A Sociedade Matriarcal- parte 2

Um conto erótico de Masoch
Categoria: Sadomasoquismo
Contém 3147 palavras
Data: 27/06/2025 15:42:39

Não lembro quanto tempo fiquei desacordado. As lembranças são borrões — o cheiro da calcinha pressionada contra meu rosto, o som de risos abafados. Depois, vieram os gritos, os comandos, as mãos que me arrastaram pelos corredores como um objeto quebrado. Perdi a conta das vezes em que fui jogado contra paredes, ou dos olhos femininos que me olhavam como se eu fosse algo sujo. Quando finalmente pararam de me mover, eu já não sabia onde começava meu corpo e onde terminava o medo.

A luz fria do corredor piscava sobre minha pele nua, e cada passo que eu dava ressoava como uma sentença. Ao meu redor, outros corpos masculinos, nus como eu, mantinham-se em silêncio absoluto. Alguns pareciam em transe, balbuciando frases repetitivas como orações. Outros apenas mantinham a cabeça baixa, os olhos apagados.

O portão metálico se fechou atrás de mim com um estalo que me fez estremecer.

Na frente da fila, uma mulher de farda branca e botas até o joelho caminhava lentamente, avaliando cada um de nós com um olhar clínico e gelado. Ela carregava nas mãos uma espécie de bastão metálico com uma luz vermelha pulsante na ponta. Atrás dela, uma faixa vermelha com letras negras deixava claro onde eu estava.

"Servidão é redenção. Resistência é punição."

Engoli seco. Aquilo era o início da minha anulação. E elas faziam questão de que eu soubesse disso. Ela parou na minha frente. Senti o peso do silêncio ao redor se concentrar inteiro naquele momento. O bastão em sua mão descansava contra sua coxa, mas seus olhos me estudavam como se eu fosse um inseto raro em uma lâmina de vidro. Sem desviar o olhar, ela ordenou que os outros fossem levados. As portas laterais se abriram, e os corpos começaram a ser guiados por outras mulheres fardadas. Eu fiquei ali, sozinho diante dela. Seus lábios finalmente se moveram.

— Você tem nome?

Hesitei por um segundo. A última vez que tentei falar algo, levei um tapa que quase me desmontou. Mesmo assim, respondi.

— Galileu.

Ela cruzou os braços. Curioso. Um nome de macho alfabetizado. E com coragem de responder. O tom não era hostil. Era frio, clínico, quase... interessado. Ela deu um passo à frente e levantou meu queixo com dois dedos enluvados. Seus olhos analisaram os meus com mais calma agora.

— Você é inteiro. Inteiro demais. Nunca foi treinado?

—Não.

— Fascinante

Ela deu um leve sorriso com o canto dos lábios, como se tivesse acabado de ganhar um brinquedo antigo e valioso. Então talvez você me dê algum trabalho. Ótimo. Eu sou Renata. Supervisora-geral da unidade 9 da EECE. E agora, Galileu, você é minha responsabilidade. Quis responder. Mas algo no modo como ela disse “minha” me calou por completo.

Ela não disse mais nada. Apenas girou nos calcanhares e começou a andar. Segui atrás dela, sentindo o peso de cada passo, consciente da minha nudez e da vulnerabilidade que escorria pela espinha. Passamos por corredores de metal cru, onde as paredes exalavam um cheiro de ferro oxidado misturado a algo mais agridoce como suor, medo, talvez humilhação. Do outro lado das grades, pude ver algumas celas com colchões finos no chão e tigelas de alumínio empilhadas nos cantos. Homens nus, deitados como animais em um curral, alguns com marcas roxas no corpo, outros com olhos completamente apagados, vazios de vontade. Renata não me olhou enquanto falava.

—Essas são as celas comuns. A maioria dos novatos fica aqui até que aprendam a diferença entre pensar e obedecer. Mas você não é a maioria. Ela encostou a mão em um painel de identificação e a porta se abriu com um chiado pesado.

O cheiro que saiu de dentro era quase sólido. Algo entre mofo, sêmen ressecado e produtos químicos. Dei um passo hesitante, mas ela não esperou.

