A Segunda Esposa .Capítulo 2

Um conto erótico de Emilly sissy
Categoria: Crossdresser
Contém 2161 palavras
Data: 26/06/2025 23:10:11
Última revisão: 26/06/2025 23:23:40

O dia parecia seguir normalmente, mas dentro de Luiz, havia algo fora do lugar.

Talvez o café amargo demais. Ou o peso daquela pasta que parecia arranhar a palma da mão. Talvez a sensação estranha de estar sendo visto… ou lido.

No fundo, ele já não sabia se aquela calcinha sob a calça era proteção ou exposição.

Depois de retornar ao seu setor, passou os próximos quarenta minutos fingindo concentração. Os números pareciam embaralhados, e a planilha insistia em travar. Foi só quando o sistema da intranet acusou “atualização pendente” que Luiz decidiu levantar e aproveitar para esticar as pernas.

Desceu um andar a pé, devagar, como quem buscava silêncio.

No fim do corredor do setor de arquivos, havia uma pequena antessala com uma janela alta. Um lugar raramente usado — exceto por quem queria respirar fora do ar-condicionado. Luiz já estivera ali outras vezes. Gostava da vista e da ausência de pessoas.

Mas ao virar o corredor, percebeu que não estava sozinho.

Aline estava lá.

De costas, encostada à janela, com uma garrafinha de água na mão e a outra acariciando suavemente o celular. Os cabelos soltos nas costas, o salto ainda firme mesmo no chão irregular. Ela olhou por sobre o ombro quando percebeu a presença dele.

— Achei que esse cantinho era meu segredo — disse com um sorriso pequeno, que não era exatamente gentil... nem hostil. Era uma ponte.

Luiz hesitou.

— Eu… costumo vir aqui de vez em quando. Quando preciso de ar.

— Então somos dois. — Ela se virou por completo. — Você é o Luiz, não é?

— Sim, sou analista financeiro no setor central. — respondeu rápido, num tom quase robótico.

Aline caminhou devagar até o centro da sala. Não se aproximou demais. Mas seus olhos pareciam examinar Luiz de um jeito que ele não sabia interpretar.

— Gosto de saber quem são as peças que mantêm essa empresa tão organizada. Seu nome vive nos relatórios.

Luiz sorriu tímido.

— Faço o que posso.

— Mas nem todo mundo faz com esse cuidado — disse ela. — Com esse... detalhe.

Ela disse "detalhe" com uma entonação que Luiz não soube decifrar. Um segundo de silêncio se instalou. Ele engoliu seco, mas tentou manter o sorriso.

— Gosto das coisas no lugar.

— Eu também. — Ela deu mais um passo, ainda longe o bastante para parecer casual. — Especialmente quando algo escapa... e se revela. Mesmo sem querer.

Luiz olhou para ela, confuso. Mas antes que pudesse perguntar qualquer coisa, Aline mudou de tom, como se estivesse falando de trabalho.

— Preciso conversar com você em breve. Acho que temos uma interseção interessante entre números e comportamento.

— Comportamento?

— Digamos que... nem tudo se mede com cálculos, Luiz.

A forma como ela disse seu nome fez arrepiar sua nuca.

Ela então voltou o olhar para o celular, deu dois toques e guardou no bolso lateral da saia.

— Fico feliz de termos nos encontrado. Nos veremos em breve.

E saiu.

Luiz ficou parado por mais alguns segundos. O ar não parecia mais tão leve. O coração batia com força. Mas a calcinha, colada à pele sob o terno, parecia mais presente do que nunca.

Ainda havia alguns poucos funcionários espalhados pelos setores quando Luiz viu a notificação aparecer no canto da tela do computador.

“Sr. Roberto deseja falar com você. Pode subir agora, por favor.”

Era uma mensagem curta, formal, enviada pela assistente da diretoria. Mas a simples leitura acelerou o coração de Luiz. Ele conferiu o relógio: 18h04. Já passava do horário oficial. Aquilo não era comum — mas também não era alarmante. Pelo menos não deveria ser.

Levantou-se devagar, alisando a camisa por reflexo, ajeitando o cinto — como se um gesto mecânico pudesse esconder o desconforto que crescia dentro dele.

Ao chegar ao andar executivo, tudo estava silencioso. A assistente já havia ido embora. A porta do escritório estava entreaberta, e Roberto estava de pé junto à estante, segurando uma taça de vinho escuro. O terno cinza escuro já estava sem o paletó, e as mangas da camisa social dobradas até o cotovelo.

Roberto virou-se ao ouvir os passos suaves de Luiz.

— Entre, Luiz.

A voz era firme, baixa. A mesma voz que muitos ouviam com reverência.

Luiz entrou. Manteve a postura formal, as mãos cruzadas na frente do corpo. Roberto apontou para a cadeira diante de sua mesa.

— Pode sentar. Não vou tomar muito do seu tempo.

