de luxúria e devassidão. Ele me segurava pela cintura e socava forte feito um garanhão, quis pedir para ele ir mais devagar, mas não era um sexo baunilha que o sujeito que estava pagando queria, ele queria ver meu cu arregaçado pelo caralhão grosso do Pedro. Não foi igual das outras vezes que ele me pegou, era algo mais impessoal e sem emoção.
- Fode a bichinha! Arregaça esse cu, rasga todas as pregas do veado! – dizia o cliente, após tirar o pau para fora e se masturbar nos assistindo.
Tive receio do caralhão do Pedro me rachar ao meio e gemia desesperado, contando aflito os minutos para ele gozar logo, enquanto as lágrimas enchiam meus olhos.
- Chora não, sua putinha safada! Bicha gosta de rola no cu, você devia agradecer por ter uma desse tamanho enfiada no rabo. – quanto mais o cliente falava, mais humilhado eu me sentia, e mais forte e fundo o Pedro me estocava, socando minha próstata contra o púbis e desencadeando uma dor lancinante por toda pelve.
O sujeito tirou a roupa, confirmando o corpo disforme e sonso, e agarrou meus cabelos enfiando a pica na minha boca. Era um pau modesto, cabeça fina e que ia engrossando pouco antes de chegar ao saco, coube quase tudo na minha boca e me esforcei para chupar aquilo. No entanto, ele mal me deixava mamar a caceta, ficava estocando ela na minha garganta num frenesi impulsivo, sem tirar os olhos do desempenho másculo do Pedro me possuindo como uma cadelinha de rua.
- Vou gozar! – avisou o Pedro, metendo forte e fazendo o sacão dele bater sonoramente nas bandas da minha bunda.
- No cu dele não! Goza na minha boca, quero tua porra, macho! – pediu o sujeito, ajoelhando-se diante do Pedro enquanto ele jorrava na boca e no rosto do cliente. Ele não engoliu nada, deixou tudo escorrer no meio da barba, o que achei um desperdício, pois aquele sumo tinha um sabor divino.
Suado, e tendo esporrado muito, o Pedro foi se sentar. O sujeito limpou a barba com uma toalha e veio para cima de mim, que ainda estava debruçado com as pernas abertas tremendo tanto que não me atrevi a sair da posição em que fui arrombado.
- Agora é a minha vez, moleque veado! Abre esse cu para levar rola, puto! – ordenou bruto.
Puxando minha cabeça para trás pelos cabelos, ele meteu a jeba no meu cuzinho que nem havia se fechado por inteiro depois que o Pedro sacou o pauzão dele. Fiquei grato pela penetração não doer, mesmo quando o cara estava com o pau entalado até o talo no meu cu. Afoito, ele mexia o pau no meu cuzinho, enfiava e puxava de volta, o que o fez escapar algumas vezes escorregando pela abertura frouxa. Ele amassou meus peitinhos, rugia no meu cangote e bombava devagar para a pica não sair de novo. A excitação da posse vigorosa do Pedro ainda repercutia pelo meu corpo, mas comecei a gostar daquele vaivém, especialmente por que não doía muito. Afastei mais pernas e arrebitei a bunda, o que o ajudou a meter mais fundo na maciez úmida que o encapava.
- Tesão da porra! O macho aqui vai estourar seu cu, tesudo do caralho! – exclamava ele, o que soava mais como um blefe dado que aquela pica não chegava a empolgar.
Olhei para o Pedro com os olhos marejados, ele estava sério, pernas bem abertas, o pauzão descansando nos observando com o pensamento distante. Estou fazendo isso por você, Pedro, não me odeie por isso, por favor, não me odeie, dizia eu a mim mesmo com aquele cara montado em mim.
O sujeito devia estar esperando mais de mim, ganidos de dor e prazer, gritos por estar lhe servindo, alguma reação mais forte que o fizesse se sentir mais macho, mais dono do poder, e isso eu não conseguia esboçar, apenas me deixava foder não vendo a hora de me desvencilhar dele.
- Pode ir embora, quero ficar a sós com o moleque! – disse, ao perceber que demorava a chegar ao clímax.
- Não foi o combinado! – retrucou de imediato o Pedro.
- O combinado foi eu colocar uma boa grana na sua mão, ela está ali naquele envelope na mesinha. – revidou o cliente. – Vista-se e nos deixe! Não quero plateia enquanto fodo esse veadinho!
O Pedro hesitou, me encarou e fiz sinal acenando que estava tudo bem. Eu sabia que ele precisava da grana. Tão logo fiquei a sós com o sujeito, ele quis tirar a camisinha e meter sem ela.
- Com essa porra parece que estou chupando bala sem desembrulhar, não estou conseguindo gozar! – afirmou.
- Sem camisinha não rola! – exclamei de pronto, me pondo em pé.
- Você vai fazer o que o macho aqui mandar, moleque! Debruça e abre as pernas para eu terminar de arreganhar seu cu, veado! – ordenou com rispidez.
Como me recusei, ele meteu um bofetão na minha cara, me jogou de bruços sobre o sofá e quis me enrabar à força; me debati levando socos até ele apertar meu pescoço e me sufocar. Percebendo que não ia conseguir me controlar e que o pau já estava mole demais para consumar a penetração, ele começou a urinar em cima da minha bunda e coxas.
- Taí, veado do caralho! Se não vai porra no rabo, vou mijar nessa bunda pública para você saber que não passa de um escroto, filho da puta nascido para servir quem te paga! Depósito de porra de macho! – disse, espumando de raiva por não ter chegado ao orgasmo.
De repente, a humilhação virou ódio, um ódio como nunca havia sentido, eu queria esganar aquele miserável filho da puta e juntei todas as forças, acertei um chute na barriga dele que o tirou de cima de mim e o lançou longe. Acertei mais uns dois com ele se contorcendo no chão e peguei rapidamente minhas roupas e sai correndo dali, sentindo falta de ar e chorando; enquanto o sujeito me xingava e prometia foder com a minha vida.
Na saída do prédio, passei correndo pelo Pedro e continuei correndo pela calçada para me afastar daquele lugar.
- O que aconteceu, Lucas? Fala comigo, moleque! Por que está assim?
- Eu te odeio! Você me vendeu para aquele filho da puta! Ele me humilhou, me bateu, quis me foder à força! Eu te odeio, Pedro! – berrava e chorava, não deixando ele me tocar.
- Me fala o que aconteceu! Volta aqui, moleque! Volta aqui, estou mandando, cacete! – vociferava ele, vindo ao meu encalço.
- Você não é meu dono, não manda em mim! Eu odeio você, Pedro! Odeio você! – exclamei, quando ele me agarrou e não me soltou mais, abraçando forte meu corpo e me mandando ficar calmo, comigo chorando a não mais poder.
- Vamos para casa, você vai me contar tudo o que aconteceu! – disse ao entrarmos no táxi.
- Não quero mais olhar na sua cara! Você me vendeu como se eu fosse uma mercadoria! – choraminguei em seu ombro, sem que ele tirasse aqueles brações musculosos do meu tronco.
- Sei que está zangado, pode ficar zangado, meu moleque!
Em casa, mais calmo, mas ainda muito zangado com ele, fui me deitar sem jantar. Ele entrou tarde na cama, se aconchegou em mim sem cueca e voltou a me abraçar até eu adormecer. Nunca mais ele me deixou sozinho com um cliente, e cobrava bem mais caro se o cliente quisesse me foder o cuzinho.
Nunca perguntei ao Pedro de onde vinha a grana que o sustentava. Sabia de sua atividade pelas boates e saunas, de uns lances sinistros com dois sujeitos que ele costumava visitar num apartamento de classe média na Vila Mariana, e pelos quais eu criei uma aversão já da primeira vez que os vi, e de uns rolos que ele fazia com uns caras que também faziam ponto nas boates onde atendia os clientes. De qualquer forma, devia ser o suficiente para ele manter a quitinete, e pagar a pensão de um filho dois anos mais novo do que eu, que vivia com sua ex, uma cabelereira que havia se amaciado com uma amiga de infância lésbica.
Ambas moravam numa casa térrea simples, mas bem arrumada num bairro popular e tocavam um salão de beleza próximo ao centro da cidade. Numa das visitas regulares que fazia ao filho, ele me levou consigo e me apresentou. Devido à semelhança de idade, logo meu entrosei com o Guilherme, seu filho. Ele também estava se descobrindo gay, o que foi mais um elo a fazer com que nos tornássemos amigos. Ele estudava num colégio particular, tinha um quarto bem montado com tudo o que um garoto dessa idade gosta e precisa, e era onde passávamos horas quando das nossas visitas semanais à ex do Pedro.
No instante em que o Pedro me apresentou, ela soube o que eu significava na vida dele e, nem ele fez segredo da nossa relação, abraçava-me, beijava-me lascivamente e não escondia o tesão que acometia sua pica quando me sentava no colo dele na presença dela e do filho. Era de praxe passarmos o domingo na casa dela. O Pedro comprava alguma coisa para levar, fazíamos um almoço ou churrasco dividindo as tarefas e ficávamos até o anoitecer. Enquanto ele e a ex resolviam questões práticas, geralmente sobre o filho, o Guilherme e eu ficávamos no quarto dele assistindo TV, jogando videogame e falando sobre os desafios da nossa sexualidade. Esses papos me levaram a me conhecer melhor e eu gostava de conversar com ele, o que deixava o Pedro curioso e, ao mesmo tempo, contente por nos darmos tão bem.
