Laços Proibidos: As Relações Secretas na Empresa e na Família ( parte 15)continuação

Um conto erótico de Carlos
Categoria: Heterossexual
Contém 5093 palavras
Data: 03/06/2025 23:18:17
Última revisão: 04/06/2025 01:20:09

Passaram-se mais alguns dias. Eu e Camille seguimos apenas no modo profissional. Como ela estava de férias da faculdade, passava o dia todo no escritório, o que deixava o clima ainda mais tenso entre a gente. Precisávamos organizar a festa de fim de ano do escritório, que seria no mesmo local do último evento. Um dia antes, Fran pediu que fôssemos checar o local.

Fomos no carro da empresa. Nenhum de nós disse uma palavra. Até tentei quebrar o gelo com uma piada boba, daquelas que antes faziam ela se desmontar de rir, mas ela só deu um sorriso sem graça, colocou os fones de ouvido e se isolou. Entendi o recado e me calei. Chegamos ao local, fizemos os ajustes que precisávamos, nos reunimos com o pessoal do serviço e com os fornecedores. Na volta, antes mesmo de entrar no carro, ela já estava com os fones de novo.

Durante o trajeto de volta, passamos em frente ao pequeno hotel onde havíamos transado da última vez. Ela olhou pela janela, suspirou e virou o rosto, mas pelo reflexo vi o olhar triste — uma tristeza com gosto de lembrança, no olhar quieto de quem guarda mais do que mostra. Deu outro suspiro e voltou a encarar a frente. O silêncio era pesado, esmagava meu peito.

De repente, o celular dela tocou. Vi de lado que era Jonathan. Não consegui ler tudo, mas percebi que ele a chamou de “amor” e ela respondeu com um coração. Ela ainda conferiu se eu estava olhando. Disfarcei, mas acho que ela notou.

Chegando ao escritório, já era hora do almoço. Fomos direto para o refeitório, onde Fran já nos esperava. Sentamos com ela.

— Oi, seus lindos! — disse Fran, sorrindo.

— Oi — respondi, sério.

— Oiii, amiga! — disse Camille, com um sorriso forçado.

As duas ficaram conversando, mas eu mal prestava atenção. Minha cabeça estava a mil. Pensava na Helena, depois na Vanessa... ver Camille trocando carinho com Jonathan me incomodou mais do que eu imaginava. Comi rápido e em silêncio. Me levantei, peguei o tablet da empresa e ia sair quando Camille segurou meu braço, sorrindo:

— Jajá eu vou, chefinho.

— Tá, pode almoçar tranquila.

Saí, e elas continuaram conversando. Peguei o elevador e subi. O andar estava vazio, mas ouvi um barulho na copa. Era Helena, preparando um chá.

— Oi, Carlos. Quer um chá?

— Não, de boa. Acabei de almoçar.

— Certeza? É importado, uma delícia.

— Tranquilo, obrigado.

— E como foi lá na locação?

— De boa. Não mudamos muito do último evento.

— Você sabe que pode levar acompanhante, né? Quem vai levar?

— Acho que ninguém.

— Ah, nem precisa, né? Sua namoradinha já vai estar lá...

— Já te falei, Helena. Eu e a Fran não somos namorados — respondi, sério.

— Tá bom, só estava brincando... Mas você tá meio esquisito esses dias. Aconteceu alguma coisa?

— Não, tô de boa.

— Ah, então deve ser saudade de mim, né? — disse ela com um sorriso safado.

Acabei soltando um sorriso de canto. Ela se aproximou, passou por mim e me deu um beijo no rosto.

— Viu só? Só eu te faço rir quando você tá tristinho.

Ela voltou para sua sala e eu para minha mesa. Pouco depois, o pessoal começou a retornar, e com eles Camille, que parecia um pouco mais leve. Sentou ao meu lado e perguntou:

— O que eu faço agora, chefinho?

— Do evento, acho que mais nada.

— Vi que você tá meio atolado com as coisas da minha mãe. Quer que eu te ajude?

— Você que sabe.

— Passa aí.

Passei o serviço pra ela, e mais uma vez ficamos lado a lado, trocando apenas palavras técnicas, sem nenhum olhar ou sorriso.

No fim do expediente, fui direto para a academia. Depois, fui pra casa. Quando cheguei, Karina estava lá.

