**Capítulo** 14 – Confissões e Compras
A manhã seguinte começou com uma reunião informal no jardim dos fundos da casa de Laura. As três mulheres estavam sentadas em espreguiçadeiras, taças de mimosa nas mãos, óculos escuros e vestidos leves, enquanto Henrique, em silêncio, servia frutas frescas com luvas de renda e avental rendado.
O ambiente parecia tranquilo, mas havia uma energia latente, como se algo importante estivesse para começar.
— É hoje — disse Vanessa, cruzando as pernas com elegância. — Hoje eles vão ouvir. E vão ver.
Laura sorriu. Bianca apenas assentiu.
Pouco depois, os maridos começaram a chegar. Ricardo, o de Vanessa, trajava uma camisa passada com zelo excessivo. Fernando, o marido de Bianca, vinha de terno mesmo num sábado de sol, tentando esconder o desconforto sob a formalidade.
Sentaram-se à mesa como convidados relutantes, sem saber o que os esperava. Henrique, trajando um vestido azul bebê com gola branca e laço, servia café com discrição, os olhos sempre baixos.
Vanessa foi a primeira a romper o silêncio:
— Ricardo, sabe o que mais me irrita em você? Não é o ronco, nem sua zona no banheiro. É o modo como você finge que me escuta e nunca muda nada. — Ela tomou um gole do drink e completou: — Então decidi parar de falar. E comecei a treinar.
Ela apontou para Henrique, que se encolheu sob o olhar dos outros homens.
Bianca foi direta:
— Fernando, você nunca me tocou como se eu fosse única. Eu fui trocada por silêncio. Então agora você verá o que é ser ignorado.
Laura tomou a palavra:
— O Henrique tentou me comprar. Anos de presentes, viagens, jantares. Mas meu corpo sabia a verdade: ele nunca me tocou com fome. Então, agora, eu o toco com controle. E ele finalmente entende.
Enquanto os homens engoliam em seco, Laura tirou discretamente o controle remoto da bolsa. Henrique estremeceu, ainda em pé ao lado da mesa.
Ela aumentou a intensidade, e ele pressionou as coxas discretamente, tentando disfarçar. Vanessa e Bianca o observavam como se lessem uma partitura.
— E vocês dois — continuou Bianca, encarando seus maridos — aprenderão também. Hoje, vamos às compras.
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A loja era ampla, discreta e decorada como uma boutique de luxo. Os manequins usavam lingeries finas, e as vitrines exibiam acessórios cuidadosamente iluminados. Mas era o que estava nos armários trancados que importava.
As mulheres entraram lado a lado, com os maridos logo atrás. Henrique, vestindo um vestido rosa claro e uma boina, caminhava na frente, como se abrisse o caminho para os demais.
A atendente, uma mulher alta, morena, com tatuagens sutis no pescoço e um sorriso provocador, os recebeu com naturalidade.
— Posso ajudar?
Laura respondeu:
— Sim. Hoje nossos maridos vão escolher brinquedos. Não para nós... para eles. E cada um vai pedir de joelhos.
A atendente ergueu uma sobrancelha com elegância.
— Excelente. Vamos começar com algo suave. Vibradores com controle remoto? Jaulas com travas? Chicotes com nome bordado?
Ricardo estava pálido. Fernando tentava sorrir, mas sua expressão era de pânico contido. Henrique já estava de joelhos.
Vanessa cutucou Ricardo.
— Vai. Diga o que você precisa.
Ele hesitou.
— Eu... eu queriaanel peniano com vibração e... travamento.
— E por quê? — perguntou a atendente, sorrindo.
— Porque eu falhei. E preciso aprender a obedecer.
Fernando foi empurrado levemente por Bianca.
— E você?
— Uma... jaula com sensor. Porque... eu deixei minha esposa dormir sozinha por meses.
Laura então se virou para Henrique.
— Sua vez. O que você quer, bonequinha?
Henrique corou, mas a resposta veio sem hesitação:
— Um plug com jóia. Porque quero que cada passo que eu dê lembre quem eu sirvo.
A atendente aplaudiu, devagar.
— Vocês estão todos em boas mãos.
Elas saíram com sacolas elegantes e corações acelerados. Mas não de desejo — de algo maior: o poder de terem virado a chave. De terem dobrado aqueles que um dia tentaram dominá-las com descaso.