Ao receber a carta de aceitação em Princeton minha família entrou em festa, o caçula estava na faculdade. Meu irmão Miles já era terceiranista em Berkeley e meus pais não podiam estar mais felizes vendo os filhos crescidos às portas do futuro profissional. Eu havia lido e relido a carta uma meia dúzia de vezes antes de sair aos pulos contar a novidade aos meus pais, só para ter certeza de que era mesmo o meu nome, Nathan Hobbs Linton, que estava escrito no papel que tremia em minhas mãos. Tudo o que eu havia idealizado e todo esforço que fiz durante o ensino médio estava me parecendo um sonho realizado. Ainda havia muitos desafios, um longo caminho a percorrer durante os anos na universidade, não restava dúvida, mas essa conquista inicial me encheu de ânimo para os enfrentar.
Não demorei muito para perceber que esses desafios eram bem maiores do que eu havia imaginado, a começar pela escolha de onde residir na universidade, numa fraternidade que foi minha primeira opção, ou nos edifícios de alojamentos que disponibilizavam dormitórios compartilhados. Entrar numa fraternidade não era para qualquer um, os critérios de admissão tinham lá suas regras nem sempre baseadas na sensatez, uma vez que os veteranos encarregados dessas admissões podiam ser sujeitos perversos e de caráter duvidoso. Mesmo assim eu arrisquei. Era durante a festa dos calouros que acontecia ao final da primeira semana do início do semestre que as poucas e seletas vagas eram disputadas pelos calouros. A admissão só acontecia depois de alguns testes que os veteranos impunham aos candidatos durante essa festa, e esses trotes dependiam não só da criatividade como também da perversão dos veteranos. Tudo o que acontecia durantes esses trotes virava um segredo de Estado, pois costumavam transgredir não apenas regras da universidade como também leis formais, e esse segredo tinha validade pelo resto da vida e nunca prescrevia ou seria perdoado se fosse revelado. Só me dei conta do quanto era ingênuo quando me vi diante de quatro veteranos me fazendo uma proposta absurda e sórdida para ser admitido.
- A vaga é sua se for aprovado na prova à qual o submeteremos, ok? – avisou um deles depois de uma troca furtiva de olhares com os demais.
- E no que consiste essa prova? Ela tem base intelectual, tipo perguntas para medir meus conhecimentos, ou é física, tipo mostrar minhas habilidades em algum esporte ou algo do gênero? – perguntei, gerando risinhos disfarçados entre os quatro.
- Está mais para a segunda opção, embora não esteja ligada a esportes! – respondeu outro, voltando a trocar olhares com os comparsas.
- Não entendi!
- Digamos que se trata de uma habilidade física, da qual temos certeza que se sairá muito bem. – afirmou outro, enquanto me examinava da cabeça aos pés feito um lobo faminto.
- Continuo não entendendo! Digam de uma vez, qual é o teste! – pedi impaciente.
- Ok, você pediu! A vaga é sua se nos deixar meter os cacetes nessa sua bundona gostosa! Os quatro, sem reclamar! – respondeu o primeiro. Por uns instantes achei que ele estava caçoando da minha cara, mas ante o silêncio expectante que se fez, percebi que o degenerado estava falando sério.
- Pense bem antes de responder! Como você pode perceber não é nada complicado! Com esse teste você vai nos provar que tem as afinidades necessárias para ser um membro da fraternidade. – disse um que até então havia se mantido calado, mas que não parava de secar a minha bunda enquanto manipulava a rola.
- Vocês só podem estar brincando! Ninguém em sã consciência se submeteria a uma prova dessas, muito menos eu! Vocês são uns depravados precisando de ajuda psicológica! – revidei furioso e ultrajado.
- Então a vaga não rola! Ou dá o cuzinho para os quatro ou vai procurar outro lugar para morar. – afirmou o primeiro que parecia ser uma espécie de líder daqueles tarados insanos.
- Sabe o que você faz com essa vaga? Enfia no seu cu, porque no meu sem chance! – exclamei espumando de raiva enquanto eles se divertiam com a minha cara.
- Você não avaliou direito! Pensa bem, quatro belas picas gozando nesse rabão! Garanto que não vai se decepcionar, dá só uma olhada para ver o que vai perder se não aceitar. – continuou o líder, expondo uma baita jeba e um sacão ao baixar as calças, no que foi imediatamente seguido pelos outros me deixando frente a frente com uns caralhões intimidadores.
- Doentes! Vocês são doentes! Estou fora! – explodi de tão furioso. Com isso, lá se foi a chance de pertencer a uma fraternidade.
A solução para o meu problema era recorrer à secretaria da universidade e pleitear uma vaga no alojamento dos dormitórios. Felizmente ali não havia exigências, muito menos tão descabidas quanto àquela proposta cafajeste. No dia seguinte, eu me mudava para um dormitório com banheiro no edifício do Forbes College. Na lista de dormitórios com seus respectivos ocupantes no hall de entrada do edifício aparecia o nome de um tal Ashraf Saeed Al-Qasimi como meu parceiro de quarto. Que o cara era estrangeiro não havia dúvidas, embora eu nem desconfiasse de onde ele vinha.
Pelas três semanas seguintes fiquei aguardando a chegada do meu companheiro de quarto, mas ele não apareceu. Cheguei a pensar que havia desistido por algum motivo, ou encontrado outro lugar para morar. O primeiro mês do semestre chegou ao fim e nada do sujeito aparecer. Quis ir até a secretaria perguntar o que podia estar acontecendo, mas acabei desistindo. Afinal, ter o dormitório só para mim era mais do que conveniente e, enquanto ninguém descobrisse esse detalhe eu ia usufruir da sorte.
Ao final daquele mês também era o aniversário da minha mãe e eu voltei para Baltimore, onde morávamos, para a comemoração que também reunia as famílias da irmã e do irmão dela. Fui bombardeado de perguntas quanto à vida na universidade e, meu tio, que também havia estudado em Princeton, riu quando lhe contei sobre a proposta indecente para entrar numa das fraternidades.
- Essa molecada não toma jeito! – afirmou ele rindo. – Na minha época fizeram um calouro correr pelado pelo campus com um cartaz pendurado nas costas onde se lia – entrada franca para todo aquele que tiver um pinto com mais de vinte centímetros e uma seta apontando para o rego dele – o cara conseguiu a vaga na fraternidade, mas nunca se livrou do assédio de alguns tarados. – revelou
- Pois eu os mandei à merda! Nenhuma vaga vale esse sacrifício! – devolvi.
Sondei o Miles para saber do trote pelo qual precisou passar para ser admitido na ΚΔΡ (KappaDeltaRho), uma vez que foi prontamente aceito e não demonstrasse nenhum trauma quanto ao trote. Ele não me revelou nada, fazia parte do segredo que havia jurado guardar. Mas, conhecendo meu irmão como eu conhecia e, sabedor que nunca foi um santo, eu podia imaginar como foi fácil ele entrar em conluio com caras do tipo que me fizeram aquela proposta insana.
Entre a família todos sabiam que eu era gay. Me assumi depois de sofrer por um amor platônico por um colega do ensino médio que jamais suspeitou que eu era gay e que estava apaixonado por ele. Minha reclusão e retraimento levaram meus pais a suspeitar que eu pudesse estar doente e, tanto insistiram em saber o que estava acontecendo, chegando mesmo a me levar a um pscicólogo, que acabei contando dessa paixão não correspondida. Se por um lado ficaram aliviados por saber que eu não estava doente, por outro se preocupavam com meu futuro enquanto gay.
Depois de passar o final de semana em casa, cheguei à universidade no começo da noite do domingo. Estava separando o material para as aulas do dia seguinte após ter tomado uma ducha quando a porta do dormitório se abriu e um sujeito de feições árabes adentrou com a própria chave. Como ainda estava de cueca, tratei de me cobrir às pressas quando ele entrou e me encarou com uma expressão indecifrável.
- Oi! Você deve ser o .... – eu tinha me esquecido do nome esquisito e tentei corrigir. – deve ser o Assaf, não é? Sou o Nathan, muito prazer! Nate como meus amigos me chamam! – exclamei, já metido numa calça de moletom ao lhe estender a mão em cumprimento.
Além de não dizer nada, ele me deixou com a mão estendida e me examinou da cabeça aos pés. Em seguida, passou por mim, jogou suas bagagens sobre a cama vazia e se lançou sobre ela como se estivesse completamente exaurido.
- Estava esperando por você! Chegou de viagem agora? De onde você vem? Seu nome é bem diferente, é árabe? Como veio parar numa universidade americana? – fui perguntando para me mostrar simpático.
Mas ele não respondeu nenhuma das minhas perguntas, deu um chute numa das malas que caiu no chão para conseguir se espreguiçar melhor sobre a cama e ficou olhando para o teto, calado e com a cara fechada.
- Quer que eu te ajude a arrumar as suas coisas no armário e na estante? Você deve estar cansado da viagem! – continuei, já sentindo certo desconforto por ele não abrir a boca.
Mais uma vez fiquei sem resposta, era como se eu não estivesse ali.
- Tudo bem, vou terminar de arrumar as minhas coisas para amanhã e posso te mostrar onde fica a cantina se você estiver com fome e quiser jantar. – era o mesmo que falar com uma parede.
Terminei de arrumar as minhas coisas e como estava faminto liguei para o Todd, um colega de curso, para nos encontrarmos na cantina e eu lhe contar como tinha sido meu final de semana, pois ele havia me pedido os detalhes ao me ligar quando eu ainda estava em Baltimore.
- Eu também cheguei há pouco, fui para a minha casa em Baltimore para o aniversário da minha mãe e ainda não jantei. Quer que eu te traga alguma coisa, do que gosta? – voltei a perguntar e querendo ser simpático e receptivo.
- Vai ser sempre assim? Você falando feito um papagaio? Não fecha essa matraca nunca? – foram as primeiras palavras dele.
- É, eu acho que falo bastante, meus amigos também acham que às vezes sou um pouco expansivo demais. – devolvi entusiasmado com a resposta dele, achando que talvez agora o papo ia rolar mais facilmente.
- Então sugiro que vá tagarelar nos ouvidos dos seus amigos para quando estiver aqui quarto já ter gasto todo seu repertório! – exclamou carrancudo. Só então me toquei que estava sendo inconveniente e que o sujeito não queria papo comigo e que, por tabela, era um estúpido antipático.
Ao voltar ao dormitório depois do encontro com o Todd e termos colocado o papo em dia, encontrei o sujeito praticamente como o havia deixado, vestido com as roupas que chegou, parte da bagagem espalhada sobre a cama, o restante pelo chão e ele dormindo, o que me fez caminhar pisando leve para não acordá-lo. Ele era dono de um corpão atraente, pelos músculos avantajados sob a roupa devia fazer algum tipo de esporte. Do rosto se via pouco, a barba escura e densa escondia os detalhes, mas lhe dava uma aparência viril, embora eu não fosse admirador de barbas tão crescidas em homens, preferindo aqueles que as traziam mais curtas como quem tem preguiça de se barbear todos os dias e as deixa sensualmente desleixadas. Deve ter sido a viagem longa que o deixou de mau humor, amanhã ele vai estar recuperado e vai ser mais agradável, pensei com meus botões. Pura ilusão. Eu estava prestes a seguir para a primeira aula quando ele despertou. Olhou ao redor como se estivesse se certificando de onde estava, voltou a me encarar sem abrir a boca e uma expressão de desdém estampada na cara barbuda. Num primeiro momento pensei em lhe perguntar se precisava de alguma coisa, se queria que eu o esperasse para seguirmos juntos até o edifício das salas de aula, mas ante aquela cara sisuda resolvi nem lhe desejar um bom dia para não levar outra invertida.
Cursávamos o mesmo curso de engenharia, e foi só durante a terceira aula que ele apareceu na sala, despertando a curiosidade da turma. Ainda usava as mesmas roupas com as quais chegou ao dormitório, não trazia absolutamente nada nas mãos para fazer anotações e sentou-se nos fundos da sala enquanto o professor o acompanhava com o olhar estarrecido, pois além de não pedir licença para entrar no meio da aula, também não se desculpou pelo atraso.
- É esse o carinha do qual me falou, seu companheiro de quarto? – perguntou o Todd.
- O próprio! – respondi
- Que azar o seu, hein amigo! Sujeitinho mais esquisito, mais parece um daqueles terroristas islâmicos. – afirmou o Todd, invocando de imediato com o cara.
- Não dá para você fazer uma afirmação dessas sem saber, Todd! Vá lá que ele tenha aquele nome esquisito, mas não dá para julgar a pessoa pelo nome ou aparência. – devolvi
- Troque de dormitório, venha ficar comigo! Vou falar com Jack e sondar se ele topa mudar e ficar com esse sujeitinho. – propôs o Todd que, há alguns dias vinha parecendo muito interessado naquela amizade insipiente que estava se formando entre nós.
- Por mim tudo bem! Você fala com o Jack para ver se ele topa?
- Hoje mesmo! Vai ser muito legal ter você no meu dormitório! – exclamou satisfeito, como se estivesse antevendo mais do que uma simples mudança de quartos.
No entanto, o Jack, ao saber quem seria o sujeito com o qual teria que dividir o quarto, pulou fora na hora, alegando que não queria nada com a merda de um estrangeiro, muito menos com um terrorista do Oriente Médio, extravasando xenofobia e um preconceito que varava a sociedade americana desde as torres gêmeas e dos discursos pejorativos de alguns políticos conservacionistas.
