O SABOR DE UMA DOCE VINGANÇA ! Cap.6 Segunda Temporada

Um conto erótico de Alex Lima Silva
Categoria: Gay
Contém 2371 palavras
Data: 16/05/2025 21:16:17

Finalmente fui levar Clara pro cinema. Ela passou a viagem inteira no carro perguntando se o filme dos Jovens Titãs em Ação,ia mesmo passar. Cada vez que eu dizia que sim, ela pulava, como se tivesse acabado de ganhar um prêmio. Era impossível não sorrir com tanta empolgação.

Quando chegamos no shopping, ela agarrou minha mão e ficou apontando animada pra tudo — especialmente pro pôster enorme da Estelar logo na entrada do cinema.

— Pedro! Olha! É ela! A Estelar de verdade!

— De verdade nada, você vai ver ela bem maior na tela agora- eu disse rindo.

Antes de entrar, fomos direto comprar a pipoca. E, claro, tinha um balde temático da Estelar. Eu mostrei pra Clara e os olhos dela brilharam.

— Por favor, Pedro! Esse! Esse!— disse com as duas mãos juntas como se estivesse fazendo um pedido ao universo.

Comprei sem pensar duas vezes. A menina saiu abraçada ao balde como se fosse um troféu, com a pipoca quase pulando pra fora.

Entramos na sala e ela se ajeitou na poltrona, pequenininha, os pés balançando no ar. Se encostou em mim, dividindo a pipoca, com os olhos vidrados na tela.

Durante o filme, ela gargalhava, cantava as músicas baixinho, e vibrava toda vez que a Estelar falava algo fofo ou poderoso. Em um momento, me cutucou no braço e sussurrou:

— Eu quero ser igual a ela quando crescer… cheia de brilho!

Olhei pra ela com carinho.

— Você já tem mais brilho que qualquer personagem de desenho, sabia?

Ela sorriu toda convencida e voltou a prestar atenção no filme.

Ali, naquele cinema meio escuro, com o cheirinho de pipoca e a risada mais doce do mundo do meu lado, eu me senti inteiro. Como se tudo de ruim ficasse do lado de fora daquela sala.

Quando o filme acabou, ela saiu saltitante, balde de Estelar em mãos, e um sorriso que iluminava tudo. Levei Clara de volta pra casa, e ela foi contando cenas do filme o caminho inteiro como se eu não tivesse assistido com ela.

Na porta de casa, ela virou pra mim com os olhos brilhando.

— Foi o melhor dia do mundo!

— Então se prepara, que semana que vem a gente vai ver o da Moana.

Ela gritou um "siiiiiim" e correu pra dentro. Fiquei ali, parado um segundo, olhando ela sumir escada acima.

Quando entrei no carro, meu celular vibrou. Mensagem de Flávio:

"Bora ver as estrelas hoje? Lá do ponto mais alto da cidade. Tô precisando de silêncio. E de você."

Sorri, balançando a cabeça. Ele sempre mandava essas mensagens que pareciam poesia. Respondi rápido:

"Me espera. Tô indo."

Mas antes de guardar o celular, por instinto, abri os status. E lá estava um do Arthur.

Uma foto em preto e branco de um céu carregado de nuvens, com a seguinte frase:

"Às vezes a gente perde quem ama não por falta de amor, mas por não ter peito pra lidar com as consequências."

Fiquei encarando aquilo por uns segundos. Aquela frase parecia escrita com faca. Eu sabia. E ele sabia que eu ia entender.

Suspirei fundo, joguei o celular no banco do passageiro, e liguei o carro. Hoje ainda era noite de estrelas — mas nem todas brilhavam do lado de fora.

Cheguei no alto da colina e encontrei Flávio já me esperando. Ele tinha estendido um tapete grande sobre a grama e, ao redor, várias lanterninhas solares iluminavam o espaço com uma luz suave, quase mágica. Sobre o tapete, uma cesta de piquenique, frutas, pães, duas taças e uma garrafa de vinho. Meu peito se encheu de um calor tranquilo. Ele tinha pensado em tudo.

— Você se superou, comentei, tirando os sapatos e me sentando ao lado dele.

— Você merece um céu só seu - ele disse, abrindo a cesta com aquele sorrisinho leve que sempre me desmontava.

Comemos aos poucos, em silêncio, olhando o céu acima de nós. As estrelas pareciam mais próximas naquela noite. Talvez fosse o vinho, talvez fosse ele. Flávio se deitou ao meu lado e eu o imitei. Ficamos assim, lado a lado, os ombros se tocando, olhando o infinito.

— Conversei com o proprietário da casa hoje, como você me pediu no almoço- Ele disse de repente.

Virei o rosto pra ele, surpreso.

— Sério?

— Uhum. Amanhã mesmo você já pode ir visitar. Ele está aberto à negociação. Acho que você vai gostar- Meus olhos brilharam.

— Flávio, isso é… é perfeito!

— É só o começo, Pedro. — ele disse, e dessa vez virou o rosto em minha direção, os olhos mergulhados nos meus.

O silêncio voltou por um instante, mas não era incômodo. Era cheio de expectativa.

