Adestrando a Esposa

Um conto erótico de Hor
Categoria: Heterossexual
Contém 5864 palavras
Data: 08/05/2025 00:55:46

Pacto & Firmamento

Era festim na mansão dos Vallensârno.

— Ninguém é mais honesto que o libertino. Os machos modernos foram castrados por ideologias, que funcionam na mente. E falham no corpo. É o masculino adúltero em sua essência, e renegar a isso é abster-se da própria natureza. Eis a fórmula da desonra atual. — o patriarca dos Vallensârno recebia, no terceiro andar de rochas negras da gloriosa edificação, a ruiva Brandirán, elfa matriarca da família Arballómé.

— Está dizendo que seus filhos trairão minhas filhas? — Brandirán insistia divertida, em aparência, com temor interno. Sabia da posição que ocupava, e era de subalterna. Se vontade de Vallensârno fosse, as filhas dos Arballómé foderiam até com os animais do grande bosque no terreno da mansão. Assim ela insistia ponderada, visando compreender os costumes daqueles seres misteriosos, os agrens. — Não basta que um tenha várias esposas, e concubinas. Há mais onde se ergue esse pensar? Se sim, me apresente, para que eu prepare as minhas amadas para os seus Senhores.

— Existiu muito um dia, mas não mais. É o nosso Imperador recém convertido à religião dos humanos. — a palavra faltou a Vallensârno, e com desgosto Brandirán o recordou:

— Sacra Apostólica.

— Esses desgraçados; com ideais sobre um amor que desconheço. E divindades que não são vistas nem escutadas por outros se não as autoridades deles. Que pensam, unicamente, no bem dos humanos. Isso foi recentemente, e tem alterado os filhos dos antigos, e os meus.

— Recente?

— Pouco mais de cem anos. — e era pouco a Vallensârno, que conviveu com o antigo Imperador quase três mil anos antes. E para a elfa parecia ainda menos; ela chegou a ver o dia, antes do início da Chuva Eterna na superfície. — A religião emasculou os exemplos. E escravizou o feminino. É como uma doença, que muito infecta e perniciosa ataca os fracos, os juntando e derrubando os antes fortes. Aos meus, milenares, nada representam, no entretanto, no mundo dos mais novos são os Sacros o espelho. Veja que minha prole com menos de cem anos conhece mais dos costumes deles que dos meus.

— Escraviza. — Brandirán murmurou, engolindo a palavra. A ela não era diferente a situação atual dos Arballómé para com os Vallensârno. — Não vê suas fêmeas, de tantas raças, de forma semelhante?

— Pergunte a qualquer uma delas se anseia partir de meu lado. E leve consigo a mesma e seu peso em ouro por quem lhe acompanhar. O amor em que acredito é a luxúria, e só um agren pode ofertar a uma fêmea, de qualquer espécie, o verdadeiro prazer.

— Que é?

— O domínio absoluto. — a frase de Vallensârno trouxe à face de Brandirán repugno, como sombra que se perdeu. E ela retornou à seriedade de antes, submissa no olhar, e em retidão no corpo. — Falemos dos pares, e ajuntemos os semelhantes, para que tenham no dia a dia o prazer da melancolia que é a aliança.

Eram os agrens originários do Grande Labirinto; a estrutura subterrânea que percorre o planeta quilômetros abaixo da superfície; muitos deles sequer conheciam as nuvens.

Com a magia da Chuva Eterna tornando o mundo caos e terror, e avernos emergindo dos mares mais profundos, muitas raças desciam ao Labirinto procurando paz.

E existiam mais cidades nos subterrâneos, de centenas de raças diferentes, do que na superfície.

E os cristais florais, que eram luz no lugar das velas, permitiam que florestas e verdejantes paisagens tomassem hectares iluminados perpetuamente pela geologia das profundezas; e era o mesmo no lustre da ampla sala de Saev Vallensârno.

— Os agitados são Mordethol e Vaurien. Buscam pelo primogênito, cada um com vinte e seis esposas. Disputam em tudo. Aliás, é bem estudada que sei, mas conhece de nossos costumes?

— Certamente, meu Senhor. Um agren somente deixa as dependências dos pais depois de ter um filho homem.

— E sei que as elfas têm encantamentos que aceleram essa necessidade. — o motivo da ordem para a união entre as famílias se revelava em parte.

— Necessidade? Não sabia que importava tanto aos agrens o afastamento da prole.

— Importa quando se é pai e em custo, por cabeça, se aproxima de cento e vinte mil em prata.

— Anuais? — Brandirán engoliu em seco, surpresa com o valor.

— Em cada uma das cinco estações. É como se vencessem cinco guerras por ano, ao menos, em comemorações, é o que pago. Vaurien tem cinquenta e um, e Mordethol é o mais velho entre esses, de noventa e nove anos.