- Você não toma jeito mesmo, Pedro! Fodendo esse molecão que tem quase a mesma idade do seu filho! Tenho que admitir que o garotão é lindo e tem um corpo espetacular, e que foi isso que virou a sua cabeça. Só me pergunto o que foi que esse molecão viu num cara feito você, além da pica, é claro, que nisso você foi muito bem contemplado, sem profissão, sem grana e, que podia ser o pai dele. – ouvi-a dizer certo dia quando ela, a parceira e o Pedro conversavam no quintal e eu tinha ido ao banheiro mijar e, cuja janela dava para o quintal.
- Não sei te responder o que foi que ele viu em mim. Porém, posso te garantir que deve ser algo muito bom, pois ele me faz feliz como nunca me senti antes. E posso assegurar que não é só da minha rola que ele gosta, eu sinto a paixão dele por mim quase palpável. – devolveu o Pedro, sabendo exatamente o que eu sentia por ele.
- Só não se esqueça que você tem obrigações com o seu filho, e não com o dos outros! O colégio dele aumentou, o plano de saúde também, adolescentes custam caro Pedro e eu não vou bancar tudo sozinha.
- Você nunca bancou nada sozinha, eu sempre banquei tudo o que o Guilherme precisou. – defendeu-se o Pedro, ciente de estar sendo explorado. Além do que, sua condição financeira é bem melhor e mais estável que a minha, mas nunca deixei faltar nada para ele, por isso não estou entendendo onde quer chegar com esse papo.
- É só um aviso! Sei que é um bom pai, e é por isso que sempre o recebo bem em minha casa. – disse ela.
Naquele dia me dei conta de ser um peso na vida do Pedro, apesar de me incumbir de todas as tarefas domésticas, de o acompanhar em alguns programas com clientes que o requisitavam em suas casas e, de nunca pedir a parte destinada a mim do pagamento que ele cobrava dos clientes. Quando pedi que me deixasse fazer programas sem a companhia dele para poder me bancar sozinho, ele ficou furioso; brigamos e levei dois dias fazendo chamego nele antes de ele me enrabar novamente. Esse lado possessivo e autoritário dele às vezes me assustava, me fazia lembrar da violência do meu pai, embora o Pedro jamais tivesse erguido a mão para mim. Era seu jeito de macho abrutalhado que não aceitava argumentos que pusessem sua dominância em dúvida. Eu havia descoberto uma maneira infalível de contornar esses embates, e ele cedia fácil, até certo ponto, quando lhe entregava a bunda carnuda e receptiva, pedindo que me presenteasse com seu leite viril. De carrancudo, passava a sorrir discretamente para não dar o braço a torcer, e vinha mansinho se apossar do meu cuzinho até o deixar encharcado de sêmen.
Há três meses eu carregava no bolso o papelzinho onde anotei o número do celular da minha mãe, que a dona Evangelina tinha me dado. Hesitava ligar receando que meu pai ficasse sabendo do meu paradeiro depois de ter sido preso. Se ter um filho gay já o tinha feito explodir num surto de raiva, o que não faria se soubesse que passei dois anos e meio num centro de detenção juvenil cumprindo pena, mesmo não tendo feito nada de errado, apenas ter me envolvido com as pessoas erradas? Ele ia me trucidar antes mesmo de eu abrir minha boca para tentar explicar o que aconteceu, à semelhança do que fez quando o Deolindo postou o vídeo fake no qual eu aparecia supostamente chupando a pica do companheiro de farda.
- Liga para a sua mãe, que se foda seu pai! Sei que está com saudades dela, você é um garoto, é natural que sinta falta da sua mãe. – encorajou-me o Pedro. – Vamos descobrir onde ela está morando e eu vou te acompanhar. Não precisa se encontrar com seu pai. – disse, me entregando seu celular para que fizesse a ligação.
Mais chorei do que falei ao ouvir a voz da minha mãe. Há três anos não a ouvia soando doce carinhosa. Eu disse que estava bem, perguntei para onde haviam se mudado e pedi para vê-la.
- Sinto sua falta, filho! – exclamou chorosa, o que me levou aos prantos e a sentir um vazio imenso no peito. – Como você está? Soubemos que saiu do Centro Socioeducativo. Seu pai ficou furioso quando soube da sua prisão, jurou que o mataria se ousasse nos procurar. Ele anda insuportável depois que foi obrigado a deixar a PM. Foi quando nos mudamos para Itu, onde ele nasceu e passou a infância.
- E você como está, mãe? Ele continua te tratando mal? Eu queria tanto poder te ajudar para que pudesse se livrar dele. Também quero te visitar, um amigo disse que me levaria até você.
- Vou ficar muito contente, mas avise antes de vir. Não vai ser nada bom se seu pai souber ou se vocês se encontrarem. – avisou ela
- Está bem, vou ver quando será possível ir e te aviso.
- Beijo, meu filho! Se cuida!- desligou tão rápido que nem tive chance de responder.
- Você também, mãe, se cuida! Amo você!
Ao devolver o celular para o Pedro ele me puxou para junto dele, me abraçou e beijou minha testa.
- Vai ficar tudo bem, garoto! Você não está sozinho, eu estou aqui! – asseverou, quando me abriguei em seu corpão sólido.
Quatro dias depois, num sábado, viajamos até Itu. A ex-esposa do Pedro, também comovida com a minha situação, se ofereceu a nos acompanhar. A casa onde meus pais estavam morando ficava num lote junto com outras duas num bairro operário da cidade. A esposa do Pedro foi sondar se minha mãe estava em casa e se estava sozinha, pois a última pessoa que eu queria encontrar nesse mundo era meu pai. Enquanto isso, o Pedro e eu ficamos no carro, uma centena de metros distante da casa. Minhas mãos estavam suadas, o coração acelerado e o choro querendo sair a qualquer momento. O Pedro tomou meu rosto entre as mãos e me beijou a boca, não num beijo libidinoso, mas num beijo carregado de afeto.
Estava com a minha mãe a Lucinda, uma vizinha da nossa antiga casa, a mesma a quem fui perguntar se sabia do paradeiro dos meus pais quando fui solto da Casa de Acolhimento, e que negou ter notícias deles, mentiu a desgraçada. Uma garotinha de mais ou menos três anos se escondeu atrás da saia da minha mãe quando ela veio nos receber na pequena varanda fronteiriça à casa. Ela me examinava com os olhos grandes de um verde claro iguaizinhos aos meus e, quando me inclinei na direção dela sorriu tímida.
- É sua irmã, Lucas! – disse minha mãe, me deixando em choque, antes nos abraçarmos e chorarmos um no ombro do outro.
- Você teve uma filha com ele? – perguntei incrédulo, pois jamais imaginei que ela quisesse ter mais filhos com aquele traste.
- Descobri que estava grávida pouco depois que você foi preso, foi por isso que nunca te visitei. Logo depois que a Kátia nasceu nos mudamos para cá e ficou mais difícil entrar em contato com você. – revelou.
- Achei que você também estava cansada de aturar o pai, e você tem uma filha com ele, juro mãe, não dá para entender.
- Aconteceu, o que eu podia fazer? – questionou resignada e submissa.
- E por onde ele anda agora que saiu da PM, ele não é muito novo para se aposentar, o que faz para sustentar vocês?
- Você sabe que ele tem as costas quentes dentro da PM. Depois que dois ladrõezinhos assaltaram uma lojinha e foram capturados por uma equipe que seu pai comandava, espancados à vista de muitas testemunhas até quase a morte e levados supostamente à delegacia onde, como das outras vezes, nunca chegaram, houve um inquérito para apurar o desaparecimento dos corpos. Deu uma trabalheira para os superiores do seu pai abafarem o caso, porque até no noticiário o sumiço dos rapazes foi parar. Aí resolveram aposentar seu pai para evitar que a coisa acabasse respingando neles. Conseguiram tudo numa agilidade impressionante e com a nossa vinda para cá, o caso caiu no esquecimento. Porém, você conhece o seu pai, não demorou para começar a aprontar por aqui também. Ele se juntou a GCMs e PMs daqui e montou o que ele chama de empresa de segurança, mas que na verdade não passa de uma milícia que oferece segurança a comerciantes para que seus estabelecimentos não sejam alvo de bandidos. Além disso, ele ainda continua a prestar serviços esporádicos para os antigos superiores dele; assim que precisam de algum serviço sujo para o qual não pode haver rastros, testemunhas ou provas incriminatórias, eles ligam para ele e soltam um bom dinheiro. – revelou numa passividade estarrecedora.
Ela não me convidou a entrar na casa, o que compreendi pelo receio do meu pai aparecer de repente e nos flagrar num reencontro com o qual ele não concordava. Não cheguei a ficar uma hora com ela, a maior parte do tempo apenas nos entreolhamos chorando, uma vez que ambos sabiam que a relação mãe/filho não só havia se perdido no tempo, como nunca mais seria a mesma de quando eu era criança. Percebi que aquela família não sentia minha falta, que estavam tocando suas vidas muito bem sem mim, e que eu não fazia mais parte dela. Voltei a sentir aquela sensação de abandono e sabia que nada podia ser feito para amenizá-la.
