Já fazia dois dias desde o último vídeo que Thomas me mandou. Dois dias que eu assistia ele repetidamente no banheiro, no carro, até na copa da empresa. Começava a ficar difícil disfarçar. Começava a me sentir... estranho.
O rosto da minha mulher, quando cavalgava em cima dele, era diferente. Um jeito entregue, vulgar, livre. Era como se ela se tornasse outra pessoa com ele. E comigo? Sempre recatada, tímida, educada demais. Sempre um “hoje tô cansada”, ou “não quero fazer anal”.
Mas ali, no vídeo, ela sorria com o pau dele dentro dela. Gritava o nome dele. Sujava os lençóis com a porra dele como se fosse um prêmio.
A raiva que eu sentia de início já não era mais raiva. Era inveja. Uma parte de mim queria estar no lugar do Thomas. Mas outra parte, mais suja, queria continuar vendo. Vendo ela com outro, sendo usada. Querendo ou não, era o melhor sexo da minha vida — mesmo que eu estivesse só assistindo.
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Naquela noite, jantamos juntos. Arroz, feijão, carne moída e salada. Coisa simples. Ela estava de bom humor, fazia tempo que não a via assim. Ria de tudo, contava umas histórias do trabalho. Eu só fingia escutar. Estava ocupado demais tentando imaginar se, no dia anterior, ela tinha transado de novo com ele.
— Você tá calado hoje. — ela comentou.
— Tô cansado — respondi, sem pensar.
Ela me olhou por um segundo, mas não insistiu. Voltou a comer. Quando levantou pra lavar a louça, reparei uma pequena marca roxa no quadril dela, meio escondida pela blusa. Meu coração acelerou.
Aquilo era uma chupada?
— Que isso aí? — perguntei, apontando.
Ela olhou por cima do ombro, depois deu risada.
— Me bati na maçaneta do armário, acredita? — respondeu, lavando um prato.
Mentira. Eu sabia que era mentira. E talvez ela soubesse que eu sabia. Era como um teatro mal ensaiado, mas que mesmo assim a gente fingia que funcionava.
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No dia seguinte, recebi outra mensagem do Thomas. Sem texto. Só um vídeo.
No vídeo, ela estava de joelhos. Ele filmava de cima. Ela olhava pra câmera com os olhos lacrimejando, o pau dele fundo na garganta dela. Tão fundo que ela engasgava e mesmo assim não parava. Quando ele tirava, ela sorria, a baba escorria pelo queixo. Depois dizia: “Quero mais.”
Pausei o vídeo. Fiquei ali sentado com o celular na mão, sem respirar por alguns segundos.
Porra. Que tipo de mulher eu tenho em casa?
E o pior: que tipo de homem eu sou?
Peguei o celular, entrei na galeria, e salvei o vídeo escondido numa pasta secreta. Depois fui pro banheiro da empresa e gozei de novo. Não durou nem um minuto.
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De noite, depois do banho, deitamos na cama. Ela usava aquela camisola de seda que só tirava do armário em ocasiões especiais. Cheirava a lavanda. A pele dela brilhava com o hidratante.
— Tá tudo bem entre a gente? — ela perguntou de repente, mexendo no cabelo.
Me pegou de surpresa.
— Por quê?
— Não sei... você tá estranho. Parece que anda me evitando. Ou tá bravo comigo por alguma coisa. — Ela me encarava agora, séria.
Engoli seco. Por alguns segundos, pensei em jogar tudo pra fora. Dizer que eu sabia. Mostrar os vídeos. Cobrar. Exigir explicações. Mas aí ela tocou minha perna, e a mão dela foi subindo.
— Eu sinto sua falta... — ela sussurrou. — Da gente.
A camisola escorregou do ombro. O decote desceu um pouco. Me deu vontade de perguntar: “Você transou com ele hoje?” Mas não consegui. Só encostei nela, dei um beijo fraco, e deixei rolar.
Ela subiu em cima de mim. Tentou me provocar. Rebolou devagar, como se quisesse despertar algo em mim. Mas na minha cabeça, era o rosto do Thomas que surgia, rindo. Era ele quem ela montava com vontade. Eu era só o reserva.
A broxada foi inevitável.
— Tá tudo bem — ela disse, tentando disfarçar. — Pode ser o cansaço.
— É... deve ser — eu disse, fingindo um sorriso.
Ela deitou do meu lado e apagou rápido. E eu fui pro banheiro com o celular.
Reproduzi o vídeo da garganta de novo. Pausei. Voltei. Pausei. Voltei. Gozei sem tocar em mim. Só com a imagem dela ajoelhada, feliz.
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No outro dia, mandei uma mensagem pra Thomas.
“Ela fala de mim quando tá com você?”
Ele visualizou e respondeu com um áudio:
“Mano... Ela fala que você é bom, mas que comigo é diferente. Mais bruto. Mais real. Acha engraçado que você nunca tentou comer o cu dela. Disse que parecia que você tinha medo.”
Me deu um aperto no peito, mas não de tristeza. De desejo. Quase pedi mais.
Mas ele mandou sem eu pedir.
Outra foto. Dessa vez, ela tava no espelho, segurando os peitos, usando uma coleira com um sininho. A legenda dele era simples:
“Ela comprou isso pra mim.”
Apaguei a mensagem antes de abrir. Mas abri de novo cinco minutos depois.
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No sábado, ela disse que ia sair com as amigas. Se arrumou toda. Passou perfume novo, batom vermelho, salto alto. Fazia meses que não me seduzia daquele jeito.
— Não vai me perguntar onde vou?
— Vai sair com as meninas, né? — respondi, fingindo indiferença.
— É. Só com as meninas — ela disse, sorrindo de canto.
Minutos depois que ela saiu, recebi uma mensagem.
Thomas: “Quer que eu filme hoje?”
Meus dedos tremeram. Digitei, apaguei. Digitei de novo.
“Sim.”
Simples assim. Eu tinha aceitado. E talvez, no fundo, era o que eu queria desde o começo.