O avançar de muitas coisas - Cap 11

Um conto erótico de Ju
Categoria: Trans
Contém 2893 palavras
Data: 27/05/2025 20:47:58
Assuntos: Trans

A luz suave da manhã entrava pelas frestas da cortina, desenhando linhas douradas sobre o quarto. Eu acordei primeiro, deitada sobre o peito nu do Léo, ouvindo o ritmo compassado da respiração dele. A mão dele estava sobre minha cintura, aconchegante, protetora. Sorri sozinha, ainda em silêncio, e comecei a fazer um carinho leve nos cabelos dele, passando os dedos lentamente, como quem desenha no ar nossa história juntos.

Ele despertou aos poucos, abrindo os olhos preguiçosos e sorrindo assim que me viu.

— Bom dia, minha mulher gato… — disse com aquela voz grave de recém-acordado.

— Bom dia, meu Pantera… — respondi, me aconchegando ainda mais. — Dormiu bem?

— Dormi com a melhor mulher do mundo nos meus braços. Como não dormiria?

Ficamos assim, nos acariciando em silêncio, trocando olhares, beijinhos preguiçosos, sorrisos. Um momento só nosso, leve, cheio de ternura. Era impressionante como o amor dele me fazia sentir plena.

Depois de alguns minutos, com a cabeça ainda sobre o peito dele, comentei baixinho:

— As meninas tão planejando uma despedida de solteira pra mim… surpresa.

Léo arqueou uma sobrancelha, um sorriso malicioso surgindo no canto da boca, mas o olhar cheio de carinho.

— Surpresa? Hmm… já gostei.

— É, mas eu não sei de nada. Só sei que a Melissa tá metida nisso… isso me dá um pouco de medo. E um pouco de animação também.

Ele riu, me puxando para mais perto, beijando minha testa.

— Vai, amor… aproveita. Vive tudo. Por mim, tá tudo mais que tranquilo. Por mim você pode tudo! E depois disso… você nunca mais vai ser solteira.

— Ah, não?

— Não. Depois disso, você vai ser a mulher da minha vida. Pra sempre.

Meu coração se aqueceu. Beijei os lábios dele com doçura, sentindo aquela certeza de que ali, com ele, era o meu lar.

Os dias no escritório seguiam em ritmo firme. O recesso já havia terminado e o retorno ao trabalho trouxe de volta a rotina de petições, reuniões e telefonemas. Mas, mesmo com as demandas, os vínculos que se criaram no último mês tornaram o ambiente mais leve, mais acolhedor. As meninas estavam cada vez mais próximas de mim — Mariana, Marcela, Camila, Simone e outras sempre me chamavam para os cafés, trocávamos confidências, gargalhadas, e muitas vezes até falávamos em código quando queríamos fofocar sobre os colegas bonitões do escritório.

Melissa era minha sombra — ou melhor, minha parceira. Nossa amizade se estreitava com intensidade e naturalidade. Falávamos sobre o tratamento hormonal, sobre os efeitos no corpo, sobre as emoções novas que ela vinha sentindo. Eu me tornava, mais do que uma colega ou uma amiga: cúmplice, guia e confidente.

Numa tarde qualquer, voltando da copa com um café na mão, caminhei pelo corredor em direção à minha sala. Ao passar pela sala de reuniões, notei a porta apenas encostada. E ouvi um som abafado... um sussurro, talvez um gemido muito discreto. Olhei de canto e, com um impulso súbito, empurrei a porta devagar. Me deparei com Melissa e Heitor na sala de reuniões. Ela estava sentada na borda da mesa, ele entre suas pernas, os dois num beijo quente, mãos apressadas explorando o corpo um do outro. Assim que me viram, se afastaram como se tivessem levado um choque, olhos arregalados, as faces corando num rubor quase cômico. A cena parecia saída de um filme adolescente, mas aquilo era o nosso escritório — e eu não podia simplesmente ignorar.

Cruzei os braços, firme, minha expressão era de puro desapontamento.

— Isso aqui é um ambiente profissional, ou virou quarto de motel e ninguém me avisou?

Os dois congelaram. Heitor gaguejou algo que morreu na garganta, e Melissa abaixou os olhos, visivelmente sem saber onde se enfiar.

— Vocês acham mesmo que isso é aceitável? Que ninguém ia ver? — continuei, em tom sério. — Tem câmeras nos corredores, tem gente passando o tempo todo. Imagina se fosse outra pessoa que flagrasse vocês? Se fosse um cliente?

Melissa tentou abrir a boca, mas eu levantei a mão, interrompendo.

— Não tem desculpa. Isso aqui não é um parquinho de pegação. Se vocês têm alguma coisa, ótimo. Eu torço, de verdade. Mas aqui dentro, comportem-se como os profissionais que são.

