Onde o sol se esconde - Capítulo 12

Um conto erótico de Teo e samuel
Categoria: Gay
Contém 550 palavras
Data: 04/05/2025 21:57:53

Onde o Sol se Esconde (Capítulo 12)

A noite chegou pesada, abafada, como se até o ar estivesse apodrecendo.

Teo e Samuel fingiam dormir, as mãos entrelaçadas sob o cobertor fino.

Guto tremia em sua cama, ansioso.

Pedro havia deixado outro bilhete escondido naquela manhã:

"Hoje. À meia-noite. Na lavanderia."

Era a chance deles.

Era o começo do fim para o pesadelo.

**

Quando os sinos da capela tocaram as doze badaladas trêmulas, Teo e Samuel se levantaram em silêncio, ajudando Guto a se arrumar.

Pés descalços.

Olhos atentos.

Corações disparados.

Atravessaram o corredor escuro, desviando das vigias.

Ouvindo cada rangido do assoalho como se fossem gritos.

Chegaram à lavanderia, um prédio isolado nos fundos do orfanato.

Pedro já estava lá, escondido nas sombras, com uma expressão tensa.

— Vamos rápido — sussurrou. — Tenho amigos esperando na estrada.

Ele puxou uma chave enferrujada do bolso — roubada de algum dos funcionários.

**

Mas o destino, tão cruel como sempre, não os deixaria escapar tão facilmente.

Enquanto Pedro tentava abrir a porta dos fundos, uma luz forte iluminou o quintal.

— ALI! — gritou uma voz.

Padre Maurício e dois funcionários surgiram, armados com lanternas e bastões.

**

Pedro empurrou os meninos para dentro da lavanderia.

— Corram! — gritou. — Não olhem pra trás!

Mas era tarde demais.

Teo viu quando um dos homens acertou Pedro com um golpe brutal nas costas.

Ouviu o som seco do impacto.

Ouviu o grito de dor.

Guto caiu no chão, chorando.

Samuel segurou Teo pela mão, puxando-o para um canto escuro.

**

O caos tomou conta.

Gritos.

Golpes.

Ordens confusas.

Pedro, mesmo ferido, lutava como um animal encurralado.

Mas estava em desvantagem.

**

Teo sentiu o desespero subir pela garganta.

Se corressem agora, talvez escapassem.

Mas deixar Pedro para trás era impensável.

Samuel apertou a mão de Teo.

— Eu tô com você — murmurou, a voz tremendo.

**

Então, do fundo de sua alma ferida, Teo gritou.

Gritou como nunca havia gritado na vida.

Gritou para chamar atenção, para distrair, para salvar.

E nesse instante breve — nesse segundo em que o mundo pareceu parar — Pedro empurrou um dos homens contra uma parede, derrubando-o, e gritou:

— CORRAM!

**

Samuel puxou Guto.

Teo correu atrás.

Os três atravessaram a escuridão do pátio, o vento cortando seus rostos.

Não sabiam para onde ir.

Não sabiam se conseguiriam.

Mas corriam — juntos — embalados pelo amor e pelo desespero.

**

Atrás deles, ouviram novos gritos.

Ouviram o disparo de um tiro.

Ouviram o som de algo — ou alguém — caindo no chão.

E o silêncio mortal que se seguiu.

**

Finalmente, sem fôlego, se esconderam atrás da capela velha.

Teo estava com o rosto molhado — não sabia se era suor, lágrimas ou a chuva que começava a cair.

Samuel o abraçou forte, forte como nunca antes.

— Eu te amo — sussurrou Samuel, pela primeira vez, no meio daquela tempestade de horror.

Teo sentiu seu mundo desabar.

Mas dessa vez, não era de medo.

Era de amor.

E segurando Samuel ali, sob a chuva, sentiu que — mesmo se tudo acabasse — ao menos tinham encontrado algo que o mundo inteiro nunca poderia roubar deles.

Algo que era só deles.

Algo mais forte que todo o horror.

**

Mas o perigo ainda não havia passado.

Pedro estava desaparecido.

E os padres não iriam perdoar a rebelião.

Naquela noite, o orfanato sangrou em silêncio.

E a luta pela liberdade — e pelo amor — apenas começava.

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