- Não esquenta! Com o tempo ele vai se acostumar e talvez até seja um carinha bem legal de se conviver. – afirmei quando soube que não haveria acordo na troca de dormitórios.
- Não se iluda! Esse cara ainda vai te decepcionar muito! Eu já o detesto só por saber que compartilha o dormitório com você. Se ele folgar eu sento umas porradas nele para ele saber o quão são benvindos tipos como ele nesse país! – sentenciou determinado.
- Isso é muito preconceituoso, Todd! Não sabia que você era tão radical. – afirmei, ante aquele traço de sua personalidade.
- Por que esses caras não ficam naquelas merdas de países deles, cheios de areia, casebres em cidades apinhadas de gente circulando por ruelas estreitas junto com camelos e usando turbantes e burcas, ao invés de virem tumultuar as coisas por aqui? – continuou.
- Nossa Todd, que visão deturpada você tem! As coisas não são bem assim, seja mais aberto ao que é diferente da nossa sociedade. – argumentei.
- Os fatos falam por si, ou você não quer enxergar o que está na sua frente! Vá levar um papo com um militar veterano que esteve no Iraque, no Afeganistão, nessas porras de países e ouça o que ele tem para te contar sobre essa gente. Depois me conta se sua opinião ainda é a mesma. – eu não estava a fim de discutir com o Todd sobre algo que estava tão distante e não fazia diferença no meu modo de pensar, e encerramos o assunto por ali.
Ao chegar no dormitório naquela tarde não acreditei no que meus olhos viam, o quarto estava uma zorra total. O Assaf, digo, o Ashraf (não havia meio de eu guardar esse nome) tinha desfeito as malas e suas roupas estavam espalhadas por todos os cantos, inclusive sobre a minha cama e mesa de estudo; outras estavam penduradas nas cadeiras ou simplesmente jogadas no chão. Quando entrei no banheiro, outro susto. Ele tinha tomado banho antes de seguir para as aulas e deixado uma cueca usada dentro da pia, a toalha de banho sobre o vaso sanitário fechado, as roupas que tirou também estavam no chão em frente ao box e, o pior, quando joguei a toalha de banho sobre as suas roupas no chão, o vaso sanitário estava com toda a urina que ele despejou lá dentro. Indignado e furioso, me pus a esperar pelo retorno dele, íamos ter uma conversa definitiva sobre esse desmazelo e essa bagunça toda. Se ele acha que vai transformar isso aqui num chiqueiro e que vou conviver com um porco bagunceiro está muito enganado, afirmei em voz alta, enquanto tirava de cima da minha cama tudo o que ele havia colocado ali.
- Precisamos conversar! – exclamei decidido, assim que ele abriu a porta do dormitório.
- Não estou afim! – retrucou secamente. – Já me bastou aquela sua tagarelice de ontem! – emendou, jogando a mochila sobre a cama e depois se lançando sobre tudo o que havia nela. – Quero tirar um cochilo e nem pense em abrir essa matraca!
- Olha aqui seu ... seu ... seu sujeitinho de nome esquisito, primeiro você vai arrumar toda aquela bagunça que deixou no banheiro e, da próxima vez que fizer suas necessidades trate de dar a descarga, que é isso que fazemos aqui. Depois, nunca mais volte a jogar as suas roupas ou qualquer outra coisa que seja em cima da minha cama ou da minha mesa de estudos; essa metade do quarto é minha e aquela é a sua, portanto, respeite essa divisa. Também seria bom se deixasse as suas coisas em ordem para que esse dormitório fique minimamente habitável, não vivemos numa pocilga! – despejei num fôlego só.
- Vou pensar no seu caso! Agora feche essa boca e me deixe descansar! – revidou, como se minhas palavras tivessem entrado por um ouvido e saído pelo outro.
- Vai pensar o escambau! Você vai fazer o que estou pedindo ou vou me queixar com o administrador do alojamento.
- Então vá, o que ainda está fazendo aqui? – retrucou o petulante, virando-se para o lado e começando a cochilar. Rosnei de raiva.
Ia comentar a discussão com o Todd durante o jantar daquela noite, mas desisti para não lhe dar ainda mais munição contra o que ele chamava de terrorista islâmico, bem como para que ele ficasse se gabando de estar com a razão sobre esse assunto; pois era bem o estilo dele querer ter sempre a razão quando discordávamos de ponto de vista.
No dia seguinte, quando estava me preparando para ir para a aula, o Assaf, Ashraf, ou seja lá como se chama esse ogro, saiu completamente pelado do banheiro como se estivesse sozinho em sua casa.
- Cara, o que é isso? Dá para você manter um mínimo de compostura? Você não está sozinho, eu também compartilho esse espaço! – exclamei estupefato.
- Infelizmente! – exclamou na maior cara de pau, antes de eu já me preparar para lhe passar mais um esporo, porém mal havia verbalizado a primeira sílaba quando ele continuou. – Agora também vai me encher o saco com seus melindres? Isso, para sua informação, é um homem pelado que acabou de sair do banho e pretende se vestir sem precisar ouvir essa sua voz resmungona.
- Cara, você é insuportável, sabia?
- Você idem! – revidou arrogante. – Cuidado para não ficar traumatizado com o que acabou de ver! – exclamou atrás de mim quando saí pela porta.
Cruzei o campus até as salas de aula ruminando e resmungando de tanta raiva que estava sentindo desse sujeitinho. Até acabei me esquecendo que tinha combinado de me encontrar com o Todd na cantina antes das aulas e, quando consultei o relógio, já era tarde demais para eu ir ao encalço dele, tanto que minutos depois ele entrou na sala.
- Não tínhamos combinado de nos encontrar na cantina para o café da manhã? – questionou, enquanto tentava decifrar a expressão carrancuda do meu rosto. – O que aconteceu, por que está com essa cara?
- Acabei acordando tarde demais, perdi a hora e vim direto para cá. – respondi, omitindo mais uma vez o meu bate-boca com o sei lá o nome.
- Por que não me ligou? Fiquei à sua espera! Já tomou café?
- Não, ainda não! Acho que nem consigo engolir nada agora. Eu estava para te ligar quando você entrou na sala. – respondi, ao mesmo tempo em que o professor assumia seu posto para iniciar a aula.
- Aconteceu alguma coisa, Nate?
- Não, nada!
- Aconteceu sim, e você vai me contar tudo! Por que está nesse mau humor todo? Foi aquele terrorista, não foi? Me fale o que foi que ele fez, Nate! – exigiu ele, apertando a minha mão dentro da dele.
- Não aconteceu nada, e fique quieto, antes que o professor chame a nossa atenção!
- Você não vai escapar, Nate!
- Os dois senhores aí, querem compartilhar conosco esse assunto tão interessante que estão discutindo! – sentenciou o professor, incomodado com a nossa conversa.
- Viu! Está satisfeito agora! – exclamei.
Se havia algo na personalidade do Todd que eu reparei já nos primeiros dias que nos conhecemos, foi sua persistência. Ele não me deu sossego pelo restante do dia, exigindo que eu lhe contasse o que estava acontecendo. Chegou mesmo a me prensar em dado momento contra a parede com seu corpão parrudo para me obrigar a falar.
- Pare com isso, Todd! O que deu em você, o que pensa que está fazendo?
- Desculpe, não foi minha intenção te assustar! Mas sei que está me escondendo alguma coisa, e,que essa coisa tem a ver com aquele sujeitinho com quem divide o dormitório. Me fala, Nate, ele te fez alguma coisa, te ofendeu, eu vou ter o maior prazer em esmurrar aquela cara de terrorista. – afirmou descontrolado. Mais um motivo para eu continuar de boca fechada, se não quisesse ver os dois se engalfinhando.
- Então não faça mais isso, OK? Às vezes você age como se fosse meu dono, e eu não gosto disso.
- Está bem, já pedi desculpas! Não fique zangado comigo! – mesmo que eu quisesse, nas últimas semanas comecei a perceber que o Todd era um cara especial e que eu gostava da companhia dele, e do jeito como nossa amizade progredia.
O resultado da minha primeira prova de cálculo 2 foi um completo desastre, as questões abordaram basicamente a derivada direcional e as integrais duplas cujos conceitos e explicações me pareciam coisas de outro mundo. Um ínfimo 1.4 em vermelho no topo da prova refletia meu total desconhecimento do assunto. Era preciso correr atrás do prejuízo antes da prova bimestral seguinte. Para meu azar, o Todd, com quem passei horas estudando para a prova, também não se saiu muito melhor com um míseroNão entendi nada dessa porra! – esbravejou ele quando recebeu a nota. – A turma toda se ferrou e está jogando a culpa na péssima didática do professor.
- Ao menos é mais que o dobro da minha! Não reclame! O fodido aqui sou eu.
Minha frustração foi ainda maior quando o professor anunciou a melhor nota da classe, 9.6 de ninguém mais nem menos que Ashraf Saeed, disparada a maior nota de toda a turma – Parabéns Sr. Al-Qasimi! – elogiou o professor. Se eu já andava puto com esse babaca, agora a coisa pegou de vez.
Fora da sala de aula, nossas discussões continuavam, ora por conta de ele continuar jogando suas roupas sobre a minha cama, ora por deixar o banheiro todo molhado depois de cada banho e por não levantar a merda da tampa do vaso quando ia mijar, ora por desfilar pelo dormitório como veio mundo ou tirando uma sonega nas horas vagas completamente pelado, pernas abertas e aquele seu dote cavalar e acintoso todo exposto para quem quisesse ver. Registrei uma queixa formal na administração do dormitório, o que o levou a receber um comunicado advertindo-o do comportamento inadequado, e nada mais. Meu pedido para ser transferido de dormitório foi indeferido mais uma vez, sob a alegação de não haver nenhum outro disponível.
Certo dia perdi a paciência de vez. Voltei das aulas cansado, estava começando a sentir os primeiros sintomas de um resfriado, minha cabeça latejava e só pensei em me enfiar na cama para recuperar as forças. Contudo, lá estava a toalha de banho molhada dele em cima da minha cama, as roupas sujas que tirou juntamente com uma cueca que, diga-se de passagem e, que fique apenas registrado nessas linhas, eu nem sei por qual desatino, acabei cheirando e sentindo o aroma almiscarado de macho impregnado nela. Enrolei tudo num bolo e o joguei no lixo, de agora em diante seria assim, largou fora do lugar, ia parar no lixo e ponto final.
O Assaf, Asrar, Ash qualquer coisa só se deu conta do sumiço de algumas peças de roupa alguns dias depois e me questionou sobre o paradeiro delas.
- No lixo! Joguei tudo o que estava em cima da minha cama e mesa de estudos, bem como largadas sobre a pia do banheiro no lixo! – respondi.
- Você é doido? Trate de me devolver tudo que pegou! – ordenou estarrecido e raivoso.
- Se o coletor de lixo ainda não passou, ainda devem estar todas num saco nas lixeiras dos fundos do edifício, pode ir buscá-las lá! – retruquei
- Eu vou te dar umas porradas, seu maluco! Qual é a sua?
- A minha é que estou de saco cheio de você! De aturar seu desleixo, de precisar olhar para esse seu caralhão enorme que faz questão de ficar exibindo, de mijar na tampa do vaso sanitário, de fazer disso aqui um chiqueiro, é disso que se trata! – revidei exaltado.
- Vai me comprar cada uma das roupas que jogou fora! Se amanhã não estiverem aqui, vai se haver comigo! – exclamou ameaçador
- Pode esperar o quanto quiser, não verá sequer uma peça de roupa! E se eu encontrar mais uma vez qualquer das tuas merdas do meu lado, elas terão o mesmo destino! – devolvi.
Ele me deu uma chave de pescoço e me lançou sobre sua cama desarrumada, enquanto eu me debatia para me livrar daqueles braços musculosos.
- O que você vai fazer? Vamos, repita comigo, eu vou devolver tudo que joguei no lixo, repete! – rosnava ele
- Eu vou continuar jogando no lixo tudo o que esse porcão largar do meu lado do dormitório ou no banheiro! – exclamei, enquanto ele me estrangulava.
Nesse meio tempo, consegui girar o corpo de modo a que meus braços e pernas ficassem livres e distribui socos e joelhadas por todo lado. Os socos tiveram pouco efeito prático sobre aquele corpão de músculos duros, mas uma das joelhadas acertou em cheio as preciosas e imensas bolas do sacão dele fazendo-o me largar e soltar um berro que ecoou por todo andar.
- Caralho, seu doido! – foi tudo que conseguiu verbalizar num tom agudo enquanto gemia sem ar e se contorcendo inteiro com ambas mãos cobrindo os genitais.
- Nunca mais ouse colocar essas mãos em cima de mim! – berrei colérico. A briga atraiu os estudantes dos dormitórios vizinhos que acorreram para ver o que estava acontecendo, transformando o escândalo num espetáculo que foi assunto das redes sociais da universidade nos dias seguintes.
Foi assim que o Todd descobriu minha desavença com o fulaninho esquisito. Ficou puto comigo por não ter lhe contado nada e, na primeira oportunidade que surgiu, partiu para cima do As, Ars qualquer coisa em plena sala de aula, tornando o escândalo ainda mais vergonhoso. Os boatos não demoraram a surgir – o bonitão tesudo do Nate está sendo disputado por dois machos na base da porrada, com qual dos dois ele está transando? – foi o que circulou pelo Whatsapp dos estudantes do campus, junto a uma foto minha. Assim passei a carregar a fama de ser o gay mais cobiçado da universidade. Era tudo do que eu precisava para me sentir pior do que já estava.