A lembrança da palavra guerra reacendeu a ominosa feição nos olhos da elfa.

Três anos antes, a cidade dela, Véu do Pendor, foi sitiada e derrotada por apenas três agrens.

Os elfos machos foram mortos, e as fêmeas distribuídas, enviadas para muitas regiões profundas; pelas janelas amplas se via um quilométrico cristal floral no teto da caverna, e, com raízes para cima e galhos para baixo, a floresta de sicômoros resguardava todos os galhos carregados de outono apontados para a luz, que era semelhante ao ancestral dia.

— E os outros, quem são?

— O que me é aprazível, e aprendeu sobre bacharelado, Scaiven. Trinta e seis anos e mais orgulho que todos os outros juntos. Apenas duas esposas, ambas elfas, uma luminescente como as de Véu do Pendor. E uma caliginosa. Há atrito entre suas espécies?

— A guerra surge da necessidade advinda do silêncio. Vivemos, quase todas as linhagens élficas, como nômades, ou aprisionadas. Não há mais espaço para contendas entre nossos semelhantes.

— Sua menina escolhida não atentará contra a elfa caliginosa?

— Minha voz como lei. Não. A ele Vélvair; está descontente, triste pelo fim dos parentes. E Vêlaiwá, honrada arqueira capitã da guarda, sem mais intuito de batalha. Ambas aceitaram a derrota de forma semelhante. Estão calmas. Respectivamente, cento e trinta e seis, e cento e quarenta e três anos.

— Então assim é. — o patriarca reclinou na poltrona e acendeu um cachimbo. Era de aspecto corpulento, onde músculos e gordura pouco se diferem. A barba espessa, longa e negra como os cabelos. Quase sem vestimentas; agrens se orgulham do corpo e normalmente o exibem com soberba. As feições no rosto eram demoníacas, monstruosas. Nada atraente. Uma imagem que desperta o horror. O sopro da fumaça do cachimbo tomava a sala em sálvia branca e calêndula. — E o mais novo. O enviei para que se tornasse um político, para a intrépida Volga, para a Faculdade de Sacra. Dezenove anos.

— Entre seus filhos, não há o insigne soldado? Aquele que é comandante?

— Fez um bom trabalho estudando-os. — o patriarca admirou a matriarca, e redarguiu lastimoso. — Está no quarto ano da Academia Militar dos agrens, numa dessas metrópoles de várias raças, Dacma do Dilúculo. Mentiu sobre os estudos. Ignorou minhas ordens. E recebeu recentemente o certificado de campeão. Você não deve estar ciente, é quase um título de nobreza. Significa que ele pode ser convocado por qualquer nobre, e tem o direito de escolha.

— É tão jovem. Não é feito incomum?

— Entre os agrens tudo é luta. Alguém perdeu contra ele. Nossos poderes são diferentes. Cada um dos nossos vale um exército. Nenhum agren é igual em poder. E por isso ainda resistimos.

— Ele trataria bem a uma esposa?

— Ao pai, certamente, não tratou. — ele tragou, solitário em pensares profundos. — É instável. E também te estudei, sei de suas filhas, sete?

Arballómé foi servida por uma das criadas, jovem, cabelos curtos e uniforme serviçal em preto e branco, saia longa; e serenidade no rosto; uma adolescente de quatorze anos, da linhagem das ninfas.

Por sua vez, a elfa era ruiva de busto avantajado, e que parecia a quem admirasse, na casa dos quarenta anos. Os cabelos longos e lisos desciam até o chão, carmesins. No vestido preto o decote não atraía o olhar do patriarca, o que a impressionava, normalmente era o lugar onde todos que com ela falavam retinham a maior parte da atenção.

— De fato. Sete filhas. Apenas uma de meu sangue, as outras juramentadas. — a matriarca guardou para si. Eram filhas de soldados mortos na queda de Véu do Pendor. — Duas das mais velhas estão cheias de ódio e rancor. As outras não. — Brandirán Arballómé foi explícita. — Talvériá e Ysiltéa não vão ser fáceis de lidar.

— Adestrar uma esposa é dos maiores prazeres de um marido. As duas pertencerão ao meu violento, Mordethol. De acordo?

Não havia voto contrário. Assim Brandirán insistiu nas próximas:

— Calisvéné e Nuarlién são, amantes.

— Elas têm o pacto da morte?

— Sim. No dia em que uma partir, a outra também seguirá ao Reino do Reencontro.

— Isso significa que as duas estão conectadas. — era uma magia intrigante, e que fascinava o patriarca. O prazer que uma sentia, a outra, em mesmo instante, compartilhava. — Foder uma é foder duas.

