Uma Tarde Promissora

Da série Putinho Vermelho
Um conto erótico de Tiago Campos
Categoria: Homossexual
Contém 1323 palavras
Data: 28/06/2025 11:06:38

Com um grito gutural que rompeu o silêncio da manhã, James explodiu em seu próprio clímax. A ejaculação espirrou, marcando visualmente o ápice de sua entrega, respingando no tronco do carvalho à sua frente, um testemunho físico da intensidade daquele momento compartilhado. Após a cascata de prazer que nos varreu, o silêncio retornou à clareira, um refúgio agora preenchido somente pelas nossas respirações pesadas, ofegantes e irregulares, um eco da intensidade que acabara de nos dominar. O som distante da floresta, antes abafado pela nossa paixão, agora se infiltrava novamente, um respiro da natureza que se reacomodava, aceitando o rastro da nossa entrega.

Nossos corpos, ainda vibrando com a descarga elétrica que percorreu cada fibra, buscaram o contato instintivamente. Era um anseio primal, um reencontro com a segurança do outro após a vertigem. Levantei-me e me enrolei nele, num abraço que era mais um reencontro do que um gesto. Era um abrigo, um porto seguro onde a vulnerabilidade podia respirar livremente. O aroma que nos envolvia era uma sinfonia terrena: o cheiro pungente de musgo que se agarrava às pedras, a terra úmida que exalava a frescura da rápida chuva da noite anterior e, misturado a tudo isso, o perfume inconfundível de nós dois, uma fragrância única, densa e íntima. Era o perfume da entrega total, da fusão de duas almas.

Uma sensação avassaladora de plenitude me inundou. Era a quietude pós-orgásmica, um estado de graça que não era vazio, mas sim preenchedor. Era um aterramento, uma cura sutil que nos devolvia ao presente, fortalecidos pela experiência compartilhada. Olhei para ele, cujos olhos, semiabertos, brilhavam com uma luz particular — uma mistura de exaustão que suavizava as linhas do rosto e uma satisfação profunda, que emanava da alma. Naquele olhar, vi o reconhecimento mútuo de que havíamos cruzado mais um limiar juntos. Era uma nova camada de cumplicidade, cimentada pela vulnerabilidade explícita e pela entrega sem reservas.

Ali, aninhados sob o dossel das árvores, cujas folhas ainda gotejavam gotas de orvalho como lágrimas de cristal, o resto do mundo parecia ter se desvanecido, tornando-se infinitamente distante e completamente irrelevante. Nada mais importava além da batida conjunta dos nossos corações, um ritmo uníssono que ecoava a sintonia perfeita entre nós. O calor dos nossos corpos unidos era um fogo suave, uma promessa de permanência naquele instante. E a paz que se instalou, serena e profunda, parecia merecida, um bálsamo que nos envolvia. Era uma paz que guardava em si um segredo precioso, um tesouro sussurrado pela própria floresta, um lembrete eterno da nossa conexão inquebrantável.

Enquanto o galã terminava de vestir suas próprias roupas, o algodão da camisa, que se moldava perfeitamente aos seus ombros largos e peitorais definidos, era deslizado com uma destreza casual que eu achava fascinante, quase hipnotizante. Eu o observava, meu olhar fixo em cada movimento calculado, sentindo a própria respiração prender na garganta. Seus músculos definidos se contraíam suavemente sob o tecido claro da camisa, um espetáculo de força e delicadeza que me fez engolir em seco. Um arrepio eletrizante subiu pela minha espinha, instalando-se na nuca e descendo, deixando um rastro de calor. Ele, então, virou a cabeça e o brilho em seus olhos azuis me alcançou, seu sorriso maroto me envolvendo antes mesmo de suas palavras.

Seus olhos curiosos se detiveram na minha cesta de doces variados, dispostos com esmero, e ele interrogou, com uma leveza em sua voz que me desarmava por completo, tornando qualquer resistência impossível: “Posso pegar um docinho?”. Eu imediatamente assenti, minhas próprias bochechas esquentando, sentindo um calor gostoso e familiar se espalhar pelo meu peito. “Pode pegar quantos quiser, James”, respondi, minha voz um pouco mais suave e embargada do que o usual, quase um sussurro.

