O Beijo no Barro

Um conto erótico de Casal Tatuíra
Categoria: Heterossexual
Contém 780 palavras
Data: 08/05/2025 11:02:35
Última revisão: 09/05/2025 09:31:40

####Atenção! Conteúdo sensível. Todos os personagens deste conto são maiores de idade. Essa publicação é meramente recreativa e de entretenimento, de maneira alguma é uma recomendação de prática.####

Leninha não era bonita. Também não era feia. Era uma dessas mulheres que parecem viver entre parênteses, entre o último convite para dançar e o primeiro pé de galinha no canto do olho. Tinha, no entanto, o charme mais imperdoável de todos: era misteriosa. Andava pela rua como se desfilasse no altar de uma missa negra — com a segurança de quem sabe e o mistério de quem cala e o rebolado de quem exibe.

Era o alvo natural das línguas venenosas da vizinhança.

— Aposto que vende o corpo nos becos imundos — dizia Dona Zuleica, beata ferrenha, espécie de rato da sacristia com mais pecados nos olhos do que nos joelhos.

— Pernóstica! Metida! Frígida! — cochichavam as velhas de véu na cabeça e crucifixo no pescoço, mas com a malícia escorrendo pelas rugas.

— Aquela ali precisa é de um homem de verdade! — berravam os bêbados do botequim entre uma pinga e outra.

Leninha ouvia? Talvez. Mas se ouvia, não deixava transparecer. Passava por todos como se flutuasse. Era uma dama — e uma perdição.

Mas, como toda dama rodriguiana, tinha seu inferno particular. E nesse inferno, ela era rainha. Em outro bairro, em outra vida, Leninha virava bicho. Dava-se aos operários com uma volúpia que beirava o místico. Sob um banco de madeira velha, abria-se como se fosse flor profana — e oferecia o que só se oferece ao diabo em noite sem lua - dava a eles o orifício do prazer.

Ah, como amava a sujeira! A lascívia da boleia dos caminhões, a promiscuidade dos banheiros de estrada, os grunhidos em vez de palavras. Nada de romance. Era carne e barro, suor e gemido. Era a santa dos indecentes.

Nas paradas de caminhões fazia seu palco. Amava os desconhecidos, tinha preferência pelos incógnitos. Dava a eles, dentro da boleia o cú, a boceta, o gozo na boca e recebia o xingamento, o tapa na cara, a gozada nos cabelos.

Mas eis que o destino — esse canalha com senso de ironia — resolveu puxar-lhe o tapete. Confiança demais, rompeu a regra de nunca se permitir ser usada perto de casa. Num deslize que nem Freud perdoaria, entregou-se ali mesmo, na sua vizinhança, num terreno de mandioca, na rua de trás.

João era o eleito. Um velho seboso, barrigudo, um monstro com estaca firme. Ali, com as mãos no chão e a calça arriada, Leninha se deixava socar como café no pilão. E foi aí que a tragédia, claro, se armou. Dona Zuleica — a língua mais afiada do bairro — ouviu os estalos da luxúria. Curiosa, como toda santa caída, esgueirou-se pelo mato e presenciou a cena que nenhum padre conseguiria exorcizar.

Viu. Sim, viu tudo. E, no instante em que viu, algo estalou nela. Uma represa de pecados desabou. A calcinha se encharcou, as mãos desobedeceram, e a velha — pasme! — se tocou. Ali mesmo, entre os ramos, ofegante, suja de desejo.

Leninha percebeu. E sorriu. Um sorriso de bruxa. De vingança.

— Zuleica, vem cá.

A velha ficou imóvel, cravada no chão como estátua de barro. Mas os olhos? Ah, os olhos já tinham pecado. Olhava o mastro negro, pesado e grosso, ereto e molhado. Olhava o manto negro da pélvis de Leninha,.a barriga reta, a pele clara como leite. E o corpo, mole, entregue, foi conduzido por Leninha até o altar profano. Um beijo. Sim, um beijo de língua, de lascívia, de demência. Depois, dedos, coxa, e, quando viu, Zuleica já era égua no cio, com o traseiro erguido e a alma vendida.

E João entendeu, e enterrou-lha na alma, e a surpreendeu-a com o ânimo.

E ela urrou, gemeu e chorou. Não de dor, mas de sofreguidão. Ela falava gemendo e cada gemido era uma Oração.

-Gostoso, fode, me fode.

Engatados, sacudiram, tremeram e gemeram. Zuleica olhou nos olhos dele, trincou os dentes e gemeu e cuspiu e levou um tapa, e pediu mais.

-Me fode, me fode mais, me fode com força.

E João agarrou suas ancas e socou mais, e socou mais e puxou seus cabelos e ela gostou e socou mais forte e seu corpo estremeceu e ele jorrou dentro dela. E o jorro escorreu pelas suas pernas.

Ela enterrou o rosto no barro, e bufou, e quando se levantou o suor enlameou seu rosto e grudou os cabelos.

E Leninha sorriu de novo, de vingança daquela que tanto dela falava, mas também de afirmação, de que toda mulher era meretriz em potencial.

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Comentários

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Excelente, Tatuira, continua. A Leninha deve ter muitas festas para contar

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