Ela não sabia bem quando essa mudança havia começado. Talvez depois do último aniversário, ou talvez fosse algo que vinha se desenvolvendo há algum tempo, silencioso, sob a superfície aparentemente perfeita do relacionamento deles. No entanto, não havia nada de errado. Anna e Marco sempre foram um casal intenso, afinado, em sintonia em tudo. Até mesmo debaixo dos lençóis.
Eles haviam feito amor de todas as maneiras possíveis, explorando-se sem nunca parar de desejar um ao outro. Mesmo após alguns anos juntos, eles souberam proteger o espaço deles. Intimidade e paixão nunca haviam sido um problema. Eles ainda se buscavam com fome, se provocavam com olhares, brincadeiras, toques repentinos na cozinha ou debaixo da mesa. Mas há algum tempo Marco havia começado a propor algo a mais.
Não tanto em gestos, mas nas intenções.
"Você gostaria de ser observada?" ele lhe disse um dia, enquanto deslizava os dedos lentamente entre as coxas dela, sem tirar os olhos de cima dela. Ela balançou a cabeça, mas seu corpo tremeu.
Depois vieram outras perguntas. Mais diretas. "E se eu te amarrasse?", "E se você não pudesse me tocar?", "E se eu decidisse tudo, e você só... aceitasse?"
Ela o amava. O desejava como no primeiro dia, talvez até mais. Mas se sentia deslocada. Porque cada proposta dele era como um passo em direção a uma borda invisível. No entanto, toda vez que pensava não estar pronta, acabava deslizando para dentro dessa nova tensão, deixando-se guiar por ele. Com cautela, mas sem realmente se opor.
E agora ela estava ali.
Nua.
A respiração calma, profunda. Vendada. As mãos amarradas à cabeceira da cama por macias braçadeiras pretas, o mesmo nas cavidades dos tornozelos. Ela havia lhe dado permissão. Na verdade, ela havia pedido. Depois de semanas de pensamentos, sonhos, sobressaltos noturnos.
O corpo dela, imóvel mas vivo, parecia falar por ela.
Quem a visse naquele momento encontraria uma mulher de beleza magnética e plena.
Anna tinha um metro e setenta e cinco de altura, o corpo tonificado, esculpido por anos de corrida e treinos. Os músculos finos desenhavam as pernas com precisão, o ventre era plano mas macio, os quadris cheios mas firmes. Os seios, grandes e redondos, pareciam um presente deixado pela maternidade: orgulhosos, pesados, mas perfeitamente proporcionais à sua figura atlética.
A pele era clara, lisa, com uma leve sombra dourada do sol da primavera. Os cabelos, longos e lisos, de um vermelho profundo, espalhavam-se sobre o travesseiro como uma chama, contrastando com a venda preta que cobria seus grandes olhos. Olhos que quem não conhecia descobriria serem verdes, luminosos, inquietos, capazes de sorrir e ferir com um só olhar.
Os lábios, carnudos e de um rosa intenso, estavam entreabertos, como se ainda estivessem sussurrando algo. Uma prece, talvez. Ou um convite.
As pernas, bem separadas, deixavam que a posição forçada expusesse toda a sua vulnerabilidade.
Cada respiração, cada tremor dos seios, cada tensão nos pulsos amarrados contava uma história: a história de uma mulher que amava seu marido e que, apesar de mil dúvidas, havia decidido deixar-se atravessar por ele. De ser, por uma noite, apenas corpo. Apenas espera.
O silêncio foi quebrado por um som suave, mas inconfundível.
Passos.
Lentos, decididos. O ruído de pés descalços no parquet, um ritmo suave que se aproximava da cama. Anna segurou a respiração por um instante, depois a soltou em um suspiro profundo. Sentiu o ar se mover, mudado pela presença dele. Marco estava ali.
O colchão afundou levemente quando ele subiu. O peso distribuiu uma tensão familiar nas molas, e ela sentiu o calor do corpo dele se aproximar. O perfume – aquela mistura de pele quente, sabonete e desejo – encheu suas narinas com força repentina, fazendo suas coxas tremerem, que permaneciam abertas e inertes, em sua prisão escolhida.
Então veio o beijo.