O homem musculoso estendeu a mão, escolhendo com cuidado uma cocada. O coco ralado, branquíssimo, quase tão puro quanto o tom de seus dentes perfeitos, contrastava com o leve bronzeado da sua pele enquanto ele mordia. Um aroma doce de coco e açúcar invadiu o ar. “Enquanto como”, ele enunciou, sua voz rouca adquirindo um tom ainda mais grave e intencional, um convite descarado, “quero deixar claro que estou louco para foder o seu cuzinho ainda hoje, Tiago.”

Um rubor intenso, quase doloroso, se espalhou por minhas bochechas, queimando até a ponta das orelhas, e senti meu corpo inteiro endurecer, pego completamente de surpresa pela franqueza avassaladora de seu desejo. O ar do bosque parecia vibrar com a intensidade de sua declaração. O lenhador percebeu minha hesitação, a confusão misturada com o choque em meus olhos, e, com um olhar penetrante que me prendia, propôs: “Façamos um trato. Irei buscá-lo na cidade às duas da tarde. Se você não conseguir vender todos os doces até a minha chegada, eu compro o restante. Que tal?”. Havia um brilho astuto em seus olhos, uma promessa velada na oferta.

Era uma oferta não somente generosa, mas calculada, e a ideia de vê-lo novamente tão cedo, de ter sua presença marcando aquela tarde, acelerou meu pulso a um ritmo descontrolado. Meu coração batia como um tambor. Sem conseguir conter o impulso avassalador que tomou conta de mim, aproximei-me, sentindo o gosto doce da cocada ainda fresco em seus lábios, e selei os meus nos dele. Foi um beijo rápido, um toque fugaz, mas carregado de um agradecimento profundo e uma ansiedade quase palpável.

Ao me afastar, James tocou meu peito, seus dedos quentes pousando levemente sobre o meu coração acelerado, um sorriso maroto e conhecedor adornando seus lábios carnudos. “Você tem um coração forte para suportar tanto tesão, Chapeuzinho”, ele comentou, e o som de sua risada suave e melodiosa me acompanhou, ecoando no espaço enquanto ele, finalmente, se afastava, me deixando ali, com a promessa de uma tarde que prometia ser muito mais que meras vendas e doces.

Na agitação fervilhante da cidade, onde o clamor de vozes, o burburinho constante dos passos e o tilintar ocasional de moedas se fundiam em uma sinfonia urbana, eu me esforcei para manter meu foco. O sol forte do meio-dia caía impiedoso, aquecendo minha pele e fazendo pequenas gotas de suor se formarem em minha testa, mas o calor mais intenso vinha de dentro. Esforcei-me para focar nas vendas, para gritar os preços e sorrir com convicção, mas as palavras do loiro gostoso ainda ressoavam em minha mente, uma melodia persistente e inebriante. Elas flutuavam como um eco doce, ora me distraindo com a leveza de um flerte sussurrado, ora me excitando com a promessa tácita de algo mais profundo.

O burburinho incessante dos transeuntes, o riso fugaz de crianças e o aroma de diversas barracas — do café recém-passado ao pastel frito, do pão de queijo à pipoca caramelizada — se misturavam no ar, criando uma tapeçaria sensorial densa e vibrante que eu mal registrava. Meus olhos, embora fixos no fluxo de pessoas, viam pouco além da névoa dourada de um dia de verão e da imagem intermitente de seu sorriso.

As horas, impulsionadas pela minha distração e pelo incessante movimento das ruas, voaram com uma velocidade surpreendente. Para minha genuína surpresa, os doces cuidadosamente organizados na minha cesta diminuíam em um ritmo vertiginoso. Mal percebi as mãos estendendo moedas, os sorrisos satisfeitos dos clientes, tão absorto estava em meus próprios pensamentos. Mas, de repente, a leveza inusitada da cesta em meu braço me chamou a atenção.

Um contentamento quente e suave inundou meu peito ao constatar o sucesso avassalador das minhas vendas. A cesta, que antes pesava com a fartura dos quitutes de vovó, estava agora quase vazia, um testemunho eloquente do apreço genuíno das pessoas pelos doces caseiros e cheios de afeto que minha avó preparava. Era uma sensação de dever cumprido, de orgulho familiar. Justamente quando um sorriso de satisfação plena, aliviado e genuíno estampava meu rosto, avistei-a. A imponente caminhonete cinza de James, aquela que eu conhecia tão bem, se aproximava pela rua movimentada, diminuindo a velocidade até estacionar com um motor suave que demonstrava sua familiaridade com o local.

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