— Oi, primo.

— Oi.

— Tá meio sumido, hein? A tia Vanessa me disse que você mal falou com ela esses dias. O que aconteceu?

— Terminei o que eu tinha com a Camille... e as coisas não ficaram muito boas entre a gente.

— Primo, eu sei que não sou de dar conselho, mas... você acha mesmo que essa relação tinha futuro? Você fica com a mãe dela...

— Ficava. Faz um tempo que não rola mais nada com a Helena.

— Ela tava apaixonada por você. Te falei aquele dia no shopping que você não ia se livrar dela tão fácil.

— Eu sei... Eu só não queria machucar, sabe? Mas no fim, acabei fazendo isso do mesmo jeito.

— E no trabalho, como estão as coisas?

— Eu achei que ela nem fosse aparecer mais. Mas apareceu. Linda como sempre.

— Sei que você tá mal, mas relaxa. Fez o certo. Imagina se levasse isso adiante e magoasse mais ela?

— A Fran e a Rafa disseram isso também... Mas por que então esse aperto no peito não passa?

— Porque, mesmo sem ser amor romântico, você gostava dela. Se importava. Ver ela mal, te derruba.

— Ela foi mais forte do que eu imaginava...

— Nós, mulheres, sempre somos mais fortes do que vocês acham.

— Mesmo assim... quando olho pra ela, vejo a tristeza por trás daquele escudo todo.

— Vai passar. Quem nunca sofreu por amor?

— A volta da Vanessa também não facilitou nada...

— Eu sabia que você ainda tinha sentimentos por ela. Mas vocês dariam certo?

— Não sei. Pra começar, seus pais jamais aceitariam.

— Com certeza não. Principalmente minha mãe.

Ficamos ali, conversando, bebendo umas cervejas, comendo uns petiscos. Quando percebemos, já era mais de uma da manhã.

— Porra, tenho que trabalhar amanhã — reclamei.

Karina me olhou com uma carinha provocante.

— Que pena, meu querido. Eu já entrei de férias...

Fui tomar banho, tentando clarear a cabeça, mas os pensamentos só giravam. Quando saí do chuveiro e me deitei de pijama, ela entrou no banheiro. Voltou minutos depois, completamente nua.

O corpo dela parecia brilhar sob a luz fraca do quarto. Mesmo não estando no meu melhor, a visão me deixou aceso. Ela notou o volume evidente por baixo do meu shorts, sorriu maliciosa, veio até mim, me deu um beijo na testa e provocou:

— Ah, então hoje você tá deprê... não vai querer nada, né?

Puxei ela pelo braço, fazendo-a cair sobre a cama com um sorriso safado.

— Tô deprê... mas não morto.

— Percebi — disse ela, já deslizando a mão por cima do tecido até encontrar meu pau, duro e quente.

Nos beijamos com intensidade, língua e desejo misturados, até que ela se posicionou por cima de mim. Sem rodeios, encaixou meu pau na sua buceta quente e molhada. Gemeu baixinho quando eu entrei por completo. Começou a cavalgar com ritmo firme, rebolando com força, as mãos apoiadas no meu peito. Eu gemia baixo, sem conseguir tirar os olhos do seu corpo, dos seios balançando, da boca entreaberta e dos olhos fechados em prazer.

A cada movimento dela, o calor aumentava. Me sentei na cama, com ela montada no meu colo, de frente pra mim. Segurei firme em sua cintura e comecei a estocar de baixo, ouvindo os gemidos ficarem mais altos. Ela gozou com força, o corpo inteiro tremendo enquanto eu continuava metendo. Bastaram mais algumas investidas para eu gozar também, bem fundo, sentindo a buceta dela pulsar ao meu redor.

Acordei mais tarde do que o habitual. Tinha dormido pouco e o cansaço ainda pesava no corpo. Tomei um banho rápido e, enquanto me vestia, Karina se espreguiçou na cama, os olhos ainda semicerrados, a voz arrastada pelo sono.

— Ei, tonto... bom dia. Era pra ter te falado ontem, mas a gente ficou conversando e eu esqueci. — Ela coçou os olhos, rindo de leve. — Meu pai mandou perguntar se você vai pro interior com a gente.

— Acho que vou, sim — respondi, ajustando a camisa no espelho.