— Entre.

A cela era pequena, claustrofóbica. As paredes eram de concreto cru, sem janelas, e no canto havia uma argola presa ao chão com uma corrente curta. Um quadrado de borracha preta indicava onde o “colchão” começava e terminava. Acima de mim, uma câmera girava devagar.

— Bem-vindo à cela de contenção para rebeldes. Aqui, você vai aprender que liberdade é uma memória inútil.

Fiquei horas naquela cela sem saber se era dia ou noite. A luz artificial no teto não apagava, e a câmera não parava de me observar, girando devagar como um olho faminto. Quando finalmente ouvi o estalo da fechadura, meu corpo reagiu antes de mim. A porta se abriu, e Renata entrou, acompanhada por duas mulheres que nunca tinha visto antes. A primeira a passar pela porta tinha cabelo azul preso num coque frouxo e um sorriso afiado. Tinha um corpo pequeno, atlético, com pernas marcadas e tatuagens que subiam pelos braços até os ombros. Carregava uma prancheta de metal na mão e mascava chiclete com desprezo despreocupado. Seu olhar pousou em mim como se eu fosse um brinquedo novo.

— Esse é o selvagem? Que bonitinho (disse ela, rindo.)

A segunda era diferente. Morena de pele parda, cabelos cacheados volumosos que desciam até o meio das costas, olhos castanhos com um brilho travesso. Mais alta, mais curvilínea, vestia-se de forma provocante mesmo dentro do uniforme padrão, com o zíper propositalmente aberto até quase o meio dos seios. Sua voz era macia, melada de ironia.

— Ele é inteiro mesmo... uma raridade. Será que fede como os outros?

Renata não sorriu. Apenas recostou-se contra a parede ao lado da porta, tirou um pequeno gravador de bolso e apertou o botão de gravação.

— Vocês duas têm meia hora. Quero observar como ele reage aos estímulos primários. Nada de violência explícita. Apenas contato sensorial.

— Isso é comigo, chefa — disse a de cabelo azul, que girou nos calcanhares e veio em minha direção. — Eu sou Luna, meu pequeno verme. Gosto de ver machos se contorcendo quando sentem algo que não deviam. Meu joguinho favorito é o “quanto tempo você aguenta com meu chulé na cara” hahaha. Vai adorar, eu acho.

A morena se aproximou logo atrás, seus quadris balançando com uma graça cruel.

— Meu nome é Yara. Eu prefiro cuspe e outros fluidos. Mastigo e cuspo nos que tentam se afastar. Tem algo poético nisso. Tem um cheiro, uma textura... e sempre deixa eles tremendo.

Luna se senta em uma cadeira, tirando os tênis gastos com meias pretas suadas que exalavam um cheiro ácido e intenso. Yara tirava lentamente a própria blusa, exibindo o sutiã de renda úmido de suor.

Renata anotava, os olhos fixos em mim como se cada tremor do meu corpo fosse uma equação sendo resolvida.

— Quero ver até onde vai o nojo antes de virar medo — ela disse, sem emoção na voz.

E naquele momento, entendi. Eu não era um preso. Eu era um experimento. Luna tirou as meias pretas e torceu uma delas na minha frente, deixando cair uma gota espessa e amarelada de suor no chão de concreto.

— Olha só, já tá tremendo. Que gracinha, o verminho tá com medo de um pouco de cheiro. Vai aprender que aqui, fedor de mulher é perfume, entendeu, lixo?

Tentei recuar, mas a corrente no meu tornozelo se esticou e me prendeu no lugar. Meu corpo inteiro ficou em alerta. As narinas queimavam só com a proximidade. Luna se aproximou, pressionando a meia suada contra o meu rosto com uma risada seca.

— Inspira fundo, cachorro. Isso aqui é aula.

Fechei os olhos com força, mas o cheiro entrou assim mesmo. Forte, ácido, como se fosse feito pra ferir. Meu estômago se revoltou instantaneamente, e eu virei o rosto, arfando.

