O caminhão de Eduardo cortou a poeira avermelhada da estrada rural, faróis iluminando nuvens de insetos dançantes. Carlos mantinha a mão fora da janela, sentindo o vento quente brincar entre seus dedos enquanto a música caipira do rádio competia com o ronco do motor. O cheiro de óleo queimado, tabaco e o amadeirado perfume de Eduardo enchia a cabine - uma mistura que já lhe acelerava o pulso.
— Tira esse sorriso de canto antes que eu pare esse carro e tire na marra, — rosnou Eduardo, os dedos calejados batendo no volante no ritmo da música. Seu olhar escuro deslizou para as pernas abertas de Carlos, onde o jeans desbotado colava-se como segunda pele.
Carlos alongou os braços atrás da nuca, fazendo a regata branca subir e revelar o vão do abdômen trincado:
— Tô só animado pro rodeio, tio. Ou você queria que eu viesse emburrado?
Eduardo soltou um grunhido e pisou mais fundo no acelerador. A caminhonete sacudiu num buraco, jogando Carlos contra o homem por um instante delicioso - tempo suficiente para sentir o volume crescente na calça de Eduardo.
Quando as primeiras luzes do recinto apareceram no horizonte, Carlos encheu os pulmões do cheiro de fogueira e carne assada. O rodeio pulsava como um organismo vivo: o estalar de chicotes, o zurrar dos cavalos, os risos altos de homens embriagados. Eduardo estacionou na sombra de um eucalipto e virou-se com um brilho perigoso nos olhos:
— Regra número um, — disse, puxando Carlos pelo cinto até que seus lábios quase se tocassem, — quando eu der três batidas no copo, você vem. Sem perguntas.
Carlos lambeu os lábios, sentindo o hálito quente de cachaça:
— E se eu tiver ocupado?
A mão de Eduardo desceu como um raio, apertando-lhe a virilha através do jeans num gesto que doía e excitava ao mesmo tempo:
— Principalmente se tiver ocupado.
Ao descerem do carro, o calor do chão de terra queimava mesmo através das solas. Carlos ajustou o cinto com cuidado, sabendo que cada movimento seu era observado - não só por Eduardo, mas pelos grupos de peões que paravam de falar quando passavam.
— Parece que seu público já chegou, — murmurou Carlos, vendo João se aproximar com passos largos, o corpo musculoso visível mesmo sob a camisa de mangas cortadas.
Eduardo deu uma risada baixa e deu um tapa possessivo na sua bunda, alto o suficiente para ecoar:
— Vão ter que contentar em olhar. Essa aqui hoje tem dono.
O toque queimou como brasa, e Carlos sabia - a noite mal começara, e já estava em chamas.
O bar improvisado sob o galpão de madeira exalava o ranço de cerveja derramada e gordura queimada. Carlos apoiou os cotovelos no balcão encerado, sentindo dezenas de olhares queimando suas costas enquanto pedia duas Skols bem geladas. Ao seu lado, João se encostou com uma intimidade que fazia o balcão tremer.
— Tá tomando coragem pra encarar a gente, é? — O peão negro passou a língua nos dentes, olhando o suor escorrer pelo pescoço de Carlos. Sua mão enorme repousou "sem querer" sobre a do garoto no balcão, os dedos ásperos explorando os pulsos como quem avalia um corte de carne.
Carlos sorriu e girou o corpo lentamente, deixando a luz amarelada iluminar o contorno do fio dental através do jeans:
— Tô só curtindo a festa, João. Ou você prefere que eu dance só com você?
Do outro lado do salão, Raul e Vicente já se aproximavam como abutres farejando sangue. Raul, o mais alto do bando, chegou primeiro, derrubando de propósito seu chapéu de couro aos pés de Carlos.
— Me ajuda a pegar isso, novinho? — rosnou, os olhos cravados na cintura do rapaz enquanto ele se abaixava.
Carlos pegou o chapéu com movimentos lentos, sabendo exatamente o ângulo que seu traseiro fazia agora. Quando se levantou, estava cercado - Vicente completou o círculo, seu barrigão duro pressionando as costas de Carlos enquanto fingia alcançar a cerveja atrás dele.
— Essa calça devia ser crime, — Vicente murmurou no seu ouvido, o cheiro de cachaça e charuto invadindo seus sentidos. Sua mão desceu disfarçadamente e beliscou uma nádega, fazendo Carlos saltar contra o corpo de Raul.
Eduardo deu as três batidas no copo vazio. Toc. Toc. Toc. O som cortou o barulho do salão como um facão.