— A gente vai amanhã de madrugada. Eu venho te buscar hoje à noite.

— À noite tem a festa do escritório... Mas faz assim: vai comigo pra festa, e de lá a gente vai pra sua casa.

Os olhos dela brilharam.

— Hum... festinha? Adoro!

— Então capricha: pega o carro e bota uma roupa bem bonita. Fica bem gostosa pra mim.

Ela riu.

— Tá bom, priminho.

— Volto mais cedo hoje.

— É, vou só lá em casa pegar o carro e a roupa pra festa, e já volto.

— Já que você vai estar aqui... já arruma a minha mala! — falei, dando uma piscadinha.

— Você é folgado, hein!

Karina levantou animada, e eu terminei de me arrumar às pressas. Pedi um carro por app e, graças ao trânsito, cheguei no trabalho um pouco atrasado. Ao entrar, encontrei Camille sentada na nossa mesa, com um sorriso forçado que tentava parecer leve.

— Bom dia, chefinho — disse ela, demonstrando alegria, embora no fundo estivesse longe de estar feliz..

— Bom dia...

— A Fran passou aqui. Quer que você vá com ela na locação, teve um problema por lá.

— Puts... justo hoje. Preciso finalizar os relatórios com a sua mãe.

— Deixa comigo. Eu vou com a Fran.

— Tem certeza?

— Vou lá levar Briefing do evento para ela e já vejo com ela se pode ser. Se ela disser que tá ok, já vou de lá — disse Camille.

— Beleza, só me avisa quando for — respondi. Ela fez um meio sorriso que não alcançava os olhos, tentando parecer tranquila, mas dava para sentir que não estava tudo bem por dentro.

Camille virou-se e saiu. Enquanto esperava Helena chegar, recebi uma mensagem dela dizendo que ia com a Fran. O clima no escritório estava leve — era final de ano, férias chegando, e todo mundo trabalhava rindo, sem pressa.

Quando Helena chegou, ela me chamou para a sala dela, e ficamos lá trabalhando. Aos poucos, o pessoal foi terminando seus serviços e saindo mais cedo, antes do expediente acabar, para entrar no recesso.

No fim, só restamos nós dois na sala dela — ainda tínhamos algumas pendências para resolver.

Então, ela pediu para eu me sentar ao lado dela. Queria me mostrar algumas coisas.

Sentei ao lado dela, nossas cadeiras próximas demais. De vez em quando, nossas pernas se tocavam, e eu sentia o corpo responder a cada aproximação. O perfume dela era doce, sutil, mas deixava o ar pesado de desejo. Em um desses toques involuntários, nossos olhos se encontraram. Ficamos ali, em silêncio, nos estudando. O tempo parecia ter parado.

Num impulso, puxei-a suavemente pelo pescoço e, quando percebi, nossas bocas já estavam coladas. A língua dela buscava a minha com saudade, urgência. Quando me afastei um pouco, ela me olhou com aquele sorriso que sempre me desmontava.

— Nossa, meu novinho... que saudade eu tava dos seus beijos.

Não respondi. Beijei-a de novo, mais profundo, mais quente. Nos levantamos sem parar de nos tocar, tropeçando pelo tapete até o sofá. A empurrei ali com jeito e ela caiu rindo, jogando a cabeça pra trás.

Me ajoelhei diante dela. Helena ergueu o vestido até a cintura, os olhos brilhando de antecipação. Tirei sua calcinha devagar, saboreando cada segundo da visão que se revelava. Coloquei suas pernas sobre meus ombros e fiquei ali, admirando a visão da sua intimidade escancarada pra mim — convidativa, úmida, pulsando.

Sem hesitar, mergulhei entre suas coxas. Minha língua a encontrou quente, pulsante, com aquele gosto doce e salgado que eu não conseguia esquecer. Comecei lento, saboreando cada detalhe, e então suguei seu clitóris com fome, com entrega. Ela gemeu, agarrou meus cabelos e pressionou meu rosto contra sua carne úmida.

Os quadris se moviam com urgência, numa dança descompassada, e eu segui o ritmo, guiado pelos tremores que percorriam sua pele. Lambia, sugava, fazia círculos com a língua, atento a cada suspiro entrecortado, a cada palavra solta que ela balbuciava.