— Ai, ai, que macho fraco — comentou Yara com desdém, enquanto se aproximava. — Vamos ver o que o verme faz com algo mais pessoal.

Ela parou na minha frente, enfiou os dedos na boca, girando a saliva por alguns segundos como se preparasse veneno, depois puxou minha cabeça pelo queixo e cuspiu direto no meu olho.

— Isso. Bem quietinho. É assim que um bicho escuta. Não limpa, entendeu? Deixa secar. Vai aprender a gostar.

Tentei me mover, tentei protestar, mas tudo o que consegui fazer foi engolir seco. Yara se abaixou e estalou os dedos na frente do meu rosto.

— Olha pra mim, idiota. Isso aqui é o que você vai servir pelo resto da sua vida. Cheiro de racha suado, gosma de boca de fêmea, sola de tênis encardido. Vai beijar isso tudo um dia e agradecer.

Renata continuava calada, fazendo anotações. Sua expressão era a mesma de quem analisa uma planilha.

— Início da exposição sensorial. Reações defensivas intensas. Náusea evidente. Contato ocular hesitante. Nenhuma submissão real ainda. Vai precisar de reforço punitivo — disse ela, sem sequer levantar o olhar.

Luna levantou o pé, ainda suado e ainda com meias, e pressionou a sola contra minha boca com força.

— Abre, merda. Vai começar sua reeducação agora.

O cheiro invadiu minha boca antes mesmo que eu abrisse. Era como lamber um pano mofado deixado no sol por dias, misturado com sal, ácido e algo indefinível, um ranço biológico que parecia envenenar minha língua. A sola de Luna pressionava com força contra meus lábios, empurrando um gosto de suor velho e sujeira que me dava ânsia a cada segundo. Tentei virar o rosto, mas ela firmou ainda mais o pé, forçando minha cabeça contra a parede da cela.

Minhas narinas ardiam. O mundo girava devagar, não de dor — ainda —, mas de um tipo de humilhação que eu nunca havia sentido. Era como se minha identidade estivesse sendo corroída por dentro, diluída na mistura tóxica de saliva, suor e escárnio. Meu estômago revirava, mas me recusava a vomitar. Parte de mim, mesmo em desespero, se agarrava a alguma réstia de orgulho, como se manter esse reflexo sob controle ainda fosse alguma forma de resistência.

— Ele ainda tá lutando, olha só que fofo (disse Luna) com uma risada curta e cruel.

— Que machinho teimoso. Vai precisar de uma ajudinha pra aprender a lição.

Renata se aproximou devagar, segurando um pequeno estojo preto. Abriu com precisão clínica, revelando o conteúdo metálico envolto em almofadas negras. Era um anel grosso, escuro, com uma textura fria e pequenas luzes vermelhas que pulsavam em silêncio.

— Isso, Galileu, é um CCE-7, Cinto de Castidade Elétrico, modelo sete. Controle neural adaptativo. Ele lê a atividade da sua região pélvica, e ativa estímulos negativos sempre que detectar qualquer impulso que não for obediência.

Yara soltou uma gargalhada abafada, cruzando os braços.

— Em outras palavras, verme, se você continuar resistindo, você vai sentir como é ter um nervo queimando por dentro.

Renata assentiu, sem emoção.

— Exato. E se tentar tocar, remover, fugir, se pensar em usar pra alguma coisa além de servir, ele aperta. Cada pulso é uma lição. O seu corpo vai aprender o que sua mente ainda recusa.

Senti as mãos de Luna apertando minha virilha, fria, prática, como alguém encaixando uma coleira num cachorro problemático. O anel se fechou ao redor da base do meu sexo com um clique seco, e logo em seguida um estalo elétrico minúsculo me fez estremecer.

— A partir de agora, você é nosso projeto de reprogramação. E esse brinquedo vai nos ajudar a cortar cada centímetro de orgulho que sobrou aí dentro — completou Renata.