Os lábios de Marco pousaram sobre os dela, cheios, famintos, e em um instante devoraram seu fôlego. Não era um beijo gentil. Era intenso, profundo, como se quisesse marcá-la por dentro. Ela respondeu sem pensar, abrindo os lábios e acolhendo-o como se fosse ar, como se há muito tempo não respirasse. O gemido dela era doce e selvagem ao mesmo tempo, um som gutural que vinha do ventre e se derretia contra a boca dele.
As mãos dele chegaram imediatamente, decididas, em busca. Subiram pelo lado, acariciando a pele do ventre tenso, depois subiram ainda mais, acariciando com os polegares as costelas e finalmente encontrando os seios, cheios, firmes, oferecidos sem resistência. Ele os pegou com ambas as mãos, como se os tivesse esperado por muito tempo. Apertou-os, acariciou-os, pesou-os com volúpia, enquanto as pontas dos dedos giravam em torno dos mamilos que endureciam instantaneamente sob o toque.
"Você está linda, Anna..." ele murmurou, com aquela voz baixa, aveludada, que deslizava entre as pernas dela mais do que os próprios dedos. "Uma obra-prima... e é quase uma pena que só eu possa ver isso."
Ela sorriu e gemeu novamente, com os lábios entreabertos e molhados pelo beijo. "Você deveria se considerar sortudo," sussurrou em resposta, "por poder desfrutar dessa obra-prima... e principalmente por poder desfrutá-la plenamente. Principalmente agora. Pegue-me, Marco..."
E foi então que ele começou a buscar de verdade.
A privação da visão, para Anna, era uma porta aberta para o abismo dos sentidos. Cada som era mais nítido, cada toque uma explosão. O tecido que roçava a pele parecia seda incandescente, a respiração dele contra seu pescoço um tremor que descia pela coluna como um sussurro líquido.
As mãos reviraram, exploraram sua nudez com avidez contida. Uma deslizou sob o seio, ao longo do ventre, onde a respiração já tremia. Os dedos passaram sobre o umbigo, depois além, traçando uma linha de calor entre os quadris. A outra mão subiu ao pescoço, inclinando levemente a cabeça dela de lado, e ali parou, sentindo a pulsação sob a pele tensa. O coração de Anna batia forte, quase querendo fugir da gaiola do peito.
Os dedos tornaram-se mais audaciosos. Tocavam, reviravam, como se estivessem procurando o ponto em que sua vontade cedesse completamente. Encontraram. Ali, entre as pernas abertas, sua intimidade já estava molhada, acolhedora. Um convite mudo e poderoso.
Marco sentiu. Sorriu, ela também sentiu naquele instante. Então a beijou novamente, porque não queria palavras. Apenas mãos, pele, respiração. Apenas ele.
O colchão aliviou-se de repente.
Anna sentiu Marco descer, os passos dele mal perceptíveis no chão. Segurou a respiração, mais uma vez. Então a cama afundou novamente, desta vez na frente dela, entre suas pernas amarradas e abertas. Ela sentiu ele subir de joelhos, se acomodar com calma, com uma lentidão estudada que fez a parte interna da coxa tremer. As mãos dele pousaram aos lados do corpo dela, quentes, firmes, como colunas vivas que a cercavam. Ele estava ali, na frente dela, e mesmo que não pudesse vê-lo, sentia-o em todos os lugares.
Então aconteceu.
Ela sentiu ele pressionar contra ela, um toque cheio, direto. E quando a penetrou, o mundo se dissolveu. Não foi uma entrada lenta. Foi decidida, irruptiva, profunda. E ela o acolheu inteiramente, sem hesitação. Um gemido escapou dos lábios dela, profundo, gutural, quase um rosnado de prazer.
A sensação de sua carne se abrindo para ele, cega e tensa, a invadiu como uma onda. Tudo era mais forte. Cada detalhe – a pressão, o calor, a maneira como ele preenchia cada espaço – era amplificado pela escuridão. Não podendo ver, sentia. Deus, como sentia.