Carlos sorriu para os três homens que o cercavam, lambendo os lábios antes de murmurar:
— Parece que meu dono tá com ciúmes.
João deu uma palmada em sua bunda ao deixá-lo passar:
— Vai lá, putinho. Mas a noite tá longe de acabar.
Quando Carlos chegou à mesa, encontrou Eduardo reclinado na cadeira, as pernas abertas e os dedos tamborilando na garrafa de cachaça. Os outros três homens vieram como um só grupo - Raul puxou uma cadeira para o lado direito de Eduardo, Vicente se encostou à esquerda, e João ficou em pé atrás de Carlos, suas mãos pesadas pousando nos ombros do rapaz.
— Tão fazendo fila? — provocou Carlos, sentando-se entre as pernas de Eduardo. Sentiu o volume duro do homem pressionar suas costas.
Vicente riu e serviu pinga em quatro copos sujos:
— Tô aqui só pela bebida, garoto, — mentiu, os olhos fixos no pescoço suado de Carlos enquanto passava um copo. Sua unha preta roçou a palma do rapaz de propósito.
Raul pegou seu copo com uma mão e com a outra "escorregou" pelo braço de Carlos:
— Eduardo, esse teu sobrinho tá com um brilho diferente hoje. Tá dando vitaminas pra ele?
Eduardo envolveu o pescoço de Carlos com um braço, puxando-o para trás contra seu peito. Sua outra mão segurou o copo de pinga e levou aos lábios do rapaz:
— Bebe, garoto. Vai precisar.
Carlos engoliu o líquido ardente sentindo quatro pares de olhos queimando sua pele. Quando tossiu, o corpo sacudiu contra Eduardo, que aproveitou para morder seu ombro através da regata fina.
João, ainda em pé, se inclinou sobre a mesa, seu torso musculoso pairando sobre Carlos como uma ameaça:
— Cês tão vendo como ele fica vermelhinho quando bebe? Parece aquelas porquinhas da fazenda do Seu Tião...
Eduardo soltou uma risada e apertou a cintura de Carlos:
— Tá ouvindo, neném? O João quer te criar no chiqueiro dele.
Carlos revidou pegando a mão de Raul sob a mesa e colocando-a sobre sua coxa:
— Prefiro o curral do Raul. Pelo menos ele sabe onde fica o ponto G de um novilho.
A mesa inteira explodiu em gargalhadas e palavrões. Vicente cuspiu pinga no chão, Raul apertou a coxa que tocava com força demais para ser amigável, e João puxou o cabelo de Carlos para trás, expondo seu pescoço:
— Moleque tá aprendendo demais com vocês, seus velhos tarados.
Eduardo observava tudo com um sorriso de dono, bebendo devagar enquanto Carlos incendiava o grupo. Sua mão desaparecera sob a mesa - só os tremores ocasionais no rosto do rapaz revelavam onde estava e o que fazia.
— Ainda bem que trouxe carne fresca pro churrasco de vocês, — comentou Eduardo, molhando os lábios. — Tava na hora de alimentar esses velhos esfomeados.
Os olhares que cruzaram a mesa naquele momento fizeram o ar pegar fogo.
O forró acelerado invadiu o salão como um vendaval quando Carlos se levantou da mesa, deixando para trás quatro pares de olhos famintos. A luz âmbar dos lampiões revelou o suor escorrendo pelo seu pescoço quando estendeu a mão para uma moça de vestido florido – uma morena do povoado vizinho que sorriu ao ser puxada para dançar.
— Tá vendo isso? — Vicente rosnou, esmagando o copo de plástico na mão. — "O putinho tá ensaiando pra gente.
Carlos dançava com a moça, mas cada movimento era calculado para os espectadores certos. Quando se curvou para frente, o jeans esticou sobre as nádegas, revelando a marca do fio dental. Quando levantou os braços, a regata subiu, mostrando a linha de pelos que desaparecia na cintura da calça.
João mordeu o gargalo da garrafa até lascar o vidro:
— Se ele rebolar assim na minha frente depois, juro que arranco esse pedaço de pano com os dentes.
Eduardo não disse nada. Apenas observou, os dedos marcando a garrafa como se estrangulassem um pescoço imaginário.
Raul se inclinou sobre a mesa, o bigode úmido de cachaça:
— Pensando na mesma coisa que eu, Eduardo? Em como esse garoto ia gemer se a gente prendesse ele naquele tronco de amarrar cavalo...