— Posso te perguntar uma coisa?— ele disse.

— Claro

— Você pensa muito sobre… sexo? Tipo, agora?

Pensei antes de responder.

— Penso sim - Franzi as sombrancelhas - Mas que tipo de pergunta é essa ?

- Só curiosidade mesmo!

Ele passou os dedos pela minha mão e sorriu.

— Eu queria te fazer sentir bem. Não pela pressa, nem por desejo só. Mas porque eu te admiro, Pedro. E quero que o que a gente construa seja nosso, do nosso jeito.

Me aproximei e o beijei devagar. Os lábios dele tinham gosto de vinho e promessa. O beijo foi ganhando profundidade, e senti quando o corpo dele se aproximou mais do meu. O calor aumentou, e nossos corpos falaram o que as palavras não sabiam dizer.

Debaixo do céu estrelado, nossos toques se tornaram mais ousados. Senti a excitação dele contra meu quadril, e não fugi. Pelo contrário, meu corpo respondeu com a mesma intensidade. Ali, sobre o tapete, entre sussurros, beijos e carinho, nos entregamos um ao outro — com cuidado, com desejo, e com uma confiança que eu achava que nunca mais sentiriaLogo cedo, fui conhecer a casa que Flávio tinha comentado. Peguei a moto ainda com o gosto do beijo da noite anterior na memória, e segui as coordenadas que ele me passou. Conforme eu saía do centro da cidade, tudo ia ficando mais calmo, mais verde, mais espaçado. Era quase como entrar em uma parte esquecida da cidade, onde o tempo parecia desacelerar.

Quando estacionei em frente à calçada, um homem simpático, de camisa social azul clara e pastinha em mãos, veio ao meu encontro. Era o corretor.

— Bom dia, Pedro! — disse com um sorriso. — Pronto pra se apaixonar?

Sorri de volta, tentando disfarçar a ansiedade.

— Espero que sim.

Ele me guiou até a entrada da casa, que já impressionava. Moderna, com linhas retas e uma fachada elegante de concreto queimado misturado com vidro fumê e madeira. Não havia portão — o acesso era direto, com um caminho de pedras largas que conduzia à porta principal. Aquilo já me passava uma sensação boa de liberdade e sofisticação.

A porta pivotante, de madeira escura com um longo puxador preto, se abriu com suavidade. Assim que entrei, fui abraçado por uma iluminação natural impressionante. O pé-direito alto e as janelas gigantescas criavam uma sensação de amplitude que me tirou o fôlego por alguns segundos.

A sala era integrada com a cozinha, seguindo uma paleta de cores neutras: branco, cinza e madeira clara. Um painel ripado dividia sutilmente os ambientes. O chão de cimento polido refletia a luz suave que entrava pelas janelas. Cada detalhe parecia pensado com carinho.

— Aqui é perfeito pra receber amigos — comentou o corretor, notando meu olhar atento.

— É… eu consigo me ver aqui.

A cozinha era um show à parte. Uma ilha central em mármore branco, armários planejados, iluminação indireta e janelas que davam vista para o quintal imenso.

Fomos até os fundos e as portas de vidro se abriram para o que parecia um sonho. O quintal era enorme, plano, com grama bem cuidada e algumas árvores frutíferas plantadas nas laterais. Havia espaço de sobra para uma horta, um pequeno jardim, talvez até uma piscina com deck de madeira. Era silêncio e natureza, dentro da cidade, mas com alma de campo.

— É raro encontrar um terreno assim — disse o corretor. — E tão bem aproveitado.

Eu apenas assenti, tentando disfarçar a emoção.

Voltamos para dentro e visitamos os quartos. Um deles me ganhou de cara: o da frente, com uma janela enorme voltada para a rua calma. Era iluminado, arejado, e ainda tinha uma varandinha estreita com vista pro sol da manhã. O banheiro da suíte era moderno, com mármore claro e acabamentos sofisticados.

Olhei em volta pela última vez e senti aquela sensação boa no peito, como se o lugar estivesse me esperando.

A visita tinha terminado. A casa era tudo o que eu procurava — e mais um pouco.

O corretor sorriu ao ver meu encantamento. Fiz questão de percorrer cada canto, abrir cada porta. Estava decidido. Aquela casa seria minha.

Me despedi dele na calçada, agradecendo pela atenção, e quando ele virou as costas e entrou no carro, eu fiquei ali por alguns minutos, sozinho. Encostei na minha moto e tirei o celular do bolso.

“Pode cuidar da papelada. Quero fechar a compra.”

Enviei para o meu advogado.

Foi só depois de apertar “enviar” que o peso voltou.

Como um reflexo, olhei para a casa mais uma vez. Linda. Arejada. Um sonho conquistado. Mas no fundo da minha mente, outro cenário se impôs. De uma época em que eu não tinha nada — só esperteza, um celular com câmera e uma sede de não ser mais um invisível.

