O último raio de sol, tingindo o céu em tons de laranja e púrpura, beijava o horizonte quando, finalmente, meus passos cansados me levaram à porta de casa. O ar da noite que começava a picar a pele contrastava ironicamente com a leveza que sentia — ou deveria sentir — ao carregar a cesta de vime vazia balançando na mão. Havia sido um dia bom de vendas, um dia ótimo, na verdade. Cada último sonho dourado, cada quindim reluzente, cada suspiro açucarado que embalamos com tanto carinho havia encontrado um comprador na feira movimentada no centro da cidade.
O burburinho dos clientes satisfeitos e o tintilar das moedas na minha sacola ecoavam na minha memória, e a sensação de sucesso era, sim, quase tão doce e gratificante quanto morder um dos nossos brigadeiros de colher. No entanto, um nervosismo frio e persistente se enroscava no meu peito, impedindo a alegria plena de florescer. A imagem daquele encontro inesperado com Johnny, o “Lobo Mau”, continuava a assombrar meus pensamentos, repetindo-se na tela da minha mente como um filme indesejado.
Ao atravessar o limiar da porta, que rangeu suavemente numa saudação familiar, o cheiro da nossa casa me envolveu como um abraço invisível: uma mistura calorosa de canela, aquela que se mistura ao cheiro adocicado do açúcar mascavo e ao perfume sutil das flores secas penduradas sobre a janela da cozinha. Era o cheiro de afeto, de segurança, de lar, um bálsamo imediato para a turbulência que carregava. Minha avó, com seus cabelos brancos como algodão e os olhos verdes profundos que pareciam ler a alma, o sorriso que sempre dissipava qualquer sombra de preocupação, estava sentada na velha poltrona de balanço no canto da sala, sob a luz suave do abajur. Suas mãos, marcadas pelo tempo e pelo trabalho, mas ainda ágeis ao tricotar ou sovar a massa, repousavam no colo.
Não pensei duas vezes. Corri para ela, como a criança que ainda era por dentro, envolvendo-a num abraço desesperado, muito mais apertado e urgente do que o usual. Afundei o rosto em seu ombro, buscando refúgio, querendo absorver toda a segurança que ela emanava e, talvez, esconder o que sentia. Ela, com a sensibilidade aguçada de quem me criou, sentiu a tensão rígida nos meus ombros e a respiração irregular. Afastando-me gentilmente, suas mãos delicadas, mas firmes, seguraram meu rosto, e ela observou meus olhos com uma aflição contida, o sorriso diminuindo ligeiramente.
“Que foi, meu bem? Aconteceu alguma coisa?”, perguntou, a voz macia e reconfortante, música para meus ouvidos cansados.
Assenti, engolindo em seco. Uma parte de mim ansiava por confessar o encontro estranho, a conversa rápida, a sensação de perigo velado. Mas outro impulso, mais forte, me conteve. Medo de preocupá-la? Vergonha da minha própria reação, daquela curiosidade incômoda? Não sabia. A mentira, uma pequena e inofensiva, escorregou dos meus lábios antes que eu pudesse controlá-la, um calafrio de culpa me percorrendo.
“Só estou com… com… uma ansiedade boba, vovó”, gaguejei, desviando o olhar momentaneamente. “E se as pessoas enjoarem dos nossos doces? E se… e se a moda passar e não quiserem mais comprar?”
Ela me acariciou o rosto com o polegar, num gesto tão cheio de ternura que cada toque parecia dissipar um pouco da névoa que me cobria. Seus olhos sábios me fitavam, e por um instante temi que ela lesse a verdade por trás das minhas palavras fabricadas. Mas ela somente sorriu novamente, um sorriso que alcançava os olhos.
“Não se preocupe tanto com essas questões, querido”, disse ela, com a calma de quem já viu muita coisa e entende que a vida tem seus altos e baixos. “Essa ansiedade não te faz bem. Tenhamos fé, meu neto. Fé no nosso trabalho, na qualidade dos nossos doces, e, acima de tudo, fé em Deus. O que é feito com amor, com dedicação, sempre encontra o seu caminho, sempre toca o coração das pessoas. Vai dar tudo certo, como sempre deu. Confie.”