Saí da sala com passos firmes, sem esperar resposta O barulho do salto ecoava no chão do escritorio. Deixei os dois paralisados no constrangimento que mereciam.

Alguns minutos depois, Melissa apareceu na porta da minha sala. Batidinha leve, sorriso nervoso, quase encolhida.

— Doutora Ju… posso entrar?

Nem olhei de imediato. Mantive a compostura por alguns segundos, depois ergui o olhar e fiz um gesto com a cabeça.

Ela entrou, ainda sem graça, parando de pé em frente à minha mesa.

— Eu queria pedir desculpa. Foi irresponsável. Não vai se repetir.

Mantive o silêncio só um instante a mais… e então dei uma gargalhada.

— A sua cara quando me viu… parecia que tinha visto um fantasma. A de Heitor então… quase tropeçou nos próprios pés.

Melissa soltou um riso nervoso, corando ainda mais. Eu balancei a cabeça, divertida, e apontei a cadeira pra ela se sentar.

— Olha, Mel… eu entendo. De verdade. Mas vocês têm que ter mais cuidado. Isso aqui é trabalho. Se querem se agarrar, tudo bem… mas fora daqui, por favor. Não quero ter que dar bronca de novo, nem ver vocês estampados nas fofocas do escritório.

— Tá certo, Ju. Foi um impulso bobo. A gente vai se cuidar mais.

Eu me recostei na cadeira, balançando a cabeça. Aquela menina ainda ia me dar trabalho — mas já era impossível não gostar dela.

— Prometo ser mais cuidadosa… é que às vezes, Ju… eu me sinto tão viva com ele.

—E isso é maravilhoso. Mas guarda a cena quente pra depois do expediente, tá? — pisquei.

Ela concordou com um aceno, rindo envergonhada.

A conexão com ela era cada vez mais íntima, verdadeira. Eu estava feliz em vê-la desabrochar com tanta intensidade.

— Ótimo — respondi, dando uma piscadinha. — Agora vai… antes que eu resolva te botar de castigo de verdade.

Melissa já estava se levantando, aliviada por eu não ter sido mais dura, quando virou-se para mim com um sorrisinho maroto no canto da boca. Deu uma piscadela, ousada, tentando quebrar de vez o clima tenso:

— E qual seria esse castigo, hein… doutora Ju?

Cruzei as pernas devagar e inclinei a cabeça, deixando o batom vermelho realçar ainda mais meu sorriso enigmático.

— Ah, isso depende… — respondi, com a voz baixa, quase arrastada, olhando nos olhos dela. — Alguns castigos são tão bons… que a gente pede pra repetir.

Melissa arregalou os olhos, um instante entre surpresa e diversão, e ficou vermelhinha do jeito mais adorável possível. A boca abriu num riso abafado, ela desviou o olhar e saiu da sala rindo e abanando o rosto, como se tentasse esfriar a própria temperatura. Fiquei observando ela sair, divertida. Eu sabia brincar com a autoridade quando queria. E sabia também como deixar as pessoas pensando em mim por horas.

O expediente finalmente chegou ao fim. A cidade já estava tomada pela penumbra da noite quando saímos juntos do escritório. Leonardo me esperava encostado no carro, como sempre elegante, o terno já com a gravata frouxa e aquele olhar de quem só queria saber de mim.

— Vamos caminhar um pouco antes de ir pra casa? — perguntei, ajeitando meu sobretudo por cima do vestido.

Ele abriu um sorriso e estendeu a mão. — Com você, onde quiser.

Seguimos de mãos dadas por uma rua arborizada próxima ao escritório. A noite estava fresca, e o silêncio da cidade era cortado só pelo som leve dos nossos passos e o farfalhar das árvores. Conversávamos sobre coisas do trabalho, da vida, do que comeríamos mais tarde. Eu adorava aqueles momentos, em que o mundo parecia ficar pequeno e só cabíamos nós dois.

Em certo momento, encostei nele e comentei com um tom provocativo:

— Hoje eu flagrei a Melissa e o Heitor se atracando na sala de reuniões.

Ele me olhou, surpreso, e depois soltou uma gargalhada gostosa.

— Não acredito! Esses dois…

— Acredita sim — falei, sorrindo com malícia. — Ela em cima da mesa, ele no maior amasso…

Leonardo passou o braço pela minha cintura, me puxando de leve pra mais perto.

— Isso me lembra um certo casal que eu conheço… que já usou aquela mesma sala, depois do expediente… — sussurrou no meu ouvido, me fazendo rir alto.

— A diferença é que a gente é profissional, né? Só faz fora do horário. — brinquei, apertando a mão dele.

— Exatamente. Ética acima de tudo. — respondeu ele, com aquele olhar sapeca que só ele tem.