Os músculos pélvicos responderam sozinhos, como um reflexo primitivo. O envolveu, o apertou dentro de si, o reteve com aquela força íntima que só ela sabia usar. Ela sentiu ele tremer, um som baixo, contido, que a fez apertar ainda mais. O massageava por dentro, o provocava, enquanto seu corpo permanecia amarrado e imóvel. Era um paradoxo maravilhoso: ela estava parada, mas o conduzia. O guiava com a força secreta de sua carne.
Marco se moveu. Lento, depois mais profundo. Depois novamente. O ritmo crescia, medido, inexorável. Cada investida era um golpe que lhe tirava o fôlego e o devolvia na forma de calor líquido. O atrito entre os corpos deles, a pele contra pele, o som úmido e ritmado da união, se fundia com as respirações, com as frases quebradas, com as imprecações sussurradas entre os dentes.
Anna não via nada. Mas via tudo dentro de si. Sentia os olhos dele sobre ela, imaginava o olhar que a devorava, que seguia cada tremor, cada sobressalto dos seios, cada contração dos músculos enquanto se apertava em torno dele. Sentia-se bela. Poderosa. Dele.
Um calafrio percorreu as costas dela, e depois outro, mais profundo. O prazer subia lentamente, como uma onda que toma forma e depois se quebra de repente. O corpo de Marco se esticava sobre o dela, os músculos duros, tensos, o fôlego cada vez mais quente contra o peito dela.
Ela sussurrou, com a voz quebrada: "Não pare... pegue-me toda..."
Marco não diminuía o ritmo.
Cada golpe era mais profundo, mais feroz, mais completo. Os movimentos dele sacudiam toda a cama, que rangia sob o peso dos corpos unidos naquele assalto perfeito. As mãos dele apertavam os seios de Anna com decisão, afundando nas curvas inchadas com dedos duros e precisos, enquanto os quadris não paravam de se mover, golpe após golpe.
Ela ofegava, se esticava, se arqueava tanto quanto as cordas permitiam. E no meio daquele furacão, um pensamento se fez caminho, límpido, cortante como um raio na escuridão.
Ele nunca me pegou assim. Nunca com essa intensidade.
Era verdade. Ou pelo menos parecia. No entanto, algo dentro dela hesitava. Talvez fosse realmente Marco que se deixara levar como nunca antes, talvez fosse a fome dele que, com o tempo, tivesse crescido até se tornar quase primitiva. Mas talvez... talvez fosse ela.
Talvez fosse aquela venda sobre os olhos.
Privada da visão, cada sensação era amplificada. Cada golpe parecia mais profundo. Cada carícia, cada tomada, cada investida tinha uma potência multiplicada. Parecia-lhe senti-lo maior, mais duro, mais incansável. Como se a ausência do olhar tivesse libertado a imaginação dela e acorrentado os sentidos a algo mais intenso, mais nu.
Era desorientador. No entanto, era lindo.
O prazer que sentia, escuro e dilagante, não era feito apenas de carne. Era feito de ilusões, de percepções, de vazios preenchidos por respiração e ritmo. Marco a estava assaltando, sim, mas também era a mente dela que a levava mais além de onde ela já havia chegado. A mente dela, vendada, surda ao controle, mas muito desperta no desejo.
O ritmo parou. De repente. Marco permaneceu imóvel dentro dela por um instante, depois se retirou lentamente, até deixá-la vazia, com a respiração ainda quebrada e os lábios entreabertos em um mudo gemido de protesto. Sentiu o corpo tremer de desejo não resolvido, ainda palpitante pelo prazer que acabara de se apresentar, mas que ainda não havia sido deixado explodir.
Na escuridão forçada da venda, cada pausa tinha o peso do mistério. Cada espera era um estímulo a mais. Anna não sabia o que aconteceria, mas o intuía. O sentia na respiração dele, ainda próxima, ainda faminta.
As mãos dele pousaram nos quadris dela, firmes, quase solenes, como se estivesse prestes a realizar um gesto antigo e sagrado.
Então um leve movimento, um ajuste na posição entre as pernas dela, e o calor dele que voltava a pressioná-la novamente. Mas não mais onde ela esperava.
Foi um toque lento, paciente, que explorava a outra porta, aquela mais íntima, aquela que raramente haviam cruzado juntos, e nunca daquela maneira. No entanto, não houve resistência no corpo dela. Apenas uma respiração profunda, que parecia abrir-lhe também a mente.
