Beatriz sempre foi meu porto seguro.
Casamos cedo, a vida já organizada, tudo no seu lugar.
Ela era uma mulher encantadora, que fez eu me apaixonar à primeira vista. Tinha longos cabelos negros que chegavam quase à cintura, corpo esguio mas com curvas provocantes, 1,72 de altura, pele clara bronzeada pelo sol. Além disso, era simpática, inteligente e espirituosa.
No começo, o sexo era intenso, quase todo dia. Mas, como é comum para quase qualquer casal, com o tempo foi caindo na rotina, ficando mais do mesmo.
A minha equipe no trabalho sempre foi muito unida. Falávamos sobre tudo, sexo era um tópico comum. Foi aí que vi que podia fazer diferente, que podia tentar coisas novas e reacender aquele fogo que tinha com Beatriz no começo.
Resolvi falar. Propus umas coisas diferentes. Não era nada absurdo, só um pouco de BDSM, uma coisa mais intensa. Ela ficou meio assim no começo. Perguntou se eu não estava feliz, se eu não gostava dela como ela fazia. Eu falei que era só pra dar uma apimentada, tentar algo novo. Ela ficou desconfiada, meio na defensiva. Mas não fechou a porta. Foi ouvindo, vendo se gostava.
No trabalho, teve a Aline. Solta, falava sobre tudo sem vergonha, sobre sexo, fantasias. Após um papo mais picante, acabou rolando um clima. A gente foi pra um café, e acabou no carro dela. A gente se pegou, ela me pediu pra puxar o cabelo, me chamou de senhor. Foi intenso, diferente do que eu tava acostumado, senti que podia fazer qualquer coisa com ela. Nunca vi uma mulher gozar tantas vezes, tão fácil.
Em casa, as coisas também estavam melhorando. Aos poucos, Beatriz e eu fomos tentando algumas coisas novas na cama, gostamos de algumas, desgostamos de outras.
Apesar disso, nada era tão intenso quanto os encontros casuais que passei a ter com Aline. Diferente da Beatriz, Aline propunha e me pedia para fazer coisas com ela que achei que nenhuma mulher aceitaria. Ela era uma verdadeira vadia na cama e gostava de ser assim.
Foi uma surpresa quando Beatriz me propôs algo diferente. Enquanto ainda estava tentando convencê-la, tinha lido que podar as fantasias de uma mulher podia fazê-la voltar a se fechar, que ela precisava de confiança e aprovação, por isso foi uma grata surpresa quando ela disse que estava com vontade de visitar o quarto temático BDSM de um motel famosinho da cidade.
Beatriz sorriu ao sair do banheiro, usando só uma lingerie escura e uma meia-arrastão que eu nunca tinha visto antes. Ela andava com passos lentos, como se soubesse o efeito que causava.
— Tá linda — falei, babando.
— Hoje, você não me toca até eu deixar — ela provocou.
Então colocou uma música e começou uma dança sensual, esfregando a bunda no meu colo, arrancando gemidos. Ela sussurrou que estava louca de tesão e, quando a toquei, ela fez um sinal negativo, dizendo:
— Hoje eu vou enlouquecer você, amor.
Então vieram as algemas, prendendo minhas mãos na cadeira.
— Fecha os olhos — ela pediu.
Fechei. Senti a venda sendo colocada, os dedos dela firmes. Uma experiência nova e excitante.
— Você não vai ver nada. Mas vai ouvir. Sentir. E lembrar.
A mão dela desceu pelo meu peito, dando um chupão no meu pescoço. Depois desapareceu. O som do salto se afastando me deixou inquieto.
— Bia?
Nenhuma resposta.
Então ouvi.
Passos. Dois pares.
Senti o estômago revirar.
— Quem tá aí?
— Achou que eu não ia descobrir, André?
O coração pulou no peito. Tentei me soltar, mas era uma algema que não abria fácil.
— Que merda é essa?
Ela se aproximou. O hálito quente no meu ouvido.
— Você me traiu, André. Achou que ia me tirar de otária para sempre?
— Você tá louca.
— Eu tô, louca de raiva. E você vai ficar louquinho também quando o Brunão terminar.
Senti ela subir no meu colo. A pressão das coxas. O quadril dela se mexendo sobre mim.
— Ainda assim, tá duro pra mim, né? Mesmo sabendo que tem outro aqui.
— Para com isso, amor. Eu errei. Eu te amo, Beatriz. Não faz isso comigo…
— Você é hilário, André.
Ela se afastou. Risos. Um beijo estalado.
— Não! — gritei. — Por favor!
Gemidos e som de beijos.
Meu mundo escureceu mais do que a venda permitia. Cada ruído entrava no meu ouvido como faca. Ela gemia alto, exagerado. Sabia que eu estava ouvindo. Fazia questão.
— Isso, assim... bem gostoso... me faz de putinha... Sou sua puta…
A voz dela não era mais a mesma. Estava crua, entregue.
— Seu pau é muito maior que o do corno… Vai me foder sempre que quiser… Minha buceta é sua agora…
O que me matava não era imaginar a cena. Era sentir meu próprio corpo reagindo. Estava excitado. Preso, traído, humilhado. E, ainda assim... duro.
— Tá ouvindo, amor? Ele quer arrombar o meu cuzinho. Vai me deixar toda larga com esse pauzão.
Tentei gritar, xingar, implorar. Nada a parava.
O tempo escorria devagar. Os barulhos do sexo eram vívidos. O som do corpo dela batendo em outro. As palavras sujas. As risadas.
Depois, silêncio. Suspiros exasperados. Som do chuveiro ligado. Parecia que eu tava ali há uma eternidade.
Ela voltou.
Tirou a venda.
Estava despenteada, suada. Olhos brilhando de prazer. O tal “Brunão” já tinha ido.
— Beatriz...
— Isso não é vingança. É justiça.
— É crueldade, eu nunca faria algo assim tão humilhante com você. Para que isso? O que você ganha com isso?
— O que acha que fez comigo? Fiz tudo por você, sempre estive ao seu lado e você escolheu jogar um casamento de 8 anos no lixo.
Ela pegou o celular. Tirou uma foto minha, amarrado, nu, suado.
— Me solta.
Se vestiu sem pressa, rindo dos meus apelos.
— Você vai me deixar aqui?
— Vou embora com meu amante. Você... se vira.
Foi até a porta e saiu.
Preso, sozinho.
Remorso, arrependimento, revolta. Sentia tudo ao mesmo tempo, o coração palpitando. Gritei, tentando me levantar. Só consegui levar um tombo, deixando tudo mais patético.
Às cegas, perdi a minha mulher para sempre.