Ele voltou cedo para o dormitório após o episódio, estava sem camisa quando entrei no quarto e o peguei tentando fazer parar um sangramento debaixo de toda aquela barba. Duas toalhas manchadas de sangue sobre a pia do banheiro indicavam que o ferimento devia ser sério. Ele estava sentado sobre o vaso sanitário com a tampa fechada e segurava outra toalha nas proximidades do queixo.
- Deixe-me ver esse machucado! Está sangrando bastante, por que não foi até a enfermaria? – perguntei ao vê-lo ali cabisbaixo.
- Fique longe de mim! Isso é culpa sua, e daquele seu macho ciumento! – retrucou irado. – Você foi logo correndo contar para ele que te dei uma prensa e o folgado veio tirar satisfações.
- Eu não contei nada! Foi o escarcéu que você aprontou aqui dentro que trouxe um bando de estudantes para ver o que estava acontecendo, de tanto que você berrava, seu lunático! Não jogue a culpa em mim, porque o responsável por isso tudo foi você! – revidei.
- O que você queria? Acertou em cheio as minhas bolas e quase me aleija! Como não gritar quando sente que suas bolas viraram uma pasta? – devolveu.
- Está doendo?
- O quê, as bolas ou o soco que seu amiguinho me deu?
- O soco, claro! Eu lá estou interessado nas tuas bolas! Foi bem feito para você aprender a não mexer mais comigo. – respondi. – Deixa eu dar uma olhada no que está acontecendo aí, e pare de ser teimoso!
- Já disse que quero que fique longe de mim!
- Vou fazer isso com prazer, mas primeiro você vai me deixar examinar esse sangramento, ou ainda não percebeu que deve ter algo errado para ainda não ter parado?
O sangue minava do fundo daquela barba cerrada de algum lugar perto do queixo, mas os pelos densos não permitiam ver a localização exata.
- Precisa cortar essa barba para ver de onde vem o sangue!
- Nem fodendo!
- Por quê? Vocês muçulmanos não são homens se não usarem essas barbas horrorosas? Aí dentro deve ter uma criação de piolhos, bactérias, larvas e quem sabe o que mais!
- Depois reclama quando leva uma prensa! Quer que eu te dê outro mata-leão, seu desaforado! Fique sabendo que minha barba é muito bem cuidada e limpa! Para os seguidores de Maomé a barba é um símbolo de piedade religiosa, é por isso que eu uso barba. E também, porque denota virilidade e força, além de transmitir status e deixar o homem mais bonito. – respondeu.
- Pelo visto a questão da virilidade e força não está funcionando no seu caso, que o diga a surra que o Todd te deu. E, quanto a deixar o homem mais bonito, você está longe de poder ser definido com esse adjetivo! – retruquei, com certo orgulho pelo Todd ter dado uma lição nesse babaca.
- Ele me pegou desprevenido, e só deu sorte! – devolveu, com o orgulho de macho ferido.
- Em todo caso, no seu lugar, eu não voltaria a comprar briga com ele, porque será mais uma surra! Essa porrada de músculos que você tem não é páreo para os dele!
- Metido!
- Vou pegar uma tesoura e vamos ver se ainda dá para salvar esse queixo! – tripudiei, com um risinho de satisfação.
- Não corta muito! Ai, ai, ai, seu maluco! Quer me matar de vez? Por que não vai cuidar do seu namoradinho e me deixa em paz?
- Porque ele está inteirão, apenas com algumas escoriações superficiais nos braços. E eu já cuidei dele! Quanto a você, se você não parar quieto, vai machucar mesmo! Não corta muito, essa é boa! Quer que eu faça um buraco nessa barba, vai ficar lindo!
- Mas vai devagar, ok!
- Chorão! Estou sendo cuidadoso, não vê! – comecei a rir e senti um prazer indescritível por aquele sujeito estar me dando atenção pela primeira vez. – Tem uma laceração bem grande aqui, vai precisar de uma sutura, ou o sangramento não vai parar. – avisei.
- De jeito nenhum! Uma hora há de parar!
- Deixa de ser teimoso, As, Ars, Ah, seu bestalhão! Vem, veste essa camiseta e vamos para a enfermaria, agora! – determinei. Ele resmungou quando o ajudei a vestir a camiseta e notei o tanto de hematomas que tinha pelo tronco. Os socos do Todd fizeram um belo estrago.
Quando a enfermeira de plantão avisou que seria preciso anestesiar a região para fazer a sutura, tivemos que controlar mais um chilique dele, pois queria sair correndo dali, ao vê-la preparando a seringa. Enquanto ela o suturava, ele não parava de reclamar e esmagava a minha mão dentro da dele. Ao término, ele estava suado como se tivesse corrido uma maratona e estava ridiculamente hilário com apenas a metade do rosto barbado, tanto que a enfermeira e eu não contivemos o riso.
- Ainda vou acertar as contas com você, pode esperar! – ameaçou ao chegarmos ao dormitório.
- Obrigado para você também, seu ingrato!
- Olha a cara de bunda que eu fiquei!
- É a sua cara, sempre foi assim!
- Puto!
- Vamos cortar o restante da barba, vem, eu te ajudo! – exclamei
Ele se manteve calado, me encarava zangado, devia estar me mandando à merda por dentro, enquanto eu escanhoava seu rosto viril.
- Dá uma olhada, não ficou perfeito? Está muito mais bonito assim! Não devia esconder um rosto bonito desses debaixo daquele montão de pelos. – exclamei, ao posicioná-lo em frente ao espelho. Ele só resmungou.
Pelo visto não fui apenas eu que tinha essa opinião, na manhã seguinte, quando ele entrou na sala de aula, todas as garotas olharam para ele, algumas até assobiaram, de outras ouviu-se – tesão – sussurrado.
Enquanto isso, o Todd ficou dez dias sem falar comigo, ainda bravo feito um touro por eu não lhe ter contado sobre a minha discussão com o sujeitinho marrento. Ele passava por mim como se não me visse, quando eu me aproximava da rodinha de amigos ele ia embora, deixou de tomar o café da manhã e o almoço comigo na cantina juntando-se a outro grupo.
- Então é assim que vai ser, não vai mais falar comigo? Você é pior que um menino birrento! Deixa de ser infantil, Todd! – despejei, num dia em que me pus diante dele no corredor da biblioteca bloqueando sua passagem.
- Pensei que fossemos amigos, mas você provou que não! Tive que saber pelos outros que aquele terrorista estava batendo em você! – revidou carrancudo.
- Em primeiro lugar ele não me bateu, só tentou me dar uma prensa e levou uma joelhada no saco, o que prova que sei cuidar de mim sem a ajuda de ninguém! Você foi e é meu melhor amigo desde o primeiro dia da faculdade, e sabe muito bem disso! Se você ainda não percebeu o quanto eu gosto de você, é porque é um bobão! E um bobão daqueles, diga-se de passagem, para ir tirar satisfações com aquele sujeito e se engalfinhar com ele na frente de todo mundo. Viu no que deu o seu ato heroico, a universidade inteira ficou sabendo que sou gay e está achando que temos um caso. – sentenciei
- Você sabe que eu não vou com a cara daquele terrorista! Eu tinha que fazer alguma coisa para colocá-lo em seu devido lugar!
- Provocando um escândalo?
- Que me importa! Eu estava te defendendo, e estou pouco me lixando para o que as pessoas pensam a nosso respeito!
- Já disse que sei cuidar de mim mesmo sem que ninguém precise se meter nos meus assuntos!
- Vai continuar brigando comigo? Há pouco disse que sou seu melhor amigo, agora quer briga!
- Não quero brigar com você, só não me conformei de você não falar mais comigo! – devolvi, amenizando o tom das palavras.
- Você acabou de dizer que gosta de mim! Isso é verdade ou só disse isso para me amolecer?
- Por que, ficou amolecido? – provoquei jogando charme.
- Também gosto de você, Nate! Gosto muito! – exclamou, me apertando contra o peito.
Esse clima de tesão entre nós dois já vinha acontecendo há algum tempo. Quando estava perto do Todd minhas mãos coçavam com vontade de tocar nele, de acariciar seu rosto másculo para sentir o toque da barba por fazer, de afagar o tronco vigoroso e os ombros largos, de roçar meus lábios nos dele e, nesses momentos, meu cuzinho ficava se contorcendo todo. Não sei exatamente o que acontecia com ele durante essa proximidade, mas seus olhos faiscavam, ele mal sabia o que fazer com as mãos e, dentro de suas calças, aquele volume que já era escandalosamente grande, ficava ainda maior e começava a se mexer forçando-o a levar uma das mãos até ele para disfarçar a ereção, muitas das vezes acompanhada de uma umidade que marcava suas cuecas e exalava um perfume almiscarado que me atraía como uma abelha para o açúcar. Naquele dia não foi diferente, fizemos as pazes e não conseguíamos disfarçar o que estava causando um reboliço em nossos corpos.
- O Jack foi passar o dia na casa da namorada, não vai dormir no dormitório, quer ficar comigo essa noite? – perguntou, quando eu já sentia sua ereção resvalando na minha coxa.
- Vou adorar! – devolvi, intuindo que havia chegado o dia de eu perder a virgindade.
Nos beijamos alucinadamente assim que chegamos ao quarto dele como se não houvesse um amanhã. Nossas línguas bailavam como se estivessem num ritual de acasalamento. As mãos dele percorriam meu corpo e iam me despindo à medida que o tesão dele crescia, junto com o pauzão que mal cabia em seu jeans. Meu ânus foi sendo tomado pelos espasmos, e quando a mão dele deslizou para dentro do meu rego e as pontas dos dedos tocaram na rosquinha eu pensei que não ia sobreviver ao tesão que estava sentindo e gemi permissivo e sensual. O Todd já havia tirado a camiseta tão logo adentramos ao dormitório e aquele peitoral musculoso exposto, parcialmente coberto por pelos sedosos, me levou a beijá-lo e a afagar a pele quente. Mas agora havia algo ainda mais instigante a me provocar, aquela ereção que formava uma mancha úmida no jeans. Desabotoei a calça e abri o zíper fazendo surgir a imensa glande que escapava pelo cós da cueca. Fui escorregando a mão lentamente para dentro da virilha peluda dele até ela se fechar ao redor da tora de carne grossa e pulsátil. O Todd inspirou profunda e sonoramente expressando o prazer de sentir aquele toque suave em seu falo. Eu o tirei aos poucos enquanto o Todd arriava o jeans e a cueca para me seduzir com seu pauzão cavalar. Eu nunca tinha visto um caralhão daquele tamanho, se o estivesse vendo numa imagem, e não ao vivo como agora, juraria que era resultado de um programa de manipulação tipo Photoshop ou algo parecido. Contudo, o que estava bem diante dos meus olhos não podia ser mais real, ele estava endurecendo a cada pulso, a cabeçorra insuflava e liberava um aromático fluido viscoso e, à medida que o pauzão crescia e empinava, o sacão pesado pendurado abaixo dele ficava cada vez mais visível. Era a coisa mais linda e intimidadora que eu já tinha visto e um desejo imenso, quase incontrolável, de alojar aquilo tudo em mim ganhava força a cada beijo que trocávamos.
- Quer me chupar? – perguntou ele, ao notar como a admiração por seu falo me hipnotizava.
Não tive tempo de responder, minha boca já cobria parte da cabeçorra num esforço para devorá-la. Abri-a ao máximo para engolir a chapeleta e sentir o sabor ligeiramente salgado do melzinho que ela vertia. O Todd gemeu, lançou a cabeça para trás, prendeu a minha entre as mãos e se entregou à minha gula desenfreada.
- Está me deixando maluco, Nate! Vou acabar gozando na sua boca! – grunhia ele, enquanto pisoteava o chão numa intranquilidade arrebatadora.
- Então goza, Todd! Goza, faz o que quiser comigo, eu estou tão apaixonado por você que faço tudo o que você quiser! – devolvi, sem parar de sorver o pré-gozo delicioso que escorria pela minha boca.
- Quero entrar em você Nate! Agora! Não aguento esperar nem um segundo a mais! – exclamou ele, me puxando contra si e me deitando sobre a cama.
Com os corpos nus e entrelaçados, ele dedava devassamente meu cuzinho me fazendo gemer de tesão. Nunca alguém havia me tocado ali e me feito sentir tanto tesão. Ele me posicionou de bruços, deitou-se sobre meu corpo languidamente espreguiçado e sussurrou no meu ouvido enquanto mordiscava minha orelha.
- Quero colocar meu pau bem no fundo desse cuzinho! – reagi empinando a bunda
Seus beijos molhados acompanhados de sacanagens murmuradas com o tesão à flor da pele iam descendo dos meus ombros para as costas, delas para as nádegas onde ele dava mordidas na carne rija e volumosa. Minha respiração estava completamente descontrolada, sem ritmo. O Todd abriu meu rego, mordiscou a pele lisa e arrepiada até chegar ao buraquinho rosado que piscava no fundo dele. Quando a língua úmida e voraz lambeu minha rosquinha soltei um gemido longo e libidinoso, assinalando que estava pronto para recebê-lo.