- Adeus, mãe! Foi bom te ver! Cuida bem de você, e dessa garotinha, não permita que ele arruíne a vida dela também, como fez com a minha.
- Adeus, Lucas! Espero que tenha uma vida feliz! – desejou ela.
Voltei chorando para o carro onde o Pedro e a ex me aguardavam para voltar para São Paulo, cada um de um lado, me abraçaram e puderam constatar que eu era um órfão de pais vivos. Em nenhum momento minha mãe me perguntou como eu estava subsistindo, o que fazia da vida, e foi até bom. O que eu poderia responder, que tinha me descoberto gay, que vivia sob o mesmo teto e compartilhava a mesma cama com um homem de 41 anos que podia ser meu pai, que caía na noite em companhia dele dando o cu para ter o que comer no dia seguinte? Não, eu não tinha mais nada a dizer àquela mulher que me pôs no mundo. Ela que guardasse apenas as boas lembranças de quando eu era um garotinho puro.
Naquela noite não saímos para fazer programa, ficamos enrodilhados na cama e o Pedro me pegou devassamente umas quatro vezes, como se eu estivesse no cio. Mal findava um coito já nos preparávamos para o próximo, copulando feito dois animais movidos apenas pelo instinto e pelos hormônios.
Comemorei meu aniversário de dezenove anos na casa da esposa do Pedro que se ofereceu para fazer a festa, nada além de uns poucos amigos deles, um colega de escola do Guilherme com pinta de machinho e que, certamente, já tinha descabaçado o moleque e andava enrabando o cu dele, e a dona Evangelina, minha única convidada.
O Pedro e eu estávamos em frente a uma boate na rua Rego Freitas esperando clientes quando o Juvenal apareceu com uma turminha, basicamente gays de todas as idades. Fazia tempo que não nos víamos e ele continuava com aquela pinta de safo, sorrindo a torto e direito, ostentando um relógio caro no pulso, mais algumas correntes de ouro no pescoço, roupas de grife e esnobando charme no corpo bem estruturado sem perder o vício de ficar pegando a todo momento na rola, um salamão grosso junto à perna esquerda cujo contorno ninguém conseguia ignorar.
- Lucas! Cara, você está cada dia melhor, um tesão de moleque! – exclamou, ao mesmo tempo que me apresentava aos colegas que eu ainda não conhecia. – Por onde tem andado? Sabia que eu devia te castigar? – perguntou, jogando o braço sobre meu ombro e quase colando o rosto dele no meu.
- Castigar por que, o que foi que eu fiz?
- Por me fazer perder noites de sono pensando nessa bunda! Já bati tanta punheta imaginando meu pau entrando no seu cuzinho que rendeu para mais de um litro de porra! Quando vai realizar meu sonho, seu putinho tesudo? – perguntou, quando o Pedro já havia se aproximado e escutado o disparate.
- Nunca! – respondeu belicoso o Pedro. – Sou o macho dele, e o Lucas só realiza as fantasias do macho dele, não é paixão? – retrucou o Pedro, me arrancando do braço do Juvenal e beijando acintoso minha boca diante de todos.
Ambos se conheciam de vista, nunca chegaram a conversar, mas o clima de rivalidade ficava pairando no ar quando se encontravam no mesmo ambiente.
O Pedro me soltou ao identificar um cliente bom pagante próximo à entrada da boate e foi na direção dele ver se descolava o programa daquela noite.
- Você precisa se livrar desse mala, Lucas! Esse cara não é do seu nível! Com esse corpo, essa carinha de anjo você consegue clientes bem melhores dos que ele pode te arranjar. Quanto você fatura num programa que ele te arranja, uns R$ 400,00, talvez R$ 500,00 se o cliente estiver com o bolso cheio? Cara, você precisa vir comigo para as paradas nos Jardins, lá é outro nível, tem tudo a ver com você. Lá eles querem garotões bonitos de corpo e rosto, caras com quem podem frequentar lugares chiques, apresentar a amigos sem fazer feio. Conheço uns caras que soltariam fácil, fácil uns R$ 1.500,00 a R$ 2.000,00 na sua mão num único programa. Se for para acompanhar em viagens ou passar final de semana nas casas de veraneio deles, a quantia dobra e até triplica. Teu lugar é lá, Lucas, vai por mim! Esquece esse velho pé-rapado que não dá futuro! – sentenciou, tentando me aliciar.
É claro que fiquei tentado, quem não ficaria? O Pedro e eu nunca fizemos R$ 1.500,00 em dupla, quanto mais sozinhos. Para faturar essa grana eu teria que dar o cu para uns quatro ou cinco caras, pelo menos, numa única noite. O Juvenal sentiu como fiquei interessado e sugeriu que saíssemos dali e fossemos para a região dos Jardins, nas boates gays frequentadas por uma clientela abonada. Eram duas da madrugada quando o Pedro regressou sem ter fechado o programa com o cara que ele já tinha fodido algumas vezes e, ao que tudo indicava, iriamos para casa sem ter faturado nada.
- Eu topo! – disse ao Juvenal, que abriu um sorriso de orelha a orelha e começou a me arrastar para onde o carro dele estava estacionado. – Qual a sua participação nesse negócio? – perguntei, pois sabia que nada saía de graça.
- Assim você me ofende! Não levo nada, cara! É tudo seu! É coisa de parça para parça! – respondeu. – Mas, não vou ficar chateado se um dia você resolver me recompensar realizando minhas fantasias com essa bundinha tesuda! – emendou, dando um tapa estalado nas minhas nádegas, o que deixou o Pedro furioso.
- Vou dar um rolê com o Juvenal, a gente se encontra em casa, OK? – avisei ao Pedro.
- Vai para onde? Não quero que ande na companhia desse sujeito! – exclamou irritado
- Ele vai me apresentar uma galera nas boates dos Jardins! Até mais tarde! – respondi
- Você não vai, não! Sem mim você não vai a lugar algum! – retrucou o Pedro, me puxando forte pelo braço.
- Cara, solta o moleque! Ele tem idade para escolher as companhias e o que quer fazer, não precisa de um cão de guarda tomando conta dele. – revidou o Juvenal, disposto a levar a melhor naquele lance.
- Eu disse que você não vai a porra de lugar algum, Lucas! Me obedeça se não quiser levar uns cascudos aqui mesmo! – ameaçou o Pedro
- Eu vou! Você não manda em mim! Posso muito bem decidir o que eu quero sem a sua ajuda! – retruquei irado, antes do Pedro começar a me arrastar para longe dali. – Me solta, Pedro! Não sou sua propriedade, larga Pedro! – impunha eu, no que já começava a virar um tumulto. No deixa-pra-lá e, contido por uns caras que conheciam o Pedro, eu segui com o Juvenal.
Não era bem uma boate; na verdade, tinha cara de barzinho ou lanchonete o endereço na Alameda Franca onde viemos parar. A calçada estava ocupada por grupinhos alegres e, a informação do Juvenal estava certa, muitos caras bonitos que não disfarçavam que estavam ali na caça. A maioria era de homens maduros, alguns mais jovens e outros passados dos 40. Me mediram da cabeça aos pés, carne nova no pedaço, dava quase para ler nas expressões que me lançavam. O Juvenal foi direto para uma rodinha onde identificou uns conhecidos e foi logo me apresentando. Me comeram com os olhos a ponto de eu sentir o rubor subindo pela face. O que podia ser mais cativante do que um molecão de rosto bonito, sorriso acanhado, corpão taludo e uma bunda de virar a cabeça de qualquer marmanjo? A maneira como foram me abordando respondia por si só. Uma hora depois, parecia que aquela galera me conhecia há tempos.
- Cara, estou varado de fome, e você? – perguntou o Juvenal. Só não respondi que estava com o estômago colado nas costas para não parecer um desvalido.
Entramos, pegamos uma mesa e fizemos os pedidos. Duas mesas adiante, três homens não paravam de me encarar. Um deles, barba e cabelos grisalhos e um corpão parrudo que disfarçava bem a idade, estava quase babando e, por duas vezes em que olhei na direção dele, o vi ajeitando a rola.
- Já sacou, não foi? Os três naquela mesa! Estão te secando como se fosse um cordeirinho e eles os lobos maus. – ironizou o Juvenal.
- Se eu estivesse à procura de um avô, até que não me importaria. – retruquei.
- Esquece essa porra de idade, Lucas! Nenhum daqueles playboyzinhos lá de fora, com as camisetas forradas de músculos, têm um décimo da grana desses coroas. Vai por mim, é com esses que você vai se dar bem, basta constatar como estão babando por você. – argumentou ele.
- Vendo por esse lado, tenho que concordar com você!