As coxas tremiam, se fechando ao redor da minha cabeça, me prendendo ali como se quisesse me devorar. Eu sentia cada espasmo, cada pulsar, como se o prazer dela fosse meu. Ela estava à beira, e eu sabia — insisti, até o corpo dela se arquear e ela gozar na minha boca, gemendo alto, entregue.

Assim que me levantei e desabotoei as calças com pressa, ela me puxou de volta, me encaixando entre suas pernas abertas, faminta. Senti seu calor ainda latejando quando me acomodei sobre seu corpo. Nossos olhos se encontraram — os dela pediam. E eu atendi.

Empurrei devagar, só o suficiente para senti-la me envolver, quente, molhada, apertada. Ela arfou, agarrou meus ombros e soltou um gemido quando mergulhei por inteiro.

Comecei a me mover com força, num ritmo rápido, direto, como se o tempo fosse curto demais para delicadeza. Os corpos batiam, suados, os gemidos misturados ao som úmido da urgência. Ela rebolava sob mim, as unhas cravadas nas minhas costas, os joelhos me apertando pelos lados.

Eu a segurava pela cintura, enfiando mais forte, sentindo o calor crescer. Ela gemia meu nome, rouca, desesperada, e quando seu corpo tremeu outra vez, apertando em volta de mim, não resisti — gozei junto, afundado nela, os dois suando, colados, arfando.

Por alguns segundos, ficamos assim, corpos grudados e respiração pesada, como se o tempo tivesse parado ali, no sofá desarrumado e quente, impregnado do cheiro do nosso prazer.

Depois que nos recompusemos, virei o rosto para o lado e a vi com um sorriso que parecia querer explodir dentro dela. Era como se o mundo tivesse dado uma pausa só para aquele instante. Voltamos a trabalhar, mas o sorriso insistia em se manter no rosto dela, iluminando até o ambiente mais frio do escritório.

Às duas da tarde, terminamos o que precisávamos. Pegamos nossas coisas para ir embora e, antes que eu pudesse me afastar, ela se aproximou e me deu outro beijo, profundo e cheio de vontade.

— Nossa, meu novinho... — sussurrou, a voz tremendo de felicidade. — Tô tão feliz. Achei que a gente ia acabar entrando de férias ainda de cara amarrada.

Suspirei, tentando manter a compostura.

— Não quer dizer que voltamos, foi só uma recaída.

Ela deu uma risadinha, os olhos brilhando.

— Mesmo assim, tô feliz. Tomara que a gente tenha mais recaídas depois das férias.

— Sei não... — falei, sério, virando as costas sem nem olhar para trás.

Peguei um carro por aplicativo e, no caminho, o arrependimento apertou meu peito. O que eu tinha feito com a Helena... fiquei revoltado comigo mesmo por não conseguir resistir. Cheguei em casa, e logo vi a Karina.

— Ei, tonto, pensei que ia chegar mais cedo — brincou ela, chegando perto.

— Queria, o pessoal saiu meio-dia. Eu e a Helena tivemos que terminar uns relatórios.

— Só vocês dois? Trabalhando, sei… — desconfiou, com um sorriso torto.

— É… sim — respondi, desviando o olhar.

Ela se aproximou, farejou meu pescoço e sorriu maliciosamente.

— Tá cheirando a mulher… e a sexo. Vai me dizer que foi só relatório? Seu safado.

— Juro que trabalhamos, mas... acabou rolando — admiti.

— Você não presta.

Rimos e começamos a arrumar minha mala juntos. Depois, deitamos para um cochilo rápido, antes de nos prepararmos para a festa.

Na sala, eu esperava enquanto ela saiu do quarto com um vestido vermelho que realçava cada curva do corpo. Parecia uma obra de arte ambulante. Eu não conseguia esconder o olhar, e ela percebeu.

— Gostou, né, priminho? — provocou, dando uma volta lenta, exibindo aquela bunda maravilhosa.

— Caramba, falei pra ficar gostosa, mas nem tanto — respondi, rindo.

Ela veio até mim, dando um selinho rápido.

Pegamos as coisas, fomos para o carro e seguimos para a festa. Na entrada, Fran recebia os convidados com um sorriso radiante.

— Oi, gatinho! — cumprimentou, e virou-se para Karina. — Você é a Karina, né?