- Ah, Nate, tesão da porra! Eu quero esse cuzinho, quero meter nesse cuzinho!
- É seu, Todd! É todo seu! – gemi impaciente.
Ele alcançou uma embalagem de lubrificante que estava numa gaveta próxima, o que me levou a suspeitar que eu não seria o primeiro a ser enrabado naquela cama, quase senti a magia se desfazendo e não consegui deixar de perguntar.
- Quantas e quantos você já trouxe para cá para ter esse lubrificante tão ao alcance?
- Nunca trouxe alguém para cá! Por que essa pergunta? Eu o comprei há alguns meses para quando surgisse a ocasião certa para te trazer para cá. Nunca o usei, pode comprovar. Algo me dizia que eu ia precisar dele em nossa primeira vez, pois sempre tive a impressão que você era virgem. – respondeu, um pouco desconcertado com a minha pergunta.
- Eu já te disse o quanto gosto de você? De todo esse cuidado que sempre teve comigo? Desde que te conheci a vontade de te entregar a minha virgindade só aumenta. – devolvi, fazendo surgir um enorme e devasso sorriso naquela boca que imediatamente cobri com um beijo prolongado.
O Todd despejou lubrificante sobre dois dedos, enfiou-os cuidadosamente no meu cuzinho quase me matando de tanto tesão, e com movimentos circulares espalhou o gel dentro do meu cu. Em seguida, despejou outro tanto sobre o caralhão triscando de duro e o guiou até o orificiozinho plissado que o seduzia. Forçou a cabeçorra com cuidado, observando cautelosamente minha reação, e empurrou-a para dentro do meu ânus. Gani e me agarrei firmemente ao que pude sentindo o cu rasgando em meio a uma dor aguda e pungente. Eu gemia, ele arfava impaciente esperando minha carne macia, quente e úmida se amoldar ao cacetão e, só depois, meteu-o carinhosa e progressivamente até o fundo do meu cuzinho. Eu sentia minhas entranhas se abrindo, os esfíncteres se distendendo até não mais poder, e aquele macho fogoso entrando em mim com tudo, até que apenas o sacão peludo ficasse comprimido entre as bandas roliças da minha bunda. Em dado momento, aquele caralhão pulsando profundamente nas minhas entranhas, parecia fazer parte do meu corpo de tão acoplado que estava. O Todd e eu já éramos um único corpo de tão fundidos pela paixão e pela conjunção das carnes. Só nos restou unir as bocas enquanto o vaivém cadenciado arregaçava meu cuzinho virgem. Quando comecei a esporrar impetuosamente liberando todo aquele tesão acumulado, tive a melhor sensação da minha vida e, afagando o rosto hirsuto do Todd, tive a certeza de querer pertencer a ele pelo resto da vida.
- Você é tão lindo e gostoso, Nate! Nunca senti um tesão tão irrefreável e vou encher esse rabão tesudo de porra! – grunhiu ele, bombando meu cu cada vez mais forte.
Ao sentir seu corpão se estremecer e os músculos retesarem, soube que o tinha saciado e minha felicidade redobrou. O urro rouco e gutural precedeu os jatos fartos que encharcaram meu ânus com seu esperma leitoso e tépido. Ele tinha meu rosto em suas mãos enquanto esporrava aliviando a pressão dos colhões abarrotados, o beijou e o contornou suavemente com as pontas dos dedos.
- Sou apaixonado por você, Nate! – ronronou
- E eu por você, Todd! – devolvi, dando uma travada nos esfíncteres para apertar o cacetão latejante dele.
Depois daquele coito não paramos mais de trepar onde fosse possível e, depois de cada transa eu passava de um a dois dias andando feito um pinguim de tão lanhado que meu buraquinho ficava, mas isso não me impedia de sentir aquele fogo ardendo dentro de mim toda vez que nos beijávamos. Felizmente o Jack era um cara legal e muitas vezes liberava o dormitório para que o Todd e eu pudéssemos namorar e transar sem interrupções, enquanto ele passava a noite na casa da namorada.
Tirei as provas do final do semestre de letra, exceto, é claro, a de cálculo 2 que foi tão sofrível quanto a primeira. Eu estava literalmente ferrado se nas do próximo semestre não alcançasse pelo menos 9.2 pontos. E como conseguir uma façanha dessas se eu continuava não entendo absolutamente nada dessa porra de polinômios de MacLaurin e Taylor, convergência e divergência, integrais trigonométricas e derivadas parciais? Cada aula me parecia que o professor estava falando grego, por mais atenção que eu prestasse às suas explicações. Eu tinha que procurar ajuda, e urgente. Com o Todd não dava para contar, suas notas eram pífias. E a Pauline, ela foi a segunda melhor aluna da classe, só perdeu para o As, Ars qualquer coisa. Sim, ela seria a minha salvação. Ela era uma garota simpática, já havíamos conversado algumas vezes e, posso estar enganado, mas tenho para mim que tentou se insinuar algumas vezes, apesar de estar de caso com o babacão do Grant, um parrudão mal encarado do time de hockey da universidade.
- Claro, eu te ajudo! Podemos começar assim que eu voltar das férias, assim teremos mais de dois meses para revisar a matéria e te preparar para entender o que virá. – disse ela solícita.
- Valeu Pauline, você é um anjo que caiu do céu! – exclamei, tascando um beijo em suas bochechas.
Foram apenas três encontros na biblioteca quando as aulas recomeçaram. Ela era, sem dúvida, muito mais didática em suas explicações que o professor e pensei que finalmente estava salvo. No entanto, o estrupício do Grant veio conversar comigo e disse que não queria ver a namorada passando tantas horas em companhia de outro cara.
- Não vai mais ter aulas com a minha garota, arranje outro para te ensinar! – determinou como se fosse o dono do mundo. – Não sou cara de ficar dividindo as garotas com quem saio!
- Puxa, quanta autoconfiança! A Pauline e eu somos apenas colegas de turma, não tenho outro interesse nela do que a amizade e o fato de ela poder me ajudar nos estudos.
- Esse negócio de homem e mulher ficarem juntos por muitas horas não pode dar em nada que preste, mesmo você sendo uma bichinha! Está avisado, fim de encontros com a Pauline!
- Você deve estar muito seguro dos sentimentos dela por você, para temer que até um gay possa te roubar a namorada. Boa sorte para você! – despejei espumando de raiva por estar novamente na estaca zero.
As novas provas bimestrais estavam se aproximando e eu continuava desesperado, a certeza de me foder batia à minha porta. Falei com veteranos que já haviam passado pela disciplina, recorri a um grupo de reforço que tinha boas intenções, mas não dava conta da demanda de alunos na mesma situação que a minha e, finalmente, apelei para a última opção que me restava, o Ar, As, sei lá o que.
- Me ajuda a estudar a disciplina de cálculo 2? – pedi, depois de muito hesitar e criar coragem, pois nosso relacionamento tinha melhorado um pouco, mas estava longe de ser espontâneo.
- Não! – exatamente assim, seco, sem nem olhar na minha cara suplicante.
- Por que não? Vou me ferrar na próxima prova e você tem boas notas, que custa me ajudar?
- Não!
- O que foi que eu te fiz para ser tão estúpido comigo? Desde a primeira vez que pisou nesse dormitório você me trata feito um cachorro! – proferi. – Me ajuda, vai! Posso perder o ano nessa disciplina.
- Azar o seu! Vai pedir para o seu amiguinho Todd, ele deve estar louco de vontade de passar umas horas sozinho trancado num quarto com você. – retrucou grosseiro
- As notas dele também são ruins, preciso de alguém que domine a matéria, e você é a minha última chance de não reprovar. – eu estava quase de joelhos diante dele
- Não!
- Eu sei porque está assim, é porque levou aquela surra do Todd, agora quer descontar em mim. Você é insuportável!
- Não levei nenhuma surra, ele só me pegou desprevenido, já te falei uma vez!
- Essa cicatriz no seu queixo não me deixa mentir! Se você não tivesse arrumado toda aquela confusão não teria apanhado dele.
- Está querendo que eu te dê outra prensa, seu folgado?
- Nem ouse! Sabe no que vai dar, se tem amor pelas suas bolas, nem ouse!
- Ah sim, você vai correndo choramingar no ouvido de namoradinho que levou uma prensa de outro cara! E o machão do Todd vai quebrar a cara de qualquer um que se meter com o tesão da vida dele, com o carinha que ele anda enrabando. – revidou ele
- Vá se foder, seu ... seu ...! – deixei o quarto, pois minha vontade de voar naquela cara ia me levar a conseguir outra encrenca.
- Vem me pedir ajuda, mas em mais de seis meses dividindo o dormitório comigo ainda não sabe meu nome! Vá se foder, você! – berrou às minhas costas.
No fundo ele tinha razão, e eu fiquei me perguntando o porquê de não conseguir guardar aquele nome, além é claro de continuar sentindo aquela mesma aversão por sua pessoa desde o dia que nos conhecemos. Ele não fazia o mínimo esforço para ser simpático ou demonstrar algum coleguismo, por que eu deveria guardar o nome dele? Babaca petulante.
Dois dias depois, fiz nova investida. Ele voltou do jantar quando eu estava debruçado sobre meia dúzia de livros e apostilas de cálculo 2, os olhos vermelhos por ter chorado sabendo que na prova dentro de pouco mais de duas semanas estaria fodido e sem chances de recuperação. Tinha escrito o nome dele uma centena de vezes numa folha de papel e o repeti à exaustão – Ashraf Saeed – estava decorado.
- Por favor, Ashraf, me ajude, não seja tão insensível! – supliquei
- Ah, aprendeu meu nome! Ora vejam só o que faz o desespero!
- Não tripudie! Você sabe qual é a minha situação, custa dar uma forcinha? Ademais, você também nunca se importou comigo, portanto, não venha me cobrar o que também não faz!
- Tesudinho arrogante! Vocês americanos acham que são melhores que o resto do mundo. Estão sempre interferindo nos outros países sem se importar com o sofrimento e destruição que provocam. Sabia que muitos outros que estivessem na minha situação já teriam dado cabo da sua vida? – eu não estava acreditando naquelas palavras.
- Sério, é isso que você pensa? Se tem tanto ódio dos americanos por que veio estudar aqui? Eu não compartilho com a política externa, não tenho porque odiar outros povos, e nunca te discriminei, pelo contrário, sempre fui simpático com você querendo estreitar uma amizade que você me negou. Eu não tenho culpa se outros estudantes do campus não gostam do seu grupinho fechado de muçulmanos, se bem que vocês fazem questão de mostrar que não querem se misturar. – argumentei, sabendo que isso poria fim à minha última esperança.
- Está bem, eu te ajudo! – pulei da minha cadeira direto para o pescoço dele e, por pouco, não cubro aquela cara petulante de beijos.
- Mesmo? Está me gozando ou vai me dar uma força? – perguntei, ainda incrédulo.
- Só tem uma condição!
- Pronto, lá vem! Que condição?
- Antes de cada aula vai me deixar enrabar seu cuzinho! – eu olhei para ele, soltei-o no mesmo instante e, a cara que eu quase ia beijar agora estava prestes a levar um bofetão.
- Como é? Você é um tremendo cafajeste, Ashraf! Um puta de um cafajeste! – explodi furioso.
- Ou me deixa comer seu rabo, ou se fode nas provas, a escolha é sua! De qualquer maneira, vai acabar fodido! – exclamou, sem disfarçar o risinho sarcástico.
- Prefiro me foder na prova do que nesse seu pauzão! – será que era resposta a se dar diante daquela situação?
Refleti bastante, na verdade, me consumi numa agonia que parecia não ter fim e, sob toda essa pressão, voltei a implorar pela ajuda do Ashraf. Ele pouco pareceu se importar com meu desespero e voltou a me encarar como se o trunfo que tinha sobre mim estivesse prestes a se realizar.
- Você conhece a minha condição, se quiser que eu te ensine a matéria sabe muito bem o que precisa fazer.
- Está bem, eu topo! – respondi. Ele ficou pasmo com a resposta.
- Cada aula é uma foda! Do jeito que eu quiser e na posição que eu determinar, entendeu? – impôs, visivelmente satisfeito por ter alcançado seu objetivo devasso.
- O que quer dizer com isso?
- Que será do meu jeito e que você não pode reclamar!
- Isso é ridículo! Não sou uma puta!
- Mas vai fazer tudo o que uma puta muito bem paga precisa fazer para justificar o que está recebendo!
- Você é doente!
- Quer a primeira aula, ou não?
- Quero!
- Então sabe o que tem que fazer, a começar por uma bela mamada na minha rola!
Timidamente me despi acompanhado pelo olhar voraz dele. Eu tremia e nem sei explicar o que me levou a tapar meu sexo com ambas as mãos quando fiquei nu, em questão de minutos ele teria meu corpo em suas mãos para fazer o que bem entendesse. O sorriso maléolo que surgiu em seu rosto parecia expressar agrado pelo que estava vendo. Apressadamente ele também se livrou das roupas e, a primeira coisa para a qual olhei o foi o cacetão que havia entre suas coxas musculosas e peludas, pois sabia que a depender do tamanho daquilo meu padecimento podia ser insuportável.