- É serviço fácil! Se você cair nas graças de algum deles, vão te bancar em tudo. Esses caras gostam de se valer do poder do dinheiro, querem pagar tudo, querem provar que são bem sucedidos, que são uns fodidões! A maioria já não dá mais conta de duas ou, no máximo, três fodas por semana tocadas na base da azulzinha. Você não vai precisar andar por aí um ou dois dias com o cu todo esfolado, pois a pica deles já está na encolha. Por outro lado, o que a pica não faz eles querem fazer com a grana, os carrões, e é aí que você se dá bem! – falava animado. – Como é que você acha que esse relógio, esses badulaques vieram cair nas minhas mãos? Fodendo os cus desse tipo de cara. E tem outro tanto deles que são ativos, que querem uma bundinha novinha e rija como a sua, um cuzinho apertado encapando as rolas deles. – eu ouvia aquilo me sentindo uma puta.
Um quarto para as quatro da madrugada estávamos saindo do lugar. A calçada continuava lotada e, enquanto o Juvenal se despedia da turma, um daqueles caras que ficou me secando da mesa próxima se aproximou. Simpático, quis se fazer de jovial, fez um elogio, afirmou que o deixei excitado, quis me conhecer. Eu estava cansado, não via a hora de chegar em casa, tomar uma ducha e cair nos braços do Pedro, apesar de ainda estar muito puto com ele pelo escândalo que fez na porta da boate. No entanto, me lembrei que tínhamos contas a pagar e que aquela noitada não tinha rendido nada. Aceitei o convite para uma esticada na casa do sujeito e estava me despedindo do Juvenal, que aprovou a minha decisão com um sorriso malicioso. Não sei de onde o Pedro surgiu, só dei por mim quando senti a mãozona potente dele esmagando meu braço e me sacudindo todo sob a ordem de irmos para casa.
- Me larga, seu maluco! Eu já disse que não vou a lugar algum com você! Me deixa, Pedro!
- Você vai por bem ou por mal, a escolha é sua, moleque! – ameaçou ele
- Você não é meu dono para ficar me dando ordens! Larga Pedro, está me machucando! – revidei, lutando para me safar dele.
- Solta o garoto! – interveio o cara que havia me chamado para sair, empurrando o Pedro para o lado.
Foi o que bastou para os dois se pegarem aos socos. Começou uma gritaria em volta e, em minutos, dois leões-de-chácara imobilizavam o Pedro e o cobriam de porradas.
- Não bate nele! Não precisa bater nele, chega! Para! Para de bater nele! – berrava eu, desesperado quando vi sangue no rosto do Pedro.
- Vem, vamos sair daqui! – disse o sujeito que queria me levar para casa. – Vai dar ruim e não demora a polícia baixa por aqui, vem vamos embora! – ele me conduziu até o carro e a luta na calçada continuava.
No trajeto até a casa dele, me disse que se chamava Ricardo, que era empresário, que fora casado com mulher e tinha duas filhas mais velhas do que eu morando no exterior. Foi simpático, parecia bem descontraído, quis saber meu nome, ao que respondi me chamar Cleber, o nome de guerra que adotei para fazer programas, uma vez que o Pedro havia me orientado a nunca revelar meu nome verdadeiro, já que o contato com os clientes se restringia a algumas poucas horas e não valia à pena fornecer muitos detalhes pessoais. A todo momento ele dava um jeito de passar a mão na minha coxa querendo fazer parecer casual, no entanto, a ereção entre suas pernas desmentia a atitude.
Ele sacou de pronto que eu nunca havia pisado numa casa tão luxuosa, mas não fez nenhuma observação.
- Sua casa é muito linda! – exclamei assombrado
- Obrigado! Quero que se sinta muito à vontade! Quer beber alguma coisa? Está com fome? – neguei porque o sanduiche que comi na companhia do Juvenal tinha me saciado, e fiquei me perguntando o que levava certos clientes a perguntarem se eu estava com fome, como se eu fosse algum mendigo que não via comida há dias. Mas, deixei para lá e fui na direção de onde ele estava sentado com as pernas abertas e o pau duro sob a calça.
Sentei-me no colo dele, nos beijamos, ele tirou a minha camiseta, bolinou com os biquinhos dos meus mamilos até eles ficarem rijos, lambeu-os, chupou-os enquanto eu desabotoava a camisa dele e acariciava os dois redemoinhos de pelos escuros do peitoral dele. Para um cinquentão de 52 anos ele era bem sarado. Ajoelhei-me entre as pernas dele, abri a braguilha e tirei o caralho para fora. Não era um pau muito grande, mas era grosso, retão e veiúdo no formato de um torpedo. Caí de boca nele e, enquanto o mamava, o Ricardo grunhia, se contorcia, afundava minha cabeça em sua virilha socando o cacete na minha garganta. Por duas vezes ele o sacou ligeiro da minha boca ao pressentir que ia gozar. Massageando as bolonas dele com a língua, essas sim bem avantajadas, senti como estavam abarrotadas e continuei a estimulá-lo. Ele se levantou, me ergueu pela bunda e caminhou comigo até o quarto onde me largou sobre a cama e arrancou minha calça junto com a cueca. Virei de bruços para mostrar minha bunda, rebolando com sensualidade para continuar mantendo o tesão dele. Ele terminou de se despir, jogou-se em cima de mim e começou a esfregar a rola dura entre as bandas da bunda, ao mesmo tempo em que sussurrava sacanagens no meu ouvido. O cara parecia um garanhão tarado, meu reguinho estava molhado com o melzinho que a pica dele soltava. Feito uma cadela no cio, eu lhe oferecia a bunda, empinando-a contra a virilha peluda dele, o que o fez arfar e se esfregar todo no meu corpo.
- A camisinha! – exclamei, ao notar que o tesão o levava ao delírio
- O que? – grunhiu, tão excitado que não via a hora de me penetrar
- A camisinha, você não colocou camisinha! Não rola sem ela! – avisei.
Afobado e desengonçado ele encapou a rola, montou novamente em mim e pincelou o caralho no meu rego até sentir minha fendinha na ponta da glande. Meteu de uma só vez, e o cacete deslizou para dentro do meu cu fazendo ploft. Soltei um ganido. A despeito da pica não ser grande, e de eu ser muito apertado, nem mesmo tendo levado um bocado de caralhões grandes no rabo, o que parece só ter fortalecido e desenvolvido a musculatura do meu anelzinho, senti dor quando o buraquinho se distendeu. O ganido o ensandeceu e, juntamente com a travada potente que dei na verga dele, o cara desembestou a me foder bombando freneticamente meu cuzinho no qual mergulhava até o talo a cada estocada forte. O Ricardo puxou meu rosto na direção dele, me beijou capturando meus lábios com os dentes enquanto grunhia e arfava dando vazão ao tesão.
- Caralho de moleque apertado da porra! Vou estourar suas preguinhas, seu putinho safado! Sente o macho te arrombando, sente moleque! – ronronava ele perdido em êxtase.
Naquele dia percebi o quanto um gay passivo como eu tinha de semelhança com as mulheres. O cara que estivesse nos fodendo nunca sabia se estávamos sentindo prazer com o desempenho dele, podíamos não estar sentindo nada de excitante, podíamos fingir um orgasmo e o cara jamais saberia se era verdadeiro ou não. Nós gays passivos até podíamos ficar de pau duro o que sinalizaria excitação, mas isso não significava que estávamos realmente sentindo prazer. Era exatamente assim que eu me senti naquele momento. Meu pensamento estava distante, focado no Pedro, por mais puto que eu estava com ele naquele instante, vê-lo sendo agredido por aqueles seguranças me doía fundo na alma. Eu queria estar com ele, queria saber se estava ferido, queria dizer que era meu herói por me defender. Porém, sentindo o cuzinho sendo estocado pelo caralho do Ricardo como se fosse um bate-estacas, me subia o sangue ao lembrar como o Pedro me tratou, exigente, autoritário e se julgado dono de mim e da minha vida. Travei o cu algumas vezes, mastigando a rola entalada nele e o urro do Ricardo se espalhou pelo quarto assinalando que estava gozando, enquanto seu corpo estremecia deitado sobre mim.
Passei a noite com o Ricardo, não porque gostei dele, mas para castigar o Pedro, pois tinha certeza que ele devia estar puto comigo por tê-lo desobedecido. Tomamos café e eu me preparava para ir embora, só esperava pelo pagamento. No entanto, o Ricardo quis que eu ficasse, que passasse uns dias com ele.
- Não trouxe roupas comigo, teria que ir buscar em casa. – avisei.
- Isso não é problema! Vou te levar ao shopping, lá você compra o que quiser! – afirmou. – Até porque essas roupas não fazem jus ao seu corpo. – caras com dinheiro sempre encontram um jeito de te lembrar que você é inferior a eles, mesmo quando te fazem um elogio.
Voltamos para casa com sacolas cheias de roupas, tênis e até sapato de couro, além de um celular que custou os olhos da cara, segundo o Ricardo era para eu não fazer feio nos lugares onde pretendia me levar. Ele gastou uma grana boa no shopping e eu o paguei assim que nos acomodamos no sofá largo da sala de TV da casa dele; sim, o cara tinha uma sala toda equipada com o que havia de mais tecnológico só para assistir filmes, enfiando sorrateira e delicadamente a mão na virilha dele para brincar com a pica que endureceu ligeira com algumas latejadas. Assim que ela começou a babar me pus a chupar, lamber e mordiscar toda sua extensão, palpando os colhões ingurgitados enquanto ele suspirava e se contorcia. Levei uma baita esporrada na cara e, à medida que ele recolhia a porra cremosa com o polegar e a enfiava na minha boca, eu sugava o dedo dele e engolia sua virilidade sob o olhar libidinoso dele.