Rimos juntos, em meio aos postes amarelos da rua, e seguimos caminhando devagar, trocando carinhos, palavras doces, e pequenas promessas do que a noite ainda nos reservaria. Era bom demais ter aquele homem ao meu lado. Meu noivo. Meu Léo.

Na manhã seguinte, o ritmo do escritório já estava a todo vapor quando Melissa entrou na minha sala, batendo levemente à porta com um caderno nas mãos e um olhar determinado.

— Ju, posso? — perguntou, como quem já sabia que sim.

— Claro, Mel. Entra. Que foi?

Ela se sentou de frente pra mim, ajeitou o cabelo e mordeu levemente o lábio inferior antes de falar:

— Eu estou começando a montar meu TCC… e queria muito que você me ajudasse. Pensei em escrever sobre a mulher trans na advocacia. Sobre os desafios, os preconceitos, as conquistas…

Meus olhos brilharam. Aquilo mexeu comigo profundamente. Não só por ser um tema tão necessário, mas por ser ela quem estava ali, diante de mim, se apropriando da própria história com coragem e orgulho.

— Mel… você não faz ideia do quanto isso me deixa feliz. E orgulhosa. Claro que eu vou te ajudar. Vai ser uma honra.

Ela sorriu, emocionada, e se inclinou um pouco pra frente.

— Você é a minha maior inspiração, Ju. De verdade.

Senti um calor no peito. Levantei e fui até ela, segurando suas mãos entre as minhas.

— A gente vai construir esse trabalho juntas. Vai ser uma voz poderosa. Vai mostrar pra todo mundo o que nós somos capazes de fazer — disse, olhando firme nos olhos dela. — E acredite… você ainda vai inspirar muita gente.

Ela assentiu, com lágrimas nos olhos, e me abraçou. Ficamos assim por um tempo, em silêncio, sentindo aquela conexão profunda de sororidade, força e afeto.

Ainda abraçadas, ela me perguntou, meio tímida:

— Tem idéia de que tópicos podemos abordar?

— Com certeza — respondi, pegando uma caneta e abrindo meu bloco de anotações. — Anota aí, vou te dar uma linha de estrutura pra começarmos a organizar: Histórico e evolução dos direitos das pessoas trans no Brasil; O acesso da mulher trans ao curso de Direito e aos espaços acadêmicos; Desafios da mulher trans no mercado jurídico; Relatos pessoais como ferramenta de sensibilização, e aqui, Mel você pode até incluir suas experiências e, se quiser, as minhas também.

Melissa anotava tudo com afinco, a caneta deslizando rápida nas linhas do caderno.

— Isso é incrível, Ju… — sussurrou. — Eu quero que esse TCC transforme alguma coisa. Nem que seja uma cabeça. Uma porta. Um olhar.

— Vai transformar mais do que isso, você vai ver.

Depois da nossa conversa, Melissa parecia mais leve, mais animada. Na parte da tarde, enquanto eu revisava uns contratos, ela aproveitou um momento em que o Léo estava sozinho na sala dele e bateu de leve na porta, com seu caderno abraçado ao peito.

— Doutor Leonardo… posso falar com você um instante?

Ele sorriu ao vê-la.

— Claro, Mel. Entra. E pode me chamar só de Léo, vai… depois da festa, do recesso, acho que já podemos dispensar tanta formalidade, né?

Ela riu, sentando-se na cadeira à frente da mesa dele.

— Tá bom, Léo. Eu conversei com a Doutora Ju mais cedo sobre o meu TCC… vou falar sobre a mulher trans na advocacia.

— Excelente tema — ele respondeu com firmeza, cruzando os braços, já interessado.

—Ela me deu umas ideias incríveis, me ajudou a organizar uma estrutura, mas eu queria ouvir sua visão também. Porque, mesmo sendo um homem cis, você é uma referência pra mim no quesito respeito, escuta, justiça. E também porque sei que você vê muita coisa de dentro, como gestor, como advogado, como homem.

Léo se recostou na cadeira, tocado pelas palavras.

— Fico muito honrado, de verdade. E acho maravilhoso você usar sua história pra abrir espaço pra outras mulheres como você. O Direito ainda tem muito o que aprender com a diversidade.

Melissa sorriu, atenta. Léo analisou aquilo que eu havia conversado com ela mais cedo e começou a listar outros pontos:

— Você já falou com a Ju sobre os desafios do mercado e da formação, certo? Então acho que você poderia escrever também sobre a visão dos escritórios de advocacia sobre a diversidade, a importância de políticas internas claras contra a transfobia, o papel dos colegas de trabalho e da chefia direta, por exemplo.

Melissa anotava tudo com rapidez e emoção.

— Nossa… isso tudo vai deixar meu TCC muito mais robusto. Obrigada mesmo, Léo.