Ela sentiu ele pressionar com calma, com atenção. As mãos de Marco a retinham firmemente, guiando-a, sustentando-a, controlando cada milímetro. Ela relaxou, confiou. Havia algo de profundo naquele gesto: não era apenas prazer, não era apenas desafio. Era confiança cega. Era a aceitação de ser completamente dele.
O contato era diferente. Mais apertado. Mais lento. Mais invasivo, e por isso mais excitante.
Cada fibra do corpo dela reagia. Sentia o coração subir na garganta, as pernas tremerem, os músculos internos se tensionarem para acolhê-lo, depois relaxarem, abrindo-se pouco a pouco. Marco não falava. Não havia necessidade. O corpo dele falava por ele: era doce, mas inarrestável. Era mestre do tempo, do ritmo, dela.
E quando esteve completamente dentro, a sensação a invadiu.
Uma onda quente, escura, um tremor novo e profundo, que não era dor, mas algo mais arcaico. Uma plenitude diferente, que se irradiava em cada ponto do ser dela. Anna ofegou forte, e um gemido baixo escapou dos lábios dela. Era como se o prazer, contido até aquele momento, tivesse encontrado uma nova via para explodir.
Cada impulso era um golpe surdo de eletricidade que percorria a coluna dela. As mãos dele haviam se movido para os quadris dela, depois uma para o ventre, para mantê-la firme, e a outra ainda nos seios, que agora pulsavam como se tivessem um coração próprio.
Marco se movia agora com ritmo crescente.
Não havia mais hesitações, nem pausas. Apenas o batimento regular e cada vez mais rápido do corpo dele que afundava dentro dela, com golpes cheios, decididos, que a atravessavam completamente. Cada impulso era uma explosão, uma onda que partia da parte baixa do ventre e subia pela coluna como um tremor quente, denso, inarrestável.
Anna não conseguia mais distinguir os limites entre dor e prazer, entre tensão e abandono. Era apenas sensação. Apenas carne viva, pele tensa, nervos acesos. O corpo dela se abria com cada investida, acolhendo tudo dele com uma fome cada vez mais feroz. As pernas amarradas tremiam sob aquela dança furiosa, enquanto os braços se esticavam para cima, presos às tiras, como se todo o corpo dela estivesse suspenso em um êxtase ininterrupto.
E ela gozava.
Continuava a gozar, sem pudor, sem palavras.
Um prazer líquido, denso e inarrestável, descia dela, se misturava ao suor, escorria entre as coxas, umedecia cada centímetro da pele onde o calor de Marco se tornava mais intenso. Facilitava cada investida, tornava tudo mais fluido, mais selvagem. Ele estava ciente disso, e a pegava ainda mais fundo, ainda mais forte, como se quisesse abrir caminho dentro dela até a alma.
Anna gemia, sem mais voz.
Cada golpe era uma abertura, um chamado, uma invocação.
Cada golpe era ele. Apenas ele.
Marco não parava.
O ritmo havia se tornado frenético, brutal em sua precisão. Cada impulso era um golpe violento, calibrado ao milímetro, que a levantava literalmente do colchão. O quadril dela, constrangido pelas tiras, reagia conforme podia, mas era ele quem conduzia tudo, quem a dominava com a força do corpo e do desejo.
E ela... se deixava levar.
Cada investida fazia a cama rangir, sacudida pelo peso e pela fúria com que Marco a pegava. Os golpes eram tão profundos que lhe tiravam o fôlego, a esvaziavam e enchiam em um único gesto, repetido, obsessivo.
As mãos dele agora apertavam os quadris dela com força brutal, afundando na pele, e quando a puxava para si, cada impacto fazia os seios dela ricochetearem, ainda úmidos, ainda tensos e palpitantes.
Anna gritava.
Não sussurrava mais. Não gemia.
Gritava seu prazer, com voz rouca, quebrada, que saía da garganta como um canto libertador. O rosto estava virado, a boca aberta, a saliva que umedecia os lábios e escorria levemente sobre o travesseiro.
Cada grito era uma declaração: "Sim, pegue-me. Sou sua."