Cada refeição era um deleite para os olhos. A empregada dispunha uma parafernália de pratos, copos e talheres na mesa que mais parecia coisa de filme e, quando vinha a comida, eu a devorava com os olhos e com a boca de tão linda e saborosa. Cada refeição era acompanhada por um vinho diferente, e logo descobri que isso tinha uma razão de ser.
- Para que esse tantão de copos e talheres quando um garfo e uma faca bastam? – perguntei da primeira vez que almoçamos em casa.
- Cada um tem sua função! Preste bastante atenção, vou te mostrar como se faz! – exclamou, antes de me ensinar desde como segurar os talheres e copos, até como levá-los à boca na ordem certa com elegância. Quase perdi a fome de tão complicada que a coisa era. Mas, fiz tudo conforme ele mandava, afinal era ele quem estava pagando.
Passeávamos bastante, íamos a lugares chiques, ele me apresentava com orgulho para as pessoas que, no fundo, já sabiam tratar-se de mais uma de suas conquistas sexuais, bastando olhar para meu rosto e meu corpo para terem certeza. Passamos um feriadão na casa de praia dele, com direito a passeio de lancha e tudo mais, onde minha sunga parcialmente engolida pelas nádegas não deixava o pau dele amolecer. A todo instante ele o roçava na minha bunda, que eu empinava para deixá-lo ainda mais excitado. Com a lancha ancorada a certa distância da praia, o sol e algumas gaivotas sobrevoando a embarcação eram as únicas testemunhas dos coitos lascivos com os quais o Ricardo me usava.
Eu já estava há cinco semanas morando com ele quando fomos jantar num restaurante em companhia de dois amigos dele. Os dois não foram nem um pouco discretos durante a conversa que rolou. Sabendo que eu era gay e fazia programas, falavam sem papas na língua ora para me elogiar, ora para mostrar o quanto estavam interessados em meter as estrovengas no meu rabo. O Ricardo não parecia se importar, para ele eu não passava de um veado puto sem sentimentos. Na saída, para pegar o carro que ficou aos cuidados de uma empresa de Valet, quem veio pegar o ticket das mãos dele foi um cara que conheci no Centro Socioeducativo. Não me lembrava mais do nome dele, mas ele parecia ter a memória bem mais fresca que a minha
- Lucas! Cara, quase nem te reconheci nessas roupas! Tá bem de vida, hein cara! Há quanto tempo! Nunca mais voltou para visitar os amigos! – sentenciou em alto e bom som, de modo que todos ao redor podiam ouvir. – Fui solto no final daquele ano em que te libertaram, andei um tempo na casa do meu irmão, até encontrar esse trampo. É uma merda, mas dá para ajudar a pagar as contas, comprar uma erva de vez em quando e pegar umas putinhas quando baixa o tesão! – sem se preocupar com o que estava dizendo, ele se pendurava no meu ombro e soltava o verbo. O Ricardo me encarava de longe e, pelo olhar dele, soube que aquilo ia dar merda. – Vou te passar meu celular, anota aí! Me liga para a gente marcar umas paradas, você sempre fez sucesso com as minas, vai ser mais fácil chegar numa se estiver na sua companhia! - eu mal respondia às perguntas dele, preocupado, só ficava olhando para o Ricardo que assistia a tudo sem esboçar qualquer reação.
Entramos no carro e ele começou a dirigir, liguei o som, mas ele imediatamente o desligou. Não proferiu uma palavra sequer até chegarmos à casa dele.
- Você parece tenso! – afirmei, quando ele se serviu de uma dose de uísque. – Vem cá, vou te deixar bem relaxado, do jeito que você gosta! – emendei, pegando o pau dele dentro da calça e dando umas amassadas para provocar uma ereção, que não acontecia.
- Quando ia me contar que esteve preso? E como devo te chamar de agora em diante, Cleber ou Lucas? – perguntou, após dar o primeiro gole na bebida.
- O verdadeiro é Lucas! Eu estava esperando o momento certo. Não foi nada de mais, juro, na verdade foi meio que um engano. – respondi aturdido.
- Mentira! Você nunca pensou em me contar! O que estava planejando, moleque? Esperar a hora certa para me roubar? Trazer seus comparsas bandidos para dentro da minha casa e fazer um rapa? Quanto foi que já me roubou, o que já tirou daqui de casa enquanto esteve sozinho? – perguntava ele irritado e começando a ficar histérico.
- Não sou ladrão! Nunca roubei nada dessa casa, de você ou de quem quer que seja! Eu não planejo nada, não faço parte de gangues! – afirmei determinado.
- Então fez o quê, foi passar umas férias no centro de detenção? Se não é ladrão, é o que então, assassino? Fala moleque! Fala qual foi a porra que você fez para ser preso? – ele estava surtando, não me ouvia.
- Eu posso explicar, vou te contar tudo! Juro que não fiz nada de ruim, acredita em mim, por favor!
- Sai da minha casa agora! Suma da minha frente, seu delinquente veado! – ordenou possesso. Ainda quis argumentar, mas ele me ameaçou. – Se não sair daqui nesse instante eu chamo a polícia! – foi o fim, ele não queria mais nada comigo.
Juntei rapidamente minhas coisas e quis me despedir dele; afinal, até essa descoberta, estávamos nos dando bem, tinham sido cinco semanas como eu nunca tinha vivido antes.
- Tchau, então! Obrigado por tudo! – agradeci, embora não estivesse devendo absolutamente nada para aquele sujeito arrogante.
- Fora! Some da minha frente! O celular fica! – exclamou autoritário.
- Não, não fica! – respondi ultrajado e com raiva. – Se formos fazer as contas é você quem está me devendo. Não dou o cu por menos de R$ 1.500,00 e pelo tanto que você meteu em mim, ainda está me devendo. – afirmei.
- Esse rabo não vale nem um décimo disso, seu veado do caralho! Se não me devolver esse celular agora mesmo eu arrebento a sua cara. – disse ao vir para cima de mim com os punhos fechados.
Fui ligeiro e o soco só pegou meu ombro me desequilibrando. Com o sangue a ferver, revidei e meu soco o atingiu no queixo ao mesmo tempo em que o empurrão que dei nele o fez cair sobre o sofá.
- Seu merda do caralho! Fora daqui, veado escroto! – berrou atrás de mim quando saí pela porta.
Caminhei à esmo a madrugada toda. De tempos em tempos tinha uma crise de choro. Estava clareando quando me vi diante do edifício do Pedro. Sentei uns minutos no degrau da entrada, o dia começava preguiçoso, janelas iam se abrindo no prédio em frente e rostos sonolentos surgiam ainda descabelados. Um morador saiu, e eu aproveitei para entrar, embora estivesse segurando a chave na mão. O ar no apartamento estava quente e estagnado.
- O que faz aqui? Vai embora! Não me obrigue a chutá-lo para fora a pontapés! – como era bom ouvir a voz grossa e mandona daquele macho.
- Bom dia! Pelo que vejo isso vai ser meio que impossível. O que aconteceu com essa perna? – perguntei, ao vê-lo recostado na cama com a perna esquerda coberta até o joelho por uma bota ortopédica.
- Dá o fora, moleque! Não quero ver essa sua cara, some, e me deixe em paz! – ordenou. As palavras contradiziam aquele olhar que eu conhecia muito melhor do que ele imaginava.
- Por que está no escuro? E para que essas janelas fechadas, o ar aqui dentro está pestilento! – afirmei, abrindo as janelas para renovar o ar.
- Deixa essa porra fechada! Eu quero assim! E volte por onde veio, não quero saber de você! Vai lá dar o cu para os grã-finos, sua putinha vadia! – ele tinha que mostrar que estava zangado, que estava puto comigo por sentir toda aquela saudade que o vinha consumindo desde o dia em bateram nele na calçada do barzinho.
- Qual é a dessa bota? – perguntei, ignorando as ofensas.
- Quebraram a minha perna naquela briga. Precisaram colocar uns pinos para realinhar os ossos. – esclareceu.
- É nisso que dá se meter a valentão! – revidei, tirando a roupa e me enfiando na cama com ele. – Você está fedendo! – afirmei, acariciando o peitoral vigoroso dele.
- Putinho do caralho! Acha que é fácil tomar banho com essa merda presa na perna? – retrucou, ao mesmo tempo em que sua respiração começava a acelerar com a minha proximidade.
- Adoro seu cheiro! – exclamei, antes de cobrir sua boca com um beijo lascivo, e ele me agarrar me apertando com força contra si.
- Putinho safado! E eu adoro o cheiro dessa pele quente, desse corpo que me enche de tesão. Por que fez aquilo comigo, seu veadinho desobediente? Está precisando de uma boa surra para aprender a obedecer o seu macho.
- Estou aqui, pronto para levar uma surra, uma surra desse pauzão bruto e mandão! – retorqui, tirando o caralhão duro da bermuda e caindo de boca na cabeçorra melada.
