O resto da manhã passou como se nada tivesse acontecido. Ou pelo menos era isso que ela queria que eu acreditasse. Mas tudo estava ali: no jeito que ela caminhava pela casa, nas pausas demoradas entre um gole de suco e outro, no modo como mordia o canto da boca quando não sabia que eu estava olhando.
Eu só observava. Quieto. Com o pensamento ainda no som abafado do gemido dela no banheiro. O corpo dela encolhido de prazer, os dedos se movendo entre as coxas molhadas… Aquilo ficou rodando na minha mente como um filme proibido. Um que ninguém podia saber que existia — mas que eu não conseguia parar de assistir por dentro.
Ela estava de short jeans agora, curto, e uma blusinha regata branca sem sutiã por baixo. O bico dos seios marcava com qualquer brisa. E eu notava isso até quando fingia estar no celular.
Eu estava na lavanderia, separando umas roupas sujas. Júlia apareceu na porta com uma cesta nas mãos e disse:
— Dá pra colocar essas minhas também?
— Claro — respondi, pegando a cesta.
Ela ficou um tempo parada, como se fosse sair… mas não saiu.
— Cuidado com essa calcinha preta aí… é nova. E… delicada — disse, sem me olhar nos olhos.
Olhei dentro da cesta. Lá estava ela: rendada, pequena, fina, praticamente só um fio com um triângulo minúsculo na frente. Peguei com dois dedos, fingindo cuidado, mas deixando bem claro que eu tava tocando.
— Bonita essa. Combina com você.
Ela mordeu o lábio, virou o rosto e foi embora. Mas eu vi o sorriso que ela segurou. Um sorrisinho de canto, meio culpado, meio excitado.
Peguei a calcinha de novo, agora sozinho, e levei até o nariz. O perfume dela. O cheiro do corpo ainda fresco. Era demais pra mim. Meu pau endureceu na hora.
No fim da tarde, ela me chamou pra ver um filme. Era um sábado chuvoso, perfeito pra isso. A sala escura, as janelas fechadas, e só nós dois no sofá. Ela com uma coberta sobre as pernas e o cabelo preso num coque desarrumado. Tão linda, tão natural, tão perto.
Sentamos juntos. E o tempo foi passando. Meus olhos estavam no filme, mas o foco era nela. O jeito como ela ajeitava a coberta nas coxas. O decote que aparecia quando ela se inclinava. E, vez ou outra, nossos braços se tocavam. Cada vez mais demoradamente.
Num momento, ela se ajeitou e a coberta caiu um pouco. A toalha que estava no colo escorregou — e por um segundo, vi por baixo do short. Não tinha calcinha.
Ela percebeu na hora e puxou a coberta de volta, meio rápida, mas não disse nada. Só ficou quieta.
— Tá com frio? — perguntei, com a voz baixa.
— Um pouco — respondeu.
— Se quiser pode vir aqui mais perto…
Ela me olhou. Uma pausa longa. Depois se encostou, devagar. O ombro dela no meu peito. O cabelo com cheiro de shampoo fresco. E o calor do corpo aumentando.
O filme continuava, mas não lembro de mais nenhuma cena. Tudo que existia agora era ela respirando perto, o braço dela tocando o meu, os dedos escorregando por debaixo da coberta.
Fiquei em silêncio, só sentindo. Até que ela perguntou, do nada:
— Você já viu alguém transando de verdade?
— Já — respondi, sorrindo. — Você acabou de me mostrar ontem à noite…
Ela me olhou surpresa, mas depois riu. Corou, e riu. Baixou o olhar, tentando esconder o sorriso.
— Você tava acordado?
— Eu ouvi… e fui ver. Não aguentei. Era muito barulho vindo do banheiro pra acreditar que era só o chuveiro.
Ela escondeu o rosto no travesseiro.
— Meu Deus… que vergonha.
— Vergonha nenhuma. Foi uma das coisas mais excitantes que já vi.
Ela me encarou. E não disse nada.
O silêncio ficou pesado. Mas não era um silêncio desconfortável. Era… denso. Lotado de tensão.