— Sim — confirmou minha prima, lançando um olhar malicioso.

— Carlos, já vou avisar: Camille chegou de mãos dadas com o Jonathan.

— De boa — respondi.

— Tá tudo tranquilo? Se ele vier com provocações, não cai na dele, hein? — Fran alertou, com um sorriso meio cúmplice.

— Pode deixar, tô ligado — respondi, tentando parecer seguro.

— Pode deixar, não vou deixar ele entrar em confusão, prometo — Karina falou firme.

— Sua missão vai ser difícil, viu? — disse Fran, com um sorrisinho debochado. — Segurar essa fera não vai ser fácil. Esses dois não se suportam..

Karina me lançou um olhar travesso e piscou. — Sei bem como domar esse monstro.

Rimos, a tensão aliviando enquanto caminhávamos pelo corredor.

— Tá de brincadeira, né? Se esse cara mexer com você, juro que vou junto pra cima dele! — Karina soltou, rindo alto.

— Eu sabia que podia contar com você — respondi, sorrindo. — Mas de boa, não vou arriscar meu futuro no escritório por causa disso.

Entramos, pegamos bebidas no bar e fomos para uma mesa onde encontrei André e alguns outros amigos.

— Cara, não adianta nem sentar. Quando eu era assistente dela, eu tinha que sentar na mesa com ela, então provavelmente ela vai querer que você sente também — avisou André.

— Não tô no clima pra Helena hoje.

Ele se aproximou, baixando a voz.

— Não foi isso que parecia à tarde. Você tava no clima... com ela.

Rimos juntos, e ele imitou minha voz fina:

— “Aiiii, Carlos, não para, meu gordinho!”

Revirei os olhos.

— Você viu isso?

— Não, ouvi. Voltei pra buscar o carregador que tinha esquecido.

— Então por que não foi atrapalhar igual eu daquela vez? — provoquei, rindo.

— Não sou empata foda igual você, irmão — ele gargalhou.

Karina ouviu a conversa, entrou na roda e logo estávamos os três zoando, até que Fran apareceu, puxando a gente pelo braço.

— Venham comigo, seus lugares estão reservados numa mesa separada.

— Com a Helena? — perguntei.

— Sim, foi ela quem pediu. Eu falei, insisti, tentei de tudo pra evitar, mas ela bateu o pé. Fez questão de que você e a Karina sentassem com a gente. E, bem... você sabe como é a Helena. Quando ela decide uma coisa, não tem quem faça ela mudar de ideia.

— Porra, imagina o clima... — resmunguei, tentando acompanhar o passo das duas. — Sentar com a menina que me odeia, o namorado dela que, se pudesse, me matava, o marido da mulher com quem eu transo e a mulher que acha que sou propriedade dela...

Karina virou pra mim com a cara mais safada do mundo e falou baixo — olhando pra Fran e se divertindo:

— Priminho... você tá jogando bingo erótico agora? Já marcou todas da mesa!

Nós continuamos andando em direção à outra mesa, e elas gargalhavam como se tivessem acabado de contar a melhor piada da noite.

— Transo, não transava — corrigiu Fran, jogando a provocação no ar com um sorriso.

Karina soltou outra gargalhada.

— Ele caiu em tentação hoje, hihihihihi.

Rimos juntos, já nos aproximando da mesa onde estavam apenas Helena e Pierre..

— Boa noite — cumprimentamos, Karina e eu.

Helena falou: — Boa noite. Esta mulher... linda que está com você... deve ser Karina.

Helena veio até Karina e sussurrou alguma coisa no ouvido dela. E eu... que não consegui ouvir. E as duas riram juntas.

Pierre veio em direção à Karina, com um olhar simpático, encarou-a de cima a baixo e lhe deu um beijo no rosto.

Ah, bonsoir... Carlos, você nunca me falou que tinha uma prima tão bonita assim, hein? Très charmante... vraiment belle, cette Karina...

Karina ficou meio sem graça, deu um sorriso tímido e abaixou o olhar, mexendo nos próprios dedos.

Ela riu discretamente e eu comentei:

— Ela não tá acostumada com tanto charme logo de cara.

O francês apenas sorriu de canto, como se soubesse exatamente o efeito que causava.