O alívio momentâneo das suas palavras, da sua presença segura e do seu amor incondicional, foi como uma lufada de ar fresco. Permitiu-me estender a mão e entregar-lhe o punhado de moedas e notas amassadas que trazia no bolso. O peso familiar na palma da mão, o cheiro metálico misturado ao papel, não era só dinheiro. Era o fruto do meu trabalho diário, o sustento do nosso lar, a prova viva do nosso esforço conjunto. Depositei na mão estendida dela, o sorriso dela se alargando ao sentir o volume. Era a prova de que, ao menos por hoje, apesar da sombra de Johnny e da confusão no meu peito, tudo havia realmente dado certo. Mas a pergunta pairava, invisível: por quanto tempo?
Busquei refúgio no pequeno banheiro úmido, um casulo de azulejos frios e vapor morno. A água caía sobre meus ombros como uma bênção pesada, um escorrer constante que eu esperava que levasse embora não somente a sujeira do dia, mas a tensão que se enroscava em minhas vísceras como fios de arame. Mas a quietude do box, abafada pelo som do chuveiro, era exatamente o que minha mente precisava para ceder. A imagem que teimosamente habitava meu subconsciente, uma visão proibida e perigosa, voltou com força total: o corpo esculpido de Johnny. Não somente a força bruta, mas como cada músculo se movia sob a pele, a intensidade daquele olhar que parecia ver por mim, prometendo perigo e algo mais inominável.
Eram pensamentos que eu deveria esmagar, reprimir com cada fibra do meu ser, especialmente vindo dele, do homem que havia ousado ameaçar a vida preciosa de minha vozinha. No entanto, ao invés de se extinguirem, esses pensamentos acendiam uma faísca fria e perigosa que rapidamente se tornava um incêndio incontrolável em minhas entranhas. Senti meu corpo responder com uma urgência que me deixou sem ar. Uma ereção repentina, dura e pulsante, surpreendeu-me na base do chuveiro, pressionada contra a coxa, insistente sob o fluxo quente.
Hesitante, com uma pontada amarga de receio e aversão por desejar alguém tão perigoso, alguém que representava uma ameaça direta à minha família, comecei a me tocar. Meus dedos tremiam um pouco ao deslizar pela minha pele molhada, mas a necessidade crescia, um clamor silencioso que consumia toda a minha razão. A culpa se misturava ao desejo, criando um coquetel tóxico e viciante.
Lambi os dedos, sentindo o gosto da água do banho misturada com o meu próprio cheiro, e os levei aos meus mamilos, friccionando-os suavemente. Eles responderam imediatamente, empedrando-se, duros e sensíveis, sob a ponta dos meus dedos. Apertei minhas tetas com um pouco mais de força, sentindo aquela dor gostosa que me fazia ofegar baixinho, um pequeno som perdido sob o barulho da água.
O ritmo dos meus movimentos se acelerou, a hesitação inicial desaparecendo, a mão firme agora descendo, encontrando o peso e a vulnerabilidade macia das minhas bolas. Massageei-as, puxando-as para baixo com uma pressão deliberada, sentindo o prazer se concentrar ali, aumentando exponencialmente a cada toque, cada apertão. A tensão acumulada no meu corpo encontrou um novo foco, uma descarga elétrica que subia pela minha espinha.
O orgasmo veio forte, uma onda implacável que me curvou. Lutei desesperadamente para abafar o grito que subia pela minha garganta, pressionando a mão livre contra a boca, temendo aterrorizado que minha avó ouvisse a explosão de desejo pecaminoso, a rendição completa a quem eu deveria detestar. O corpo se contraiu em espasmos violentos, e com um último gemido abafado, um jato espesso e quente voou contra a parede fria do azulejo, escorrendo lentamente, um testemunho silencioso e vergonhoso da minha traição, do meu corpo se rendendo completamente à tentação mais perigosa e proibida. Um lembrete viscoso e indelével do poder que Johnny, mesmo ausente, exercia sobre mim.