- Eu já suspeitava, mas agora vendo você todo peladinho, tenho que admitir que você é bonito para caralho! – exclamou, quase salivando. – O bundão é perfeito, carnudo, tentadoramente lisinho do jeito que eu gosto! Pau pequeno e bem-feito formando um conjunto harmonioso com o saco redondinho! Peitinhos salientes com mamilos delicados, um tesão! – descrevia ele me examinando pormenorizadamente e me deixando cada vez mais acanhado. Os elogios não me faziam sentir lisonjeado, mas ultrajado. – Debruça sobre a mesa de estudo e abre as pernas! – a ordem me fez estremecer.
Assim que ele veio na minha direção, fechei os olhos como se não quisesse presenciar o que estava para acontecer. O Ashraf apartou minhas nádegas para examinar o reguinho e o cuzinho, eu nem quis saber qual foi sua reação. Eu tinha passado a noite com o Todd e os sinais do coito recente ainda deviam estar ali, pois a ardência nas preguinhas que me acompanhou por todo o dia indicava que o cuzinho ainda não havia se recuperado.
- Então foi por isso que não dormiu no dormitório noite passada, o namoradinho andou fazendo a festa por aqui! – exclamou, ao ver meu cuzinho levemente inchado e avermelhado.
Dois dedos foram enfiados a seco no orificiozinho lanhado e precisei travar os dentes para não gemer. Eu não tinha coragem de abrir os olhos, apertava-os com força enquanto ele vasculhava meu ânus com aqueles dedos devassos rodopiando dentro dele. Ao sentir as coxas peludas dele encostando nas minhas e ele pincelando a verga pelo rego, me agarrei com mais força à mesa e esperei, esperei o que me pareceu uma eternidade; e então veio a dor forte e torturante. Numa única estocada firme e bruta ele meteu quase a metade o cacetão do meu rabo.
- Aaaiiinn! Aaaiiinn! – sufoquei o ganido, enquanto as lágrimas começavam a rolar pelo rosto.
Por infindáveis vinte minutos fiquei gemendo debaixo do Ashraf que me fodia numa sanha descontrolada, mesmo sabendo que meu cuzinho estava sensível. Eu olhava para os ponteiros do relógio que estava na estante e eles se moviam numa lentidão mortificante. Embora o pauzão dele fosse bem menor que o do Todd, era grande o bastante para arrebentar as preguinhas delicadas e arregaçar meu cuzinho apertado que o enchia de prazer a cada nova estocada. Eu mal me mexia, subjugado aceitava o coito como algo inevitável e cuja recompensa seria uma nota alta na próxima prova de cálculo. Quando ele pressentiu a chegada do gozo, agarrou-se ao meu tronco, esmagou meus peitinhos e socou fundo o caralhão no meu ânus macio e úmido. Eu voltei a fechar os olhos com força e esperei ele terminar de se despejar em mim. O sêmen escorria abundante enquanto ele grunhia e ia me molhando todo por dentro. Ao terminar, ele voltou a ficar ereto, esperou o estremecimento das ejaculadas passar e arfou profundamente, até o caralhão começar a amolecer, apertado no meu cuzinho dadivoso.
- Caralho, como você é gostoso, Nathan! Que puta rabão tesudo! – exclamou, antes de puxar lentamente o cacetão para fora do meu ânus dolorido.
Tive que esperar uns minutos antes de caminhar até o banheiro devido a dor que se espalhou pelo baixo ventre. Uma vontade de chorar me fez engolir o choro para não lhe dar esse prazer e, cambaleando, fui até a ducha lavar todo aquele esperma que tinha no cuzinho. Eu não queria guardar uma gota sequer daquela porra que, se tivesse sido despejada pelo Todd, seria aninhada com todo zelo e paixão. O Ashraf entrou no banheiro enquanto eu estava no chuveiro, lavou o pauzão na pia e vestiu um moletom ao voltar para o quarto.
- Pronto para a primeira aula? – perguntou, com um risinho sarcástico. Eu apenas acenei com a cabeça e me sentei à mesa de estudos, onde ele se alojou ao meu lado iniciando as explicações.
Não consegui me sentar corretamente na cadeira de tão arregaçado que meu cuzinho estava, e precisei fazer um esforço tremendo para prestar atenção no que ele dizia. No dia seguinte, a primeira observação do Todd quando nos encontramos na cantina foi quanto ao meu caminhar.
- Está sentindo alguma coisa? Está andando de um jeito esquisito!
- Tive umas câimbras muito fortes essa noite e a perna está dolorida. – respondi, na primeira mentira que contei a ele.
Minutos depois, caminhando ao lado dele para o edifício das salas de aulas, não consegui mais segurar o choro. Para tornar tudo mais sórdido, não tive coragem de contar o que aconteceu. Ele ia pirar, ia esmurrar o Ashraf até a morte e eu precisava manter o autocontrole e seguir adiante, pagando cada explicação da matéria com o meu cuzinho até quando fosse preciso.
Por incrível que pareça o Ashraf era muito didático e eu passei a compreender todas aquelas merdas com uma facilidade enorme. Depois, ia repassar o que aprendi estudando a matéria com o Todd que também deixou de achar que aquilo era um bicho sem cabeça.
- Quando foi que começou a sacar essas paradas de integrais e derivadas nessa manha toda? – perguntou certa tarde quando estávamos revisando a aula daquela manhã deitados na cama dele.
- Sei lá! Não tem uma explicação! De repente, consegui entender tudo o que o professor explica. – respondi, com a dor na consciência tomando conta de mim.
- Legal! Menos mal para os dois, assim não perdemos o ano nessa disciplina. – retrucou feliz. Como eu podia contar, com quem e como estava aprendendo a dominar a matéria se o futuro de ambos dependia disso?
Meu sacrifício valeu à pena quando recebemos as notas das provas bimestrais, o Todd ficou com um 9.8, a maior nota da turma, o Ashraf 9.6 e eu 9.2 alcançando dessa maneira a pontuação da qual precisava. Não bombar na disciplina ainda não estava garantido, mas já era um bom começo. A alegria do Todd com a nota o deixou extasiado, abraçou-me e tascou-me um beijo em plena sala de aula quando recebeu a prova. Eu nem sorrir consegui, sabia que ele ia me odiar quando soubesse a que preço chegamos àquele resultado. Eu estava tão apaixonado por ele que não conseguia olhar para aqueles olhos sem me sentir a mais vil das criaturas.
- O que há com você, Nate? Não está feliz por termos nos saído tão bem na prova?
- Estou sim, claro que estou!
- Então por que está com essa cara? – indagou, me dando mais um daqueles seus abraços de abalar qualquer convicção.
- Preciso te contar uma coisa! Eu cometi um grande erro! – comecei hesitante, mas decidido a acabar com aquela mentira.
- Que erro? Não deve ter sido algo tão importante, porque no final das contas sua nota também foi bem alta. – retrucou ele.
- Não pode ser aqui. Preciso conversar com você em outro lugar, ou não vou ter coragem.
- Está me deixando preocupado, Nate! O que se passa com você afinal de contas? Você tem agido de forma estranha há semanas. – afirmou. – Se é tão importante, vamos para o meu dormitório, lá você pode me contar o que está acontecendo.
Quando ele percebeu que o Jack não estava no dormitório, baixou o tesão nele e assim que fechou a porta me envolveu por trás pela cintura dando uma libidinosa encoxada na minha bunda e um chupão sensual no meu pescoço. Estremeci como sempre ao sentir o tesão dele me desejando, mas quando sua mão entrou pela camiseta e deslizou para o mamilo eu rapidamente me esquivei. Por mais que eu adorasse sentir o cacetão dele entrando em mim, não era hora de deixar isso acontecer antes de ele saber de toda a verdade.
- Não, Todd, agora não, por favor! Precisamos conversar primeiro!
- Não podemos ir conversando enquanto eu coloco meu pau nessa sua bundinha gostosa? Veja como está me deixando! – exclamou, exibindo o pauzão duro dentro da calça.
- Eu dei o cu para o Ashraf em troca de ele me ensinar a matéria da disciplina de cálculo! Foi assim que aprendi a resolver as questões e também a te ensinar o conteúdo. – despejei de uma só vez.
- Você o quê? Me diz que eu não ouvi direito, Nate! Você acabou de afirmar que o filho da puta do terrorista fodeu seu cu, é isso? – questionou surtando, desvencilhando-se de mim e começando a andar em círculos pelo quarto. – Puta merda, Nate! Puta merda! Eu vou matar aquele filho da puta e nem sei o que vou fazer com você! – exclamou desnorteado.
- Eu tentei de tudo antes de ceder à chantagem dele, Todd, eu juro! Saí feito um desesperado à procura de alguém que pudesse me ajudar, mas nada deu certo! Eu não sabia mais o que fazer, Todd! Me perdoe! Por tudo que é mais sagrado, Todd, me perdoe! – implorei, caindo a seus pés e me agarrando a sua coxa para que ele parasse de andar feito um bicho enfurecido.
- Te perdoar, Nate? Como eu posso te perdoar se você deixou justamente aquele terrorista miserável, desgraçado meter a pica dele no seu rabo? Caralho, Nate! Eu quero te cobrir de porradas, Nate!
- Então bata em mim, faça o que quiser, Todd, mas diga que vai me perdoar! Eu não aguento mais esconder a besteira que eu fiz!
- Besteira? Chama isso de besteira, Nate? Isso não é besteira, é putaria! Você não podia, não podia ter feito isso comigo! – sentenciou resoluto. – Sai daqui, Nate! Sai! Não quero mais olhar para essa sua cara! Vai, Nate! – gritou ele, com os punhos cerrados se controlando para não os socar em mim.
Saí dali desolado, chorava copiosamente, não havia arrependimento que pudesse apagar o que fiz. No trajeto para o meu dormitório cruzei com o Jack, ele quis fazer uma de suas costumeiras brincadeiras comigo, mas ao me ver aos prantos, me deixou seguir meu caminho.
Entrei no dormitório feito um furacão, e lá estava ele, Ashraf, o responsável por tudo aquilo e por ter me feito perder a paixão da minha vida; esparramado sobre a cama, metido numa calça de moletom com as pernas bem abertas permitindo ver o contorno volumoso do caralhão. Parti para cima dele aos socos, tinha que extravasar toda aquela dor e raiva que sufocava meu peito.
- Hei, hei, ficou doido? Pare já com isso ou vou revidar! – ameaçou, sem que eu lhe desse ouvidos continuando a esmurrá-lo enquanto ele se defendia, prendendo meus braços, me lançando sobre a cama e jogando seu corpão pesado por cima até eu estar completamente imobilizado.
- Me solta, seu merda! – berrei raivoso.
- Não! Não vou te soltar enquanto não parar de me agredir! – revidou. – Eu vou bater em você, Nate, estou avisando! Pare agora! – ameaçou.
Eu já estava tão sem forças que me rendi, estava tudo perdido mesmo.
- Contou para ele, não foi? – perguntou, depois de me soltar
- Era isso que você queria, não é? Se vingar do Todd por ele ter te dado aquela surra. Como eu fui burro! Foi por isso que não aceitou nenhuma outra forma de compensação por me ensinar a matéria, você queria me foder para mostrar para o Todd que também conseguia me enrabar. Vingança! Foi isso que você planejou, vingança! Você não vale nada, Ashraf! Começo a entender porque tantos odeiam vocês! Vocês vem ao nosso país mas não procuram se integrar na sociedade, vocês se fecham em guetos criticando nossa cultura, desenvolvendo ódio contra os cidadãos, planejando maneiras de destruir a liberdade que temos por aqui e que vocês não vivenciam em seus países. E pensar que eu cheguei a te defender da opinião das pessoas, como fui burro! – sentenciei, sentindo pela primeira vez uma repulsa ferrenha por aquele sujeito.
- Seu macho é um arrogante do caralho! Eu queria sim, me vingar do desgraçado! Eu queria sim, macular o que ele tinha de mais valioso! Eu queria sim, provar para aquele filho da puta que vocês são uma sociedade podre, corrupta e tão frágil que bastou eu te dar uma prensa para você liberar seu cuzinho tesudo para a minha rola. – afirmou, sem meias palavras.
- Miserável! – tornei a berrar e voltando a agredi-o com socos e pontapés, até ele me dominar novamente, ameaçando me foder mais uma vez até eu pedir arrego.
O Todd não falou mais comigo, nenhuma das minhas tentativas de argumentar para me explicar o comoveram, eu o tinha perdido para sempre. Uns três meses depois da nossa separação, ele começou a andar com uma garota que há tempos se insinuava para ele. Passaram a ser vistos pelo campus e nas escadarias dos edifícios aos beijos e amassos de forma tão descarada que logo percebi que era para me fazer ciúmes, mostrar que eu era uma página virada na vida do Todd. Apesar da dor que isso me causou, não deixei de o amar e, algo dentro de mim me dizia que ele também ainda me amava, mas precisava demonstrar que já não sentia mais nada por mim. O fato de querer me provocar ciúmes era um indicativo da paixão que nutria por mim. Aquele brutamontes turrão nunca ia dar o braço a torcer e admitir que me amava apesar do erro que cometi.
Passei a tratar o Ashraf com indiferença, isso o feriu mais do que se eu tivesse demonstrado raiva pelo que me obrigou a fazer, ou continuasse discutindo com ele. Raras vezes trocávamos algumas frases apesar de nos vermos praticamente o tempo todo. A total apatia o fez cair na realidade. Obviamente parei de estudar com ele e nunca mais o deixei tocar no meu corpo, o que também se afigurou para ele como uma tortura, uma vez que continuou a me ver só de roupa íntima ou até nu sob o chuveiro sem poder saciar aquele tesão que deixava o cacetão dele tão duro a ponto de precisar se masturbar para aliviar a pressão do sacão.