— Nesses termos. — as palavras usadas desagradaram a nobre. E ela mirou uma estante de livros; muita literatura estrangeira, de raças que ele dominou, ela imaginou em silêncio, retornando aos nomes. — É melhor que fiquem juntas, se possível. Foi um pedido de ambas. — e Brandirán salientou. — Elas imploraram.

— Que seja. Vauriel as receberá. Assim não alimento inveja entre os irmãos. Sobra uma, qual é a que você mais confia?

— A entregará a qual de seus filhos?

— Enix, o militar. O conheço tão pouco, é bom me manter informado. É sua filha consanguínea a que menos lhe guarda segredos?

— Não há segredo nenhum. É educada. E o que for ordenada será lei.

— Ela seria a rainha, em seu lugar?

— Não temos esse sistema bárbaro. Ela seria uma sacerdotisa, no Templo das Marés, como eu. E cada matriarca representa a própria casa e adora em um dos templos, não precisamos que um ou uma fale por todas. Respeitamos as vozes, em igualdade.

— Um povo evoluído. Distante do meu em tudo. Tão opostos que talvez se completem. É o que anseio.

Parecia impossível a Brandirán, ela guardou para si.

— Yvysnim, de meu sangue, e de seu sangue, Enix. Ela recém completou vinte anos; devem pensar de forma semelhante. O que os ajudará persistir diante das adversidades.

— E ela nos informará sobre o que pensa meu mais jovem. E se é ou não um perigo.

— Como ele seria esse perigo?

— De tantas formas. Aqui você testemunhará algo interessante. Esteve na presença de meus familiares e amigos?

— Ainda não tive a chance. Cheguei ao festim e vim em seu encontro.

— Andemos. E te ensinarei de nossa casa, e ramo de linhagem. — Vallensârno estendeu o braço a Brandirán e ela tomou o mesmo. Ela tinha dois metros e meio, a média élfica, ele três metros e vinte e seis, pouco abaixo da média agren. Juntos eles deixaram o âmbito e por um extenso corredor do terceiro andar observaram o pátio de honra, onde as carruagens paravam, e contornavam a fonte, retornando pela estada que guiava à entrada após deixar os convidados. — Vê nossas fêmeas?

E era impossível não ver. E não notar:

— Sementes fortes. — a ruiva concluía ao ultrapassar alguns cômodos da mansão, exceto pelas servas, gravidez era estado comum. E nesse tempo observando as carruagens parando, e descendo mais filhos de Saev, e as crianças desses, muitas alegres e correndo às mesas fartas. Todas as fêmeas estavam grávidas. — Serão muitos partos. Quase em simultâneo pelo tamanho das barrigas.

— Talvez nem mesmo um parto. — e o patriarca reiterou. — Nossos exércitos são de um, nossa raça é guerreira. Somos poderosos. Essa é parte de nossa magia. Nossas esposas dão à luz ovos, advindos da procriação. Desses ovos nascem abominações, monstros, que usamos para alquimias, os abortamos ainda na casca. Criaturas de muitas espécies, é quase impossível predizer o que virá. Por outro lado, nos partos naturais, nascem somente agrens machos. Vê os de minha espécie, não há fêmeas.

— De fato. — certa ânsia tomou a garganta da elfa. Eram os mais impuros seres de toda a profundeza. — E qual a probabilidade de nascer um macho e não um ovo funesto?

— Entre meus filhos mais velhos, Holst teve o primogênito aos quinhentos e seis anos. Um tempo difícil para ele. Isso mais de dois mim e oitocentos anos atrás. E é até hoje o único filho dele, mima o garoto como a quem tem no berço uma criança. — Holst se via no festim cantando num átrio do jardim de cima. Martén, primogênito de Holst, em dueto com o pai. E assistiam, bebendo e dançando, cento e seis netos, e duzentos e dezesseis bisnetos, ambos casados, e com todas as esposas grávidas. — Para o meu exército vão as crias com auras de forte ego. Ego é como medimos o poder de luta dos nossos.

— Entendo seu problema. O menino pode ter comandados, isso dividirá seus recursos.

— Exatamente. Por lei, por família apenas ao mais velho cabem os poderosos, que são mais raros em cada nova geração, a maioria dos jovens é fraco em ego, não luta, se formam em funções de governo; atente à questão, os comandantes com certificado de campeão podem reter as crias das esposas, concubinas, e amantes, para si. O que me pesará ainda mais no bolso.

— Como, meu Senhor?

— É uma conta simples. Cada um a mais no exército dele, é um a menos no meu. Por isso minhas comandantes evitam disputas entre si, agindo no parlamento, aumentando seus números políticos. Não crescemos exponencialmente comparado a outras raças. E por política, raramente um de meu sangue governa região em meus domínios. Você e as suas vivem no condado de Florilégio. Uma bela vila. Como tem sido sua estadia?