Luiz obedeceu com um leve aceno de cabeça.

Roberto deu alguns passos lentos, sem pressa, e voltou a se sentar em sua poltrona. Girou levemente a taça, observando o vinho antes de apoiá-la na mesa de canto.

— Eu costumo prestar atenção nas pessoas que trabalham comigo, Luiz. Mesmo naquelas que acham que passam despercebidas.

Luiz tentou sorrir, mas o gesto ficou preso no meio do caminho.

— É… fico feliz que tenha notado meu trabalho, senhor.

— Eu não estou falando só do seu trabalho — disse Roberto, com calma.

Luiz piscou lentamente, tentando manter o olhar fixo. Mas havia algo nos olhos de Roberto que o deixava inquieto. Como se ele estivesse lendo palavras invisíveis no seu rosto.

— Eu gosto de observar padrões. Detalhes. Coisas que a maioria não vê. E hoje, por acaso, vi algo em você que me chamou a atenção.

Luiz engoliu em seco.

— Algo… no sentido profissional?

Roberto sorriu, com a leveza de quem segura uma carta rara nas mãos.

— Também. Mas não só.

Houve um pequeno silêncio. Roberto se inclinou ligeiramente sobre a mesa, apoiando os antebraços. Seus olhos fixos.

— Você é discreto, concentrado, e tem algo que muitos tentam esconder… mas que eu considero uma virtude: cuidado. Com tudo. Com suas palavras. Com seus gestos. Com a forma como se move.

Luiz sentiu o sangue esquentar no rosto. Não era o elogio em si. Era a forma como Roberto dizia aquilo. Como se cada palavra tivesse um duplo sentido.

— Eu… tento manter a postura. É como fui criado.

— Não me entenda mal — disse Roberto, agora recostando-se. — Eu gosto disso. Gosto de pessoas que não precisam gritar para serem percebidas.

Luiz apenas assentiu, sem saber o que responder.

— Você sabia que há muito mais poder no silêncio do que na presença barulhenta?

— Às vezes… eu sinto isso — murmurou Luiz, como se confessasse algo sem querer.

Roberto se levantou, caminhando até a janela. Olhou a cidade escurecendo. Depois, virou-se de lado, sem encará-lo diretamente.

— Luiz… você está satisfeito aqui? Ou tem ambições maiores?

A pergunta pegou Luiz de surpresa. Ele levou um instante para processar.

— Eu… eu gosto muito do que faço. Mas claro que… sempre há espaço pra crescer.

— E se esse crescimento viesse com algumas condições?

Luiz ergueu os olhos, um pouco tenso.

— Que tipo de condições?

Roberto se virou então. E pela primeira vez, olhou direto nos olhos dele de forma intensa, íntima.

— Vamos deixar essa conversa para outro momento. Por enquanto, só queria que você soubesse que está sendo observado… pelos motivos certos.

Luiz assentiu, com o coração acelerado e a mente girando.

Ao se levantar para sair, Roberto completou, com a voz baixa, quase como se fosse um segredo entre os dois:

— Ah, e Luiz… gostei do seu bom gosto. Nem todo homem se veste tão... cuidadosamente.

Luiz parou por um instante na porta. Não respondeu. Apenas apertou levemente a pasta contra o peito e saiu em silêncio.

Mas o calor sob a calça, na altura da virilha, era quase um aviso. A calcinha parecia abraçá-lo de dentro pra fora.

Saiu da empresa em direção pra casa.

Luiz fechou a porta do apartamento devagar, como se o próprio som pudesse incomodá-lo. Tirou os sapatos junto à entrada, deixando-os cuidadosamente alinhados. A pasta foi repousada sobre a mesa, e o silêncio tomou conta do espaço.

O relógio marcava 19h42.

Ele não ligou a TV. Não tocou no celular. Apenas caminhou até o banheiro, tirando a camisa com lentidão, os dedos tremendo levemente nos botões.

Ficou um momento parado diante do espelho.

Seu rosto parecia mais pálido do que o habitual, mas havia algo nos olhos — uma chama contida, um reflexo diferente.

Desceu a calça.

A calcinha ainda estava ali.

Rosa-clara, delicada, justa ao corpo. Um leve sinal vermelho na pele da cintura, onde o elástico pressionava. Luiz passou os dedos sobre o tecido, não para tirá-la — mas como se quisesse senti-la de novo. Confirmar que ela estava ali. Confirmar que ele ainda estava ali.

Mas por quanto tempo?

Respirou fundo. Lavou o rosto. Evitou se encarar novamente.

Voltou para o quarto vestindo apenas uma camiseta larga e a própria calcinha. Deitou-se de lado, com o travesseiro entre as pernas. Tentou não pensar. Tentou esvaziar a mente como fazia nos dias difíceis.

Mas a lembrança do olhar de Aline…

A forma como ela disse "detalhe"...

E principalmente, a voz de Roberto dizendo “gostei do seu bom gosto”...

