📖 Capítulo 2 – **Proposta Irrecusável**
Naquela manhã abafada, Henrique atravessava o pátio da escola com passos mais decididos do que o habitual. Não sabia se era coragem ou loucura, só sabia que, depois da noite anterior em casa — onde aprendera silenciosamente sobre domínio, entrega e pactos conjugais não convencionais — algo dentro dele havia mudado.
**Luísa.**
A menina que um dia foi sua melhor amiga, agora era a garota mais desejada do colégio. Não era apenas bonita — era magnética. Onde ela andava, os olhares acompanhavam. Seu antigo jeitinho moleca dera lugar a um andar de quem sabe exatamente o que pode e o que quer. E o que quer, geralmente, acontece.
Henrique já a tinha visto incontáveis vezes naquele canto entre os prédios de Educação Física e os vestiários — um espaço sombrio, escondido, onde Luísa protagonizava beijos cinematográficos com jogadores dos times de basquete, vôlei, atletismo… Aquele era o lugar onde ilusões masculinas iam para serem confirmadas ou destruídas.
Mas naquele dia, algo seria diferente.
Henrique atravessou o pátio ignorando o senso de autopreservação. Chegou até Luísa, que estava com duas amigas. As três riam de alguma piada interna quando ele, sem respirar, disse:
— "Luísa... eu... quero namorar com você."
Silêncio. As amigas o olharam como se um mascote tivesse falado. Mas Luísa... Luísa sorriu com a calma de quem já esperava aquilo acontecer. Um sorriso antigo, o mesmo de quando, na infância, ela o convencia a fazer o papel de cachorro nas brincadeiras de casinha.
— “Você quer namorar comigo?” — ela disse, com o tom de quem prepara uma armadilha delicada.
Ele assentiu, tentando não tremer.
Ela então segurou a mão dele com naturalidade — como se pegasse um objeto que já lhe pertencia — e o conduziu com passos firmes e lentos.
Luísa o levou justamente até *aquele* canto. O canto escondido. O santuário dos beijos proibidos, dos toques ousados e das fantasias silenciosas. Ali, ela já tinha vivido cenas que Henrique apenas sonhava presenciar, quanto mais protagonizar.
Encostada na parede, ela o encarou com os olhos brilhando.
— “Qual a sua resposta?” — perguntou ela, direta, cravando os olhos nos dele.
Henrique sentiu o chão sumir por um instante.
— “Sim,” respondeu, com a voz um pouco rouca. “Sim. Eu aceito.”
Luísa sorriu. Um sorriso sem inocência.
— “Então já sabe a condição.”
— “O cinto de castidade...” — ele murmurou, ainda tentando entender onde isso o levaria.
— “Exato,” disse ela, se aproximando mais. “Discreto. Simbólico. Meu. Você vai usar. Não é castigo. É... pacto. Uma chave invisível entre nós dois. Eu não divido o que é meu.”
Sem dar espaço para hesitação, Luísa segurou a nuca dele e o beijou. Um beijo firme, sem ensaio, sem romantismo decorativo. Era domínio, não doçura.
Durante o beijo, ela pegou a mão dele com delicadeza e a guiou por baixo da blusa. Henrique sentiu a pele dela quente, viva, e então encostou na curva dos seios — **aqueles com os quais já tinha sonhado inúmeras vezes**, acordando com a respiração acelerada e os lençóis levemente embaraçados.
Ela afastou os lábios dos dele lentamente, mas sem soltar a mão.
— “Você sente isso?” — sussurrou. — “Isso é controle. Meu. E agora... nosso.”
Henrique não sabia se havia sido aceito, desafiado ou marcado. Mas compreendia perfeitamente o que acontecia: Luísa não namorava, ela comandava. E ele acabara de ser convocado para servir.
— “No recreio, levo o contrato,” disse ela com naturalidade. “Papel ou cetim. Você decide. Ou talvez... nem isso.”
E voltou para o grupo como se tivesse ido apenas tomar água.
Henrique ficou no canto, o coração disparado, as mãos tremendo, e a certeza absoluta de que sua adolescência havia acabado de entrar em uma nova fase. Uma em que o desejo vinha com termos, cláusulas, e — talvez — chaves.