— De gratidão e plenitude. — e isso a surpreendia. Não existiam guardas. E o conde permanecia recluso ao ponto de nunca ser visto. Além disso, não se viam agrens pelas ruas. A maioria das cidadãos eram humanos, e existiam outras elfas, principalmente de gelo. — E reconhecimento é palavra que te oferto.

Quando em viagem pelas profundezas, Brandirán esperava pelo pior. Correntes e estupros, violências e humilhações, mas ali só existia a bucólica temperança.

Ainda com apreensão, mas sem nenhuma distorção visível.

— Te farei a condessa de Florilégio. Como prêmio pelos casamentos com os meus. E você edificará um templo para seu, Deus?

— Deusa.

— Deusa. — Saev se corrigiu. Prosseguindo solene. — E terá como função ouvir as vozes, dos de outras raças e da sua. E fomentará a tranquilidade e a ignorância benigna.

— Ignorância benigna?

— Dê aos plebeus o que fazer. Trabalhos, diversões. Sê criativa. Faça eles pesarem em tudo, exceto em leis, impostos, e quem os governa. Se preciso, edifique um maldito templo da Sacra, e coloque um dos seus lá, nunca um dos deles. Os faça agradecer, em tudo darão graças, e assim viverão eternamente em desgraça enquanto gozamos.

— E lhe deverei.

— Sim. E uma noite vou te cobrar. Contudo, adianto, talvez essa noite não chegue tão cedo.

Brandirán se ajoelhou, e se curvou profundamente.

Sabia dos terrores possíveis, e ali recebia muito, em troca de confiança.

E ela seria essa confiança.

Se criava um elo inesperado.

Toda a pele dele era cinzenta. Ele estendeu a mão, para que ela se levantasse.

E ela beijou a mão dele, ficando próxima.

— E o atual conde? — Brandirán observou apreensiva enquanto os sons dos violinos e violoncelos ecoavam conforme os cânticos alegres. — Me terá por rival, ou pior.

— Está morto, há centenas de anos na verdade. Se mude para a residência dele. Era um bom amigo.

— Ocuparei esse espaço. — a elfa entrelaçou os dedos aos do patriarca, e ele anuiu em apreço. — Lhe oferto o que me resta de pureza. — e foi o suficiente como pagamento de boas primeiras impressões.

Enix & Yvysnim

O festim persistiu por dois dias. E as filhas de Brandirán e os filhos de Saev Vallensârno se conheceram e se casaram no pomar alagado, no centro do bosque de macieiras. E partiram para os quartos da mansão, onde gemidos ecoavam por todo o segundo andar.

Os casais raramente deixavam os quartos.

E as esposas, outras, bebiam e dançavam, grávidas, junto das esposas do patriarca, que aguardava em apreensão a chegada do mais novo.

O drago-marina de escamas críseas foi avistado na colina. E a movimentação nos muros atraiu a atenção de Saev. Os guardas tomaram posição defensiva no adarve rente ao portão principal.

E depois as alabardas se afastaram.

Enix se aproximava, quase desprotegido.

Ele montava o lagarto imenso de escamas douradas.

Um dos guardas foi enviado para avisar a Saev, e no tempo do patriarca descer, o drago-marina do jovem foi levado aos estábulos, sendo mantido longe dos cavalos; e o noivo adentrou a mansão.

— Para um mentiroso, aparece de cara limpa. — Saev descia as pomposas escadarias e reencontrava o filho, agora crescido. Tão alto quanto o pai; tomado por músculos advindos de disciplina árdua; com uma runa alquímica brilhando iluminada como ouro no centro do peitoral. Tinha a pele como de humano. E o rosto, distorcido pela linhagem de terror fháurica; os olhos permaneciam acesos como a estranha runa. A indumentária ritualística, adornada com metais na cintura, descia em tecido fino somente pela região pélvica, deixando o sexo dele à mostra a cada passo. — Apenas de cara limpa. Que há com essa imundície em seus cabelos e corpo? Não vê que é seu casamento? Se assemelha mais a um mendigo que de qualquer Vallensârno.

— Peço perdão, meu pai. Por muito além dessa apresentação.

— Se refere a abandonar os estudos? Ter entrado no exército? Ou estar juntando tropas? Ou, talvez, da proximidade com a casa Fern?

— Bem sabes de tudo? As línguas viajam mais rapidamente que os ventos. E assumo. É tudo verdade. Não sou de escritórios e papéis.

— É de guerra e morte.

— De fato.

— Me parece que só um tolo arriscaria a vida podendo escolher a tranquilidade do lar, e as bocetas das amadas. — Saev se irritava. Uma parte dele desejava que as fofocas fossem mentira. — Que me diz dessa decisão?

