Eu e Minha Amiga Fomos Cercadas no Parque

Um conto erótico de Mais Um Autor
Categoria: Heterossexual
Contém 2050 palavras
Data: 25/06/2025 20:47:55

Quando isso aconteceu, eu ainda estava no segundo semestre de Arquitetura. Logo na primeira aula, percebi que havia uma aluna nova na turma. O nome acima do meu na lista de chamada me chamou atenção porque tinha uma letra que eu nunca tinha visto antes na vida. Só pela grafia, não sabia se Line Nørgaard era homem ou mulher.

Mas, minha dúvida quanto ao gênero da nova pessoa na minha sala rapidamente se dissipou, já que eu fui sorteada para ser a dupla em todos os projetos da classe de Representação Gráfica da estudante de intercâmbio dinamarquesa.

Aquela menina baixinha com os cabelos loiros enroladinhos, podia muito bem interpretar o papel de cachinhos dourados em uma peça, e o público embarcaria na ideia de que ela ainda era uma criança.

Só que seu estilo e personalidade não combinavam com suas feições angelicais. Sempre com jeans rasgados e camisetas pretas de bandas de metais nórdicas, todo intervalo de aula ela tragava um ou dois cigarros. E mesmo eu insistindo para a gente se encontrar na biblioteca, ela nunca cedeu. e todos nossos trabalhos foram planejados no bar da faculdade com um litrão aberto. Admito que as primeiras vez que a vi, não gostei nenhum pouco do estilo dela.

Tudo aquilo era chocante para mim, que tinha escolhido a faculdade porque era próxima da casa dos meus pais. Morar numa república, beber todo dia e viver em festas não eram coisas que eu recusei, e sim coisas que nem sabia que existiam antes de entrar na faculdade.

Por causa dos nossos encontros forçados, Line acabou me conquistando aos poucos. Ela era três anos mais velha que eu e já tinha morado em vários países, o que a tornava muito mais experiente. Às vezes, eu sentia como se ela fosse a irmã mais velha que eu nunca tive.

O mantra dela era simples: você só pode dizer não depois de experimentar pelo menos uma vez. Foi com ela que eu tomei — e odiei — meu primeiro gole de cerveja. E foi ela que me mostrou como era sair de uma festa com o sol nascendo.

Cada novo dia, a cada nova aula da faculdade, a cada novo trabalho, acabamos nos tornando inseparáveis. Enquanto conversava com você, Line travava os olhos azuis dela no seus, passando a impressão que você era a única pessoa da face da terra. E apesar de todo físico de menina fofinha, a forma que ela enrolava ainda mais os cabelos ou mordia de leve o lábio inferior, me arrepiava.

Não que eu fosse lésbica ou qualquer coisa do tipo, mas, mais de uma vez, passou pela minha cabeça a ideia de beijá-la. Ela se tornou uma parte tão importante da minha vida, que quanto mais se aproximava o fim do intercâmbio dela, mais desolada eu me sentia.

Se sentir assim já era bem ruim, mas tinha um agravante. Eu não sentia nada vindo dela. Nenhuma tristeza ou promessa vazia que a gente tentaria manter o contato. Para mim, era a primeira vez que me deparava com a ideia de perder alguém para sempre, mas ela já estava acostumada, cada novo lugar tinha pessoas que seriam as mais importantes da vida dela, até ela ter que partir e um novo ciclo se repetir em outro lugar.

Quando a gente foi no centro da cidade para o último trabalho do semestre, senti como se estivesse sendo abandonada. Aquele rolê tinha a mesma energia de dar uma volta com seu ex.

Line fez uma gracinha ou outra, tentando me animar e conquistar, mas depois ficamos em silêncio fotografando os prédios. Tinha quilómetros de distância entre um edifício e outro que eu tinha escolhido, por isso não conseguimos nem visitar todos. Anoiteceu e fez frio, assim, pedi para voltarmos para casa porque eu não havia trazido um casaco.

Ela desatou o nó que prendia seu agasalho na cintura e me deu. Riu da minha cara com o esforço que fazia para entrar na peça, já que pela nossa diferença de tamanho, essa ficava bem apertada. Depois sugeriu que a gente deveria comemorar o belo dia de trabalho, aproveitando a noite da cidade.

