No coração da Amazônia, onde o rio Amazonas serpenteia majestosamente pela densa floresta, encontra-se a cidade de Parintins, famosa por seu vibrante Festival Folclórico. É neste cenário de cores, danças e rivalidades ancestrais que se desenrola a história de Cauê e Jonas.
Cauê e Jonas são dois jovens que se conhecem em um bar, atraídos inicialmente pela energia caotica do festival que se aproxima. Porém, suas famílias estão enraizadas em lados opostos da histórica rivalidade entre os bois Garantido e Caprichoso. A mãe de Cauê é uma talentosa cantora que está prestes a estrear como vocalista do Garantido, enquanto o pai de Jonas é o vice-presidente do Caprichoso, profundamente envolvido na organização do espetáculo.
O que começa como uma simples amizade entre Cauê e Jonas logo se transforma em algo mais profundo. Apesar das diferenças familiares e das pressões sociais, os dois jovens encontram conforto um no outro enquanto navegam pelos desafios da adolescência e os dilemas do amor proibido. Enquanto o festival se aproxima, eles enfrentam a difícil tarefa de conciliar suas emoções com a rivalidade histórica de suas famílias.
Ao longo de cinco meses intensos, marcados por ensaios, competições escolares e a efervescência cultural de Parintins, Cauê e Jonas descobrem o verdadeiro significado da coragem, da lealdade e do amor. Em meio às festividades e tradições, eles aprendem que o amor verdadeiro é capaz de transcender as barreiras do passado e criar um futuro onde as cores da paixão se misturam harmoniosamente, independentemente das rivalidades que os cercam.
"O Amor está no Ar" é uma jornada emocionante que mergulha no coração pulsante da Amazônia, celebrando a beleza da diversidade e a força do amor em todas as suas formas.
O primeiro episódio vai ser lançado nesta sexta-feira (20), a partir das 20h. Mas antes, este humilde autor que você conhece mais sobre a cultura do Amazonas. Que vir comigo?
FESTIVAL DE PARINTINS
O Festival Folclórico de Parintins nasceu em 1965 com um propósito nobre: arrecadar fundos para a conclusão da Catedral de Nossa Senhora do Carmo, padroeira de Parintins e maior símbolo de fé da cidade. O que começou como uma iniciativa local se transformou em um dos maiores espetáculos culturais do Brasil. Impulsionado pela criatividade dos artistas dos bois Caprichoso e Garantido, o festival ganhou projeção nacional e internacional, sendo reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil e levando a riqueza da cultura amazonense para o mundo.
Realizado tradicionalmente na última semana de junho, o festival tem como palco o Bumbódromo de Parintins. Cada boi — o Caprichoso (azul e branco) e o Garantido (vermelho e branco) — tem entre duas horas e duas horas e meia para encantar o público e os jurados com suas performances.
A disputa é avaliada por meio de 21 itens, que contemplam aspectos individuais e coletivos. São eles: apresentador, levantador de toadas, batucada ou marujada, ritual indígena, porta-estandarte, amo do boi, sinhazinha da fazenda, rainha do folclore, cunhã-poranga, boi-bumbá (evolução), toada (letra e música), pajé, tribos indígenas, tuxauas, figura típica regional, alegorias, lenda amazônica, vaqueirada, galera, coreografia e organização do conjunto folclórico.
OS DONOS DA FESTA
CAPRICHOSO
Em 1913, nascia no tradicional "Reduto do Esconde", às margens do Urubuzal, o Boi Caprichoso — um símbolo de resistência, ancestralidade e orgulho popular. Criado pelas mãos de Roque Cid e seus irmãos, Antônio, Beatriz e Pedro Cid, naturais de Crato, no Ceará, o boi azul e preto de Parintins carrega mais de um século de história ligada à identidade amazônida.
A trajetória começa quando os irmãos decidem deixar o Nordeste em busca de novas oportunidades. Pedro Cid permanece em Belém, à procura de trabalho, enquanto Roque, Antônio e Beatriz seguem rumo a Parintins. Na nova terra, ainda distantes da estabilidade com que sonhavam, os Cid ouvem falar de um boi chamado Caprichoso que encantava o público na Praça 14 de Janeiro, em Manaus.
Inspirados por essa história e motivados pela vontade de prosperar, os irmãos decidem criar o seu próprio boi, batizando-o também de Caprichoso. O nascimento do "Touro Negro da América" se dá no local conhecido como Esconde, onde hoje se encontra a Travessa Sá Peixoto.
A escolha da cor preta para o boi não foi por acaso. Representava uma provocação às elites locais e um símbolo de luta e afirmação do povo negro e humilde de Parintins. Com o passar dos anos, o Boi Caprichoso se consolidou como defensor da cultura popular, da preservação da Amazônia, das causas indígenas e das raízes ancestrais do povo da ilha.
O coração do Caprichoso pulsa no lado Sul da Ilha Tupinambarana, onde está localizado o Curral Zeca Xibelão. É lá que acontecem os ensaios, festas e manifestações culturais que mantêm viva a chama do bumbá até os dias atuais.
GARANTIDO
O Boi Garantido surgiu em 1913, data que é reconhecida como ano oficial de sua fundação, mediante a falta de registros oficiais desse momento histórico. Como fundador, o bumbá tem Lindolfo Monteverde, que personifica a história da agremiação detentora de 32 títulos.
O nome do bumbá surgiu quando Lindolfo Monteverde, aos 11 aos, foi pedir da sua mãe para criar uma brincadeira de boi. Ao escutar que não podia, pois era uma brincadeira de adultos, o pequeno Lindolfo decidiu que um dia criaria o próprio boi, onde todas as crianças poderiam brincar e prometeu que o nome dado ao brinquedo seria 'Garantido'.
Anos mais tarde, Lindolfo ficou muito doente e fez uma promessa à São João que, se ficasse curado, criaria um boi-bumbá para sair às ruas todo dia 24 de junho. Assim, a promessa foi cumprida e, todos os anos, no dia de São João, uma reza é realizada no antigo curral do boi. Após o término da missa, o Boi Garantido sai com a 'batucada' e a 'vaqueirada' pelas ruas da 'Baixa do São José', em agradecimento pela graça concedida há muitos anos. Segundo registros antigos, as cores vermelho e branco também tiveram origem nas cores do santo.
A 'Baixa do São José' é o reduto tradicional do Garantido, em Parintins. Localizado na parte oeste da cidade, é na "baixa" que se encontra o local onde nasceu o Garantido. O lugar de eventos, reuniões e concentração tradicional é conhecido como "curral antigo". Neste lugar, até hoje, são realizadas as celebrações de Santo Antônio e de São João, tradições influenciadas pela religião católica, traço histórico do povo parintinense.
Garantido emerge de uma comunidade afro-indígena, formada por pessoas humildes, exaltando em suas toadas, danças, cenários e figurinos, temas como intolerância religiosa, igualdade de gênero, racismo e etnocentrismo, destacando a importância da diversidade cultural e da preservação das tradições amazônicas.
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Curtiu conhecer mais sobre a história do Amazonas? Então, não perde tempo e se prepare para "O amor está no ar", que estreia nesta sexta-feira (20).