Assim que saí do carro, meu celular tocou. Era a Fernanda. Atendi tentando soar o mais tranquilo possível, como se tudo estivesse em ordem. Ela perguntou sobre a entrevista, e eu, com a voz controlada, expliquei que havia sido adiada para a próxima semana por causa de um problema interno na empresa. Tomei coragem e, disfarçando o nervosismo, perguntei como tinha sido o concurso.
Ela respondeu empolgada, dizendo que tinha sido incrível, que se saiu bem em todas as etapas e já estava classificada para o segundo dia. Fingi naturalidade ao perguntar como tinham sido essas etapas, só para ver o que ela contaria. Disse que tinham sido super divertidas: apresentações, atividades em grupo, dinâmicas com os veteranos — “interações” que eu, na verdade, já tinha presenciado. Comentou que estava ansiosa para as provas do dia seguinte e que tinha até recebido o uniforme novo, prometendo me mandar uma foto.
Depois de um beijo apressado pelo telefone, ela desligou. Fiquei ali, sentado no meio-fio, encostado no carro, esperando. Foram quase trinta minutos de um silêncio sufocante. Eu checava o celular a cada minuto, feito um idiota. Quando finalmente a notificação apareceu na tela, meu coração disparou.
Abri a mensagem. Fernanda estava usando uma camiseta branca comprida, que ia quase até os joelhos. Era o uniforme do segundo dia. Na foto, ela sorria com naturalidade, como se estivesse mandando algo banal. Logo em seguida, enviou outra imagem, agora de costas, para mostrar o nome da faculdade estampado.
Pensei comigo: bom, se esse for o traje da competição, ao menos é mais recatado do que as roupas da noite anterior. Ainda assim, algo dentro de mim não sossegava.
A segunda parte do evento estava marcada para o meio-dia. Passei o resto da manhã pensando em como poderia aparecer por lá sem correr o risco de ser visto por Fernanda.
Andando pela cidade, encontrei uma lojinha que vendia uniformes da faculdade. Sem pensar muito, comprei uma camiseta e um boné. Para completar a “fantasia”, peguei um daqueles óculos de plástico, enormes e coloridos. O modelo era tão esquisito que mal se encaixava no meu rosto. Mas servia ao propósito: me esconder.
Já vestido com o disfarce improvisado, fui até o local da festa. Ainda faltavam uns vinte minutos para o início. Achei um canto meio escondido, próximo da piscina, de onde eu podia observar sem ser notado.
Montaram um palco no centro da piscina, tornando-a bem mais rasa — a água mal passava das canelas. Instalaram chafarizes em volta, claramente com o intuito de deixar todos molhados desde o início.
Enquanto esperava, fiquei lembrando: não me recordava de ter visto Fernanda levar trajes específicos para esse tipo de atividade. Talvez tivesse comprado algo naquela manhã ou, quem sabe, improvisaria com roupas de academia por baixo da camiseta. Mas logo tentei acalmar os pensamentos. Não adiantava sofrer por antecipação.
Pontualmente ao meio-dia, a banda da faculdade começou a tocar. Os alunos começaram a chegar com seus coolers, animados. Os veteranos também apareceram, com as mesmas fantasias da noite anterior, mas adaptadas para o calor: agora com mangas e pernas cortadas, o que deixava tudo ainda mais cômico. Subiram no palco e começaram a brincar com o público.
Paulo apareceu logo depois. Dessa vez, usava uma roupa bem mais chamativa — uma sunga branca e uma tiara com orelhas que pareciam mais de coelho do que de urso. Ele dançou no palco, rindo com os colegas e fazendo graça com os estudantes ao redor. Pegou o microfone e começou o seu “show”.
— Boa tarde, meu povo! Estão prontos pra uma tarde insana? — gritou.
A galera vibrou.
Ele explicou que a tarde teria três provas. Diferente da noite anterior, ele avisou que a comissão não aceitaria reclamações — não haveria mais alterações de última hora. Alguns vaiaram, mas a maioria entrou na brincadeira.
Ele anunciou a primeira prova: uma corrida com boias infláveis, mas não boias normais, eram boias em formato de pênis, em que as candidatas precisariam atravessar a piscina montadas nessas boias. As 16 primeiras colocadas avançariam, enquanto as últimas 4 seriam eliminadas.
A segunda prova seria uma espécie de basquete aquático, com bolas e tabelas gigantes. As participantes seriam divididas em dois times, ficariam montadas na cacunda dos veteranos e o time com mais pontos em três minutos avançaria. A terceira etapa ainda era surpresa — mas, segundo Paulo, seria “inesquecível”.