Paramos num bar, ela pediu seu litrão, enquanto fumava o centésimo cigarro do dia. O local que ela escolheu era feio e sujo, com monte de mesa de plástico e uns velhos, só pele e osso, que não paravam de nos encarar, como se estivessem na frente do último pedaço de carne que os dentes podres deles iriam tocar antes de morrerem graças ao tanto de pinga que tomavam.

Passou pela minha cabeça todas as matérias do Cidade Alerta que tinham acontecido naquela região. Tentei explicar as diferenças sutis que existiam entre o Brasil e a Dinamarca, mas Line me interrompeu dizendo que eu me preocupava demais. Só se vive uma vez no final das contas.

E enquanto aquelas pessoas provavelmente faziam planos para nos assaltar, estuprar e nos matar, Line bebia, brincava e sorria. Mesmo depois de tanto tempo que a gente passou junta, não conseguia nem imaginar o que passava na cabeça daquela menina.

Implorei para que ela pagasse a conta e a gente fosse embora dali. Line topou, com uma condição: nada de Uber, iríamos a pé até o metrô. Aceitei na hora, meu pavor era tanto que toparia qualquer coisa. Nem passou pela minha cabeça que ela já tinha algo em mente.

No caminho entre aquele boteco horrível e o metrô, havia um parque fechado. Line se pendurou na grade e, talvez influenciada pela bebida, escalou o muro. Me chamou logo em seguida, dizendo que aquilo seria uma aventura que eu jamais esqueceria.

Fiz de tudo para continuar nossa caminhada até o metrô. Tentei convencê-la de que era impossível escalar aquele muro. Mas, com habilidades de escalada que eu nem imaginava que ela tivesse, Line subiu e desceu várias vezes, só para provar que não apenas era possível, como era fácil.

Depois, aleguei que, com a saia até os pés que eu estava usando, não conseguiria acompanhá-la. Mas não contava com a determinação dela. Chegou a se oferecer para trocar de roupa comigo, ali mesmo, no meio da rua.

No fim, ela me deu um pezinho e, totalmente contra a minha vontade, acabei entrando naquele lugar onde eu tinha quase certeza de que ia morrer.

Demos quase uma volta completa no parque, com ela correndo de um lado pro outro, gritando, rindo alto, se pendurando nos galhos das árvores como se fosse uma criança descontrolada. Queria passar por cada centímetro do parque, como se estivesse em busca de um tesouro escondido, como se algo mágico estivesse acontecesse naquele lugar quando os portões se fechavam.

Foi então que viramos uma curva do caminho de terra e demos de cara com quatro moleques sentados em círculo, fumando maconha. Um deles tossia descontroladamente, os outros riam e passavam o baseado de mão em mão. Eles pararam quando nos viram, e o silêncio repentino fez meu estômago virar.

Segurei a mão de Line com força e tentei puxá-la para longe, mas os quatro se levantaram ao mesmo tempo. Com passos largos e vozes carregadas, vieram na nossa direção gritando:

— Ei, ei! Onde vocês pensam que vão?

Em segundos, nos cercaram. Cada um se posicionou num ponto cardeal nosso, bloqueando todos os lados. Meu coração batia tão alto que parecia ecoar na garganta, e por um momento, achei que fosse fazer xixi de medo.

— O que duas gostosinhas tão fazendo aqui sozinhas, a essa hora? — disse um deles, enquanto colocava a mão na minha cintura. Meu corpo se encolheu por reflexo, mas eu não consegui falar nada.

Line, por outro lado, não recuou.

— A gente já tá indo para casa — disse ela, tentando soar calma.

— Não vão a lugar nenhum — respondeu outro, com um sorriso torto. — Quer sair? Chupa a gente primeiro.

Dei um passo pra trás, mas bati direto nas costas de um deles. Line respirou fundo, cruzou os braços, e olhou ao redor como se calculasse todas as saídas possíveis.

— Vocês tão falando sério? Isso é ridículo. — A voz dela era firme, mas não agressiva. — Olha, no máximo, rola uma punheta.

Eles riram alto, como se fosse a melhor piada da noite.

— Porra, essa é direta mesmo — disse um, dando um passo à frente. — Gosto disso.