Então Helena deu uma risada e disse:

— Ai, este meu marido... toujours galant!

Karina sentou ao lado de Helena, e as duas logo começaram a conversar como se fossem amigas de longa data. Enquanto isso, eu tentava manter a naturalidade com Pierre, mesmo sabendo que, poucas horas atrás, tinha estado com a mulher dele.

De repente, vi Camille entrar pelo corredor. Vestia um vestido longo que acariciava o corpo, o cabelo solto balançando suavemente enquanto caminhava, com uma confiança quase hipnótica. Por um instante, tudo ao redor pareceu parar.

Mas logo atrás dela, Jonathan caminhava, pronto para estragar a cena.

Quando Camille viu que eu estava na mesa, parou, surpresa. Ela segurou Jonathan e cochichou algo em seu ouvido, a voz baixa mas carregada, os olhares trocados pesados, cheios de tensão. Ele me lançou um olhar carregado de julgamento, como naquela noite do ocorrido — frio, incisivo, quase uma acusação silenciosa. Eles seguiram adiante, ela com um sorriso forçado, quase como se estivesse tentando suavizar a situação, ele tentando disfarçar a raiva que pulsava em seu rosto.

Eu não queria admitir, mas aquela cena dela com o Jonathan mexeu comigo mais do que eu estava disposto a aceitar.

Camille se aproximou de Karina com muito carinho. Elas se cumprimentaram e ficaram conversando por alguns segundos, trocando olhares e sorrisos leves. Quando ela finalmente veio para o meu lado, o sorriso que apareceu foi delicadamente contido, uma máscara suave que tentava esconder a tristeza por trás do sorriso forçado.

— Oi, chefinho. Boa noite — disse ela, com um tom meio distante.

Mantive a cabeça baixa, só assenti com a cabeça.

Jonathan cumprimentou Karina e se aproximou de mim. Trocamos cumprimentos secos, tentando ignorar a tensão palpável.

— E aí? — ele perguntou.

Eu apenas assenti com um leve movimento de cabeça, evitando prolongar o contato visual.

As mulheres se acomodaram rapidamente e engataram uma conversa animada, entre risos, comentários soltos e sorrisos espontâneos. Já entre os homens, o silêncio parecia calcificado. Pierre tentava puxar assunto, mas tudo morria em frases incompletas.

O evento seguia seu roteiro: discursos ensaiados, cumprimentos protocolares, risadas vazias. Quando o jantar foi servido, Fran se juntou à mesa. O clima entre mim, Camille e Jonathan era denso, quase palpável. A atmosfera parecia prestes a rachar.

— Éh... Vocês estão de parabéns, hein? O evento tá maraviyóóóuso. A decorassión... A comidá... Tudo perféito, sabei? Nada como aquele fiasco do fim do ano passado, hein? — disse Pierre, em seu tom espalhafatoso, tentando quebrar o gelo.

Helena riu alto e entrou na onda:

— Nossa, verdade! Aquele DJ horroroso, as luzes todas quebradas… E a comida, então... meu Deus.

Fran sorriu, um pouco sem jeito, mas manteve o tom firme:

— A gente realmente pisou na bola ano passado… mas isso ficou pra trás. Esse ano o orçamento ajudou — ela pousou as mãos sobre as minhas e as de Camille — e eu tive esses dois lindos me ajudando. Sem o Carlos e a Camille, nada disso teria acontecido.

A conversa entre Fran, Helena, Pierre e Karina seguiu leve, repleta de comentários descontraídos. Mas entre mim, Camille e Jonathan, o silêncio permanecia. Duro. Nenhum de nós dizia nada. Cada um recolhido no próprio casulo, mastigando mágoas antigas.

Pierre então olhou para o outro lado do salão, avistou um conhecido e se levantou. Alisou o terno com as mãos, estendeu o braço para Helena e disse:

— Helena, meu amôôrr... olha quem tá lá! É o senhor Dupónt, do RH. Vamos ali dar um “alô”, tirar umas fotinhas, tá?

Helena assentiu, ajeitou o vestido com graça e nos lançou um olhar antes de sair.

— A gente já volta, tá?

Assim que se afastaram, o peso do silêncio se adensou como uma neblina espessa. As vozes ao redor viraram um zumbido abafado, distante, como se o salão tivesse mergulhado em outra frequência.