Logo em seguida, ele começou a chamar as candidatas uma por uma. Todas usavam a mesma camiseta branca comprida. Subiram no palco e se alinharam, lado a lado, aguardando instruções.
Paulo explicou que, antes de começar as provas, as camisetas das participantes seriam “personalizadas” pelos veteranos dos respectivos cursos. Cada veterano receberia uma lata de spray para escrever o nome do curso nas costas da camiseta da caloura, além de fazer uma decoração livre, seguindo o “tema de verão” — fosse isso o que fosse.
Um DJ colocou a música pra tocar, e os veteranos começaram o processo. Achei que Paulo ficaria com Fernanda novamente, mas ele apenas ficou ao lado dela, observando enquanto outro veterano fazia a pintura.
Começaram escrevendo o nome do curso nas costas, depois seguiram com desenhos soltos. A maioria dos veteranos não tinha qualquer habilidade artística, e as “personalizações” ficaram completamente tortas, cheias de borrões. Na vez da Fernanda, ela chegou a esticar um pouco a camiseta para facilitar o trabalho, em certo momento, ela chegou a levantar a barra da camiseta para ver o progresso, nesse momento o veterano fez cara de espanto e chamou paulo, ele pediu para fernanda olhar novamente, com isso ela levantou sua camiseta mais uma vez, os dois, com cara de malandros apenas se comprimentaram e começaram a rir. De onde eu estava não conseguia ver muito bem o porque, afinal o corpo dos dois tapava minha visão.
Quando terminaram, Paulo pegou o microfone e perguntou para a plateia o que tinham achado. Todos riram com as pinturas desajeitadas.
— Hoje nossa Fernandinha está com cara fechada — brincou ele. — O que foi, minha linda?
Ela respondeu, rindo meio sem graça:
— Queria que ficasse bonito, só isso.
Mais risadas da plateia.
Eu, no canto, observava tudo em silêncio. A cada novo detalhe, a sensação de estar deslocado aumentava. Fernanda parecia inserida naquele universo de forma leve, divertida, espontânea. E eu? Eu estava ali, escondido, disfarçado, tentando me proteger daquilo que eu mesmo já sabia.
O pior ainda estava por vir.
As provas finalmente iam começar. Os veteranos trouxeram as boias para a primeira etapa da competição. Uma a uma, as candidatas foram se posicionando sobre elas na borda da piscina. Era uma piscina olímpica, bem grande. A princípio, achei que seria uma prova simples, mas logo percebi o contrário: as boias eram instáveis, difíceis de manter o equilíbrio, e muitas meninas caíam na água antes mesmo da largada. A camiseta branca, parte do uniforme do evento, ia ficando cada vez mais encharcada, o que dificultava ainda mais o controle dos movimentos.
Observei Fernanda tentar se equilibrar. Ela caiu logo na primeira tentativa, afundando parcialmente e emergindo com o rosto molhado e um sorriso meio nervoso. A pintura improvisada nas camisetas — aquela ideia boba dos veteranos — já começava a se desfazer na água. A tinta claramente não era resistente. O desenho, que antes cobria grande parte da camiseta, ia se diluindo, manchando a água ao redor com tons de vermelho, azul, verde e amarelo. Era estranho ver aquilo: uma estética improvisada desmanchando diante de todos. Além disso, o tecido branco das camisetas começou a ficar transparente, quanto mais molhava, mais transparente ficava, fiquei procurando para ver a cor do biquíni de Fernanda, mas não conseguia ver nada, talvez fosse da cor da pele. Olhei atento para outras meninas e conseguia facilmente distinguir os biquínis. Isso me preocupou seriamente.
Depois de quase dez minutos de tentativa, as participantes finalmente conseguiram se ajustar sobre as boias, parecendo surfistas inexperientes, mas determinadas. Paulo então pegou o microfone e gritou, animado:
— Vamos aproveitar que as feras foram domadas! Corrida de ida e volta! As quatro últimas serão eliminadas!
Fez sua contagem costumeira — “três, dois, um!” — e deu início à prova. As meninas começaram a remar, desajeitadas, avançando como podiam.
Algumas, surpreendentemente, pegaram o jeito da coisa. Outras mal saíam do lugar, já cansadas de tantas quedas. Fernanda estava no meio termo: remava com esforço, mas com cautela, tentando se manter firme. Seu avanço era lento, hesitante. Um pequeno grupo se destacou na frente, abrindo vantagem. Enquanto isso, outras participantes já estavam apenas se divertindo, deixando de lado a competição.