- Você é o cara mais idiota que eu já conheci, prefere se foder na prova do que aceitar a minha ajuda. O que quer provar com isso? O namoradinho machão você já perdeu, não precisa mais regular o rabão para os outros porque ele não o quer mais! – afirmou certa ocasião quando a comichão na rola o estava fazendo subir pelas paredes. Não obteve sequer um olhar de minha parte em resposta ao que afirmou.
Me acabei de tanto estudar revisando a matéria, mas não consegui a pontuação necessária para ser aprovado na última prova do semestre antes das férias de verão. Teria que repetir a disciplina no ano seguinte. O Todd foi aprovado e a felicidade dele ao receber a nota bastou para alegrar meu dia.
Minha família estava ansiosa para conhecer o Todd, de tanto que eu havia falado dele e das conversas que tiveram com ele através das videochamadas. Ao chegar em casa sem ele, acabei contando o porquê de ele não ter vindo e ter terminado comigo.
- Você é um puta de um vacilão, Nate! Dou toda a razão para o Todd, eu jamais admitiria que meu namorado saísse por aí dando o rabo em troca de algum favor! – asseverou meu irmão que também era um baita de um garanhão ciumento.
- Eu sei, errei, fazer o que agora! Na ocasião e sob toda aquela pressão, achei que era a coisa certa a se fazer; foi só quando o Todd me largou que percebi o tamanho da cagada que tinha feito, mas já era tarde.
- Dê um tempo a ele, se o que dizia sentir por você é verdadeiro e forte, uma hora ele te perdoa. – argumentou meu pai.
- Duvido! Ele está saindo com uma garota que dava em cima dele e tem esfregado isso na minha cara. – devolvi encarando a realidade.
No recomeço do segundo ano letivo, fui alojado novamente nos dormitórios do Forbes College e, para minha desgraça, o companheiro de quarto era o Ashraf outra vez. Tentei reverter a situação recorrendo a administração do alojamento, mas foi inútil. Seria mais um ano aturando aquele sujeito que antes não me dizia muito, mas que após a perda do Todd me levou a odiá-lo. Eu que sempre encarei a xenofobia como algo a ser combatido e até defendia os estrangeiros e imigrantes perante os xenófobos radicais, agora não encontrava mais argumentos para entrar nessas discussões. E tudo isso se devia ao Ashraf. Não que depois do que ele me fez eu tenha me tornado um desses radicais que abominam e desprezam todos os estrangeiros que vem procurar uma vida melhor no país, mas meu apego às suas causas havia desaparecido.
O Ashraf continuava o mesmo babaca de sempre. Me passava umas cantadas cafajestes, exibia suas ereções, fazia propaganda do corpão viril que, tenho que admitir era bastante atraente e sensual, mas que não me abalava em nada. Eu achava que aquela galera de muçulmanos com os quais conviva eram seus amigos, mas descobri que ele não tinha amigos. Isso se comprovou com a chegada do outono e uns dias particularmente frios quando ele pegou uma gripe forte e teve um início de pneumonia que o deixou acamado por mais de duas semanas. Nenhum daqueles caras, ou garotas apareceu para saber como ele estava, para lhe trazer a matéria dada nas aulas, ou por simples interesse em sua pessoa. No terceiro dia acamado após o regresso dele do hospital onde passou dois sendo medicado por conta da pneumonia, fiquei com pena dele, pois mal tinha forças para ir à cantina ou refeitório para se alimentar. De madrugada, se agitava na cama, suando em bicas e febril. Como asseverava meu irmão, eu era um completo idiota e comecei a ajudá-lo indo pegar suas refeições, trazendo-lhe a matéria das disciplinas, dando-lhe as medicações que haviam sido prescritas. Quando se recuperou voltou a ser o cretino de sempre.
Uma tarde após as aulas, quando o Ashraf regressou ao dormitório, jogou a mochila sobre uma pilha de pastas que estava em cima da mesa de estudos dele a caminho do banheiro. A mochila escorregou e levou consigo algumas pastas que se espalharam pelo chão, deixando escapar algumas provas. Ao recolhê-las, vi que as notas dele na maioria das disciplinas era tão somente mediana para fraca. À exceção da disciplina de cálculo 3 que também estava sendo um enorme desafio para mim naquele semestre, as demais tinham notas abaixo da média da turma. Ele acabou me flagrando com a papelada na mão e a arrancou num gesto bruto.
- Está bisbilhotando nas minhas coisas?
- Não! Quando você jogou a mochila as pastas caíram essas folhas saíram delas. – respondi. – Você tem notas bem abaixo das minhas, exceto em cálculo! Por que nunca me pediu ajuda? Podíamos ter nos ajudado mutuamente, mas ao invés disso você me fez aquela proposta indecente. Você é desprezível, Ashraf! Um mau caráter, cafajeste! De que adianta você se ajoelhar sobre esse tapete duas vezes ao dia para rezar voltado para Meca e mais um tanto de vezes ao longo dia se isso não faz de você uma pessoa do bem? Não faço ideia do que você fica murmurando quando reza, nem que benefícios isso traz para sua personalidade se seu caráter é para lá de duvidoso. E, ao que parece, acontece o mesmo com aquela sua rodinha de amigos muçulmanos, já que nenhum deles teve o menor interesse em saber como você estava quando ficou doente, ou veio lhe trazer qualquer sinal de empatia. Não entendo sua cultura, nada sei sobre ela, mas já antipatizo com ela, uma vez que vocês são esquisitos, não se integram à sociedade onde estão, e criticam a sociedade ocidental como perversa e opressora. Se todos forem iguais a você, eu jamais vou querer qualquer tipo de contato com vocês. – descarreguei.
- Vocês americanos são o próprio demônio! Promovem a destruição mundo afora e acham que são os únicos benfeitores. Os valores ocidentais são a fonte de todos os males que afetam os países de maioria muçulmana. Tudo o que os radicais islâmicos fizeram contra seu povo é pouco diante do que precisa ser feito! – revidou ele.
- Idiota! Por que veio estudar nos Estados Unidos se tem tanta raiva da maneira como vivemos?
- Por que para derrotar um inimigo é preciso conhecer suas fragilidades!
- Eu não acredito no que estou ouvindo Ashraf! O Todd estava coberto de razão, você é um terrorista! Se eu o denunciasse pelas falas que acabou de proferir você certamente seria expulso da universidade e do país. Como pode ser uma criatura tão má, Ashraf? Você me mataria sem o menor constrangimento se isso não o colocasse na prisão, não é? – questionei
- Não seja tolo, claro que eu não ia atentar contra a sua vida! Você não, nunca! – exclamou, mas eu passei a ter as minhas dúvidas.
Enquanto isso, o Todd havia sido realojado com o Jack num dormitório vizinho ao nosso naquele ano, o que nos levava e nos encontrarmos com frequência. Ele não me encarava, não respondia aos meus cumprimentos, mas ficava me observando de soslaio quando estávamos num mesmo ambiente do campus. A tal da garota com a qual estava saindo, nada discreta, não fazia segredo do dote nem do desempenho viril do Todd na cama. Para mim isso nunca foi segredo, eu conhecia cada pedacinho daquele corpão, sabia onde estava cada ponto que o excitava, sabia como era saboroso o esperma leitoso que o cacetão dele ejaculava, sabia como ele gostava de se entregar aos meus afagos após o sexo, ninguém precisava apregoar isso aos quatro ventos. Eu até podia estar enganado, mas que aquela garota nunca chegou a amar e saciar tão plenamente aquele garanhão como eu, isso era certo.
O segundo ano da faculdade não foi tão complicado como o primeiro, tive bem menos dificuldade com as disciplinas e até meu grande desafio na disciplina de cálculo foi superado com o novo professor que substituiu o antigo. Ao término dele e, às vésperas das férias de verão, o Ashraf me convidou a viajar com ele para a casa dos pais que há dois anos visitava no emirado de Sharjah, um dos sete emirados que compõem os Emirados Árabes Unidos. Não fosse ele ter mencionado umas duas ou três vezes durante conversas informais eu nem desconfiava da existência do país. Fui pego tão de surpresa que imediatamente soltei um sonoro – Não! – que ele desconsiderou dado nosso histórico tumultuado.
- Você me acusa de ser um mau caráter, eu quero te mostrar que não sou quem você pensa! Já avisei meu pai que levaria um amigo comigo! – disse ele.
- Você “é” um mau caráter! E tenho milhões de motivos para duvidar das suas intenções com esse convite descabido.
- Estou hasteando a bandeira branca, dá para você ao menos uma vez me dar um pouco de crédito?
- Você sendo esse babaca que é? Onde prende chegar com esse convite? Ainda mais pagando todas as despesas da viagem! Aí tem coisa e eu não vou cair mais uma vez na sua conversa para depois me ferrar. – retruquei
- Prometa ao menos que vai pensar! Não estou tramando nada, juro!
Alguns dias depois, com ele insistindo, topei a tal viagem para conhecer a família e o país dele. Não digo que ainda não continuava desconfiado das intenções do desgraçado, mas qual jovem na minha idade recusaria conhecer um país tão diverso dos que eu conhecia e com tudo custeado?
- Que fique bem claro desde já, não vou deixar você me enrabar, não vou mamar esse pauzão, não vou deixar que sequer rele no meu corpo, está me entendendo? Não pense que só porque está assumindo todas as despesas dessa viagem que eu vou abrir as portas para você! – enfatizei ao concordar com o convite dele. – Continuo não gostando de você, continuo te achando um mau caráter, continuo puto com você por ter feito o Todd terminar comigo. – emendei.
- Sei o que pensa a meu respeito e, juro, nem pensei em me aproveitar de você! – respondeu ele
- Só um néscio acreditaria nisso! E a sua ficha para comigo continua mais suja que pau de galinheiro. A primeira gracinha e eu te mando à merda, entendido!
- Entendido! – dava para sentir a ironia nesse “entendido”, porém deixar passar.
Sharjah, a capital com o mesmo nome do emirado, é uma mescla de antiguidade e modernidade, e foi essa última que me surpreendeu, pois achei que só ia encontrar dunas de areia a perder de vista, mesquitas, um souk repleto de ruelas estreitas e lojinhas vendendo todo tipo de quinquilharias, e alguns beduínos montados em camelos. Com certeza eu tinha assistido filmes hollywoodianos demais.
A família do Ashraf morava num bairro não muito distante da região central com residências cercadas por jardins e alguns poucos edifícios com traços arquitetônicos bem modernos. A suntuosidade da casa foi o que primeiro chamou minha atenção, luxuosa apesar do gosto questionável para um ocidental, a casa era enorme e logo descobri porquê. O pai do Ashraf é um parente afastado, tipo primo em terceiro grau, segundo entendi, da monarquia que governa o país há mais 200 anos, um sheik da dinastia Al-Qasimi, daí o sobrenome do Ashraf. Ele nunca havia mencionado essa sua descendência nobre, o que era pouco usual para um cara que vivia se gabando de tudo, especialmente de seu dote cavalar. Afora essa surpresa, descobri que sob aquele mesmo teto, viviam as duas esposas do pai dele, e mais uma penca de sete filhos, três deles irmãos diretos do Ashraf e mais três meio-irmãos. O que logo me permitiu compreender por que o clima dentro daquela casa em nada lembrava do de uma típica família americana. Tive a impressão que além do individualismo egoísta, também havia uma disputa velada entre as esposas e sua prole.
Acabei sendo alojado num quarto de hóspedes colado ao que o Ashraf compartilhava com um irmão mais velho, Ahmed, uma vez que as outras eram garotas também mais velhas do que ele e ocupavam uma ala mais afastada e isolada, pela qual raramente os irmãos homens circulavam. Eu não sei o que foi que o Ashraf contou a ele sobre mim, mas o degenerado era tão ou mais tarado que o irmão e ficava pegando o tempo todo na rola chegando mesmo a exibi-la descaradamente, me obrigando a ver seu cacetão priápico enquanto ele passava a língua pelos lábios se insinuando. Que aqueles homens tinham problemas com sua sexualidade era mais que evidente.
O pai dele também não ficava atrás, já sexagenário, não disfarçava o tesão que o acometia ao ficar sarando a minha bunda enfiada nas calças justas, o que também logo percebi era algo escandaloso para a cultura deles, uma vez que quase todos os homens usavam roupas mais folgadas. No segundo dia pedi que o Ashraf me levasse às compras, providenciar calças que não salientassem tanto a minha bunda avantajada tornou-se prioridade absoluta ou, antes que desse por mim, seria sumariamente enrabado por aqueles homens cuja religião condenava o homossexualismo, mas que eram tarados por um carinha aloirado de olhos azuis, imberbe, lisinho e bundudo como eu.
- Não é de se estranhar que vocês sejam tarados, a mulherada se cobrindo da cabeça aos pés só pode dar nisso, quando veem uma bunda querem logo meter as rolas nela. – afirmei, ao justificar as calças que acabara de comprar.
- Tem muita mulher que não tem uma bunda como a sua! Eu mesmo nunca estive com uma que tivesse tanta carne nas nádegas como você! Desde a primeira vez que olhei para o seu rabão fui tomado pelo tesão. – retrucou ele, caçoando da minha preocupação em disfarçar os glúteos roliços e carnudos.