Dei umas poucas chupadas para sorver o pré-gozo almiscarado e me sentei no colo dele, tomando seu rosto entre as mãos e o cobrindo de beijos enquanto deixava meu peso cair sobre o caralhão que foi deslizando lentamente para dentro do meu cu, me alargando e me obrigando a gemer quando a carne se distendia para o aconchegar. O Pedro circundou as mãos na minha cintura e me guiava enquanto eu o cavalgava fazendo o cacetão sumir nas profundezas do meu cuzinho, gingando o corpo e mastigando com os meus esfíncteres o falo que me arregaçava.
Pouco depois, ele me lançava de costas sobre a cama, se encaixava entre as minhas pernas abertas e voltava a enfiar o pauzão no meu orificiozinho, arfando de tesão e me fazendo gemer imerso em dor e prazer. O safado ficou me encarando enquanto me arregaçava as preguinhas, o que me levou ao orgasmo e a ejacular sobre o ventre. Voltei a mastigar a verga indômita, e o urro prazeroso dele eclodiu em meio ao gozo farto que encheu meu cuzinho com o sêmen viril dele. Cravei os dedos em suas costas quando se deixou cair sobre mim, e procurei sua boca para os beijos agradecidos que lhe dei pelo desempenho másculo e por ser meu macho.
Tomamos um banho juntos, uma vez que reclamava por não estar conseguindo se banhar direito com aquela bota na perna. O tarado tinha esporrado a não mais poder, mas continuava com aquele pauzão priápico enquanto suas mãos devassas deslizavam pelo meu corpo. Ficou me observando quando ensaboei e lavei, todo zeloso e carinhoso, seu sexo cavalar.
- Que cara safada é essa? – perguntei quando seus colhões pesados estavam na minha mão.
- Gosto como cuida do meu caralho! Por mim, essas mãos macias nunca sairiam daí! – afirmou, entrando com a mãozona no meu rego e enfiando vorazmente um dedo no meu cuzinho lanhado e cheio de porra.
No final de semana fomos à casa da ex-esposa dele para um churrasco. Desde a cirurgia na perna o Pedro não saía de casa e, como era muito inquieto, aquela saída o deixou animado. Esses convites nunca eram sem um propósito e, com esse não foi diferente. Ela voltou a se queixar que o Guilherme estava saindo caro, que tudo recaía sobre as costas dela, que precisava de uma pensão maior e por aí vai. No quarto do garoto, onde também estava o colega de escola, quando estávamos jogando videogame, notei que a televisão havia sido trocada por uma maior e mais sofisticada, bem como o celular dele que usou por menos que um ano. Eu tinha certeza de que, se fosse abrir o armário dele, encontraria tudo renovado. Passei a mal conseguir olhar para a cara dela, estava explorando o Pedro sem dó nem piedade.
- Faz dois meses que estou bancando tudo. Você precisa dar um jeito, Pedro, assim não dá para continuar!
- Tudo não, porque depositei uma parte na sua conta. Sei que foi menos que o habitual, mas estou apertado desde que quebrei a perna. Não dá para trabalhar com essa perna toda estropiada, assim que eu me recuperar acerto tudo com você.
- E até lá como eu fico? Como fica o seu filho? À mingua? – exagerou.
- O que quer que eu faça? Tenho que estar inteiro para voltar a ativa! – ele voltou arrasado para casa, se sentindo um fracassado por não estar cumprindo com suas obrigações de provedor.
Aninhei-o no colo e prometi ajudar, asseverei que o Guilherme não podia ter um pai melhor do que ele, e que tudo ficaria bem antes de ele adormecer. Durante todas as noites da semana seguinte me dirigi aos locais badalados que o Juvenal tinha me indicado para fazer programas. Dei sorte, por ser novato no pedaço e ainda não ter sido enrabado pela maioria, foi fácil arranjar clientes. As noites do início da semana renderam apenas um cliente, mas da quinta-feira em diante cheguei a dar o cu para três machos numa única noite, o que deu uma boa grana.
- Consegue pagar tudo que precisa com esse dinheiro? – perguntei ao Pedro, quando lhe entreguei o que havia faturado levando picas no cuzinho.
- Onde conseguiu isso? Você não andou roubando ninguém, não é moleque? Fala de onde veio essa grana! – exigiu.
- Também vai me chamar de ladrão? Não sou ladrão, porra! Nunca roubei um centavo de alguém, por que fica me aporrinhando com isso? – devolvi magoado e sentindo que ia chorar por ele não reconhecer o quanto deixei usarem meu corpo para conseguir aquele dinheiro para ele.
- Vem cá, meu moleque! Não vai começar a chorar, vai sua manteiga derretida? – no fundo ele sabia de onde veio a grana e por tudo que passei para consegui-la, por isso me apertou e me abrigou em seu tronco.
A preocupação com acertar as contas o levou a me pedir que procurasse aqueles dois sujeitos do apartamento da Vila Mariana que eu detestava, para negociar uma dívida que tinha com eles. Disse que se eu fosse o porta-voz eles seriam mais indulgentes, uma vez que um deles estava louco para foder meu cuzinho. Possibilidade essa que eu jamais aventei e nem ia concordar, pois sentia asco daquele sujeito.
Eles marcaram o encontro para a entrega da metade do que o Pedro lhes devia numa rua escura nas proximidades do Parque do Ibirapuera. O Pedro ficou camuflado na esquina dando cobertura quando me dirigi ao carro onde estavam. O que estava a fim de me foder me levou para o banco de trás e voltou a me propor sexo em troca de aliviar a dívida do Pedro. Eu não era tão ingênuo a ponto de acreditar no que ele dizia, nesse ramo dívida é divida e só tem duas maneiras de quitá-las, com dinheiro ou com a vida.
- Estou com a metade da grana aqui comigo, o Pedro disse que no começo da semana que vem acerta o restante. – comuniquei, transmitindo o recado
- Se você liberar o cuzinho e for bem generoso comigo, posso cancelar a dívida do teu macho.
- Não! Vamos fazer como o Pedro quer, ok!
- Tu é um veadinho muito obediente, faz tudo que teu macho manda! Eu gosto de bichinhas submissas. Podia estar bem melhor comigo do que com o fracassado do Pedro. Ele é muito velho para você, nem deve estar mais dando no coro direito. Pense bem, sou bem mais novo, tenho um pau grande e grosso para realizar todas as tuas fantasias. – sentenciou querendo me seduzir.
- Aqui está o dinheiro! Eu tenho que ir. – interrompi-o, colocando o dinheiro sobre a perna dele.
- Espere, onde vai com tanta pressa? Fica um pouco, estamos há dias sem uma boa foda, você podia quebrar nosso galho. São dois, já imaginou duas picas de responsa entrando no teu rabinho? Não ia ser maravilhoso? – abri rapidamente o trinco da porta e quis sair correndo, quando ele me segurou pelo braço e me puxou de volta.
- Me larga, cara! Não quero fazer nada com vocês! – exclamei apavorado, achando que ia ser violentado ali mesmo.
- Calma! Só quero te entregar isso aqui. – disse, me passando um pacotinho com droga.
- Não quero! Não uso essas coisas!
- É um presente para o seu macho! Fala para o Pedro que é em agradecimento aos bons negócios que temos feito.
Ainda não sei explicar de onde veio o estalo que me fez jogar o pacotinho debaixo do banco do motorista sem que ele percebesse antes de descer do carro. Mal havia dado meia dúzia de passos quando duas motos da polícia começaram a me perseguir e me obrigaram a ficar de joelhos com as mãos sobre a cabeça em plena rua. Haviam armado uma cilada, os filhos da puta.
- O que tem nessa mochila?
- Nada senhor! Quer dizer, só umas coisas minhas. – um dos PMs arrancou a mochila da minha mão e começou a revista, certo de encontrar a droga.
- Está levando droga, moleque?
- Não senhor!
- Fica em pé e abre as pernas! – ordenou o outro, que passou a me bolinar ostensivamente à procura do pacotinho.
- Não tenho nada, juro! Aqueles dois traficantes do carro do qual saí queriam me forçar a vender o bagulho para eles, mas eu me recusei, não mexo com essas coisas. – afirmei obstinado.
- Recebemos uma denúncia anônima dizendo que um garoto com as tuas características ia estar com um bocado de drogas na mochila. Tem certeza que são traficantes? – por pouco não caio na besteira de questionar se eles não estavam mancomunados com os caras, mas me calei a tempo.
- Se for de alguma ajuda, posso indicar o endereço onde eles moram, não é longe daqui. – eu devia estar fora do meu juízo perfeito para entregar dois traficantes à policia sem nenhuma garantia de que estava lidando com pessoas íntegras. Que foi o ódio que eu sentia por aquele sujeito asqueroso que me levou a isso, não restava dúvida.
Fiquei imaginando o desespero pelo qual o Pedro estava passando vendo tudo aquilo acontecer sem que pudesse me ajudar. Em minutos surgiu uma viatura de apoio e, foi nela que me levaram até o endereço na Vila Mariana. Em frente ao prédio, outras cinco viaturas bloqueavam parcialmente a rua e meio batalhão de PMs subiu até o andar, voltando com os dois algemados enquanto eu me escondia atrás de um PM mulatão parrudo para que não me vissem. Naquele dia meu rosto de moleque me deu uma bela ajuda, ao me perguntarem a idade, menti dizendo que tinha dezessete, o que me livrou de ter que acompanhá-los até a delegacia. Ao chegar na quitinete horas depois, corri para os braços do Pedro e cai num choro desolado.