Tudo ecoava como uma nova linguagem. Como se tivessem lhe falado coisas muito íntimas, mas sem usar palavras diretas.

Ele passou os dedos pelo próprio braço. O toque era leve, quase feminino.

Pensou na pergunta de Roberto:

> “Você tem ambições maiores?”

Sim. Ele tinha.

Mas não sabia explicar quais.

O coração batia mais devagar agora. O corpo relaxava. Os olhos começavam a pesar.

Mas antes de adormecer, um pensamento vago atravessou sua mente como um sussurro:

> “Ele viu… e não me julgou.”

E pela primeira vez, Luiz dormiu com a calcinha no corpo — sem culpa.

O celular despertou com a vibração suave sobre o criado-mudo. Luiz abriu os olhos devagar, sentindo o corpo ainda quente.

Havia uma leve pressão sob a calcinha que ainda vestia da noite anterior.

A ereção matinal estava ali, pequena, mas pulsante, presa suavemente sob o tecido delicado.

Ele não se mexeu de imediato. Ficou deitado por alguns minutos, olhando o teto, respirando com lentidão.

As palavras de Roberto da noite anterior ainda estavam vívidas:

> “Gostei do seu bom gosto.”

E o modo como Aline havia falado com ele no corredor, como quem já sabia demais.

Levantou-se por fim e caminhou até o banheiro. Lavou o rosto, aliviou-se com cuidado e depois seguiu direto para o quarto.

Abriu a gaveta do fundo.

Havia mais de uma calcinha ali. Todas limpas, dobradas, discretas — algumas mais rendadas, outras mais simples.

Escolheu uma preta, com detalhe em tule na cintura.

Colocou com mais facilidade do que no dia anterior. Estava mais... natural.

Vestiu-se com uma camisa azul clara e calça social grafite. Passou perfume. Olhou-se no espelho.

Estava tudo no lugar.

Exceto o que se movia por dentro.

Na empresa, o ambiente parecia igual. Mas Luiz sentia tudo mais... atento. Os corredores, os olhares, o som dos saltos no chão.

Logo pela manhã, enquanto deixava alguns relatórios na central de arquivos, cruzou com Aline novamente.

Desta vez, ela usava calça justa de alfaiataria, salto fino e um blazer branco aberto. O decote sutil revelava uma blusa de seda cor creme, suave e provocante.

Ela passou por ele com um leve sorriso, os olhos descansando por um instante nos dele — tempo suficiente para fazer Luiz desviar o olhar.

— Bom dia, Luiz.

— B-bom dia…

Aline não parou. Seguiu com os passos elegantes, o rabo de cavalo se movendo com graça.

Luiz ficou parado por um momento, sentindo a nuca esquentar. Depois, voltou à sua mesa.

Quarenta minutos depois, ao retornar de uma entrega na recepção, encontrou um pequeno envelope pardo sobre sua mesa.

Sem remetente. Sem nome.

Olhou ao redor. Ninguém parecia ter deixado nada.

Abriu.

Dentro, havia apenas uma folha de papel dobrada em quatro. Escrito à mão, com caneta preta, em letras limpas e femininas:

> “A forma como você se curva é... interessante.

Cuide bem dos seus segredos.”

Luiz sentiu o estômago afundar. O ar ficou preso por um segundo.

Alguém tinha visto. Sabia.

Ele olhou instintivamente para o corredor. Nada. Apenas passos ao longe.

Dobrou o papel com rapidez e o colocou de volta no envelope, quando ouviu uma voz próxima.

— Eita, carta anônima? — disse a secretária Jéssica, aparecendo do nada com um copo de café nas mãos. — Isso aí é daquelas com chocolate junto? Ou veio só o bilhete?

Luiz sorriu com esforço.

— Ah… nada demais. É só uma brincadeira entre amigos.

— Hum… sei — ela disse, com aquele olhar típico de quem não acreditava em nada.

Aproximou-se mais.

— Posso ver?

— Melhor não. Coisa boba.

Ela estreitou os olhos, curiosa como sempre.

— Quem manda bilhete hoje em dia, né? Ainda mais pra você. Achei que era só o chefe que usava papel por aqui.

Luiz tentou rir, mas o som saiu travado. Dobrou o envelope e o colocou rapidamente dentro de uma pasta lateral.

— Tá vendo? Agora nem você sabe se sou eu que tenho amigos… ou segredos.

Ela riu e se afastou, sem tirar os olhos dele até virar o corredor.

Luiz ficou ali, parado, com a mão ainda sobre a pasta fechada.

Pela primeira vez, teve certeza de que alguém — uma mulher — o enxergava de verdade.

E isso o assustava tanto quanto excitava.

O dia foi normal sem nenhuma outra novidade.

CONTINUA....

Obrigada pelos comentários no capítulo anterior. Por favor comentem. Isso me motiva a continuar a história.

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