Os empregados da casa, muitos aliás, eram todos estrangeiros e viviam praticamente em estado de escravidão, eram mal tratados por todos e davam a impressão de não verem a hora de sair dali. O Ashraf se recusou a falar comigo sobre essa minha impressão e ficou bravo quando expus meu ponto de vista. Lendo mais sobre o assunto nas minhas pesquisas sobre os Emirados Árabes Unidos, descobri que a prática de explorar mão de obra estrangeira barata era comum. Alguns empregadores até retinham os passaportes dos empregados para que se sujeitassem sem protestar.
Desconfiado das intenções do Ashraf eu trancava a porta do quarto todas as noites, o que não serviu de nada uma vez que no meu terceiro dia hospedado ali, acordei pouco antes do alvorecer e o Ahmed estava completamente pelado encaixado nas minhas costas. Por pouco não soltei um grito, o que teria certamente provocado um escândalo. Ao tentar me desvencilhar do braço que envolvia meu tronco me mantendo junto dele, ele me reteve, encoxou minha bunda e sussurrou no meu ouvido.
- Quero foder seu cuzinho! Sei que gosta de uma caceta no rabo e como você sabe tenho uma bem grossa e gulosa todinha para você! – o inglês dele, apesar de sofrível, sussurrado naquela voz grave carregada de tesão, me deixou completamente perdido. Fazia meses que meu ânus não sabia o que era uma pica, e ele parecia ter sua própria opinião e desejo quanto àquela que estava sendo roçada em seu introito, o que o fez piscar.
- Eu vou gritar, Ahmed! Juro que vou gritar se você não sair desse quarto agora! Vocês são doentes! Que tipo de machos são você e seu irmão que professam uma religião que condena e até sentencia à morte os homossexuais, mas que não podem ver a bunda de outro cara sem conseguirem segurar o tesão? – questionei
- Você disse bem, a religião condena os gays, não os machos! O Ashraf e eu somos machos e nossas leis nos garantem todas as prerrogativas. Mas, deixemos essa questão de leis e religião de lado, me dá esse rabinho Nathan, o Ashraf me disse que nunca enfiou a pica em nada tão apertadinho. – afirmou o degenerado.
- Nem pensar! No três começo a gritar e seja lá o que Alá quiser!– no três ele se escafedia pela porta, enquanto meu coração disparado quase saía pela boca.
No café da manhã contei ao Ashraf o que havia acontecido, ele riu e me devolveu essa na maior cara de pau – Se tivesse me deixado dormir com você, nada disso teria acontecido! – fuzilei-o com o olhar.
Sharjah tem paisagens muito diversas das que eu estava acostumado a ver, tinham lá o seu quê de bonitas e interessantes, talvez por me parecerem exóticas. O Ashraf e o irmão tarado me levaram a diversos lugares, eram cativantes como guias turísticos e não perdiam nenhuma oportunidade de tirar uma casquinha, ora me exibindo suas picas, ora enchendo as mãos nas minhas nádegas, ora me propondo sexo escrachadamente. Eu tinha a sensação de não sair ileso do país, em algum momento seria enrabado por um dos dois, ou até mesmo pelo velhote descarado do pai, que ficava me sarando diante das esposas e dos filhos. Foi a primeira vez na minha vida que dei valor ao meu país, ao seu povo, à liberdade que havia nele, mesmo sabendo que nada era perfeito, que havia muita distorção na política e no capitalismo; mas que, apesar disso, proporcionava à sociedade uma segurança e liberdades que estavam longe de serem uma realidade naquele lugar.
Quando o Ashraf e eu voltamos para os Estados Unidos depois das férias, ao me despedir deles senti que apesar do meu esforço para ser simpático, interessado em seus costumes, agradecido pela hospedagem, não deixei nenhuma marca em nenhum deles, com a mesma frieza e indiferença com a qual fui recebido estava sendo a despedida. Exceção é claro na frustração que deixei no velhote e no Ahmed por não terem consigo meter suas rolas no meu ânus prodigioso. O Ashraf ainda tentou me foder durante o longo e cansativo voo de regresso, só não conseguiu porque um comissário de bordo o flagrou tentando arriar minha calça quando o pauzão dele já estava de fora duro feito uma rocha. Ele foi tão ousado por uma única razão, quando as aulas recomeçassem, dali a quatro dias, não seríamos mais companheiros de dormitório e, portanto, aquela se afigurou a última chance de me enrabar e satisfazer sua tara por mim.
O distanciamento foi maior do que ele esperava, não só não compartilharíamos mais do mesmo dormitório como estaríamos em edifícios de alojamento separados. Ele permaneceu num dormitório do Forbes College, mas eu fui realocado no Whitman College, um alojamento para terceiro e quartanistas egressos do Forbes College. Para completar sua desilusão, o Todd também foi realocado, e para um dormitório no mesmo corredor do meu. A partir de então, só nos reencontrávamos em sala de aula ou em algum lugar movimentado de uso comum dos estudantes, o que o impossibilitava de me assediar na mesma desfaçatez e insistência de antes.
No entanto, não foi apenas essa a única mudança que aconteceu no meu terceiro ano de faculdade. O Todd havia terminado com a garota que estava saindo, ficou praticamente todo o primeiro semestre vagando apenas com o pessoal da turma dele, o que me encheu de esperança e até me levou a abordá-lo algumas vezes na tentativa de voltarmos a ficar juntos. Contudo, o turrão era mais irredutível do que eu imaginei. Dava para sentir no olhar dele que ainda nutria sentimentos por mim, mas as palavras que saíam de sua boca continuavam tão ásperas e recriminatórias como quando terminou comigo. Já no início do segundo semestre, ele começou a ficar com um carinha que o disputou comigo durante o primeiro ano. Era um gay bonito de rosto e corpo, que correspondia a todo flerte que recebia, tanto que poucos meses depois, um bando de machos afirmava ter socado as picas no rabo dele. A bem da verdade, nem todas essas afirmações eram verdadeiras, mas a fama se espalhou pelo campus como fogo em relva seca. Eu sempre soube que o Todd não fazia o tipo dele, seu único interesse estava no caralhão e naquela estrutura viril de seu corpão. No fundo, ele só se interessava por qualquer garanhão que não conseguia segurar o cacete dentro das calças, o que não era o caso do Todd que queria muito mais de um relacionamento. Apesar dessa incompatibilidade entre os dois, foi mais uma forma que o Todd encontrou de me esfregar na cara o que eu havia perdido ao deixar que o Ashraf me enrabasse.
- Você é o maior bestalhão que eu já conheci! – afirmei certo dia em que encontrei os dois numa balada e ele não parava de olhar para mim enquanto, bolinava a bunda do carinha e trocava beijos lascivos. Eu sentia tanto ciúmes dele que meu sangue fervia nas veias, embora isso aparentemente não lhe causava nenhuma diferença.
Meu companheiro de dormitório durante o terceiro ano foi um colega do Grant do time de hóquei, Erik, um hetero inflexível que, no entanto, me fez perder algumas noites de sono seduzido por seus atributos físicos. Desiludido com o Todd e querendo dar o troco, eu até tentei seduzir o machão, mas meu corpo parecia despertar nele a mesma sensação que uma parede despojada. Tínhamos papos gostosos, éramos gentis um com o outro, rolava um companheirismo salutar, assistíamos a filmes e séries esparramados na minha cama por ela estar numa posição mais privilegiada diante da televisão, mas não passava disso. O cara era tão hetero que a presença de um gay não abalava suas convicções. Fazer o quê? Provocar ciúmes no Todd com o Erik estava fora de questão, até porque ele colecionava um extenso rol de garotas que já tinha fodido e, era essa a sua diversão descompromissada.
No quarto ano dividi o dormitório com outro estudante estrangeiro, um brasileiro bronzeado com uma bolsa de estudos parcial, o que o obrigava a dedicar a maior parte de seu tempo aos estudos para não a perder. O inglês dele ainda era cheio de vícios, mas a simpatia e o corpão musculoso e viril compensavam tudo. Como ele não cursava a mesma faculdade, não o tinha visto pelo campus até então. Ao contrário do que havia acontecido com a recepção fria e seca do Ashraf, o Ricardo foi afetuoso desde o primeiro dia. Em poucas semanas estávamos tão entrosados que parecíamos um casal quando nos encontrávamos na cantina ou no refeitório onde passamos a fazer todas as refeições juntos quando nossos horários permitiam. Na privacidade do dormitório o entrosamento foi ainda mais forte, eu fascinado pelo corpão másculo dele e ele babando de tesão pela minha bunda. Não demorou pouco mais de um mês para que numa noite chuvosa do começo do outono, eu estivesse sentindo todo potencial e tamanho do caralhão dele arregaçando meu cuzinho. Ele era carinhoso e cuidadoso durante os coitos, se entregava todo bonachão as minhas carícias e beijos ao final das transas quando eu o recompensava pelo desempenho e pelo tanto de sêmen que umedecia meu rabo. Não fazíamos planos para um futuro juntos por sabermos que aquilo duraria apenas o período que nos restava para cada um seguir seu caminho depois da faculdade. Contudo, havia afeto, carinho e uma amizade sincera e profunda que dava direito a um sexo sem cobranças e expectativas. Deixávamos rolar como vinham os sentimentos, o tesão e a cumplicidade. Isso foi o bastante para que o Todd, ao nos ver juntos, sentisse ciúmes pela primeira vez após o Ashraf. Eu não estava com o Ricardo de caso pensado, apenas tinha acontecido e eu deixei evoluir.
- Esse sujeitinho está te ajudando em qual disciplina? Está pagando as aulas com o rabo como é seu costume? Ao que parece você tem um fetiche por estrangeiros garanhões de pica grande! – despejou enciumado o Todd num dia no qual veio atrás de mim e me encurralou contra a parede após ter-me visto aos beijos com o Ricardo numa ala de pouco movimento do edifício da administração.
- Me larga, Todd! Se quiser que alguém te dê explicações, vai dar uma prensa naquele seu novo amiguinho que você anda fodendo.
- Eu quero as tuas explicações, de mais ninguém! É você quem deve se explicar para mim!
- Posso saber porquê? Não foi você mesmo quem terminou comigo, que me disse que nunca mais queria olhar na minha cara? Por que raios eu teria que te dar explicações, Todd?
- Seu putinho do caralho! Não me faça perder a cabeça, Nate! – rosnou ele, demonstrando que o que sentia por mim ainda estava mais vivo dentro dele do que queria deixar transparecer.
- Quem não quer mais saber de você sou eu, portanto, me deixe em paz! – revidei. Ele sabia que eu estava mentindo tanto quanto ele com suas afirmações motivadas pelo ciúme.
Quando jovens temos aquela sensação estúpida de sermos onipotentes, de estarmos sempre certos e o restante do mundo errado e, tanto eu quanto o Todd estávamos levando isso às últimas consequências. Nenhum de nós cedeu e, após a formatura, cada um seguiu seu caminho apesar de saber que estava deixando para trás a felicidade de toda uma vida.
Algumas vezes conjecturei deixar o orgulho de lado e ir à procura dele, pois sabia onde ele morava em Harrisburg, na Pensilvânia, quando me levou em alguns feriados para conhecer sua família, e tentar mais uma vez obter seu perdão pelo meu erro. Mas então algo no meu subconsciente ficava se perguntando, você fez mesmo algo tão abominável, tão absurdo ao se ver pressionado a perder o ano naquela disciplina quando não havia mais nenhuma saída possível, que não mereça a compreensão e o perdão dele? Afinal, ele também se beneficiou do seu sacrifício ao se entregar a um sujeito sem caráter que se aproveitou da sua vulnerabilidade. Aí o orgulho entrava em ação e dizia – Não! Não rasteje pelo amor de um cara que foi incapaz de compreender seu gesto desesperado e simplesmente te virou as costas e te menosprezou – e eu desistia da ideia de procurar por ele, mesmo sentindo aquela dor no peito que nunca me abandonava.
Algumas empresas recrutavam talentos entre os estudantes egressos de Princeton que tiveram os melhores desempenhos, deixando formulários de intenção que deveriam ser enviados às empresas após a conclusão do curso. Eu me candidatei a três delas pouco antes da formatura na intenção de obter um emprego, uma vez que acabei me formando entre os cinco melhores da turma apesar da dificuldade que tive inicialmente na disciplina de cálculo. Uma dessas empresas, um dos maiores grupos no ramo da engenharia e construção dos Estados Unidos, tinha inclusive uma afiliada em nossa cidade, Baltimore, e eu aguardei ansioso por quatro meses uma resposta da parte deles.
Estremeci ao ver sobre o aparador na entrada do hall o envelope com o logo do grupo que o correio havia entregue naquela manhã. Rasguei o envelope com tanta afobação que acabei rasgando um canto superior da carta que me convocava para uma entrevista aqui mesmo na cidade. Saí saltitando para contar a novidade para a minha mãe que estava no escritório envolvida com seus projetos.
- Eles me chamaram, mãe! Olha aqui, nem acredito! – exclamei eufórico entregando-lhe a carta.
- Parabéns, filhote! Com as tuas notas era de se esperar que uma empresa desse porte o quisesse entre seus colaboradores. Seja confiante nessa entrevista, mostre do que é capaz e, tenho certeza, terá uma vaga a sua espera. – disse ela, me abraçando sem esconder o orgulho de mãe coruja.