— De nada. E posso te ajudar com referências, se quiser. Tenho algumas leituras que talvez se encaixem bem com a parte mais institucional do tema.

— Quero sim! — ela disse, animada. — É tão bom ver que eu posso contar com vocês dois.

Ele sorriu largo, aquele sorriso seguro que sempre me encantou.

— Sempre. Você já é parte da nossa história, Mel. E sua coragem vai abrir muitas portas.

Ela saiu da sala com o coração leve e as ideias fervendo. E eu, vendo da minha sala o brilho no olhar dela, senti de novo aquele orgulho pulsante. A Melissa estava florescendo — e nós estávamos ali, cuidando do solo onde ela decidira plantar seu futuro.

Os dias iam passando com aquela leveza boa de quem sabe que está cercada de amor, desejo e cumplicidade. O escritório seguia com seu ritmo, mas meu coração vivia outro tempo — o tempo dos laços que se aprofundam e se transformam. A Melissa e eu já não éramos só amigas. Estávamos ligadas de um jeito íntimo, intenso. Não havia rótulo, nem necessidade de explicações. Mas havia um toque de mão demorado demais, um olhar que se estendia no silêncio, um carinho no cabelo que arrepiava. Tinha desejo contido, afeto escancarado, uma conexão que ultrapassava a amizade e flertava com algo mais. Uma mistura de certo e errado.

Ela me procurava com frequência, para tudo e por nada. Às vezes era só pra dividir um café e uma risada no fim do expediente. Às vezes era pra me mandar uma foto do look e perguntar:

— E aí, Ju… tá “advogata” o suficiente?

Eu ria, e respondia com coração acelerado:

— Tá… mas cuidado pra me deixar distraída no trabalho.

E ela respondia com emojis e promessas implícitas. A Melissa tinha se tornado parte de mim. Não só na vida profissional, mas na pessoal também — uma presença constante, gostosa, provocante, cheia de doçura e de mistério.

Às vezes, no fim do expediente, ela encostava na moldura da minha porta e soltava:

— Ju, preciso da sua opinião sincera… isso aqui tá parecendo “acadêmico demais”?

E eu já abria espaço na cadeira ao lado, pegava meu marcador e revisávamos juntas mais um trecho do TCC. A gente discutia referências, trocava links, ajustava termos. E em outros momentos, sem assunto nenhum, ela me mandava um áudio dizendo:

— Amiga, tô passando perto da sua casa, bora tomar um café?

Éramos inseparáveis.

Foi nesse clima que os cochichos começaram. As meninas do escritório pareciam sempre saber mais do que deixavam escapar.

Risadinhas, olhares trocados quando eu entrava na copa, e de repente, perguntas soltas no ar:

— Ju, já tá com a roupa separada pra grande noite?

— Que noite? — eu perguntava, fingindo não perceber.

— Ah, a gente sabe que você não engana ninguém — dizia Luana, piscando pra mim.

A Melissa, cúmplice, fingia total inocência, com aquele sorriso travesso no rosto.

— Juro que não sei de nada, doutora… só espero estar bonita no dia.

— Você sempre está — eu respondia, mordendo o lábio, e ela corava.

Entre essa expectativa crescente, o tempo ia voando. O TCC dela ia ganhando forma, maturidade e uma força impressionante. A cada capítulo que revisávamos juntas, eu me emocionava mais. O trabalho não era apenas acadêmico — era político, necessário, urgente. E era também profundamente pessoal.

Na última semana, Melissa chegou ao escritório com os olhos marejados e o pendrive na mão.

— Amiga… terminei.

Ela me mostrou a versão final, e quando li a dedicatória, tive que me segurar para não chorar ali mesmo:

"À doutora Juliana, que foi o espelho, a guia e a prova viva de que mulheres como eu têm, sim, um lugar na advocacia — e no mundo."

Meus olhos marejaram. A abracei forte. Não como amiga, nem como colega — mas como alguém que via nela o reflexo mais bonito de si mesma.

Nosso abraço foi intenso. As meninas nos observaram de longe, respeitando aquele momento.

E mesmo com o TCC finalizado, o clima de mistério continuava. As colegas se entreolhavam, sussurravam, riam. Mas ninguém abria o jogo sobre a tal despedida de solteira.

— Ju… — disse Marcela um dia, cruzando comigo no corredor — só vou dizer uma coisa: prepara o emocional. Vai ser uma noite histórica.

E por mais que eu insistisse, a Melissa, com seus olhos maliciosos, só respondia:

— Confia em mim. E se prepara pra se surpreender.

Eu já sentia que algo grande vinha por aí. O amor com o Léo seguia intenso. A amizade — ou mais que amizade — com a Melissa só crescia. E o mistério no ar fazia tudo vibrar em outro nível.

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