Fernanda, no entanto, não desistia. Vi quando ela olhou para frente e percebeu a distância para as líderes. Parecia tomada por um pensamento súbito — algo como “não posso perder essa corrida”. Começou a remar com mais intensidade. Seu rosto exprimia esforço e determinação. Aos poucos, foi diminuindo a distância.
Foi nesse momento que percebi algo estranho. As cores na água, antes apenas manchas suaves, agora pareciam mais intensas. Piscando os olhos, percebi: a tinta das camisetas estava mesmo se desfazendo. A água da piscina ganhava uma coloração confusa, como se alguém tivesse despejado dezenas de potes de tinta. As camisetas voltavam a seu estado original: completamente brancas, só que agora molhadas e manchadas.
Me senti desconcertado. Vi Fernanda de novo, lutando contra o ritmo da prova, cada vez mais ofegante. Apesar da vontade de vencer, ela não tinha tanta facilidade com a atividade e acabava perdendo posição. Vi outras candidatas ultrapassando-a. Parecia estar cansando.
Com cerca de um quarto da prova restante, Fernanda estava em 12º lugar. Tentava, mas mal conseguia avançar. Numa remada desequilibrada, caiu da boia. Mas a piscina era rasa, e logo ela voltou à superfície e recomeçou, só que nesse momento, em uma das quedas, sua camiseta subiu até mais ou menos a altura da cintura, eu vi, todos viram, não tinha biquíni, não tinha roupa de academia, não tinha calcinha, ela estava sem nada por baixo, e na posição que ficava na boia, agora sem a camiseta para tapar, sua bundinha ficava totalmente exposta e com o balanço das remadas, as vezes dava para ver seu cuzinho e sua bucetinha rosada. Eu me sentia paralisado. Queria sair dali, ir embora. Escrever uma mensagem, colocar um ponto final em tudo. Mas não conseguia. Era como se algo me prendesse, como se eu precisasse assistir até o fim, entender até onde aquilo iria.
Quando voltei a olhar para a piscina, Fernanda já havia completado a prova. Estava de pé dentro d’água, ao lado das demais. Parecia frustrada. As que foram eliminadas nem chegaram a concluir o percurso — estavam apenas rindo, se molhando, brincando umas com as outras.
Paulo apareceu novamente, todo molhado também, aparentemente tinha ficado ao lado de um dos chafarizes, o que fez a sua sunga branca colar no corpo e ficar levemente transparente, dava para ver o contorno do seu “dote”, que me lembrou muito o adereço da noite anterior, ele pegou o microfone e anunciou as vencedoras com entusiasmo. Aproximou-se de Fernanda e, com seu típico tom debochado, comentou:
— Hoje não é o dia da nossa Fernandinha... Será que depois de ontem ela vai nos decepcionar?
Ela lançou um olhar fulminante para ele. Estava visivelmente contrariada com a derrota — não só pela prova, mas talvez pela forma como estava sendo tratada.
Os veteranos organizaram as participantes em fila, pela ordem de chegada. Paulo pegou o microfone de novo e disse que agora iriam avaliar como tinham ficado as “obras de arte” feitas nas camisetas após a prova.
Ele se aproximou da primeira colocada e comentou:
— Vamos ver como ficou o desenho...
Mas ao olhar para a camiseta dela, parou. Estava quase totalmente limpa — apenas manchas de tinta diluída aqui e ali. Ele então observou as outras e notou o mesmo. Pediu uma das latas de spray usadas mais cedo e leu o rótulo em voz alta. Caiu na risada.
— Aparentemente, nosso responsável pelas tintas não entende muito do assunto... Comprou tinta de cabelo! — anunciou, gargalhando.
Chamou o veterano responsável e brincou que, em vez de urso, ele deveria estar vestido de asno. A plateia caiu na risada, e começaram a chamá-lo de “asninho da faculdade”.
Depois disso, Paulo voltou-se para as participantes:
— Já que não temos biquínis para avaliar... vamos julgar a apresentação das nossas calouras no traje oficial de competição!