— Se vê como tolo, meu pai?

— Me afronta?

— Pois é você um general. De guerra, não de bocetas e papéis, leis ou parlamentos.

— Isso me custa muito. Mais do que pode conceber em tempo e abdicações.

— E me custará também. — Enix Vallensârno se ajoelhou diante do pai, e beijou as mãos calejadas do patriarca. Os olhos numa expressão indecifrável. — Sei que o decepcionei, e lhe juro, nunca mais guardará por mim semelhante sentimento. Orgulho, é o que te darei, eis minha promessa. Meu fado.

— Que há com sua condição? — o pai observava os cabelos ondulados negros imundos do filho, escorrendo oleosos ao peitoral nu também precisando de um banho, como o restante do corpo. Nos ombros, como meia armadura protegendo somente os antebraços, e descendo as costas como capa, couro e pelos de algum animal, não identificável pelo estado deplorável.

— Tem a mão dos Fern. — Enix assumiu. — Tomei a Quincas como mestre. O conhece?

— Não. De que ramo ele é?

— Dante.

Houve silêncio na sala, e dois dos irmãos mais velhos de Enix, Mezerdim e Farendar, adentraram o aposento, cumprimentaram-no e abraçaram-no, calorosamente; os dois ébrios.

— Vá com eles e depois me encontre no escritório. — a ordem de Vallensârno foi cumprida, e os irmãos mais velhos arrastaram o mais novo para um dos átrios festivos.

Enix era mui querido por todos, e os que o recebiam demonstravam felicidade pelo reencontro; algo raro, tendo em vista que pertenciam à mesma casa, mas viviam, devido a diversos trabalhos, separados em distâncias de noites.

Quando, enfim, cessou de conhecer os novos sobrinhos, e as novas esposas dos irmãos, seguiu ao escritório do pai.

— Peço perdão. — ele fechava a porta quando percebeu a presença desconhecida.

— Não há necessidade. Afeto é raro como ouro. Quando encontrado, o fartar é esperado, e apreciado. Essa é Brandirán Arballómé, condessa de Florilégio, e mãe de sua noiva.

— É uma honra conhecê-la, Senhora. Sou Enix Vallensârno, seu humilde servo. — uma mesura sem muita educação o acompanhou. Era um jovem rústico, que à elfa criada na ternura e civilidade era oposto. — E onde está minha prometida?

— Chega em instantes. Não prefere se banhar e trocar as vestes? — Brandirán ofertou opções, mas se tivesse escolha exigiria como condições.

— Não há necessidade. Partiremos ainda hoje. Após a cerimônia.

— Partirão? Para onde? — a surpresa era evidente na expressão de Saev. — Essa festa é para você.

— É para meus irmãos também. E acho que todos escutamos que eles estão apreciando. — mesmo no terceiro andar alguns gemidos ecoavam advindos do segundo. — Estou em missão. Apenas me desviei da rota.

— Aquele maldito Dante não podia ter lhe dado algumas noites?

— Me daria até mais. Não foi meu desejo. E não foi ordem dele. Foi ordem de Quincas, a quem estimo.

— Escute. Eles são família como a nossa. Não há entre os Fern algo que não venha da voz de Dante ou Treize. Assim como entre nós é minha voz a lei. Ou deveria ser, afinal, faz o que bem entende. E ignora o certo para seguir instintos pueris.

— Dê o nome que preferir. — a discussão que ameaçava começar teve fim quando uma das servas abriu a porta; e Yvysnim adentrou o escritório.

Era como uma versão mais jovem da mãe.

Franja reta até os olhos azuis escuros. Cabelos vermelhos longos, lisos até a cintura.

Coxas grossas. Seios enormes. O vestido inteiro negro, fino, delineando os mamilos longos e as voltas do sexo carnudo.

— Mandei escolher uma cor serena. — Brandirán comentou em lamento.

— Esse é o tom de minha placidez.

— Eu gosto. — agora era Enix evitando uma discussão entre mãe e filha. — Está perfeita, minha primeira esposa. — orgulho pela beleza acompanhou o arfar.

— Agradeço, meu captor. Meu estuprador. Assassino de todos que amei. É uma honra ser sua escrava. — a voz de desdém e irritação explicitava que a filha que menos segredos aparentava, era a que mais resguardava pensamentos próprios, e ressentimentos.

— Cale-se, conversamos sobre nossa situação. — Brandirán levantou a mão para a filha, pela primeira vez, parando antes de acertá-la, escutando:

— Você se ajoelhou a um monstro por vontade própria. Eu farei o mesmo, mas somente após ser condenada.