Aí, deixei escapar:
— Tava pensando… se quiser ver outro vídeo, hoje eu coloco um diferente. Um que talvez você goste mais.
Ela hesitou.
— Não sei…
— Sem compromisso. Só assistir. Igual ontem. Você de um lado, eu do outro. Prometo nem me mexer.
Ela riu.
— Aham. Sei…
— Sério. Só se você quiser.
Ela ficou em silêncio por alguns segundos, olhando pra TV desligada. Depois levantou, foi até a estante, pegou o controle e disse:
— Então escolhe um que… não seja tão vulgar.
Meu coração disparou.
Liguei a TV. Abri o navegador. Entrei no site. E comecei a procurar.
— Preferência?
Ela riu de novo.
— Só não escolhe nada com… duendes ou monstros, por favor.
Escolhi um daqueles vídeos mais sensuais. Um casal real, filmando em casa, com movimentos lentos, carícias longas, gemidos de verdade. Nada forçado. Tudo muito quente.
A cena começou com o cara beijando a mulher deitada na cama, pelada, só de meias. Ele passava a língua pelo corpo dela com calma, cheirava o pescoço, segurava o quadril. O clima era absurdo. E o som… o som deixava tudo ainda mais erótico.
Júlia estava em silêncio. Mas eu via o peito subir e descer. Os olhos fixos na tela. E o movimento das pernas… ela estava apertando as coxas discretamente.
— Gosta assim? — perguntei.
Ela demorou a responder.
— É… bem feito.
— Já fizeram assim com você?
Ela hesitou. Depois disse:
— Já. Mas… não com tanta vontade.
— Acho que ele queria mesmo dar prazer pra ela.
— E ela tava aproveitando — completou ela, com a voz um pouco rouca.
Continuei provocando, sem encostar.
— Você goza fácil com sexo oral?
Ela arregalou os olhos.
— Que pergunta é essa?
— Curiosidade… só pra entender melhor. É um tema novo pra mim.
— Você nunca fez?
— Nunca nem recebi, na real — disse, olhando pra frente. — Mas acho que se fizer… vou querer ver ela gozar assim também. Só na língua.
Ela apertou a coberta nas coxas. Os olhos semicerrados. A boca entreaberta.
O vídeo agora mostrava a mulher tremendo, gemendo, contorcendo os dedos nos lençóis. O cara chupava devagar, com dois dedos dentro dela. E ela gozando alto, quase gritando.
Júlia ficou sem fala.
E eu perguntei, como quem não quer nada:
— Você goza assim?
Ela virou o rosto pro lado, escondendo o rubor.
— Às vezes.
— Se fosse comigo, eu faria gozar todo dia. Antes do almoço, depois da janta. Só na língua.
Ela soltou uma risada sem ar. Um riso culpado, excitado. Depois desligou a TV.
— Já chega.
— Tudo bem — disse. — Mas só de ver seu rosto… eu sei que você gostou.
Ela se levantou, indo em direção à escada. Parou no primeiro degrau. Olhou pra trás. E disse:
— Não é você que deveria estar nervoso por ser virgem?
— Eu tô tranquilo. Só tô com o pau duro demais pra levantar agora.
Ela riu. Mas não respondeu.
Ela se levantou do sofá, indo em direção à escada. Parou no primeiro degrau, hesitando, como se algo a puxasse de volta. Talvez o vídeo ainda rodando na cabeça, talvez o clima que ela mesma ajudou a construir.
— Vai subir agora? — perguntei, com a voz calma, mas firme.
Ela virou o rosto devagar, meio surpresa com a pergunta.
— É melhor, né? Já… já passou da conta.
— Mas a parte mais interessante nem começou.
Ela riu, desconversando, mas continuou ali, parada. Então, fui mais longe:
— Senta aqui mais um pouco. Só mais um vídeo. Prometo não falar nada… só assistir.
Ela arqueou uma sobrancelha.
— Mais um? E depois você vai me convencer a ver outro, e outro…
— Só mais um — repeti, abrindo espaço no sofá. — Você que escolhe agora. Algo diferente. Pode ser mais… pesado, se quiser. Ou menos.