Eu já tinha entendido há muito tempo que o Daniel não era mais só meu. Mas agora, mais do que nunca, eu sentia na pele o que era viver sob as regras dele — e do Caio. Não era só submissão, era posse. Eu era deles. Um boneco que obedece, limpa, serve, sofre e se mantém calado. O namorado invisível. O resto.
Naquela sexta-feira, cheguei do mercado com as sacolas pesadas. A casa estava em silêncio, só se ouvia a televisão da sala. Quando abri a porta, vi os dois no sofá. Caio sentado no colo do Daniel, de costas, rebolando devagar enquanto segurava o celular com uma mão e o pescoço do Daniel com a outra. Os dois nus, completamente à vontade.
Daniel me olhou.
— Coloca as coisas na cozinha e volta. De joelhos.
Fiz o que ele mandou. Organizei tudo, com as mãos tremendo, o rosto quente. Quando voltei, Caio continuava montado nele, o pau do Daniel enterrado dentro dele. Eles me ignoravam, como se eu fosse só mais um móvel da casa.
— Vem aqui, Lucas — disse Daniel, finalmente. — Fica mais perto. Quero que assista direito.
Me arrastei de joelhos até o tapete. Os dois estavam suados, o corpo do Caio deslizava no colo dele com facilidade. Rebolava, gemia baixo, olhando direto pra mim enquanto fazia isso.
— Você nunca me fodeu assim, sabia? — disse Daniel, a mão apertando a cintura do Caio. — Nunca montou em mim como um macho de verdade. Só ficava esperando ordem.
Caio riu, com aquela arrogância nojenta que ele usava comigo desde o início.
— Ele é bom só pra lavar cueca e lamber o que a gente suja — respondeu, e Daniel assentiu.
— E nem isso ele faz direito. Vai ter que melhorar, não acha, Caio?
— Vai. Muito.
Os dois gozaram pouco depois. Sem gritos, sem drama. Só aquela intimidade fria e prática de quem faz isso todo dia. Daniel gozou dentro dele, ficou ali parado por um tempo, e então empurrou Caio levemente pro lado. Depois olhou pra mim.
— Limpa.
Me aproximei em silêncio, o coração batendo forte. Usei a língua. Comecei nas coxas, passei pela barriga, até chegar no cu do Caio. A mistura de esperma e suor me deixou enjoado, mas eu continuei. Lambi tudo, até não sobrar nada. O gosto de Daniel na boca, de novo.
Caio puxou meu cabelo.
— Abre a boca — disse, sem paciência. Eu abri. Ele cuspiu dentro.
— Engole.
Engoli. E eles riram.
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Nos dias seguintes, a rotina mudou. Agora quem dava as ordens era o Caio.
Na segunda-feira, ele mandou eu lavar as roupas dele. Separadas das minhas. Disse que não queria que minhas roupas "de submisso nojento" encostassem nas cuecas dele.
Na terça, ele trouxe outro garoto pra casa. Um loirinho magro, mais novo. Eu nunca tinha visto. Daniel não estava. Caio me fez preparar o quarto de hóspedes, colocar lençol limpo e deixar toalhas novas no banheiro.
Depois me trancou fora.
Fiquei a noite inteira na sala, ouvindo os dois transando. O loirinho gemia alto, como se quisesse que a casa inteira ouvisse. E Caio gritava de volta:
— Isso! Rebola gostoso pra mim, porra! — enquanto a cabeceira batia na parede do quarto de hóspedes.
Eu me masturbei no banheiro, chorando e me sentindo ridículo. Não consegui gozar. Parei antes. Fiquei olhando pro espelho, pelado, suado, com o pau duro e mole ao mesmo tempo. Como se meu corpo já não fosse mais meu. Como se eu só servisse pra obedecer. Eu nem sabia mais se eu odiava ou adorava aquilo.
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No fim da semana, Daniel sentou comigo. Caio saiu pra encontrar amigos. Era raro eu ter Daniel só pra mim.
— Você tá estranho — ele disse, encarando meu rosto. — Tão calado.
Não respondi. Estava com medo de dizer qualquer coisa errada. Ele se aproximou, segurou meu queixo.
— Fala, Lucas.
— Eu... eu tô tentando... me acostumar. Com tudo isso.
Ele riu baixo.
— Você gosta. Não tenta me enganar.
— Eu gosto de você.
— E eu gosto de ver você sendo usado. Gosto de te quebrar aos poucos.
Ele me beijou. Um beijo seco, dominante. Depois encostou a testa na minha.
— E sabe do que mais?
— O quê?
— Eu tô pensando em deixar o Caio fixo aqui. Oficial. Tipo… mais que namorado. Talvez namorado principal.
Meu estômago afundou.
— E eu?
Ele sorriu.
— Você é o que sobrar, Lucas. O que a gente quiser que você seja.