- Ah moleque! Você é totalmente pirado! Como pode fazer uma loucura dessas? – perguntava ele, me apertando forte em seus braços quando lhe contei o que fiz.
- Eu precisava te proteger! – exclamei, encarando-o com doçura.
Há tempos eu vinha notando como o Pedro ficava extenuando ao subir alguns lances de escada, depois de transarmos, ou quando voltava da academia perto de casa onde mantinha seu corpão desejável para os clientes. Também o questionei quanto a uns comprimidos que andava ingerindo sem controle.
- Para que servem esses comprimidos azuis? Você está tomando estimulantes sexuais? – perguntei.
- Deixa de ser enxerido, moleque!
- Você não precisa disso, é o macho mais tarado e viril que eu conheço. Isso pode te fazer mal. Você consultou um médico?
- Arre moleque! Para de me atazanar! Acha que é fácil manter a rola dura a noite toda quando teu único estímulo é uma bunda de homem murcha e peluda? Se eu não tomar isso aqui não consigo encarar. – revelou.
- Então pare de fazer programas, vamos arrumar outro jeito de ganhar dinheiro. Não quero que fique doente, eu preciso de você! Onde consegue esses comprimidos?
- Na Internet, os de farmácia custam uma fortuna, não dá bancar.
- Como assim? Quanto custam?
- Os de farmácia na base cinquenta pila cada comprimido, esses aqui saem por menos da metade. Faz a conta, se em média preciso de três ou quatro desses por noite.
- Deve ser tudo falso! Pode te fazer mal, já pensou nisso?
- Prefiro não pensar besteira!
- É o que também usa antes de transar comigo, quando me pega três ou quatro vezes seguidas? – perguntei, achando que já não o excitava o bastante durante as relações sexuais.
- Nunca precisei usar nada para estar com você! Você é a minha tadalafila natural, o cheiro doce da sua pele, essas nádegas polpudas, esse cuzinho estreito e quente, funcionam mil vezes melhor do que qualquer comprimido azul. – respondeu, vindo se esfregar em mim, chupar minha nuca e apertar o caralhão duro no meio do meu rego.
- É isso que eu sou para você, seu sem-vergonha tarado, um mero comprimido para levantar esse pauzão? – questionei, deixando-o apossar-se do meu corpo quando o puxei sobre mim na cama, antes de abrir as pernas e franquear meu buraquinho para aquela jeba colossal.
- Você é meu moleque! Você é meu tudo, seu putinho e está cansado de saber! – ronronou, enquanto se empurrava para dentro de mim abrindo meu cu à semelhança de uma flor desabrochando. Meus gemidinhos incendiavam seu furor e eu me sentia a pessoa mais feliz desse mundo.
Havíamos sido requisitados para um programa bem pago com dois caras que nos aguardavam em seu apartamento. Era infalível, quando de uma dupla, tratar-se de caras versáteis, um querendo dar uma de ativo quando o que curtia mesmo era uma rola no cu ao foder o parceiro passivo, quando o troca-troca só entre eles já dava sinais de desgaste. Como era um dia de semana e o Pedro e eu voltamos mais cedo para casa, pois tinha rolado apenas com um cliente para cada um, nos nossos costumeiros locais de pegação, fechamos o programa com os caras. O mais macho até que era interessante, tinha o jeitão de instrutor de academia, corpo sarado e uns bíceps bombados, embora numa observação mais minuciosa desse para perceber sua inclinação homossexual. Foi logo amassando a minha bunda quando me cumprimentou. O outro era mais afetado tanto na voz quanto na gesticulação excessiva, de uma magreza esquálida e um bigode fino não tinha nada de atraente, mas notei como seus olhos brilharam quando viu o Pedro. Não precisava ser nenhum gênio para sacar o que passou por sua mente – isso sim é um macho de verdade – quando se derreteu num sorriso meloso para o Pedro. Só cá entre nós, em situações parecidas, eu morria de ciúmes do Pedro, embora jamais o admitisse. O Pedro o cumprimentou daquele seu jeitão taciturno, poucas palavras, nenhum sorriso e, vamos logo ao que interessa, pois estou aqui a trabalho e não para firulas.
Rolou o de praxe, todos nus, pega aqui, pega acolá, o passivão se apoderou do cacetão do Pedro depois de seus olhos girarem nas órbitas estimuladas pela visão daquele colosso, e o mamou numa sofreguidão alucinada, como se fosse a primeira pica que enfiava na boca. O Pedro mantinha a expressão impassível e inabalada, entregava seu órgão como se estivesse entregando uma mercadoria, de quando em quando, socava a jeba na garganta do puto como se estivesse com raiva do sujeito. O “ativo” arrancou minhas roupas e me pegou num beijo voluptuoso metendo a língua até onde ela alcançava, enquanto enfiava a mão no reguinho à procura do meu buraquinho. Gemi em falsete quando senti o dedo fino se imiscuir nas preguinhas, ele foi ao delírio, a rola endureceu e ele colocou uma das minhas mãos sobre o falo para que eu o acariciasse. Ele me carregou até uma poltrona próxima, sentou-se e ordenou que eu o chupasse. Era uma pica bonita, reta, com a cabeça bem destacada, um intrincado emaranhado de veias saltadas contornando todo o corpo da rola, que dava a impressão de ser maior do que realmente era devido a virilha toda depilada, e um saco redondo e macio ao toque. Chupei-o por uns quinze minutos, o sujeito grunhia, ronronava e deslizava os dedos entre os meus cabelos, emaranhando-os. O parceiro olhava na direção dele sem tirar a boca do pauzão do Pedro, como se estivesse comparando o tamanho e a potencialidade entre cada um. Subitamente, o Pedro o reclinou sobre uma das laterais do sofá com uma pegada bruta e socou fundo no cu do cara; agarrando-se onde podia, ele gritou feito um animal agonizante, implorando para ele sacar o caralhão, mas o Pedro continuou fodendo com força. Quando o soltou, depois de algumas boas bombadas e sem ter gozado, o cara cambaleou pela sala tão grogue como se tivesse tomado um porre.
O parceiro me fez sentar no colo, abria minhas nádegas com ambas as mãos e sua boca trabalhava um dos meus peitinhos, lambendo o biquinho enrijecido e sugando como se estivesse mamando leite. Gingando a cintura para frente e para trás, eu o cavalguei, parecia que eu estava sentado sobre uma estaca que se movia nas minhas entranhas úmidas e quentes. Ele suspirava, soltava sons graves que vinham da garganta e não parava de murmurar.
- Caralho de cuzinho apertado da porra! Vou te arregaçar, moleque! Sente a minha tora, putinho! Sente a tora do macho te rasgando! – as frases tinham mais efeito moral do que prático, uma vez que eu sentia sim, a jeba pulsando no cu, mas nada tão empolgante que me conduzisse ao orgasmo sem que eu precisasse me concentrar muito e ficar imaginando que era o Pedro que estava me fodendo.
Como ele próprio estava demorando a alcançar o clímax, e espichando um olhar cobiçoso para o caralhão do Pedro, ele sugeriu formarmos um trenzinho. O passivão se aproximou de mim com as pernas ainda abertas e titubeantes, me agarrou por trás e me debruçou sobre o encosto do sofá e começou a socar a pica no meu cu. Eu gemi alto para ver se conseguia excitá-lo e fazer aquele pau ficar mais rijo, mas nada acontecia. Não se muda a essência de uma pessoa predestinada à passividade e submissão por mera vontade. O pinto entalado no meu cuzinho era de um passivo que, por mais que se esforçasse, jamais satisfaria como o de um hétero ou bissexual ativo. O parceiro “ativo” grudou no rabo dele e começou a socar com força, o que o fez se agarrar mais ao meu tronco.
- Enfia no meu cu, macho! Me arromba! – pediu o suposto ativo ao Pedro, no que foi prontamente atendido, ao sentir o cacetão estourando suas pregas, e ele soltar um ganido agudo estridente. O trenzinho estava formado, eu na ponta o Pedro no final.
A putaria rolou solta entre gemidos falsos, ganidos de dor e corpos engatados numa orgia desenfreada que já durava uns dez minutos quando o Pedro puxou o pauzão encapado para fora do cu do “ativo” e caiu pesadamente sobre nós três, soltando um estertor rouco.
- Cacete, manda ver, quero gozar com você me fodendo. – disse o “ativo’ frustrado por ainda não ter gozado, enquanto o parceiro, já sem fôlego, leitava meu cuzinho. – o Pedro nada respondeu e, quando me virei para trás, percebi que ele não estava bem, que lhe faltava o ar, ou algo parecido, pois levou as mãos ao peito e parecia estar prestes a desmaiar.
- Pedro! Pedro! O que está acontecendo, você está legal? – perguntei aflito quando vi a expressão contorcida de seu rosto. Ele continuou calado, parecia não conseguir articular uma resposta.
