Plano Infalível

Um conto erótico de Lore <3
Categoria: Lésbicas
Contém 2289 palavras
Data: 04/05/2025 18:45:05
Assuntos: Lésbicas

Acordei ouvindo algumas vozes, vozes essas que aquecem o meu coração e são o motivo de ele bater mais forte. Júlia, Milena e Kaique estavam conversando.

— Mas tá tarde já, mamãeeee — disse Milena, com certa impaciência no tom.

— Quase meio-dia!!! — exclamou Kaique.

— Mas ela tá cansada, falem baixinho e deixem-na descansar! — alertou Juh.

Virei o corpo rindo para eles, que imediatamente pularam em cima de mim.

— A mamãe não deixou a gente te acordar, mãe — disse Mih, me abraçando.

— Ainda bem, eu estava precisando dormir — falei, rindo, e Juh me deu um selinho.

— Descansou, amor? — ela questionou.

Eu até me sentia disposta, mas o meu corpo estava mais cansado que o pente da Maria Bethânia.

— Acho que preciso de outra massagem — sugeri, e ela confirmou que faria.

— A mamãe não tomou café — dedurou Kaique.

— Eiiii! — Júlia chamou a atenção dele, que riu.

— Ahhhh, que linda, gatinha... — falei, e ela prendeu o riso.

— A vovó Jacira disse que ela vai ficar doente assim — completou Milena.

— Eu concordo com a vovó... — disse, e eles riram comigo.

— Chega de fofoca e complô contra mim, preciso da ajuda de vocês para uma coisa — falou Juh, de forma bem-humorada.

Ela ia tramar contra os meus irmãos, e isso ia me divertir bastante, mas eu também precisava de um banho — e foi o que fui fazer.

Voltei e o quarto estava vazio. Desci e todos me zoaram pelo horário que eu acordei.

— Achei que você não levantava hoje — disse o meu pai.

— Senta para almoçar com a gente — falou minha sogra, me entregando um prato.

A cara de Milena, Kaique e Juh era de quem estava claramente aprontando. O riso e os cochichos os denunciavam muito.

Para mim, que sabia que ia rolar algo, estava cômico.

Após o almoço, fiz uma sessão de terapia e cheguei à conclusão de que ia pensar sobre os prós e contras, tomar a minha decisão e contratar uma nova secretária. A da clínica e a pessoal estavam de férias. Eu também ia precisar de mais duas para a clínica, dependendo do desempenho, já poderia ser essa.

Ficou claro para mim que eu não iria conseguir lidar com tudo, mas tudo bem. Eu nunca tive problemas em aceitar ou solicitar ajuda. Prefiro resolver sozinha, porém, não sendo possível, sempre foi tranquilo delegar funções para me desafogar.

Comecei a minha listinha:

Prós:

Remuneração mega atrativa, crescimento profissional, visibilidade por ter o nome vinculado ao do Psiquilord, participar de um grupo cheio de talentos, maior contato com profissionais de diferentes regiões e algo que eu gosto muito: um novo desafio.

Eu estava à procura de algo que me estimulasse.

Contras:

Menos tempo com a família e a clínica, mudança na rotina, maior carga administrativa, deslocamentos frequentes ao RJ.

Apesar de enxergar mais bons motivos para aceitar, o primeiro contra pesava muito. Juh estava me apoiando bastante, acredito que, na cabeça dela, eu já tinha aceitado. Contudo, eu sabia que isso ia interferir na nossa dinâmica, e nós já tínhamos tido alguns problemas em relação a isso.

— Amor, chama Lorenzo aqui para a sala — disse Juh, sentando no meu colo sem eu esperar.

— Estava aqui pensando na senhorita — falei, beijando o pescoço dela.

— Por quê? — perguntou, devolvendo os beijinhos.

Mostrei a lista de prós e contras e apontei para o tempo familiar.

— Quer saber o que eu acho sobre? — Juh perguntou.

— Adoraria saber — respondi, sorrindo.

— Eu estava pensando sobre tuuuudo isso, sua insatisfação, como está te afetando, e lembrei de quando você trabalhava em hospitais... Querendo ou não, o público é diferente, não é, amor? — ela questionou, e eu confirmei. — Talvez você esteja sentindo falta de urgência, de correria... Não sei... Acho que vai te fazer bem, mas também não sei se tem isso nesse novo lugar — ela concluiu.

— Eu não tinha parado para pensar por esse lado, talvez você tenha razão — falei, bem pensativa.

