**Parte 2 – Noite com Vanessa: Escola de Espelhos**
O apartamento de Vanessa respirava uma luz azulada, fria e intensa, que parecia desafiar a noite lá fora. O vidro das janelas refletia o céu estrelado e as sombras internas dançavam em silêncio, como segredos aguardando para serem desvendados.
Henrique foi conduzido até ali com passos firmes, embora suas pernas tremessem sob a saia curta e os saltos desconfortáveis. A lingerie vermelha sob o robe translúcido delineava seu corpo com uma vulnerabilidade exposta, uma combinação entre fragilidade e entrega.
Vanessa estava sentada sobre um banquinho de acrílico, as pernas cruzadas com precisão cirúrgica. Usava botas de couro até acima dos joelhos, um robe de seda preto escorregando pelo corpo, deixando à mostra a renda vermelha por baixo. Seus olhos brilhavam com uma mistura de diversão e poder.
— Chegou a hora de aprender a rir de si mesmo, bonequinha — disse ela, a voz baixa, quase um sussurro que atravessava o espaço entre eles. — Laura moldou sua obediência, mas eu quero explorar sua capacidade de se expor, de tropeçar e ainda assim se manter inteira.
Ela apontou para o cabide próximo onde pendia a fantasia cuidadosamente escolhida: uma camisa branca apertada, uma saia plissada rosa, e uma gravata solta. A peruca loira cacheada completava a transformação.
Henrique engoliu em seco, sentindo o peso daquele convite e o frio que lhe invadia a pele. Ele sabia que, daquela noite em diante, seu corpo e sua mente seriam um palco onde Vanessa seria a diretora.
Vestido com a nova identidade, Henrique se olhou no espelho de camarim. A imagem que viu era estranha, quase caricatural, mas havia algo libertador naquele espelho que não poupava.
— Agora desfile — ordenou Vanessa, cruzando os braços. — E quando errar, sorria. O riso é seu escudo e sua arma.
Henrique caminhou trêmulo, tropeçando nos saltos, as pernas franzinas tremendo sob o tecido. A cada erro, Vanessa aplaudia com um sorriso cruel e encorajador.
Depois de alguns minutos de passos vacilantes, Vanessa colocou uma música no celular. A melodia era lenta, sensual, um convite para o abandono.
— Dance, minha boneca. Dance como se fosse o espetáculo da sua vida. Como se todos estivessem olhando — instigou.
Henrique começou a girar, os movimentos ainda desajeitados, mas cada vez mais soltos. Levantava a saia com vergonha, rebolava com medo, mas persistia. Vanessa observava, um misto de aprovação e domínio nos olhos.
Ela se aproximou com uma escova de cabelo, entregou-lhe e ordenou:
— Cante também. Como se fosse sua última chance de ser ouvida.
A voz dele saiu trêmula, a melodia improvisada. Mas ele cantou. Fez poses exageradas, brincou com a fragilidade do momento. Vanessa sorriu satisfeita, como quem controla o ritmo do jogo.
Por fim, ela o pegou no colo, deitou-se no sofá e o envolveu em seus braços. O corpo dela quente contra as costas dele.
— Você foi corajoso, bonequinha — murmurou. — Mas amanhã, Bianca chega para desafiar seus limites. E ela não perdoa.
Henrique fechou os olhos, sentindo que, entre a vergonha e o desejo, um novo sentimento começava a nascer.
