A noite caía sobre a cidade, tingindo o céu em tons profundos de púrpura, como uma ferida que se fecha lentamente. Laura desceu do táxi em frente ao prédio mórbido onde Dorian morava, uma torre de pedra escura com janelas estreitas que pareciam olhos tristonhos e atentos às agruras alheias. Seus saltos ecoavam nas lajes gélidas do saguão vazio, enquanto a porta antiga rangeu ao se abrir para ela.
Dorian a esperava no último andar, onde néons em um amarelo envelhecido lançavam sombras inquietas nas paredes de pedra, e uma música lenta e hipnótica flutuava pelo ar. Ao abrir a porta, ele a encarou com seus olhos profundos, o cabelo negro caindo sobre a testa. Sem palavras, ele a puxou para si, fechando a porta com um movimento firme e silencioso.
O perfume amadeirado dele, misturado ao leve aroma de incenso que preenchia o ar, envolveu Laura, fazendo-a fechar os olhos por um instante. Os dedos dele deslizavam pela curva de suas costas, frios e fortes, como o toque de mármore. Ela arqueou as costas, entregando-se ao momento, sentindo o coração acelerar ao ser puxada para a penumbra.
Depois de algumas carícias e troca de olhares sugestivos entre eles, Dorian a guiou pela sala, seus corpos se unindo em beijos profundos, onde a língua dele parecia provar não apenas seu gosto, mas também seus desejos escondidos. Ele a pressionou contra uma parede fria, o toque intenso contrastando com o calor que emanava deles. A sensação de estar tão exposta, suspensa entre o desejo e o perigo, fez o corpo de Laura estremecer.
— Você não imagina o quanto eu esperei por isso — ele sussurrou, os lábios roçando seu ouvido enquanto as mãos exploravam as curvas do corpo dela, já quase sem defesas.
Laura sorriu, suas unhas curtas cravando-se levemente na nuca dele, puxando-o para mais perto de si. Sentiu o calor se intensificar, a respiração se tornando mais célere, enquanto os músculos dele se enrijeciam sob suas mãos como forma de reação aos seus estímulos.
Agora com mais ímpeto, Dorian a girou, pressionando-a contra o vidro turvado da janela que oferecia uma vista da cidade distante e solitária — quase sombria —, iluminada apenas por luzes trêmulas. As mãos de Dorian deslizaram pelas coxas de Laura, subindo lentamente enquanto os lábios dele desciam pelo pescoço dela, arrancando pequenos suspiros de seus lábios entreabertos.
Laura arqueou os quadris em direção a ele, quase como um convite impetuoso, sentindo a rigidez que agora pressionava contra seu corpo. As mãos firmes de Dorian levantaram o vestido dela, revelando a pele quente e macia. Ele se abaixou, os lábios seguindo o caminho que suas mãos traçaram, deixando uma trilha de beijos ardentes que faziam seus joelhos tremerem.
Com um movimento ágil, Dorian a pegou nos braços, carregando-a em direção ao quarto, onde as sombras dançavam pelo cômodo, projetadas pelas pequenas luzes néon espalhadas por aquele lar rústico. Ele a deitou na cama de dossel, onde os tecidos pesados pareciam prender o calor deles como um segredo proibido. As cortinas escuras balançavam levemente com a corrente de ar, como se até mesmo o vento fosse cúmplice daquele enlace lúbrico e soturno.
As roupas se desfizeram em um emaranhado de tecidos e suspiros agitados, caindo como folhas no chão frio. Dorian a envolveu completamente, cada toque seu parecia incendiar a pele de Laura, os corpos se movendo em perfeita sincronia, como se cada respiração, cada gemido, fosse uma nota em uma melodia cuidadosamente composta.
Os lençóis se enroscavam ao redor deles, seus corpos entrelaçados, as mãos de Dorian explorando cada curva, cada detalhe da pele de Laura. Ele a segurou forte, os dedos cravando suavemente em sua carne enquanto se movia sem nenhuma pressa, aprofundando-se com cada investida, arrancando dela suspiros que ecoavam pelas janelas do quarto e se perdiam na escuridão solitária da rua.
Laura, completamente entregue, sentia-se como uma mariposa hipnotizada pela chama, consumida pelo desejo intenso que queimava entre eles. Seus corpos se chocavam com movimentos lúbricos, moldavam-se perfeitamente, entregando-se ao ritmo frenético de uma dança primal, embebidos de lascívia, como dois espíritos se encontrando além do tempo e do espaço.
Laura o puxou para mais perto, suas pernas enroscando-se ao redor dele, sentindo cada centímetro de seu corpo esbelto se fundir ao dela. O mundo ao redor desapareceu, deixando apenas o calor, o movimento e os sussurros roucos que se misturavam ao som distante da tempestade que agora rugia lá fora. Os relâmpagos surgiam pelas janelas como flashs fotográficos registrando sombriamente aquele momento licensioso.
Quando o clímax veio, foi como um trovão silencioso que atravessou seus corpos, uma explosão que reverberou nas profundezas de suas almas libertinas. Seus corações, acelerados, batiam em uníssono, e a respiração se misturava ao ar denso, carregado de segredos proibidos e sussurros perdidos.
Por alguns minutos, o silêncio foi interrompido apenas pelas respirações pesadas que se acalmavam lentamente. Dorian deslizou os dedos pelo cabelo dela, ainda úmido de suor, enquanto suas bocas se encontravam em beijos suaves, agora sem a urgência e primitividade de antes.
Laura o olhou com satisfação, admirando-o, e ele passou a ponta dos dedos pelos contornos de seu rosto, como se quisesse memorizar cada detalhe, cada uma daquelas linhas delicadas — que pareciam terem sido desenhadas com precisão. Ela o encarou, seus olhos brilhando na penumbra, e sentiu o calor voltar a crescer ali, como uma brasa reacendendo. Lentamente, ele a puxou outra vez para perto, deslizando os lábios por seu pescoço, sugando levemente a pele, marcando-a como um segredo que só eles compartilhariam.
— Fica comigo esta noite — ele murmurou, a voz rouca, os olhos fixos nos dela, que ainda brilhavam com a intensidade do momento.
Laura sorriu, envolvendo-o em um abraço ardente, sentindo o calor dele ainda pulsando contra seu corpo. Não havia mais pressa, apenas a certeza de que aquela noite seria lembrada para sempre pelos dois. E, juntos, perderam-se mais uma vez, as sombras ao redor dançando ao ritmo de seus corpos ensandecidos de prazer, enquanto a escuridão lá fora testemunhava aquele enlace lascivo.