— Acho que é uma oportunidade única e que vai te trazer muitos benefícios. Nessa questão do tempo... A gente vai se ajeitando. Não vai ser fácil, mas nós quatro nos viramos bem, ainda mais sabendo que é algo que te faz tão feliz — finalizou a gatinha.

— Ou cinco, em breve — corrigi, sorrindo para ela.

— Ou cinco — Juh repetiu, se aproximando da minha boca para mais um beijo.

— Tenho a impressão de que essa advogada vai desenrolar seja lá o que estiver rolando — falei.

— Se não fosse tão complicado, eu teria mais dez filhos contigo — Juh disse, quase saltando do meu colo, e eu a segurei firme em um abraço, concordando.

— Você é incrível, tá? Eu nunca vou esquecer disso, de todo o apoio que você me dá... É muito importante para mim a ciência da segurança que tenho em você. Nada no mundo paga esse apoio... E nem estou falando somente em relação à proposta, você sabe... — disse-lhe, após algum tempo, encostando nossas testas. — Eu te amo, amor... — concluí, com os olhos cheios de lágrimas.

— Eu também te amo, amor... — Juh respondeu com a voz carregada de emoção, e nos beijamos.

[...]

— Quer que eu te ajude a organizar cada tarefa, estabelecer como será mais ou menos a sua rotina mensal? — ela perguntou, após algum tempo trocando carícias.

— Vai ser muita coisa... Pensei em entrar no LinkedIn com um anúncio de urgência — falei, rindo.

— Ótimo!!! Vou te ajudar a fazer, vamos! — Júlia disse, empolgada, abrindo o meu notebook.

E, nesse momento, as minhas duas peças raras entraram de mansinho na sala, cada um com um balde nas mãos.

— O que estão tramando? — perguntei, curiosa.

— Nós vamos jogar farinha de trigo no tio Lorenzoooo! — gritou Kaique, super animado.

— Fala baixo, Kakaaaa — repreendeu Milena, rindo da empolgação deles.

— Eu já tinha esquecido — disse Juh.

— Ahhhh, então é uma armação de vocês três? — perguntei.

— Nós quatro, porque você que vai chamá-lo aqui embaixo — Júlia me respondeu, rindo.

— E ainda sobra pra mim? — perguntei, pegando um pouco da farinha e soprando neles, fazendo-os rir.

Eles se posicionaram ladeando a passagem, e eu mandei um áudio para o meu irmão. Lorenzo achou que era uma fofoca e disse que estava saindo do banho, mas viria rápido.

Eu me distraí na caça por uma funcionária, porém logo ouvi passos se aproximando. Quando virei para ver a cena, eles já tinham jogado toda a farinha. Comecei a rir instantaneamente com a quantidade de fumaça que se formou, mas a graça foi dando lugar à surpresa quando percebi que um corpo feminino aparecia, eles acertaram a mãe de Sarah.

— Meu Deus!!! — exclamei, arregalando os olhos.

— Me desculpa, D. Lúcia — disse a minha esposa, desesperada, segurando a mão da elegante senhora que havia acabado de sair do banho.

— Era pra zoar o titio... — falou Mih, abraçando-a.

— Desculpa a gente, por favor!!!! — pediu Kaká.

Eu estava chocada. Costumo brincar com minha cunhada que a família dela é old money. São pessoas que tinham tudo para serem metidas e nariz em pé, mas possuem corações extremamente humildes. Eles têm uma elegância própria, são sempre bem-educados, TODOS têm a voz mansa, e Dona Lúcia, em específico, além de ser uma senhorinha doce, é fina.

~ Sinceramente, somente o amor para explicar a união de Lorenzo e Sarah 🤣

A bichinha começou a tossir, e eu levantei para pegar um copo d’água, enquanto Júlia a ajudava a sentar. Confesso que olhar para a cara dos três me fazia querer rir. Tentava me manter séria lembrando da D. Lúcia coberta de farinha de trigo, mas convenhamos, também é engraçado.

Fiz sinal de negação com a cabeça para Juh, que estava extremamente vermelha, e nisso o meu irmão chegou na sala.

— O que foi isso aqui? — ele perguntou, confuso, olhando para todos nós e para a bagunça instaurada.

— Tá tudo bem, tá tudo bem — respondeu D. Lúcia, tentando acalmar a todos, principalmente as crianças.

— Isso aqui... — começou a dizer Lorenzo — Era pra mim??? — finalizou, rindo.

— Era... — respondeu Kaká, frustrado.

Juh ajeitou toda a bagunça e ajudou Lorenzo a limpar a sogra dele, e eu só conseguia olhar e rir disfarçadamente da situação.