Girei a taça entre os dedos, devagar, observando o vinho escorrer pelas paredes do cristal. A luz refletia tons rubros no líquido. Aquilo me dava algo em que me concentrar. Algo seguro.

Camille não dizia nada. Os olhos fixos no guardanapo que amassava entre os dedos, dobrando, desdobrando, como se tentasse conter algo que escapava pelas costuras da alma.

Fran bebia em pequenos goles. Postura ereta, olhos varrendo o salão com precisão. Não era distração — era vigilância.

Karina saboreava a sobremesa como se não houvesse mais ninguém ao redor. Cada colherada era uma declaração de independência.

Jonathan, cabeça baixa, o celular iluminando o rosto. Os dedos frenéticos na tela.

Foi então que Camille levantou os olhos e encontrou os meus. Havia dor ali. Mas também uma resistência. Um sentimento que, contra todas as evidências, ainda insistia em existir. Recorri ao que me restava: um olhar de ternura. Eu não a amava — não da forma como ela talvez merecesse — mas gostava dela. Gostava de verdade. E doía saber que a feri.

Ficamos assim por alguns segundos. Intensos. Longos demais.

Até que Jonathan largou o celular e me lançou um olhar direto, cortante.

— Que porra é essa...

— Jonathan, não... aqui não — murmurou Camille, sem levantar a voz, os olhos arregalados.

— Vocês se olhando assim e eu é que sou o errado?

— Por favor, para. Não tá acontecendo nada — disse ela, tentando manter o tom.

— Eu não sou idiota. Vi vocês dois se olhando como se nada tivesse acontecido. Já esqueceu o que ele te fez?

— Ele não tá fazendo nada — disse Camille, com um fio de voz. Os olhos, tristes.

— E você ainda defende ele...

— Qual é, cara — falei, tentando me conter, mas com os olhos cravados nos dele.

Fran colocou a mão no meu braço, tensa. Karina fez o mesmo, discreta, alerta.

— Não — disse Camille, firme. Me olhou de novo, agora com um recado nos olhos: não vale a pena. Sem raiva. Apenas exaustão. Um cuidado que ainda resistia. Mas era tarde. Alguma coisa dentro de mim já tinha acendido.

— Não vou deixar ele falar assim com você.

— Ah, virou o herói agora? Cê é o vilão, mané. Você começou essa merda toda.

— E você tá se pintando de santo? Julgando sem saber?

— Eu sei o que vi naquela noite. Ela saindo do ofurô chorando. Você estragou tudo. Depois você foi embora e eu fiquei. Eu tô com ela.

— Gente, aqui não é lugar pra isso — disse Fran, tentando manter o controle. — Carlos, não entra na pilha. Jonathan, cala essa boca. Você realmente não sabe de nada.

Ela falou primeiro pra mim, firme. Depois se virou pra ele, seca.

— Olha quem fala — rebateu Jonathan. — Você não viu o olhar triste dela... quando vocês dois estavam lá em cima, no quarto dela, transando.

— Uau — disse Karina, cruzando os braços. — Parabéns, viu? Mestre dos julgamentos. Quer um prêmio, ou só quer atenção?

— E o galã aí? Nem consegue se defender. Precisa de três mulheres pra falar por ele...

— Cara... sério... — comecei a me levantar, mas Fran e Karina me seguraram de leve, como quem já antevê o desastre.

— Quer que eu chame a Rafa também, pra se juntar a elas? Pra te proteger?

— Jonathan, aí você passou dos limites. Por que tá trazendo a Rafa? — disse Camille, fria.

Jonathan me encarava. Olhos cheios de veneno.

— Você fala ou eu falo?

— Falar o quê? — perguntou Camille, desconfiada.

— Porra, cara... cala tua boca — murmurei, entre os dentes.

— Já que o bonitão não tem coragem… Eu vi. Ele e a Rafa. Transando na caminhonete dela. Enquanto você dormia no andar de cima.

O olhar de Camille murchou. Como se alguém tivesse apagado a última luz por dentro. Os olhos marejaram. Ela me olhou. Não disse nada. Mas o que havia ali... me desmontou.

— Aprende, Camille. Isso que dá dar ousadia pro feio. No fim ele se acha.

Ela apenas baixou a cabeça. Silêncio absoluto.

