Onde o sol se esconde - Capítulo 14

Um conto erótico de Teo e samuel
Categoria: Gay
Contém 526 palavras
Data: 04/05/2025 22:06:27
Assuntos: Gay

Onde o Sol se Esconde (Capítulo 14)

A tempestade já havia cessado quando as primeiras viaturas chegaram ao orfanato.

Sirene cortando o silêncio da madrugada.

Focos de luz rasgando a escuridão dos corredores.

Os internos, encolhidos nos cantos, assustados e desconfiados, viram os homens de uniforme entrarem armados.

Entre eles, um sargento de rosto firme chamado Henrique Paiva.

Henrique não era como os outros policiais da cidade pequena, acostumados a olhar para o outro lado quando a batina falava mais alto.

Ele tinha algo nos olhos — uma fúria silenciosa, uma sede de justiça que vinha de muito antes daquela madrugada.

E havia outro detalhe importante:

Henrique era irmão de Fernando Paiva, um dos jornalistas investigativos mais temidos do país.

**

Quando os padres tentaram falar, explicar, justificar, Henrique apenas levantou a mão:

— Quietos.

— Hoje, quem fala são eles — disse, apontando para os internos.

**

Um a um, os meninos — alguns tremendo, outros em prantos — começaram a contar.

Contaram sobre os castigos.

Sobre as humilhações.

Sobre os abusos.

Guto, ainda com marcas roxas pelo corpo, contou sobre as noites trancado com Buzzi.

Outros relataram o que sofreram com Maurício.

Até meninos que nunca haviam falado antes encontraram voz naquela noite.

A dor virou grito.

A vergonha virou denúncia.

**

Henrique gravou tudo.

Tirou fotos das feridas.

Anotou cada nome, cada acusação.

E naquela mesma manhã, sem consultar seus superiores locais (muitos deles amigos da igreja), mandou o material diretamente para seu irmão, Fernando, no grande jornal de Porto Alegre.

**

Em questão de horas, a história explodiu.

Primeiro nos rádios locais.

Depois nos jornais regionais.

E em menos de dois dias, estava nas capas dos principais jornais do país:

"INFERNO NO ORFANATO: ABUSOS E TORTURAS EM INSTITUIÇÃO CATÓLICA."

**

A igreja tentou agir.

Tentou pressionar.

Tentou abafar.

Mas era tarde.

A coragem dos meninos, o sangue dos inocentes, as provas coletadas — nada mais podia ser escondido.

A opinião pública se levantou como uma onda furiosa.

E, pela primeira vez em décadas, padres antes protegidos pela batina foram algemados diante das câmeras.

**

Padre Buzzi, Padre Maurício e outros dois funcionários foram presos preventivamente.

Acusados formalmente de:

- abuso sexual de menores,

- maus-tratos,

- cárcere privado,

- tortura física e psicológica.

**

Na casa segura nas montanhas, Teo, Samuel e Guto ouviram tudo pelo rádio antigo da sala.

Quando a notícia anunciou que os padres estavam presos, Samuel segurou a mão de Teo com força.

Guto sorriu tímido, ainda com os olhos cheios de medo, mas pela primeira vez com uma fagulha de alívio.

Pedro, com os braços enfaixados e o rosto cheio de hematomas, deu um leve sorriso de vitória.

— Vocês venceram — disse. — Vocês sobreviveram. E agora o mundo todo sabe.

**

Teo encostou a cabeça no ombro de Samuel.

Sentiu o calor dele.

O cheiro dele.

O amor dele.

E, pela primeira vez, acreditou que talvez — só talvez — eles tivessem um futuro.

Não seria fácil.

O medo não sumiria de uma hora para outra.

As cicatrizes ficariam para sempre.

Mas agora, ao menos, eles podiam sonhar.

E dessa vez, ninguém poderia arrancar isso deles.

**

A tempestade tinha passado.

Mas a luta por um novo começo apenas começava.

Teo e Samuel sabiam disso.

E estavam prontos.

Juntos.

Sempre.

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