E Brandirán pediu ao patriarca:

— Dê à mãe a sentença da filha. — intentava a súplica, mas, esse rosto de preclara nobreza, desconhecia qualquer expressão de humildade.

— Não há sanção ou julgamento. E até aprecio essa rebeldia. Um reflexo de seu sangue que eu ainda desconhecia; bom para a futura prole. — Saev se acomodou na poltrona e observou a pintura no teto do escritório, com as antigas constelações segundo os livros de história e mitos. — É sua esposa, como lidará com essa situação, Enix?

— Não tenho tempo para isso. Se ainda é criança, volto em uma ou duas décadas. Mantemos o acordo, e postergamos a data até que ela cresça.

— Eu sou mais velha que você.

— Apenas um ano. — Saev interviu. E se dirigiu ao filho. — Vai abandonar a sua esposa na primeira discussão? Talvez você é que tenha de ficar aqui por algumas décadas.

— Não estou abandonando ela. — mas perdia a paciência.

— E ela ainda não é esposa. — a mãe retorquia. Sem reconhecer a filha até então amável e que nunca a respondia.

— É. Desde que nosso acordo foi firmado. Uma cerimônia é um protocolo. Ela o pertence desde o ordenar de minha voz.

Não houve quem discordasse do patriarca.

— Preciso de alguém ao meu lado. Não quero ter de cuidar de uma infante. Me arrume outra esposa. Sua condessa teve várias filhas.

— A maioria está morta. Vocês mataram. — Yvysnim cuspia as palavras.

— Vocês não. Eu não estive nessa batalha. — quase em tom de brincadeira, Enix debochava pegando uísque e se servindo.

— Essa luta terminou. — Brandirán tornou à seriedade.

— Eles mataram minhas irmãs guerreiras, a maioria delas. E todos os meus irmãos.

— Sim. Nós perdemos a guerra. Fomos fracas. Nossos machos foram inferiores, e hoje pertencemos a novos Senhores. Que nos superaram. Nenhum deles te deve nada. Nem educação. Nem respeito. Te recebem como igual. Te ofertam matrimônio. E você os ofende e trata por inimigo.

— E não são inimigos? — os olhos de Yvysnim, lacrimosos. — Mataram meu prometido, e meu pequeno irmão, que eu amava. O atiraram do alto do muro de Véu.

— Seu prometido se revelou insuficiente. E seu irmão nasceu do lado dos derrotados. Uma fêmea não luta contra o destino; ou o abraçamos, ou somos devoradas. Te darei uma última chance. Ou se ajoelha e aceita Enix como seu Senhor, e dedica o que lhe resta de existência a ele. Ou te deserdo. E sua sorte será a de uma qualquer capturada entre as nossas, e não a de uma nobre.

— Que eu seja uma puta então. Não me dobro. Não por vontade própria. Ou serei quebrada, ou permanecerei inteira. Não me desfarei perante ameaça, ou medo.

— Então não é mais minha filha. — e foi a última vez que Brandirán se dirigiu a Yvysnim. — Façam dela o que ansiarem. E lhe devo uma noiva, aceitarei qualquer forma de pagar essa dívida. Tenho irmãs, que vivem em cidades próximas. Arranjos podem ser feitos. Com licença, meus Senhores. Por hora, receio não ter mais assuntos nessa morada. — e a matriarca deixou o âmbito sem demonstrar nenhuma expressão.

— Esse problema não é meu. Faça o que bem entender. — e ao escutar o pai, Enix engoliu o restante do uísque e se preparou para ir embora. Mas o patriarca impôs uma condição. — Se sair sem ela, serão dois os deserdados nessa data. Alguém que não domina a própria cama pode desafiar a morte numa contenda? — a provocação do pai, ao sair e fechar a porta do escritório, alterou os passos do último da linhagem direta.

— Além de atenção, o que deseja?

— Te lembrar de minha dor. Sei que ela não existe em seu coração.

— E nunca existirá, mas não tenha a minha palavra por afronta. Não considero menos seu irmão querido ou os meus. Fosse meu pai morto em sua batalha, teria de meu coração o mesmo que seus parentes e bem quistos possuem hoje. Esse sou eu.

— É um verme sem emoções?

— Um verme sim, e seu Senhor também.

— Escrava, é o que sou. Esse é o tipo de Senhor que é. A escumalha.

Ele suspirou.

Ela parecia pequena. Não só o agren era mais alto, mas os móveis e a própria arquitetura da mansão eram pensados aos donos.

— Te quebrarei então.

— Isso, mostra tua natureza. Entre meu Senhor e o animal da relva, a diferença é que preferiria ser dominada pela besta.

Ele riu. Se aproximando, segurando o rosto da elfa entre as mãos.

Ela estava quente.

Olhos marejados.