— Você acha que tá defendendo ela, Jonathan? — disse Karina, encarando ele com frieza. — Só tá machucando mais.

Ele recuou no olhar. Ainda me encarava, mas já não havia convicção. Só raiva mal distribuída.

E então o silêncio voltou. Denso. Cortante. Ninguém se mexia. Ninguém ousava dizer nada. O ar parecia sólido. Bastava um sussurro e tudo ruiria.

Aí Helena e Pierre voltaram.

— Mon Dieu, vocês viram o bigode daquele homem? Parecia saído de um filme de época! — comentou Pierre, tentando manter o tom leve, como quem não nota a rachadura na parede.

Helena parou atrás da cadeira. Não foi apenas um gesto. Ela sentiu. O ar pesado, o clima estranho. Olhou devagar pra mesa, depois pra mim. Não havia desconfiança no olhar — mas um tipo de atenção fina, sensível. Como quem fareja algo fora do lugar, mas não sabe de onde vem.

Mesmo assim, ninguém disse nada. Alguém ajeitou o guardanapo. Outro mexeu no celular. Uma risadinha nervosa tentou colar os pedaços da noite. O silêncio se escondeu nos gestos, mas continuava ali, grudado na pele.

A música começou a vibrar no salão, e o DJ assumiu o controle da festa com batidas envolventes que pareciam acordar o ambiente. Mesmo com o clima ruim na mesa — silêncios pesados, olhares desviados — Fran se levantou com aquele brilho teimoso nos olhos e, sem dizer muita coisa, puxou eu e Karina pela mão direto para a pista. Aos poucos, as pessoas se soltavam ao nosso redor, e a energia da música nos arrastava junto, como se dançar fosse a única forma de respirar ali dentro.

Camille e Jonathan permaneceram sentados, imóveis. O olhar dela atravessava a pista com uma tristeza discreta, quase como quem assiste a uma lembrança antiga. Parecia querer estar ali, conosco, como nas festas de antes — quando tudo era mais simples, quando ainda ríamos juntos sem precisar medir palavras ou sentimentos.

Eu estava dançando com a Karina e a Fran, mas acabei ficando cansado e precisei de um pouco de ar. Saí pela porta lateral do salão, respirando fundo. Foi quando a vi — Camille, encostada na parede, tragando um cigarro, o olhar perdido e triste, mas ainda assim com um brilho apaixonado que doía.

Nossos olhos se encontraram. Aquele silêncio entre nós dizia tudo: mágoa, saudade e algo que nenhum dos dois queria admitir. Ela estava mais quebrada do que eu.

— Você fuma agora? — perguntei, tentando quebrar o silêncio.

Ela não respondeu. Ficou pensativa, os olhos fixos nos meus, cheios de tristeza e amargor, mas carregados do mesmo sentimento antigo, daquele amor que ainda ardia, mesmo ferido.

— A Rafa? Sério? — ela perguntou baixinho, a voz quase um sussurro.

— Eu... sei que te magoei, e sinto muito por isso — disse eu, com a voz baixa, tentando mostrar o arrependimento que me consumia.

O olhar dela me quebrou naquele momento. Saber que ela descobrira aquilo ali, naquele instante, partiu meu coração e me encheu de arrependimento.

Ela continuou ali, me encarando com o mesmo olhar carregado de dor e silêncio, sem dizer uma palavra. O cigarro ainda entre os dedos queimava devagar, até que, finalmente, ela jogou a bituca no chão, sem pressa, como se aquele gesto carregasse todo o peso do que não era dito.

Ainda olhando fixamente nos seus olhos, falei:

— Você ta linda, sabia?

Ela se aproximou devagar, tão perto que senti o cheiro do cigarro misturado ao seu perfume, com um leve toque do seu corpo colado ao meu.

— Sabia — murmurou ela, quase no meu ouvido, com uma voz que era ao mesmo tempo triste e carregada de desejo.

Ela se afastou devagar, voltou para dentro do salão, e sumiu entre a gente. Alguns segundos depois, talvez minutos, eu entrei atrás dela. Ao olhar para a mesa, vi Jonathan me encarando — provavelmente desconfiado, já que tinha visto Camille sair dali. Ela, por sua vez, foi direto dançar com as meninas.

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