A casa estava escura, só o clarão da televisão piscava no canto da sala. Tinha esfriado um pouco desde a tarde, e o clima morno da chuva ainda pairava no ar. Escolhi um filme qualquer, nem lembro o nome. Um desses comédiazinhas românticas que passavam na TV a cabo. Eu não estava prestando atenção mesmo.
Júlia apareceu na porta da sala, com um balde de pipoca na mão e uma taça de vinho. Usava uma camiseta larga do meu irmão, que batia quase na altura da coxa, e por baixo, nada visível. Pernas nuas, pele brilhando sob a luz fraca da TV. O cabelo solto, recém-saído do banho, o cheiro dela se espalhando quando se aproximou do sofá.
— O que tá passando? — perguntou, sentando do meu lado. A perna encostou levemente na minha.
— Nem sei. Escolhi qualquer coisa — respondi, pegando um punhado de pipoca e fingindo distração, embora minha mente só conseguisse prestar atenção no calor do corpo dela ao lado.
— E esse shortinho aí… você tá tentando me provocar, é? — disse ela, rindo e apontando.
— Só tô confortável. Quem anda de camiseta sem calcinha pela casa não pode falar nada, né?
Ela deu um risinho, mas não negou. Só puxou uma almofada pro colo e se ajeitou.
— Já entendi que você repara em tudo.
— Reparo mesmo. E você sabe disso.
Ela olhou pra frente. Fingindo se concentrar no filme. Mas os olhos estavam vidrados demais, o sorriso ainda preso no canto da boca.
— Me fala uma coisa, Lucas… — ela disse, depois de alguns minutos. — Por que você ainda é virgem?
— Me fala uma coisa, Lucas… — ela disse, de repente, a voz baixa, como se estivesse escolhendo cada palavra — por que você ainda é virgem?
Eu demorei dois segundos. Porque a pergunta veio direto, sem rodeio. Mas eu sorri. E respondi com a cara mais séria do mundo:
— Porque meu pau é grande demais. Fico com medo de machucar alguém.
Ela arregalou os olhos, surpresa. E depois começou a rir. Mas rir de verdade. Daquele jeito gostoso, solto, com a cabeça jogada pra trás e a mão no peito.
— Você é impossível — disse ela, ainda rindo. — Jura que essa é a desculpa?
— Ué, quer ver? — falei, levantando levemente o quadril, como quem ameaça mostrar.
— Para! — Ela bateu de leve no meu braço, rindo mais. — Que louco.
— Tô falando sério. Nem sei como as mulheres aguentam. Você tem noção de como deve ser dar pra alguém com quase vinte centímetros?
— Ai, credo — ela falou, com a cara toda vermelha, segurando o riso. — Vai que é verdade, né?
— Vai saber. Só vendo.
Ela me olhou por dois segundos. Um olhar entre brincadeira e desafio.
— Confesso que você me deixou curiosa agora.
— Eita… então pronto. Já fiz mais progresso que meu irmão em cinco anos.
Ela riu mais, e depois deu um gole no vinho, tentando recuperar a pose.
— Você se garante, né?
— Eu não tenho muito, mas o que tenho… é grosso.
Ela engasgou com o vinho.
— Garoto! Para com isso!
— É você que fica perguntando coisa íntima e acha que eu não vou responder. Curiosidade mata, Júlia.
— Mata mesmo… — disse ela, limpando o canto da boca com os dedos. — E você é abusado demais pro seu tamanho.
— Do que? Do corpo ou do pau?
Ela segurou uma almofada e bateu de leve na minha cabeça, rindo.
— Você é um idiota.
— Um idiota que te faz rir.
— Isso é verdade — ela respondeu, se ajeitando no sofá, agora com a perna dobrada, ainda mais próxima de mim.
O clima leve, a risada, os olhares… tudo estava envolto numa eletricidade silenciosa. Ela estava mais solta do que nunca. Ria, olhava nos meus olhos, provocava, e mesmo sem dizer, deixava no ar a tensão daquele jogo.