Por mais dicas que meus pais tenham me dado na véspera da entrevista, eu estava nervoso, minhas mãos suavam, e minha respiração mais parecia um motor emperrado quando me vi diante de dois senhores de meia idade, alguns cabelos brancos nas têmporas, olhares perscrutadores e feições de uma gentileza profissional. Por cerca de três quartos de hora respondi a mais de uma dezena de perguntas sentado numa cadeira que me parecia um patíbulo.
- Muito bem, meu jovem Linton! Você acaba de conseguir uma vaga no departamento de projetos de equipamentos de saúde. Em um ou dois dias receberá um e-mail do setor de RH com a documentação que deverá apresentar em seu primeiro dia de trabalho conosco. – disse um deles, após terem se entreolhado como se tivessem chegado a um acordo. Meu primeiro impulso foi o de pular no pescoço dos dois e cobrir aqueles rostos com beijos de gratidão, mas apesar de ser gay eu ainda era enrustido demais para uma cena inconveniente dessas.
Eu levava cerca de meia hora de casa para o trabalho, o que me deixava com um bom tempo livre após o expediente para outras atividades de lazer. Meu chefe direto, Murray, era também o diretor do departamento, estava na casa dos quarenta e poucos anos, era extremamente extrovertido e brincalhão embora bastante compenetrado quando se tratava de liderar a equipe e desenvolver os projetos. Talvez esse aspecto de sua personalidade só interessasse a mim e às poucas mulheres que trabalhavam no departamento, o fato de ser um machão exalando testosterona por todos os poros. Embora fosse casado e pai de um casal de pré-adolescentes, a mulherada não perdia a oportunidade de jogar charme para cima dele que, por seu lado, não escondia o quanto isso o envaidecia. Gays são sempre pouco privilegiados nesse aspecto, além de precisarem manter uma postura o mais máscula possível, o que os impede de serem notados como possíveis candidatos a um envolvimento, também lhes faltam certos atributos físicos que deixam os machos perturbadoramente dispostos a explorar cada um deles. Enquanto eu não deixei de reparar naquele contorno enorme que lembrava um salame junto à coxa esquerda dele, ele também não deixou de notar que todas as minhas calças eram fartamente preenchidas por uma bunda de fechar o comércio e provocar uma comichão na pica. Cada um na sua, nosso entrosamento foi rápido e logo se estabeleceu um companheirismo sincero que extrapolava o ambiente de trabalho.
Há poucos dias de completar um mês no meu primeiro emprego, o Murray anunciou a chegada de um novo membro ao time e, na manhã do dia seguinte, o apresentou a equipe. Eu fiquei tão pasmo e desconcertado que todos repararam na minha reação ao ficar frente a frente com ninguém menos do que Todd Richardson Ratliff, como pronunciou o Murray ao apresentá-lo. A expressão surpresa do Todd deixou transparecer que não era a primeira vez que estávamos nos vendo, e logo ficou pairando no ar uma curiosidade que todos queriam desvendar.
- Oi! – cumprimentou ele, me penetrando com seu olhar
- OI! – devolvi, enquanto ele apertava minha mão trêmula e úmida.
- Vocês se conhecem? – eu sabia que a pergunta não ia tardar, quando o Murray a fez.
- Sim! – respondemos ao mesmo tempo.
- Sim, somos da mesma turma em Princeton! – esclareceu o Todd, pois eu não me atrevi a responder porque sabia que ia gaguejar de tão nervoso que fiquei.
- Legal! Então não terão nenhuma dificuldade de se adaptarem um ao outro! – exclamou o Murray, sentindo que havia algo entre nós que requeria uma solução.
- Não, não teremos. – retruquei, sabendo que talvez não houvesse mais nenhuma chance de adaptação.
No dia seguinte, no canto do café, o Murray veio ter comigo. Ele estava particularmente excitado naquele dia e, quando digo excitado, quero dizer literalmente. Não sei o que estava se passando com ele no âmbito familiar, mas seu olhar lupino sobre a minha bunda naquela manhã ao me dar bom dia e, uma indisfarçável ereção em curso quando me perseguiu até o café indicavam que as coisas familiares não deviam estar à mil maravilhas.
- Notei que você ficou perturbado quando apresentei o Todd à equipe, vocês se davam bem na faculdade? – perguntou num tom confidencial
- Fiquei surpreso, foi só isso! Sim, éramos bons amigos em Princeton. – respondi
- Ah, legal! Perguntei porque percebi que ele também ficou um tanto quanto surpreso ao te encontrar aqui. Vocês não mantiveram mais contato depois da faculdade? – eu já começava a me sentir encurralado com as perguntas dele.
- Não, não mantivemos! Foi cada um para seu lado!
- Alguma razão especial para isso? – o interrogatório não ia parar enquanto ele não me espremesse feito um limão para obter todo o suco.
- Nenhuma! – eu sempre fui um péssimo mentiroso e ele percebeu
- Tiveram um caso que não acabou bem! – a charada estava descoberta
- Sim! – eu já não conseguia mais encará-lo, baixei o olhar e queria evaporar no ar.
- Ainda sente alguma coisa pelo Todd?
- Não sei!
- Você é extremamente discreto Nate, mas eu percebi que é gay, um gay muito lindo e atraente por sinal. Você também deve ter reparado que não me é indiferente. – afirmou, ao mesmo tempo em que deixou de tentar disfarçar a ereção. – Eu não devia estar me abrindo com você dessa maneira, pode estar dando a falsa impressão de que estou te assediando, mas venho tendo problemas no meu casamento e, desde o primeiro dia em que você se juntou à equipe, eu tenho sentido um carinho muito especial por você.
- Por favor, Murray, não! – exclamei interrompendo-o. – Acho você um chefe muito bacana e você acabou de me perguntar se ainda sinto algo pelo Todd e, eu preciso ser sincero, eu nunca deixei de o amar, apesar de tudo o que aconteceu entre nós. – confessei, antes que aquilo tomasse proporções difíceis de contornar.
- Não, eu entendo! Me desculpe se passei dos limites! Meus problemas pessoais estão me deixando fora do eixo, perdão! – retrucou ele, querendo deixar a saleta do café com aquela baita ereção descontrolada entre suas coxas musculosas.
- Murray! Espere! Estou torcendo para que consiga resolver seus problemas conjugais, e quero que saiba que me sinto lisonjeado pelo que está acontecendo aí dentro das tuas calças. Se houver qualquer coisa que eu possa fazer por seu casamento, saiba que estarei aqui para o que precisar. – devolvi, comovido pelo sofrimento dele.
- Você não existe, Nate! Estou me sentindo um adolescente que não consegue controlar seus impulsos e estou vexado por essa coisa não me dar sossego! – disse, apontando para o caralhão esticado e duro, ao mesmo tempo em que me dava um abraço sufocante.
- Em relação a isso não posso fazer nada, só dizer que para um homem como você isso é a coisa mais natural do mundo. – afirmei, fazendo-o esboçar um sorriso envergonhado.
Aquela pausa para o café demorou mais do que a prudência recomendava e, quando voltamos para o setor, não faltavam olhares nos observando, o do Todd, mais inquisitivo do que os demais.
- Faz um mês que está trabalhando aqui, e já está dando o cu para o chefe? – questionou o Todd ao final do expediente quando estávamos no estacionamento. Fiquei tão puto que instintivamente quis estapear aquela cara petulante que mais uma vez me cobrava explicações.
- Estrupício! – exclamei furioso, enquanto ele retinha a minha mão a caminho de seu rosto, esmagando meu pulso. – Até quando vai achar que sou um prostituto que se vende como se não tivesse caráter? Você é um idiota, Todd! O maior idiota que eu já conheci! – desandei a afirmar sem conseguir segurar o choro.
- Seu putinho do caralho, será que não percebe que me mata de ciúmes toda vez que vejo um cara se aproximando de você? Primeiro foi aquele terrorista filho da puta do caralho com quem viajou e deve ter feito orgias inomináveis, depois aquele miserável do brasileiro parrudo e bronzeado que você esfregou nas minhas fuças durante o último ano da faculdade e agora esse tarado do nosso chefe, como quer que eu aguente? Não sei se você se deu conta, mas o cara fica de pau duro toda vez que você se aproxima. Isso me deixa louco, Nate! Eu te amo, caralho! Perco a cabeça só de pensar em você com outro cara! Faz ideia de quantas vezes pensei em te procurar para fazer a pazes depois que saímos da faculdade, sabe Nate? Foi pelo menos uma dezena de vezes! Mas aí eu pensava, ele nem deve mais se lembrar de mim, já deve encontrado outro cara que está comendo aquele cuzinho tesudo da porra e esquecido o quanto eu o amo! – sentenciou exaltado.
- Se te serve de consolo, eu pensei o mesmo tanto de vezes em te procurar, mas depois me lembrava de como me rejeitou, como me ignorou por quase três anos se envolvendo com aquela garota e depois com aquele gayzinho que sempre quis a sua rola. O pauzão que era só meu, o pauzão que eu gostava de mamar e sentir pulsando dentro de mim. Eu só dei o troco, seu estrupício insensível! – confessei
- Quis me procurar? Ficou com ciúmes? Sente falta do meu cacete? – foi perguntando com a voz sensualizada, se aproximando de mim e me prensando contra o meu carro, sem tirar aquele olhar devorador de cima de mim, enquanto sua boca estava a centímetros da minha.
- Babaca! – exclamei, pressentindo que ia capitular
- Veadinho puto!
- Estrupício!
- Tesudo do caralho, vou te foder, você é meu! – proferiu antes das nossas bocas se unirem num beijo devasso no qual línguas e saliva compactuavam de um tesão incontrolável.
Passei a noite no apartamento que ele havia alugado desde que se mudou para Baltimore por conta do emprego, o tempo todo nu, pois tão logo cruzamos a porta de entrada ele me despiu numa voracidade famélica. Nem perdemos tempo jantando, nos devoramos mutuamente no quarto, eu mamando o caralhão suculento dele até minha boca ficar cheia de porra e ele lambendo e mordiscando meu cuzinho lépido e sedento por acolher sua verga indômita.
- Amo você, seu putinho! De agora em diante vou ser seu macho! – sussurrou ele junto ao meu ouvido enquanto deixava seu peso cair sobre mim.
- Você sempre foi meu macho, seu bestalhão! O único! – murmurei, enquanto abria as pernas nas quais ele se encaixou, ao mesmo tempo em que dois de seus dedos grossos dedavam minha rosquinha anal.
Com os joelhos quase tocando nos ombros largos dele, senti a pressão da cabeçorra do cacete forçando meus esfíncteres. Ele não tirava os olhos de mim, seu corpão estava tenso pronto para o coito. Assim que minhas pregas se distenderam para dar passagem para a verga dele, soltei um ganido, sentindo as carnes se dilacerando.
- Vai devagar com esse troço enorme, Todd! Você bem sabe que meu buraquinho pena quando você se enfia dentro dele! – exclamei, empurrando seu torso pesado e viril para trás na tentativa de amenizar a penetração.
- E não é que ele continua tão apertadinho como da primeira vez em que o descabacei! – ronronou ele, empurrando o falo grosso e rijo para dentro do meu cu. – Mesmo tendo dado esse cuzinho feito uma puta, você continua um tesão da porra de tão apertado! – emendou safado e desbocado. Desferi um soco em cada um de seus ombros.
- Puta é você, seu cretino, que trepou com meio mundo na faculdade só para me irritar! – exclamei em meio aos ganidos, pois apesar de todo o cuidado com o qual o Todd estava se enfiando dentro de mim, a dor se fazia presente.
- Te deixei com ciúmes, não foi? Era disso aqui que você sentia falta, confessa! – retrucou, metendo progressivamente a cacetão no meu cuzinho que se abria dadivoso para ele.
- Disso e de você inteiro, seu safado arrogante!
- Tive medo de nunca mais me sentir envolvido por suas carícias, Nate! Eu só quero você! Quero que seja meu, que seja meu parceiro pelo resto da vida!
- É o que mais quero nessa vida, Todd! – devolvi, antes de juntarmos as bocas quando o cacetão dele estava completamente atolado meu ânus, pulsando enérgico e cheio de tesão.
Agarrei-me a ele durante o prazeroso vaivém com o qual me fodeu, gemi envolto numa luxúria sem fim, aninhando meu macho e seus desejos nas profundezas da minha carne e do meu ser. Ele me estocava com gentileza e carinho, em seu olhar radiante fulgurava toda a paixão que sentia por mim. Eu me perdia nela, afagava seu rosto viril e deixava que o gozo que me acometeu, ejaculasse todo esperma sobre meu ventre.
- Te amo tanto, Todd! – sussurrei apaixonado.
A declaração e meu olhar fixo nele, desencadearam o orgasmo nele, a pelve se retesou, o vaivém frenético deu lugar a estocadas mais espaçadas e intensas, o arfar dele foi se transformando num urro e, uma estocada funda o levou a se despejar todo no meu casulo anal. Os jatos entravam aos borbotões, escorriam sobre a mucosa esfolada do meu cuzinho e me penetravam tão profundamente que tive a sensação de estar fecundado.
- Você é meu, Nate! Amo você! – balbuciou com a voz entrecortada pela respiração acelerada.
Ao soltar o peso do corpão sobre mim, nossas bocas voltaram a se unir selando uma união que seria o nosso comum dali em diante, por havermos superado mal-entendidos, provocações e desavenças muito menores do que o amor que sentíamos um pelo outro.