O Desejo Implacável

Um conto erótico de Casal Tatuíra
Categoria: Heterossexual
Contém 932 palavras
Data: 16/05/2025 10:19:03
Última revisão: 16/05/2025 10:22:54

Fernando já não dormia há três noites. Três! E o rosto de Cris, aquele rosto de mulher fatal e santa, não lhe saía da cabeça. Nas madrugadas, suava frio, como um tuberculoso. Pensava: "Mulher dos outros tem cheiro diferente." E era verdade.

Cris usava um perfume discreto, quase pudico. Mulher de quarenta anos, talvez quarenta e dois. E casada! O marido, um sujeito grisalho e magro, desses que têm mau hálito crônico. Fernando conhecia o tipo. Mas que importava o marido? Na sua obsessão, o marido era um detalhe, um reles figurante.

Enquanto os colegas falavam de futebol, ele só pensava nela. Nas pernas dela. No andar dela. Cris tinha esse poder — era pudica e, ao mesmo tempo, obscena sem saber. Usava saias abaixo do joelho, blusas abotoadas até o pescoço. A virtude nela era uma provocação insuportável!

Uma vez, Fernando a viu na missa de domingo. De terço na mão, olhos baixos, quase virginal. E foi ali, entre santos e velas, que seu desejo se tornou ainda mais violento, mais abjeto. Queria profanar aquela santidade, arrancar-lhe a máscara de decência.

— Todos têm um tarado dentro de si — murmurava Fernando para si mesmo, com um sorriso amargo.

E então, começou o jogo sórdido. Fernando lançava olhares, desses que despem uma mulher sem tocar-lhe. Indireta aqui, gracejo ali. E ela — a santa! — sorria. Um sorriso que não era de esposa, não. Era o sorriso da Eva antes da maçã, pura malícia disfarçada de inocência. Cris fingia não entender, mas entendia. Oh, se entendia!

Vieram as mensagens. Primeiro, protocolares. Depois, levemente ambíguas. Fernando lia e relia cada palavra, como um teólogo interpretando escrituras profanas. Para ele, cada resposta era uma promessa velada. Para ela? Ah, para Cris era apenas uma diversão frívola, um pequeno pecado que se confessa aos domingos. Ele fervia; ela apenas se aquecia.

— As mulheres casadas têm essa coisa — pensava Fernando — fingem que não querem, mas querem.

E veio o convite, fatal como uma sentença:

— Tenho um lugar, um prédio de família, limpo, luxuoso, ótima localização. Ninguém desconfiará ao te ver entrando lá — Fernando atirou as palavras como quem atira uma isca envenenada.

E ela, a virtuosa, mordeu:

— Vou, só para conversar — delimitou, com aquela hipocrisia das mulheres que já decidiram pecar.

No dia marcado, Fernando estava lá. Uma hora antes! Ridículo em sua ansiedade. A melhor roupa, o melhor perfume. E a barba por fazer, estudadamente descuidada. Sabia que ela gostava. Mulheres como Cris adoram essa contradição — o homem arrumado com um toque de selvageria.

E então ela apareceu. Meu Deus! Uma camiseta branca — branca! —, uma calça jeans vulgar. Tão recatada e, justamente por isso, tão obscena. O perfume doce invadiu o apartamento como uma profanação. Os cabelos ondulavam, pareciam ter vida própria. Fernando sentiu a boca seca.

Impossível não reparar nas curvas que a simplicidade da roupa não conseguia esconder. Os seios firmes, as coxas torneadas, o traseiro redondo e empinado. Carne, tudo carne! Mas Fernando, no seu delírio, via além.

O que o enlouquecia era aquele olhar de Capitu — oblíquo e dissimulado. E o sorriso! Ah, o sorriso de canto de boca, úmido de malícia. Era o sorriso de uma mulher que sabia exatamente o que estava fazendo ali, apesar do "só para conversar".

Ela caminhou pelo apartamento. Cada passo, uma tortura para Fernando. Os quadris balançando na medida certa, nem muito, nem pouco. Dissimulada até no andar!

— Que apartamento lindo. Quem decorou? — perguntou ela, fingindo interesse pelos móveis, pela decoração, pela vista.

Fernando respondeu tudo. Ansioso! Patético! Educado como nunca havia sido, nem com a própria esposa. Se rebaixava e sentia prazer nisso. O adultério tem dessas coisas — transforma homens em capachos perfumados.

Na sacada, ela parou. Olhou o mar, a praia. Havia naquela postura um convite mudo. Fernando sabia. As mulheres nunca dizem, apenas sugerem. E ele aceitou o convite. Aproximou-se. Tocou-a.

— Para, não podemos — disse ela, com aquela frieza burocrática das mulheres que já decidiram dizer sim.

Ele cheirou seus cabelos. O perfume! Aquele perfume deveria ser pecado mortal. Ela suspirou. Não foi um suspiro qualquer. Foi o suspiro de Eva mordendo a maçã. A mão dele, ousada, tocou-lhe a cintura. Ela permitiu. Os corpos se encontraram, como dois destinos finalmente cumpridos. A mão dele avançou, ela gemeu.

Logo estavam na cama. Gemidos, urros, beijos, lambidas e chupadas. Fernando se sentia no céu, ou talvez no inferno — que importa o lugar quando se está nas nuvens?

— Me xinga — pediu ela.

E ele xingou, como quem reza uma oração profana:

— Cadela! Vaca! Meretriz!

— Xinga o Marco — ela insistiu, ofegante.

— Ãnn? — Fernando não entendeu. Um frio na espinha.

— Fala, fala que o Marco é corno e frouxo, que não dá conta de mim, vai!

Um silêncio. Desses silêncios que definem toda uma vida. Fernando parou. Saiu debaixo dela e começou a se vestir. Suas mãos tremiam.

— O que foi, Fernando? — perguntou ela, perplexa, cobrindo o corpo com o lençol, como se a nudez agora importasse.

— Olha aqui, Cris — disse ele, com uma dignidade inesperada —, te comer, trair a minha mulher, sermos adúlteros, tudo bem, tudo bem. Agora, chamar meu concunhado de corno, ah, isso não! Isso não dá!

O silêncio de novo. Pesado como uma lápide. Foram embora, cada um para sua vergonha particular.

E nunca mais tocaram no assunto. As reuniões de família, antes tão plenas de flerte, de olhares furtivos, de sorrisos ambíguos, agora tinham essa coisa — um gelo cortante entre os dois. O pecado não cometido é pior que o consumado. E ambos sabiam disso.

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