— Amor, eu estou morrendo de vergonha... — confessou a gatinha, quando já estávamos a sós e eu não conseguia parar de rir.

— Coitadinha... — comentei, quando pude.

Segui firme na minha saga para encontrar uma nova secretária e, finalmente, consegui: o nome dela é Joelma e ela já residia em Salvador. Marcamos uma reunião para nos conhecermos melhor e alinharmos algumas expectativas. Eu já havia recebido um esboço dos possíveis horários e passei para ela organizar junto aos meus outros compromissos fixos. No final da nossa reunião, percebi o quanto ela estava grata pela oportunidade, dava pra ver no olhar e no jeito como falava. Como eu sou uma pessoa que fala para um caralho, o papo fluiu naturalmente, e ela acabou se abrindo um pouco sobre sua vida. Em meio à conversa, mencionei que, se tudo corresse bem, ela provavelmente continuaria trabalhando comigo, só que na clínica. Ver o sorriso dela ao ouvir isso foi muito bom. Foi sincero, leve, daqueles que mostram esperança e alegria de verdade.

Ao concluir fiquei olhando para a área externa, de onde eu estava, conseguia ver Juh gesticulando muito, se explicando para Sarah, que aparentemente ria bastante de toda a situação, enquanto tentava conter Lorenzo, que muito provavelmente estava curtindo com a cara da minha muié.

Meus sogros chegaram na sala e estavam conversando com Milena e Kaique. Pelo que percebi, os dois estavam dando dicas de como tratar o novo membro da família.

— Quando a gente acorda, sempre ganhamos muitos beijinhos — disse Mih.

— E quando a gente tem problemas, nossas mães escutam e resolvem — falou Kaká, olhando para mim e sorrindo.

— Tipo agora, que vocês jogaram farinha de trigo em D. Lúcia? — perguntei, rindo.

— O quê??? — perguntou D. Jacira, assustada.

— Mas a mamãe também estava — explicou Mih.

E eles se divertiram contando o caos que havia acontecido.

Somente à noite consegui conversar com meus irmãos sobre tudo o que estava acontecendo comigo. Falei abertamente sobre meus problemas com a ansiedade e tudo o que eu vinha enfrentando. Como já esperava, eles foram muito acolhedores. Contei que estava em tratamento, tomando medicação nos momentos de crise e fazendo terapia regularmente para tentar manter algum controle sobre a situação. Não estava sendo fácil, mas ter o apoio certo fazia toda a diferença.

Também falei sobre como a Juh estava sendo (e é!) o meu alicerce. O apoio dela foi essencial durante todo o processo. Comentei que o amor que recebia deles, mesmo sem que soubessem o que eu estava passando, estava sendo a minha força. As palhaçadas, as conversas, o simples fato de estarem ali… Tudo isso me ajudava mais do que podiam imaginar. E, claro, não deixei de falar dos meus filhos, que foram meu abrigo em meio ao caos. Às vezes, um carinho, uma risada, uma nova traquinagem ou apenas observá-los crescer era tudo o que eu precisava para continuar lutando.

Falei também que, em meio a tantos sentimentos bagunçados, a notícia da gravidez dos gêmeos aqueceu meu coração de um jeito indescritível. Eles sabiam o quanto eu sempre fui doida para ter sobrinhos, e deixei claro o quanto aquela alegria veio como um presente da vida, no momento exato em que eu mais precisava lembrar que ainda existiam coisas boas a caminho.

Loren me contou que já estava pensando em me chamar para conversar desde que me viu em crise. Ela disse que estava preocupada, que sentia que eu estava diferente há tempos, só não sabia o que era. E Lorenzo, do jeito direto de sempre, perguntou sobre tudo o que meu ex-marido havia exposto publicamente recentemente. Quando aconteceu, mesmo machucada, eu neguei tudo para a família para não preocupá-los. Expliquei que, infelizmente, tudo aquilo tinha sido uma tentativa clara de manchar minha imagem profissional. Em um dos momentos vulneráveis, procurei ajuda de todas as formas possíveis e, infelizmente, algum “profissional” acabou passando informações para ele — ou pelo menos o suficiente para que ele distorcesse tudo e transformasse em ataques. Ele se aproveitou das minhas dores reais para tentar me prejudicar. Mas, com a ajuda dos pais dele, que, felizmente, não compactuaram com esse tipo de atitude, consegui reverter a situação e provar que as coisas não eram como ele quis fazer parecer.

