Capítulo 8 – “Três Donas e Um Segredo”**
## **Parte 2 – A Roda Começa a Girar**
O chá havia sido servido, as confissões expostas, e agora o silêncio tinha sabor de antecipação. As três mulheres se entreolharam, como se tivessem acabado de romper um lacre antigo. Laura cruzou as pernas lentamente, deslizando os dedos sobre a haste da taça de cristal.
— Henrique — chamou ela, com a voz aveludada. — Vá até o quarto e traga a caixa preta. A de cetim. Você sabe qual é.
Ele se levantou de joelhos e caminhou sobre os saltos até o quarto. O som dos saltos no piso era ritmado, quase hipnótico. As três acompanharam com os olhos até ele desaparecer no corredor.
Luciana inclinou-se para frente.
— É agora que a gente brinca?
— Não apenas brinca — disse Laura, pegando um morango da bandeja. — É agora que ele será testado.
Henrique voltou com a caixa de cetim nos braços, ajoelhou-se diante de Laura e a entregou com as duas mãos. Laura abriu lentamente, revelando uma seleção de acessórios: venda de veludo, coleira com argola, plug vibratório, chicotinho de camurça, um bastão aromatizado com essência de lavanda e, por fim, um frasco dourado com a inscrição “Obediência”.
Bianca quase deixou escapar uma risadinha nervosa.
— Vocês realmente levaram isso a um nível... avançado.
— O que é isso? — perguntou Luciana, apontando para o frasco.
— Essência corporal — disse Laura, sorrindo. — Um toque na nuca e o cheiro fica nele por horas. É como assinar a carne com perfume.
Ela se inclinou e, com um toque elegante, passou o líquido atrás das orelhas de Henrique. Depois, colocou a venda.
— Agora, ele é só sensação. Tudo que ele sentir, será sem saber de quem vem. Sem ver. Só obedecer.
Henrique tremia levemente sob a venda, mas mantinha-se ajoelhado, com as mãos nas coxas e a respiração contida.
Laura estalou os dedos.
— Boneca, levante-se e tire a camisola. Fique apenas com a lingerie. E abra as pernas, de forma elegante. Lembre-se do que ensinei.
Ele obedeceu. As mulheres o observavam como um troféu sendo desembrulhado. A lingerie preta rendada revelava o corpo magro, as coxas lisas, o pequeno volume aprisionado. A jaula reluzia sob a luz indireta. Era vulnerabilidade em forma de espetáculo.
— Agora vamos nos divertir — disse Laura, estendendo o chicotinho a Luciana. — Três toques. Sem marcar. Só para ensinar respeito.
Luciana hesitou, depois pegou o objeto. Levantou-se e foi até ele. Henrique estremeceu ao ouvir os saltos se aproximando.
O primeiro toque foi quase uma carícia. Um estalo seco nas nádegas. O segundo, no alto da coxa. O terceiro, um pouco mais forte, no mesmo lugar.
Henrique sussurrou:
— Obrigado, Senhora.
Luciana olhou para Laura, surpresa.
— Ele... agradece?
— Sempre. A dor é presente. A disciplina, prazer. Ele já aprendeu.
Bianca se levantou e pegou o bastão de lavanda. Passou levemente sobre o pescoço e o tórax dele, desenhando uma linha invisível de provocação.
— Ele está arrepiado — disse ela, quase como se falasse de uma obra de arte. — Isso é... viciante.
— E perigoso — completou Laura. — Porque depois que você experimenta ter alguém assim, é impossível voltar atrás.
Elas se sentaram ao redor dele. Laura retirou a venda.
Henrique abriu os olhos lentamente. Estava em posição de oferenda, rodeado pelas três mulheres mais poderosas que já conhecera.
Laura sussurrou:
— Agora vamos testar sua fala. Responda só com "Sim, Senhora" ou "Como desejar, Senhora". Entendido?
— Sim, Senhora.
Luciana se aproximou, cruzou as pernas diante dele e perguntou:
— Boneca, você gostaria de passar uma tarde servindo a mim e minha irmã?
— Como desejar, Senhora.
Bianca o girou suavemente pelo queixo.
— E se te colocarmos de saia curta e salto, para servir drinques numa festa íntima?
— Como desejar, Senhora.
Laura se aproximou por trás, roçando os dedos em sua nuca.
— E se nós três decidirmos revezar você, cada uma moldando uma parte? Corpo, mente e alma?
Henrique fechou os olhos. Arfou.
— Como desejar, Senhora.
Laura fez sinal com o dedo. Ele se deitou no tapete, como ensinado. Pernas juntas, mãos sobre o abdômen, olhos fechados.
Ela olhou para as amigas.
— Essa boneca... é feita de disciplina. Mas também de falha. Cada gesto que ela aprendeu... nasceu da minha frustração.
Bianca estalou a língua.
— Ele foi tão ruim assim?
Laura não sorriu.
— Eu fingia, Bianca. Durante anos. Cada gemido meu era um pedido mudo por outra coisa. Quando percebi que minha vontade era maior do que meu amor... eu parei de fingir. E comecei a transformar.
Luciana ergueu a taça.
— Um brinde à transformação, então.
As três brindaram, enquanto Henrique permanecia imóvel, rendido, entregue ao papel que, enfim, lhe cabia.