Ficamos em silêncio por um tempo. O som do filme continuava, sem que nenhum dos dois prestasse atenção. O joelho dela tocava o meu. A luz da TV piscava no rosto dela, revelando aquele brilho nos olhos que ela achava que escondia.
E então ela se levantou.
Pegou a taça, virou o restinho do vinho de uma vez só e caminhou até a escada. A camiseta balançando nas coxas nuas.
— Boa noite, Lucas.
— Sonha comigo, Júlia.
Ela parou no primeiro degrau. Virou o rosto pra mim, ainda de costas.
— Só se você tiver mesmo tudo isso que diz.
Ela não tava se entregando.
Mas tava entrando no jogo.
E eu ia fazer ela jogar cada vez mais.
Acordei meio tarde. A chuva tinha parado, e o sol agora batia com força pelas janelas da casa. Estava quente, abafado, com aquele cheiro de terra molhada no ar. Desci de cueca e camiseta, espreguiçando, e fui direto pra cozinha tomar água.
Ouvi barulho no quintal dos fundos. Fui espiar pela janela que dava pra lavanderia. E foi aí que vi.
Júlia estava lá fora, de costas, pendurando roupas no varal. Usava um short curto, quase enfiado no meio da bunda, e um top justo. A pele dela brilhava no sol, e as curvas… mano, pareciam mais acentuadas ainda sob a luz direta. Ela esticava os braços pra pendurar uma peça, e eu via o desenho inteiro das costas, da cintura afinando e da bunda arredondando.
No varal, já balançavam dois sutiãs molhados. Um preto rendado e um bege mais básico. O preto parecia novo. Sexy. Parecia que nem combinava com ela… ou talvez combinasse mais do que eu imaginava.
Abri a porta devagar e fui andando até ela. Ela percebeu e virou o rosto.
— Acordou agora, dorminhoco?
— Tava sonhando com um sutiã preto… e acordei vendo um no varal. Coincidência?
Ela riu, prendendo uma peça com o pregador.
— Você não perde uma, né?
— Como perder com uma visão dessas? — falei, parando do lado dela, olhando descaradamente pro tecido molhado do sutiã pendurado.
Ela me seguiu com os olhos, mas manteve a pose.
— Vai dizer que nunca viu um sutiã antes?
— Já vi, claro. Mas é diferente quando ele tá assim… molhado, pingando no varal. E ainda mais sabendo de quem é.
Ela sorriu, mas desviou o olhar.
— Curioso demais pra sua idade, viu?
— Não é curiosidade. É estudo de campo. Preciso entender as peças, as formas, os tamanhos…
— Sabe o que me espanta? — ela disse, cruzando os braços, de frente pra mim agora. — Você fala essas coisas na maior naturalidade.
— E você ouve sem se escandalizar. Acho que no fundo gosta.
Ela deu um sorriso de lado. Depois abaixou e pegou uma calcinha da bacia. Uma vermelha. Fina. Minúscula.
— Essa aqui você vai querer estudar também?
— Se você deixar, eu coloco no caderno.
Ela deu uma risadinha, mas foi curta. Me olhou direto, mais séria agora.
— Você não tem medo de mim, né?
— Medo? Não. Tenho tesão. É parecido, mas muito mais perigoso.
Ela mordeu o lábio por um segundo. E aí virou de novo pro varal, como se encerrasse o papo.
— Vai tomar banho, Lucas. Você tá todo amassado.
— Tá mandando eu me arrumar por quê? Vai me levar pra sair?
— Não. Mas homem cheiroso ganha pontos.
— Com quem?
Ela não respondeu.
Voltei pra dentro da casa com um sorriso. O dia só tinha começado, mas a primeira provocação já tinha valido por tudo. E o jeito que ela me olhou segurando aquela calcinha… não era olhar de cunhada protetora. Era de mulher curiosa. Tentando manter o controle, mas escorregando.