Conversar com meus irmãos foi importante. Eu nem sabia o quanto precisava disso... até acontecer!

Nós demos um abraço e ficamos um bom tempo juntinhos, até que Lorenzo falou:

— Eu sempre soube que um dia os seus tico e teco iam fundir o motor. Era questão de tempo.

E nós começamos a rir.

Resolvi ir deitar depois disso. Era para ser um dia de descanso e, apesar de ter acordado tarde e dado boas risadas nele, eu fui bem proativa. O meu mental se juntou ao meu corpo e eu fiquei só o pó.

Juh não estava no quarto, mas eu nem tive forças para procurá-la. Pouco tempo depois, ela se juntou a mim. Adentrou toda gostosinha em um pijama de tecido molinho, ela estava colocando nossos filhos para dormir, a pedido deles.

— Se eu não estivesse tão cansada, você ia ver... — brinquei, apertando o bumbum dela, enquanto ela se aconchegava, deitando sobre o meu braço.

— Não quer a massagem? — ela perguntou, rindo, desviando da minha cantada.

— Nos lábios, senhora, somente — solicitei, e recebi alguns selinhos antes de um beijo delicioso.

Dormimos naquele climinha de amor e amanhecemos com o chorinho dos nossos pequenos. Tínhamos que deixar Mih na casa dos avós paternos e, dessa vez, eles dois sentiram bastante. Acho que foi por conta da idade. A cada dia, eles se tornavam ainda mais parceiros. Estavam cada vez mais juntos, brincando, conversando, compartilhando segredos e fazendo tudo lado a lado. A conexão entre eles crescia e era perceptível. Isso fez com que a despedida fosse mais difícil do que nas outras vezes.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 12 estrelas.
Incentive Lore a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.
Foto de perfil de Lore Lore Contos: 110Seguidores: 43Seguindo: 4Mensagem Bem-vindos(as) ao meu cantinho especial, onde compartilho minha história de amor real e intensa! ❤️‍🔥

Comentários

Foto de perfil de RYU

Eu fiquei impressionado com o capitulo de hoje.

Que coisa linda essa montanha-russa …

Quando eu li o título “Um plano infalível” me remeteu um pouco à minha infância, me deu a lembrança do titulo de uma história para crianças. Ou seguindo a linha do comentário do Underdog, titulo de uma historia da turma da Monica.

Mas então teve uma conversa profunda entre você e a Juh sobre futuro e decisões difíceis..

A Juh é uma excelente esposa, a conversa de vocês foi ótima.

Mas daí teve uma transição ... para um ataque de farinha 😂

E da farinha temos o final, com o choro dos irmãos pela despedida.

Voce escreve bem sobre temas profundos e sobre temas engraçados.

Na verdade, sua família e da Juh vai bem em situações difíceis e emocionantes, e também em situações engraçadas.

Teus irmão te abraçando ( cena emocionante) tinha que finalizar com um comentário sobre o tico e o teco e risos.

Vida real pura, né? As vezes caótica, as vezes engraçada, as vezes dolorida e sempre cheia de amor.

A vida contada por você parece mais bonita.

1 0
Foto de perfil de Lore

Fiz referência a exatamente os planos infalíveis do Cebolinha que sempre davam errado. Certamente essa vingança seria algo que ele planejaria nas tirinhas 😂

Juh me ajudou muito, e por ser relacionado ao aumento da minha carga de trabalho, diminuindo assim o meu tempo em família, me surpreendeu bastante. Eu não esperava, inclusive, achei que seria um problema que teríamos que lidar. Ela é demais ❤️

Foi uma despedida difícil essa, meu guri sentiu pra caramba 💔

Se meus irmãos e eu não terminarmos um abraço extremamente sentimental com uma zoação, pode investigar que fizeram clones mal feitos 😂😂😂😂

Vida real, meu amigo, muita coisa acontecendo de vez e gerando essa linda história de amor 🥰

Muito obrigada pelos elogios, Ryu! 😘

0 0
Foto de perfil de Underdog

Exatamente como os planos do Cebolinha e do Cascão para roubar o Sansão da Mônica... Adorei!

1 0
Foto de perfil de Lore

Eu ia colocar um "by Cebolinha" no título, mas além de ficar grande, deduzi que vocês entenderiam a referência 😂😂😂

0 0
Foto de perfil de Lore

D. Lúcia é um nome fictício, espero não esquecer como esqueci o nome que coloquei no marido de Sabrine 😂😂😂😂

1 0
Foto de perfil de Jubs Oliver

Rafael 😂

1 0