FLASHBACK

O apartamento dele era frio, como ele. Mármore no chão, quadros caríssimos nas paredes, e sempre um cheiro forte de café requentado. Eu era só o assistente — o “menino esperto”, como ele me chamava. Mas no escuro do quarto, debaixo dos lençóis, ele deixava de ser o executivo milionário para virar um homem que tremia ao meu toque.

Ele gostava de se soltar comigo. De ser ele mesmo. Passivo, frágil, necessitado. Foi ele quem pediu pra gravar. Disse que queria ter “lembranças” dos momentos juntos. Mal sabia ele que aquelas lembranças seriam a minha arma.

Quando as promessas não vieram, quando tentou me dispensar com uma carta de recomendação e um aperto de mão falso, eu o confrontei.

— Você tem dois dias — falei, encarando-o. — Ou todo mundo vai ver quem você é de verdade. A putinha engolidora de pica! - Sorri - Imagine só o que seus filhos e sua esposa vão pensar quando assistirem os vídeos!

Ele empalideceu. Disse que ia resolver. Mas não resolveu.

DE VOLTA A REALIDADE

Ainda estava parado ali na frente da casa, pensando em tudo o que havia passado para chegar até ali. Tentei respirar fundo, mas o peso do passado insistia em apertar o peito.

Lembrei do dia em que recebi a transferência na minha conta bancária daquele filho da puta — uma quantia que mudaria minha vida para sempre. Naquele momento, pensei comigo mesmo: com o investimento nas coisas certas, eu me tornaria o dono do pedaço. Era o resultado de um acordo que, para muitos, parecia simples demais, mas que, para mim, significava justiça.

Ele tinha me assediado. Muitas vezes. Quase me pegou à força. Por muito tempo, eu tentei aguentar, manter a cabeça baixa, acreditar que aquilo tudo era só mais uma fase na minha vida. Mas não era. Até que, finalmente, decidi que iria usar tudo a meu favor!

Não era vingança por maldade — era um plano para garantir que ele pagasse por tudo que fez comigo.

Não só usei o vídeo íntimo que tinha dele, como também o enviei diretamente para a esposa e para os filhos dele. Queria que eles soubessem quem ele realmente era. Queria que sua família — sua própria vida — se virasse de cabeça para baixo diante daquela verdade que ele tanto tentou esconder.

Horas depois, a notícia estourou na televisão: ele havia se atirado da janela do escritório. Um gesto desesperado, carregado de medo e culpa.

Eu não fiquei triste. Nem culpado. Ele tinha tomado a decisão dele, e eu tomei a minha.

Ali, parado diante da casa que agora seria minha, senti o peso daquele passado antigo. Tão distante, mas tão presente no homem que eu me tornei.Eu não era mais o garoto da periferia correndo atrás de gente poderosa. Agora, eu era o dono da história!

Mas no fundo, eu sabia que o passado... o passado nunca dormeJá estava na sorveteria havia uns bons minutos, organizando o caixa e conferindo o estoque de casquinhas, quando Camila apareceu com um copo de café na mão e a cara de quem não queria estar acordada tão cedo.

— Isso aqui é exploração — ela resmungou, jogando a bolsa embaixo do balcão.

— Exploração nada. Você vai ganhar um aumento — respondi, rindo enquanto ajeitava os potes na vitrine.

Ela bufou e começou a limpar uma das mesas. A manhã seguia tranquila, o sol entrava suave pelas janelas e a playlist da sorveteria tocava Adele baixinho, como de costume. Estava tudo calmo, familiar.

Foi então que a porta se abriu e eu a vi.

Sofia.

Ela entrou com aquele sorrisinho tímido e carinhoso, usando uma blusa branca simples e o coque bagunçado de sempre. Me deu um tchauzinho e se sentou na mesa de sempre, ali perto do balcão. Camila já abriu um sorriso ao vê-la.

— Olha quem veio! — disse Camila, indo até ela.

— Bom dia aprendiz de gerente — Sofia brincou, fazendo a gente rir.

Eu me aproximei.

— E bom dia pra você também, enfermeira favorita da cidade.

Sofia riu. Ficamos alguns minutos conversando sobre coisas leves. Ela falava de um paciente birrento, Camila contava alguma fofoca da vizinha, e eu aproveitava pra esquecer o resto do mundo.

Mas de repente, tudo mudou.

O sorriso de Sofia desapareceu. O celular escorregou da mão dela e caiu no chão com um baque seco.

— Sofia? — perguntei, confuso, me aproximando.

Ela levou a mão à testa, como se estivesse tonta. E então, sem aviso, seu corpo tombou da cadeira e caiu com força no chão.

— Sofia! — gritei, ajoelhando ao lado dela.

Camila soltou um grito e correu até mim.

— Meu Deus, Pedro...

Sofia estava pálida, os olhos fechados. Tentei chamar seu nome, sacudi-la de leve, mas nada. Ela não reagia. A sorveteria mergulhou num silêncio pesado, cortado apenas pelo som da minha respiração acelerada.

— Liga pra uma ambulância! Agora! — falei, olhando para Camila.

Minha amiga estava ali, caída no chão. E eu sentia, com uma dor que me rasgava por dentro, que alguma coisa muito errada estava acontecendo.

Continua...

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