A sensação era de um anel de gelo preso à carne, apertando devagar, como se testasse meu limite antes de se revelar. Eu não queria reagir. Não queria dar a elas a satisfação. Mas meu corpo já não era completamente meu. O desconforto virou dor quando o anel vibrou pela primeira vez. Uma pequena descarga percorreu meu baixo-ventre, como um alfinete enfiado direto na espinha. O choque era curto, mas preciso, um lembrete de que minha virilidade estava agora sob domínio de outra vontade.

— Olha só, funcionou — disse Luna, com os olhos brilhando de entusiasmo. — Ele tremeu todo. Parece um rato enjaulado.

Yara se abaixou novamente, suas mãos segurando meu queixo como se eu fosse um boneco frouxo. Puxou minha boca para cima e cuspiu ali dentro com um estalo repulsivo.

— Engole. Ou o brinquedinho no seu pau vai cantar de novo.

Minha garganta se fechou. A saliva quente e espessa repousava sob a língua como uma ofensa viva, pulsando com o gosto de desprezo. Hesitei por um segundo, talvez dois, e então o cinto reagiu. Um estalo mais forte, mais agudo, me atravessou com tanta violência que minhas pernas cederam e caí de joelhos.

— Ahhh! — o grito escapou sem que eu pudesse contê-lo.

Renata, sempre à parte, anotava. A voz dela surgia ao fundo, impessoal como uma médica descrevendo sintomas.

— Segunda descarga. Reflexo involuntário confirmado. Perda parcial de coordenação. Primeiros sinais de submissão.

— Aposto que se eu esfregar minha meia na cara dele agora ele lambe — comentou Luna, tirando o outro calçado. — Vamos testar, vai.

Ela agarrou minha cabeça por trás e esfregou o tecido encharcado contra meu nariz, bochechas e boca. O cheiro era mais forte agora, concentrado, como se tivesse sido cultivado para aquilo. Tentei me afastar, mas o movimento da minha cintura gerou outro impulso elétrico no anel.

Dessa vez, o choque foi mais prolongado. Senti o músculo se contrair, o controle escorrer como areia entre os dedos. Urinei sem querer, o jato quente descendo pelas pernas enquanto as garotas gargalhavam em uníssono.

— Viu só? Tá começando a entender. Um animal se comporta com coleira — disse Yara, chutando o balde metálico na minha direção. — Cuidado pra não sujar o chão com essa sua vergonha.

— Anotado — murmurou Renata. — Reflexo urinário ativado por estímulo. Excelente. Ele está quebrando mais rápido do que imaginei.

O som do gravador voltou a ser pressionado. A caneta se movia sem pausa. E eu, encolhido no chão, sentia que alguma parte fundamental de mim tinha se partido para sempre.

Antes que eu pudesse sequer recuperar o fôlego, Yara já se agachava novamente à minha frente, com o rosto colado ao meu, como quem observa um animal ferido prestes a ceder.

— O cheiro do medo é maravilhoso... mas ainda não é o bastante — disse ela, puxando um pequeno frasco do bolso e chacoalhando na frente dos meus olhos. — Isso aqui vai ajudar seu cérebro a associar melhor os estímulos. Um composto concentrado de feromônio sintético com odor de virilha. Só vai acionar se você respirar fundo, entendido, verme?

Balancei a cabeça negativamente, ou pelo menos tentei. O simples ato de negar fez Luna se aproximar por trás e segurar minha nuca com força. A garrafa foi destampada e a abertura pressionada diretamente contra minhas narinas. Um cheiro denso, viscoso, quase sólido, invadiu meu crânio como uma fumaça venenosa. Era insuportável. Um cheiro de calor, de pele abafada, de secreções apodrecidas sob tecidos usados por dias.

— Respira, desgraça — gritou Luna. — Se não puxar o ar por vontade, seu brinquedinho vai forçar por você.

A dor veio antes da escolha. O cinto ativou um impulso rápido e cortante que atingiu minha virilha com uma violência que me arrancou um urro rouco. Minha boca abriu involuntariamente, os pulmões buscaram ar e o fedor do composto invadiu cada célula do meu corpo.

— Isso, aí está — comentou Yara, satisfeita, lambendo os próprios dedos como se saboreasse o momento. — Agora o seu cérebro vai começar a entender. Esse cheiro é tudo o que você merece. Tudo o que vai desejar.