A respiração acelerada, com os seios esticando a seda conforme buscava por ar.

— Meu interior não é puro. Os estupros coletivos após nosso domínio duraram semanas inteiras. Não restou nada aqui, ou em qualquer uma capturada comigo, que represente a beleza matrimonial. Se casa com o depósito de porra de seus líderes.

— Você foi um prêmio merecido. Era propriedade deles. E hoje é minha posse.

— Não te insulta que outros tenham enfiado no cu, na boceta, e na boca de sua esposa a porra imunda por noites e mais noites, sem pausa? Não é de hombridade que vive seu povo dominador?

— Hombridade advém de homem. Entre os meus há o domínio. E o respeito pelo apogeu; e desprezo pelo subjugado.

— Qual é o nome de um glorioso que se casa com uma prostrada?

— Prefere ver o vencedor ser arrastado pela derrotada. E não a derrotada ser erigida pelo vencedor?

— A vitória que me oferta é lhe servir. Abdico desse triunfo; não se distingue de regurgitação.

— Compreendo. — ele percebeu. Retirando as vestes, que caíram no chão rochoso. — É como uma criança mimada. Que chora e implora pelo que não pode ter; esperando dos céus o milagre que não virá. Alguns pais conversam com os filhos, outros deixam de castigo. — Enix cerrou os punhos e se aproximou da ruiva, que encolheu os ombros, atenta ao macho se impondo. — Eu acredito na violência para a solução dos dilemas.

— Monstro.

— Monstro e seu Senhor.

Ela não abaixou os olhos, o desafiando.

Ele a acertou, mas não de forma fraca. Não usou a aura, que guardava para inimigos de mesma linhagem, mas o soco a derrubou, marcando o rosto dela em vermelho e roxo.

Depois ele estendeu a mão para ela, que assustada permaneceu em estado catatônico, no chão, encostada à estante com livros.

Voltando a si, ela aceitou a mão dele, que a levantou.

E depois, agora de mão aberta, ele deu um tapa no rosto dela.

Yvysnim demonstrou incredulidade. E se preparava para dizer algo quando sofreu um novo golpe, ainda mais forte, a fazendo dobrar os joelhos.

Ela começou a chorar.

E ele estendeu a mão novamente.

Ela segurou e se levantou, agora com a cabeça baixa, o olhar visando o chão.

Ele novamente deu um tapa; ela agora o olhava de baixo, amedrontada:

— Vai continuar com isso?

— Enquanto eu ansiar. Se levante. Vou te bater mais um pouco. — ele estendeu a mão, e ela segurou, ficando diante dele. O olhar novamente desafiador, não acreditando nas ameaças. O novo tapa foi tão forte que os cabelos dela perderam as presilhas pequenas, e se levantaram escondendo o rosto inchado e vermelho. — Eu vou te bater mais um pouco, vem.

Ela não entendeu.

E permaneceu no chão.

Até que se levantou, e se esforçou para permanecer em pé após sofrer um novo tapa, tão forte que ela apagou por alguns segundos.

De boca aberta, arfando, ela perdia lágrimas de ódio.

Quando ela levantou, encolhendo os ombros esperando o novo golpe, ele segurou o rosto dela.

Foi o primeiro beijo de Yvysnim, ela conheceu o gosto do esperma antes de encontrar o toque de lábios em prazer.

Um beijo longo, com as línguas se encontrando, com ela tentando escapar, mas sem forças.

O beijo perdurou até o novo questionamento:

— Vamos alargar essa sua boceta, juntos; ou prefere apanhar mais um pouco antes disso?

Ela, encostada na estante de livros, separou as coxas.

O tecido ainda escondia o sexo, mas Yvysnim se entregava.

Sem olhar para Enix, visando os vítreos e a floresta invertida no teto da caverna.

— Não escutei você me dar a permissão. Não é de um povo educado. Deixe claro.

— Me estupre, desgraçado. — ela forçou o rosto no peitoral dele, sentindo a textura da runa brilhante como metal na pele dele. E ali ela chorou como uma criança em desalento. — Destrua minha vida. Me mate. Acabe com essa maldição de uma vez. Eu te odeio mais do que tudo. Preferia ser vendida como puta a ser sua.

— Entendi. Você gosta de apanhar. Só vou parar quando me agradecer por ser o seu dono. Quero ouvir sua voz alegre, e exijo que me adore, como a um dos seus.

Enix a segurou pelo braço esquerdo.

E começou a agredir, primeiro apenas com tapas no rosto.

Depois ele tirou as vestes dela, que se ajoelhou, e encolheu, e continuou apanhando da pesada mão aberta.

E depois foi segura pelo pescoço, enforcada até quase perder a consciência.

Com os socos no estômago ela começou a balbuciar algo, que se distorcia sem forma.