Não tive nem tempo de dar minha opinião sobre aquele acordo. Dois dos garotos me puxaram pelo braço para perto de uma árvore que tinha no parque, enquanto os outros dois pressionaram o ombro de Line para ela se ajoelhar no meio deles.

Enquanto era obrigada a me afastar mais e mais da minha amiga, senti como se fosse desmaiar. Minha mente dissociou e por um momento, que eu não sei qual foi a duração, eu não sabia mais onde eu estava e o que fazia.

— Vai logo, cachorra. Bate essa punheta para gente. — um dos meninos que estava comigo gritou, fazendo todos eles rirem.

Olhei à minha volta e os meninos que estavam perto de mim já estavam com o pau para fora se masturbando, só esperando que eu começasse. Enquanto isso, Line estava ajoelhada de olhos fechados, masturbando os dois dela ao mesmo tempo, com uma intensidade que me fazia perguntar como a mão dela não estava cansada ainda.

Os meninos tiveram que encostar com a rola deles na minha mão, já que meu corpo não parecia ter nenhuma vontade própria. Devagarinho, sabendo que eu não teria outra escolha, fui ficando de cócoras ali, e indo para frente e para trás com os braços, sem ter a menor ideia do que eu estava fazendo. Era a primeira vez na vida que eu estava masturbando alguém.

Um dos meninos mais distantes de mim começou a gemer alto, enquanto segurava a cabeça da minha amiga. Só que ela foi mais esperta, e bloqueou com a outra mão, impedindo que aquele troglodita conseguisse o que queria: gozar no seu rosto.

Eu me desesperava percebendo que Line já tinha conseguido fazer um dos dela gozar, enquanto os dois que estavam comigo seguravam minha mão e me ensinavam como queriam que eu fizesse. Minha punheta deveria estar uma bosta, até porque meu corpo estava paralisado, desobedecendo todos os comandos que meu cérebro mandava.

Não demorou muito para que o segundo menino da Line começasse a respirar mais fundo, gemendo cada vez mais alto. Com movimentos rápidos e precisos, ela arrancou a última gota dele e afastou a mão como se fosse só mais uma tarefa cumprida. Estava focada, quase fria.

Então, olhou para o lado, e percebeu que eu não avançava nada. Line se aproximou dos dois que estavam comigo e, sem dizer uma palavra, empurrou levemente meus braços para o lado. Se ajoelhou entre eles e assumiu o controle, como se não houvesse tempo a perder. Suas mãos se moveram rápidas, sabendo exatamente o que fazer com cada um deles. Em poucos minutos, os dois já estavam contorcendo o corpo, gemendo como os outros.

Eu fiquei de lado, assistindo aquilo acontecer. Me sentindo inútil sem nem poder ajudar a minha amiga. Ela faria tudo sozinha.

Os que estavam comigo gozaram quase simultaneamente, rindo e tentando acertar seu semên na cara da minha amiga. Line conseguia controlar aqueles animais, apesar que o último a gozar conseguiu que algumas gotas fossem parar nos cabelos dourados e ondulados dela. Não demonstrou raiva, nem nojo, só uma calma inquietante, enquanto esfregava sua mão na grama para limpá-la.

Antes que eu conseguisse sequer me mexer, um deles olhou para Line com um sorriso largo e disse:

— Qual é o seu número, gata? Tu é profissional demais pra sumir assim, preciso de um reencontro.

Jurei que ela ia mandar todos se foderem. Mas, para minha surpresa, deu de ombros, puxou o celular do bolso e digitou rapidamente o número. Line entregou o número como se aquilo fosse só mais uma extensão do que tinha acabado de acontecer. Os garotos celebraram, rindo, trocando olhares de cumplicidade entre si, como se tivessem vencido algum tipo de jogo.

Quando enfim fomos deixadas sozinhas, o parque parecia mais silencioso do que antes. Só o som abafado dos meus próprios passos inseguros na terra fofa. Caminhamos em silêncio até a saída, e eu não sabia se deveria agradecer por estarmos inteiras ou vomitar tudo ali mesmo.

Não sei o que era, mas algo tinha mudado completamente em mim.

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Comentários

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Esse conto é muito bom e excitante, mais podia ser melhor o final, vai ter continuação?

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