— Eu ia era ver quantas mãos cabem nesse corpo ao mesmo tempo, — Vicente completou, a voz rouca. — Um pra cada buraco e sobra dedo.
No meio da pista, Carlos agora girava a moça, mas seus olhos estavam fixos no grupo. Quando mordeu o lábio lentamente, Eduardo finalmente quebrou.
Três novas batidas ecoaram no copo. Toc. Toc. Toc.
Desta vez, foi um comando para todos.
João levantou primeiro, ajustando o volume na calça. Raul e Vicente trocaram um olhar e se levantaram em uníssono. Eduardo permaneceu sentado, dominando a cena com um sorriso de predador.
— "Parece que o espetáculo acabou, menina, — Carlos sussurrou para a moça, soltando-a com um floreio.
Quando se virou, os quatro homens formavam uma muralha de carne e desejo entre ele e a saída. João puxou Carlos pelo cinto, arrastando-o até o grupo:
— Agora você vai dançar música de homem, — rosnou no seu ouvido. — E sem plateia.
Eduardo finalmente se levantou, seu corpo grande bloqueando a luz do lampião. Passou a mão pela nuca suada de Carlos antes de anunciar para todos:
— Churrasco no sítio. E o garoto vai servir pessoalmente.
Os olhares que se cruzaram naquele momento prometiam uma noite longa. E Carlos, entre eles, sorriu como quem sabia que finalmente seria devorado.
A caminhonete de Eduardo arrancou do estacionamento poeirento, seguida pelos faróis amarelados de três outros veículos – João em sua picape antiga, Raul no jipe militar desgastado e Vicente na moto barulhenta que parecia protestar a cada curva. Carlos olhou pelo retrovisor, vendo a fila de luzes serpentear pela estrada escura como um comboio de caçadores levando sua presa para o matadouro.
Dentro da cabine, o ar estava carregado do cheiro de desejo e álcool. Eduardo dirigia com a mão direita firmemente enterrada na coxa esquerda de Carlos, os dedos pressionando pontos estratégicos que faziam o rapaz estremecer a cada solavanco da estrada.
— "Tá com medo? — Eduardo perguntou, os olhos fixos na estrada iluminada apenas pelos faróis altos.
Carlos respondeu abrindo as pernas com lentidão deliberada, a luz do painel revelando o vermelho do fio dental sob o jeans rasgado:
— Tô é com fome.
Eduardo soltou um grunhido e pisou mais fundo no acelerador. A paisagem noturna passava em borrões – cercas de arame farpado, currais vazios, a silhueta de um jabuti atravessando a pista que ele desviou com um movimento brusco do volante.
— João tá com a corda, — comentou Eduardo casualmente, como se falasse do tempo. — Raul trouxe o azeite de mamona. E o Vicente...
— O Vicente sempre tem umas ideias do capeta — Carlos completou, lembrando das histórias que ouvira no bar. Seu corpo reagiu ao pensamento, o jeans ficando insuportavelmente apertado.
Eduardo tirou a mão do volante por um segundo apenas para abrir o primeiro botão do jeans de Carlos, o suficiente para a ponta do fio dental aparecer como uma promessa:
— Hoje você vai aprender o que acontece quando põe quatro lobos famintos no mesmo cercado.
Quando chegaram ao sítio, a casa estava escura exceto pela luz fraca da varanda. Os carros estacionaram em semicírculo, as portas batendo ecoando no silêncio da noite. Carlos saiu primeiro, sentindo dezoito olhos queimando sua pele enquanto caminhava até a porta, sabendo que cada passo fazia o jeans roçar no lugar certo.
João chegou por trás primeiro, seu corpo quente pressionando Carlos contra a porta enquanto procurava a chave:
— Deixa que eu ajudo, novinho, — sussurrou, as mãos "acidentalmente" esfregando onde não deviam.
Raul acendeu um lampião, a luz âmbar revelando o sorriso de Eduardo ao ver seus amigos encurralando Carlos:
— Entra, garoto. A festa só começa quando você chega.
Dentro, a mesa da cozinha já estava posta – garrafas de cachaça, um pote de gelo derretendo e toalhas limpas dobradas cuidadosamente. Carlos reconheceu os preparativos e sorriu, finalmente entendendo o jogo.
Foi Vicente, sempre o mais direto, quem quebrou o silêncio:
— Cadê a nossa sobremesa, Eduardo?
Eduardo apontou para Carlos com o queixo enquanto tirava a camisa, revelando o torso peludo e marcado:
— Tá servida. Só lembrem – eu corto o primeiro pedaço.