Por fim, ela foi adestrada:

— Não. Piedade, meu Senhor. Me tome por sua. Não prossiga. — as palavras soavam mais baixas que os sons dos tapas no rosto, e nos seios marcados e apertados, caídos de tão grandes, com os mamilos apontando um para cada lado, duros pelo tesão da surra. Ela elevou a voz. — Eu me entrego. Pare! Por favor! — e ela ajoelhada, tocou com a testa o chão diante dele. E ela sorriu. — Sim, é o meu amado. O meu eleito. Tem o direito. Faça o que bem entender com esse corpo, que é seu, e sempre será unicamente seu, eis minha gratidão. — ela proferia rapidamente, com sobreposições de palavras, apavorada pela ameaça de nova violência a interromper.

Medo e devoção não se diferiam na expressão dela.

Ansiosa, ela tremia.

Apreensiva com a ação do forte diante dela.

— Se levante.

— Vai me bater?

— Se eu quiser.

Ele provocou, e ela mordeu os lábios, rancorosa.

Quando a noiva se levantou ele a acertou de novo. Mais forte que todas as outras vezes, no rosto.

Ela chorosa resmungou, sendo segura por ele, se não despencaria novamente:

— Fiz o que mandou. Não é justo.

— E o quanto posso bater em você?

Ela quase respondeu de imediato, mas controlou a raiva, e sentiu ele bem próximo.

Tudo nele a enojava; do aspecto ao aroma de suor e podridão.

— O quanto quiser, meu Senhor. — ela aceitou a posição em que estava e ele a beijou. Novamente a empurrando contra a estante, que temeu e perdeu livros e pergaminhos.

Ele pegou na enorme bunda da ruiva.

E ela o abraçou com as pernas, não mais tocando o chão.

— Pega meu caralho, e enfia nessa sua boceta regaçada sua vadia.

— Até isso, eu tenho que fazer. — ela protestou enquanto obedecia. E segurou com as duas mãos o mastro do macho, posicionando na boceta quente, excitada e ensopada após a humilhação. O rosto dela vermelho de vergonha é de hematomas. E a boceta dela se abrindo, na força, com ele a empurrando contra a estante.

— Maldito. — ela injuriava gemendo.

E ele não tinha piedade, a fodendo fortemente, sem pausa, sem iniciar lento, indo com tudo o que possuía. Apreciando o sexo se abrir, chegar ao limite.

Após poucos instantes, as mãos dela foram até a boceta, e puxaram, tentando ajudar a alargar.

Ele apreciou. E ela fez que não com a cabeça; com os dentes à mostra, em esforço; com ele a derrubando no chão, e usando o peso do corpo para ir até o fundo.

A parede do útero da elfa quase se partiu.

E ela chorou, tendo as pernas seguras por ele; as solas dos pés apontando ao teto.

Ela não tinha forças para o afastar.

Enix se divertia com o infinito de expressões no rosto dela.

E a humilhação veio sem demora, quando ela o socou no rosto, e com a respiração acelerada gozou tão forte que a boceta se alargou alguns centímetros além, e a rola que ficava quase um palmo para fora da boceta adentrou pouco mais de um dedo.

As lágrimas agora eram de entrega.

Ela gozava no caralho de quem matou muitos dos que ela amava; e destruiu tudo o que ela conhecia.

O terror se misturava com gemidos.

E o novo gozo a transformava numa criança mimada, com a boceta aberta ao limite, e os seios balançando, fartos, suando por horas e horas enquanto a porra a inundava.

Por vezes ele a beijava.

Por vezes dava tapas, de mão aberta.

E a boceta dela tremia com cada agressão, molhada, mais e mais excitada com a dominação total e absoluta.

Ele a segurou no colo quando se satisfez.

Ela não conseguia mover as pernas, e usou as mãos para empurrar as coxas dormentes.

Com o rosto no peito dele, ela o abraçou.

Era tão forte que as mãos dela não se tocaram nas costas dele, delineando os muitos músculos naquela anatomia definida e desconhecida.

— O filho da puta do bispo.

— Quem? — exasperada, ela se esforçava para pronunciar uma mísera palavra.

— No bosque. A porra do bispo está nos esperando, para nós casar.

Ela riu.

E ele a acompanhou.

Tinha passado horas ali.

E quando ela se levantou, a boceta cuspiu leite durante todo o percurso visando recuperar as vestimentas.

O casamento foi arranjado antes dos pares serem decididos, no entretanto, enquanto no pomar alagado, Enix se alegrou por aquela ter sido a eleita dele.

E eles se casaram, e não retornaram para a mansão.

Deixaram a residência pelo portão frontal; montando o drago-marina, rumaram pelas estradas térreas.

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