Luna girou ao meu redor, pisando descalça na urina espalhada pelo chão. Pegou meu rosto e esfregou as solas sujas com mais agressividade.

— Isso é o seu prato, escória. Come com gosto. A partir de hoje, seu reflexo de repulsa vai ser punido até se transformar em adoração. E você vai implorar por isso.

Minhas pernas tremiam. Meu estômago já havia desistido de resistir. O mundo girava entre flashes de luz artificial, cheiros rancorosos e palavras que cortavam como aço. Eu sentia que algo dentro de mim se retraía, se apagava.

Renata se manteve impassível, registrando.

— Exposição ao feromônio concluída. Início da dissociação psicológica. O processo está se acelerando. Continuem. Quero chegar ao estágio de resposta positiva ainda hoje.

Luna riu alto.

— Ah, ele vai chegar lá. Nem que a gente tenha que esfregar cada gota do nosso desprezo na cara dele até que ele chore de prazer.

Yara se aproximou mais uma vez, inclinando-se até seus lábios tocarem meu ouvido.

— Sabe, cachorrinho... às vezes, o que destrói um homem não é a dor. É o prazer enfiado à força. Vamos testar isso depois.

Fechei os olhos. Eu queria sumir. Mas ali, cada segundo era uma lição. E cada lição tinha gosto, cheiro e dor.

As meias suadas foram empurradas contra minha boca sem aviso. Ainda úmidas, ainda quentes, o tecido se moldou à minha língua como um veneno viscoso. O cheiro invadiu minhas narinas, preenchendo meu crânio com um calor pútrido que anulava o pensamento. Tentei resistir ao impulso de recusar, mas a mão de Luna já pressionava o silver tape com firmeza sobre meus lábios, selando a humilhação com o som seco da fita aderindo à pele. Cada respiração era uma tortura abafada, e meu corpo começou a tremer não só de nojo, mas de algo novo: a antecipação do choque, o medo de não obedecer. Meus olhos se enchiam d’água, não de choro, mas de puro colapso interno.

— Boa postura, inseto — murmurou Yara, enquanto esfregava a sola do pé contra meu nariz com movimentos lentos e cronometrados. — Tá começando a aceitar seu lugar. Talvez ainda sirva pra alguma coisa além de apanhar.

Depois de longos minutos de sufocamento controlado, Luna arrancou o tape com um puxão cruel. As meias encharcadas caíram no chão. Não tive tempo de cuspir o gosto que restava. Yara já estava curvada sobre mim, cuspindo direto na minha boca aberta, seguida por Luna, que fez o mesmo com uma risada sádica.

— Engole. Sem pensar. Como um bom verme.

Engoli. O gosto era quente, salgado, repulsivo. Mas engoli. Minhas mãos tremiam. Não sabia mais se era do choque, do nojo ou da confusão de ter feito aquilo por “vontade própria”.

— Agora no chão — ordenou Luna, apontando para uma poça de cuspe misturada com sujeira. — Vai lamber. Mostra que já sabe quem são suas donas.

Caí de quatro. A corrente presa à argola no chão fez um tinido metálico ao se esticar. A língua tocou o chão. O gosto era indescritível, sujo de mais formas do que eu podia entender. Quando levantei o rosto, ouvi Renata pela primeira vez desde o início da tortura.

— Fale.

Minhas palavras saíram vacilantes, ensaiadas, como se minha boca recusasse dar forma ao que me mandavam dizer.

— Eu... sou um verme. Um cachorro. Um lixo que vive para servir mulheres superiores. As donas são tudo. Eu sou... nada.

Mas dentro de mim, um grito silencioso resistia. Uma voz fina, quase imperceptível, que dizia o oposto. Eu não era um verme. Eu era um homem. E ainda havia algo em mim que elas não tinham quebrado.

Renata fechou o caderno.

— Encerrado. Fase um concluída. Ele vai servir. Mais cedo do que eu pensava.

As luzes se apagaram e caí no chão, exausto, deitado ao lado das meias das soldadas.

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