- O cara está tendo um troço! – exclamou assustado o “ativo” que, repentinamente, se viu com o cu aberto e insaciado.
- Tira essa coisa do meu cu! – berrei para o passivo. – Tira, cara! Sai do meu rabo! – ordenei agitado. – Pedro! Olha para mim, Pedro! Você está sentindo alguma coisa, fala comigo! – eu estava tão desesperado não sabendo o que fazer que o tomei nos braços quando ele começou a despencar aparentemente sem sentidos. Pesado como era, cai no sofá segurando a cabeça dele, enquanto dava tapinhas de leve em seu rosto inexpressivo.
- Vocês precisam sair daqui agora! Esse cara não pode morrer aqui dentro! – exclamou o “ativo”, jogando nossas roupas espalhadas pelo chão sobre nós. Quando escutei a palavra “morrer” entrei em pânico.
- Ele precisa de ajuda, rápido! Peçam socorro, chamem uma ambulância, ligeiro! – gritei, vendo o Pedro sem reação alguma.
- Puta merda! Aqui não! Vocês precisam ir embora! Caralho, era só o que faltava. – berrava o “ativo”. – Veste logo essa roupa e ajuda esses caras a saírem daqui! – gritou para o parceiro que contemplava a cena petrificado. – Anda, porra! Quer que o sujeito morra aqui dentro da nossa casa?
- Não dá para levar ele assim para lugar nenhum, chamem a merda de uma ambulância! Puta que os pariu, peçam ajuda rápido! – gritei, desferindo um soco no “ativo” que àquelas alturas mais parecia uma barata tonta.
- Que ambulância? Onde? Cadê o celular? Para onde é? – questionava o idiota sem saber o que fazer.
- O SAMU caralho! Liguem para o SAMU, suas putas! Precisa ser urgente, ele não acorda! – gritava eu em total desespero.
Como não queriam que o socorro entrasse no apartamento deles temendo alguma confusão posterior com polícia ou judicial, eles me ajudaram, juntamente com o porteiro, a levar o Pedro até a entrada do edifício quando a equipe do SAMU chegou e rapidamente assumiu o controle da situação. Ao me virar, tinham desaparecido.
Enquanto os paramédicos atendiam o Pedro na ambulância, espetando-o com agulhas, instalando tubos, dando choques com o desfibrilador que fazia seu corpão dar um salto, eu chorava feito uma criança desamparada, implorando que o salvassem. O médico que o socorria e que, por sinal, era um tremendo de um macho grande e tesudo, me mandava ficar calmo, mas eu mal ouvia suas palavras, só olhava para o Pedro ali inerte e sentia meu peito se rasgando por dentro.
Assim que chegamos ao hospital, ele foi encaminhado diretamente para a sala de emergência onde reverteram a parada cardio-respiratória, enquanto eu caminhava perdido diante da porta pela qual não me deixaram passar. De minuto a minuto eu perguntava ao primeiro funcionário do hospital que passava por mim sobre o estado do Pedro, até finalmente um médico vir conversar comigo e avisar que o haviam estabilizado, mas que talvez fosse preciso uma cirurgia, pois o coração mostrava sinais de obstrução em importantes vasos que irrigavam o miocárdio. Só entendi uma parte da explicação, a de que o haviam estabilizado e, perguntei agoniado.
- Quer dizer que ele está bem, que deu tudo certo! – o médico devia ter pensado que eu era um completo imbecil.
- Não, ele não está bem! Como eu disse, ele precisa permanecer internado e provavelmente vai precisar de uma cirurgia. Você é filho dele, parente? Quantos anos tem? É melhor você chamar um adulto que tenha parentesco direto com ele.
- Eu tenho dezenove, ele é meu ... – subitamente eu não sabia o que o Pedro era meu, nunca havia pensado sobre isso e, quando concluí que oficialmente eu e o Pedro não éramos nada um para o outro, descambei a chorar.
- Esse garoto precisa de ajuda! Levem-no para a sala de recuperação, deixem-no ao lado do paciente e apliquem um sedativo nele, assim não dá para conversar com ele e obter as informações de que precisamos. – disse o médico, a uma enfermeira.
- É ruim que alguém vai me aplicar qualquer sedativo, hein! Eu preciso cuidar dele, e tenho que estar bem vigilante! – exclamei determinado. Resultado, me deixaram ali no corredor e esqueceram de mim, não fosse um rapaz da recepção me trazer uma papelada para ser preenchida, além de me fazer zilhões de perguntas.
Transferiram o Pedro para a UTI, as visitas tinham um horário restrito, o que não me impediu de ficar de plantão 24 horas diante da porta. Médicos e enfermeiros revezaram os turnos durante três dias e lá continuava eu, ou o que restava de mim. No segundo dia um plantonista se apiedou de mim quando assumiu o turno da noite.
- É completamente fora do regulamento, mas vou permitir que fique ao lado dele por algumas horas. – disse o médico. – Não demora e é você que teremos que atender, está com uma cara péssima, apesar de ela ser um bocado bonita.
- Obrigado! Vou me comportar, prometo! Nem vão perceber que estou aqui. – devolvi agradecido.
- Vai garoto, vai lá ficar ao lado dele!
Sentei-me numa cadeira que providenciaram e tomei a mão do Pedro entre as minhas, chorei até as lágrimas secarem olhando para o rosto dele.
- Ele é seu pai? – perguntou um enfermeiro enquanto lhe aplicava as medicações prescritas. O plantonista também estava ao lado do leito conferindo os sinais vitais antes de se recolher.
- Mais, muito mais do que isso! – respondi. Os dois trocaram olhares e, na testa de cada um dava para ver um ponto de interrogação. Ninguém seria capaz de compreender o nosso relacionamento que, nem mesmo o Pedro e eu soubemos nominar.
No terceiro dia fui informado que a equipe da cirurgia cardíaca iria avaliar o Pedro na manhã seguinte com vistas a uma cirurgia, o que realmente aconteceu já nas primeiras horas. O cirurgião responsável me avisou que a cirurgia seria realizada no dia seguinte, o que me encheu de esperanças, tanto que comuniquei o fato à ex-esposa dele acreditando que isso a faria vir vê-lo, pois até então ela sempre tinha um compromisso inadiável e assuntos urgentes a resolver.
Já havia se passado mais de uma hora do horário de visitas regulares a UTI sem que fosse dada nenhuma explicação aos familiares dos outros pacientes que aguardavam comigo no corredor. A chefe das enfermeiras do turno diurno veio ter comigo e me fez entrar, deixando os demais parentes esperando do lado de fora. Ela tinha um rosto bondoso, certo dia chegou a pedir que me entregassem um lanche quando notou que eu não arredava o pé da porta da UTI. Um médico que eu também já conhecia de vista se juntou a nós.
Assim que entrei na UTI espichei o olhar para o leito em que o Pedro estava, no entanto, a cama estava vazia. Um pressentimento doloroso se apossou de mim e, logo em seguida, o médico deu a notícia.
- Fizemos todo o possível, mas ele acaba de falecer!
Tudo ao redor girou, parecia não haver ar suficiente para respirar, foi como se tivessem arrancado uma parte do meu corpo. O choro não veio, ficou trancado no peito, machucando. Demorou dias para ele sair, convulsivo, destroçador.
A ex-mulher veio me procurar cerca de um mês depois, comunicando que esteve com o advogado e que descobrira que o Pedro havia deixado a quitinete e uma conta bancária para mim, e nada para o filho. Dei de ombros, afirmei que podiam ficar com tudo, que o que o Pedro tinha de mais valioso ele havia me presenteado em vida, carinho, acolhimento, amor e .... eu ia dizer sexo, mas isso era algo tão meu e dele que não interessava a ninguém.
- Fiquei muito puta quando descobri o que ele fez deixando tudo para você ao invés do próprio filho. Mas depois, refletindo melhor, compreendi porque ele fez isso. Eu já o havia sugado a vida inteira desde que descobri o que ele fazia quando não estava em casa. Arranquei dele o que pude, até mais do que ele era capaz de dar e nunca retribuí nem um mínimo disso, nem amor, nem consideração, nem respeito pela integridade de que era dotado quando me juntei a uma mulher, fazendo exatamente o mesmo que ele fez comigo ao sair a procura de homens. Ao passo que você deu a ele tudo o que nunca teve, atenção, afeto, amor e seu corpo. Não foi difícil compreender de onde surgiu essa felicidade repentina na qual viveu esses últimos anos. Portanto, é justo que fique com o apartamento e o que está na conta bancária, sei que era o último desejo dele, e vou respeitar essa vontade ao menos uma vez na vida.
Quando ela se foi chorei por horas me questionando se tinha mesmo sido tudo o que o Pedro merecia da vida, e me arrependi de não ter sido mais amoroso e das vezes em que briguei com ele dizendo que não era meu dono quando por trás disso estava tão somente o ciúme que sentia de mim.
Hoje me sinto um espectro errante que vagueia pelas madrugadas à procura de minha alma que se perdeu em alguma esquina da vida.
*O enredo deste conto foi livremente inspirado no roteiro do filme Baby elaborado por Marcelo Caetano em parceria com Gabriel Domingues.