Ela estava no limite. O prazer era tão profundo, tão feroz, que parecia não poder contê-lo. Mas não queria que acabasse. Queria que ele continuasse, ainda, e ainda, até que não houvesse mais nada a dizer, nem a pensar. Apenas sensação. Apenas carne. Apenas pertencimento.
E Marco continuava.
Um ritmo infernal. Rítmico. Perfeito.
A respiração dele era pesada, gutural, o corpo tenso ao extremo. Os impulsos tornaram-se ainda mais fortes, como se quisesse arrastá-la completamente, superar cada limite do prazer e imprimir dentro dela algo eterno.
Então, de repente, ela o sentiu sair.
Um gemido longo, quase um lamento, encheu o quarto.
E imediatamente depois, uma cascata de calor.
Gotículas densas, ferventes, explodiram sobre o ventre dela, sobre os seios, sobre o púbis. Anna sentiu o prazer dele respingar sobre ela em jatos irregulares, sentiu a pele se umedecer, percebeu cada impacto com uma clareza impressionante. Algumas gotas a atingiram na base do pescoço, escorrendo lentamente em direção à clavícula. Outras desceram entre os seios, insinuando-se nas curvas tensas pela respiração.
Ela permaneceu assim. Imóvel.
O corpo ainda contraído, ainda vibrante, o coração enlouquecido no peito.
Então ouviu o colchão se mover novamente.
Marco se levantava.
Silencioso. Exausto.
Poucos segundos depois, ela o sentiu sentar-se ao lado dela.
A cama afundou levemente.
A presença dele, ainda quente e possante, agora se tornava quieta, atenta.
Os lábios de Marco pousaram sobre os dela em um beijo quente, lânguido, apaixonado.
O sabor salgado do suor e do desejo ainda fresco se misturava ao da pele e das emoções que dançavam sob a superfície. Ele a beijava como se quisesse selar tudo o que haviam acabado de compartilhar: o abandono, a intensidade, a potência.
"Você foi fantástica," ele murmurou contra a boca dela. "Inesquecível. Uma obra-prima de beleza... em uma esposa vadia perfeita."
Anna sorriu. Ainda estava atordoada, encharcada de sensações, o corpo quente e lento como após um longo sono. Mas a palavra "vadia" a fez vibrar algo dentro, entre a excitação e o desamparo.
Enquanto falava, Marco acariciava o ventre e os seios dela, e com os dedos espalhava lentamente aquele prazer ainda quente sobre o corpo dela, como se fosse um óleo sagrado, um selo indelével.
Então tirou a venda dela com um gesto lento. A luz do quarto, suave mas presente, explodiu nos olhos dela. Ela piscou, confusa, procurando o olhar dele.
Ele a olhava. Com os olhos cheios, profundos, sinceros.
"Você... você foi um animal," ela sussurrou, ainda ofegante. "Você me usou como um pedaço de carne. Nunca me pegou assim. Se é tudo mérito da venda... venda-me todas as vezes."
Um sorriso enrugou os lábios dele, terno, perigoso, quase íntimo.
Ele roçou o rosto dela com a ponta dos dedos, suavemente, como se quisesse consolá-la de algo que ainda não conhecia.
Então a beijou novamente, com infinita lentidão, enquanto com as mãos desamarrava os pulsos dela, um de cada vez, esfregando-os levemente para fazer o sangue voltar.
As mãos livres deslizaram para baixo ao longo dos quadris, mas os tornozelos permaneceram amarrados.
Ela o olhava, cansada mas presente. O coração estava se acalmando.
E foi então que Marco sussurrou, a poucos centímetros dos lábios dela:
"E se, em vez disso... não fosse eu quem a usou como uma verdadeira vadia? Você teria gostado do mesmo jeito?"
O gelo.
Ela se enrijeceu de repente. O olhar fixo no vazio. A boca se abriu levemente, sem conseguir emitir som. O coração voltou a bater descontroladamente.
Ele se afastou.
Deu um tapa seco no traseiro dela.
Sorriu.
"Vamos, vadiazinha. Prepare-se. Vamos sair."
E saiu do quarto.
Anna permaneceu ali. Imóvel.
Nua. Úmida.
Ainda cheia de prazer.
E agora...
de incerteza.
De medo.
E, talvez,
de algo que não queria admitir nem a si mesma.