Mais tarde, estávamos os dois de novo na sala. Eu de banho tomado, camiseta nova, cabelo arrumado. Ela sentada com o notebook no colo, resolvendo umas coisas do trabalho.
Ficamos em silêncio por um tempo, até que eu soltei:
— Você já se filmou?
Ela ergueu os olhos na hora.
— Como assim?
— Se filmar… tipo, no espelho. Ou no banho. Sei lá, com o celular. Só pra ver como fica.
Ela arqueou uma sobrancelha, surpresa com a pergunta. Não pareceu ofendida — só… pega de surpresa.
— Isso lá é pergunta que se faça pra cunhada?
— Ué, você que vive dizendo que sou sem filtro. E é só curiosidade.
— Curiosidade sexual?
— Curiosidade visual — respondi, com um sorriso. — Mulher bonita, às vezes, nem se dá conta do que os outros veem.
Ela me olhou com um misto de desconfiança e graça. Fechou o notebook devagar, cruzou as pernas, ajeitando o top justo no corpo, como quem se sente observada — e gosta.
— E você? Já se filmou?
— Já tentei. Mas a câmera do celular não dava conta do tamanho, travava tudo.
Ela riu com força, jogando a cabeça pra trás, o riso solto e leve. A risada dela era um evento à parte.
— Você é ridículo.
— Mas te fiz rir.
— Isso você sempre faz.
Ela se ajeitou no sofá, esticando as pernas de novo. A luz do fim da tarde deixava tudo mais quente. Mais íntimo. Fiquei em silêncio, encarando as pernas dela, a pele dourada pelo sol, o contorno da coxa passando por baixo do short curto.
Ela percebeu meu olhar e não disse nada. Só respirou mais fundo. Como se estivesse medindo até onde ia deixar aquilo ir.
— Sabe que… — ela começou, meio devagar — uma vez… quando eu era mais nova, uns vinte e poucos… eu gravei um vídeo. Só pra mim.
— Sério?
— Aham. Mas nunca mostrei pra ninguém. Ficou no celular por um tempo, depois apaguei.
— E era o quê?
— Eu… de lingerie. Dançando. Coisa boba.
— Aposto que não era boba. Aposto que era de fazer desgraça na cabeça de qualquer um.
Ela sorriu, mas desviou o olhar. Ficou mexendo na almofada por uns segundos, como se estivesse tentando parecer distraída.
— E se eu dissesse que ainda tenho algumas lingeries daquela época?
— Eu ia dizer que esse dia tá ficando cada vez mais interessante.
Ela ficou me olhando por um tempo. Aquele tipo de olhar que dura segundos, mas parece ir fundo demais.
— Se eu aparecesse aqui usando uma dessas… qual seria sua reação?
A pergunta caiu como bomba no meu peito. Mas eu segurei.
— Acho que eu ia estudar o tecido. Ver se é confortável. Checar a elasticidade.
Ela riu de novo, mas o tom era outro agora. Mais abafado. Mais… curioso.
— Você realmente ia conseguir ficar só olhando?
— Eu tenho me saído bem até agora, né?
— Tem, sim — ela disse, baixando um pouco o tom de voz. — Mas eu ainda não te testei de verdade.
— Então testa.
Ela mordeu o canto da boca, pensativa. Depois pegou o notebook do lado e se levantou.
— Não agora. Mas quem sabe… se você continuar se comportando.
— Isso foi um convite?
— Isso foi uma provocação.
— E você sabe que provocação é meu ponto fraco.
Ela já estava no corredor quando respondeu, sem olhar pra trás:
— Eu sei, Lucas. Tô começando a perceber.
E subiu.
Fiquei ali, mais uma vez, com a respiração presa e o pau latejando sob a bermuda. A calcinha vermelha que ela pendurou mais cedo parecia brilhar na minha mente agora, como um sinal.