Uma a uma, ele pedia que dessem uma volta, incentivando o público a reagir. Quando chegou em Fernanda, ela ficou toda boba, pegou a camiseta pelas pontas e começou a rebolar segurando-a pelas pontas, certa hora segurou a camiseta com as duas mãos nas costas, isso fez com que o tecido ficasse totalmente colado no corpo e com a transparência, dava para ver todos os seus contornos, os alunos da faculdade não precisavam mais imaginar como era o corpo dela, seus mamilos rosados, a rachinha da bucetinha, estava tudo ali para quem quisesse ver. Paulo soltou um comentário sarcástico: “Minha querida, adorei o biquini, sempre que eu fizer uma festinha na piscina, pode usar esse.” Fernanda corou e todos riram.
No fim, ele anunciou as quatro eliminadas, dizendo que já eram vencedoras só por estarem ali. Mas como elas estavam deixando a competição, teriam que deixar os mantos sagrados do concurso ali mesmo, ou seja, teriam que tirar as camisetas brancas e deixar ali. O mais impressionante é que as 4 estavam somente com a calcinha do biquíni e ficaram com os peitos totalmente expostos, mas nem ligaram para isso, continuaram brincando e rapidamente se acomodaram no meio da plateia.
Fiquei perplexo, mas o tom, o jeito, a exposição toda... me incomodavam profundamente. Não era só ciúme. Era como se tudo aquilo fosse excessivo, invasivo — como se tivessem atravessado uma linha invisível que até então eu não sabia que existia. Queria correr, precisava fazer alguma coisa.
Mas antes que eu pudesse tomar qualquer atitude, a segunda prova já estava prestes a começar. Ouvi a voz de Paulo ecoando no microfone, chamando todos para se reunir:
— Atenção, pessoal! Segunda prova agora! Vamos formar dois times, com oito candidatas de cada lado. As meninas vão subir nos ombros dos veteranos e tentar arremessar essas bolas gigantes dentro das cestas. Quem marcar mais pontos em cinco minutos vence!
Olhei em volta e vi os veteranos chegando, agora divididos em dois grupos, um com camisetas azuis e outro com vermelhas. Eles começaram a escolher as candidatas para os times. Paulo, como sempre, fazia questão de se destacar. Disse em alto e bom som:
— E eu vou com a Fernandinha! Ontem formamos uma dupla e tanto!
Sorriu para ela enquanto já se posicionava ao seu lado. Meu estômago revirou. Por mais que eu tentasse racionalizar tudo, me sentia cada vez mais deslocado, como se estivesse assistindo à cena de longe, sem conseguir interferir.
Os veteranos se abaixaram para que as meninas pudessem subir em seus ombros. Paulo, por ser muito alto, precisou se curvar bastante. Fernanda subiu, com um pouco de dificuldade, mas logo se ajeitou.
O jogo começou com intensidade. As equipes estavam equilibradas, disputando ponto a ponto. A cada arremesso certo, aplausos e gritos. Era um ambiente de pura euforia. Ninguém parecia se importar com mais nada — apenas com a diversão, com a competição, com o espetáculo.
Com o tempo, a disputa ficou mais física. Uma das garotas do time da Fernanda começou a derrubar as adversárias da outra equipe, abrindo uma vantagem de três pontos. Não demorou para que o outro time revidasse. A primeira a ser derrubada foi justamente Fernanda.
Vi quando ela perdeu o equilíbrio e caiu de costas na piscina, com um baque surdo seguido de respingos. Paulo, no reflexo, rapidamente a pegou nos braços e a ergueu de volta, como se fosse a coisa mais natural do mundo, porém, temos um grande porém, ele não a colocou novamente nas costas, mas sim em sua frente, e como ela estava sem nada por baixo da camiseta, ele ficou com a cara bem na deliciosa e depiladinha bucetinha da fernanda.
Ele começou a se movimentar sem rumo, pois não conseguia enxergar nada da forma que estava, mas aos poucos foi parando, quase sem sair do lugar, fernanda que antes estava rindo com o jogo, agora estava concentrada, nem ligava mais para a bola ou marcar pontos, segurava a cabeça de paulo com firmeza enquanto o acariciava, ela chegava a fechar os olhos e rebolar levemente erguida em seus ombros, ali no meio de toda aquela gente. Ela começou a rebolar mais freneticamente, colocou a cabeça para tras, fechou os olhos e…
…o sino tocou, ela abriu os olhos, fez uma cara de espanto e em um movimento pulou dos braços de paulo para dentro da piscina. Paulo, com aquele seu ar de quem sempre precisa ser o centro das atenções, caminhou até o microfone. Ajustou o pau, que estava duro, dentro da sunga transparente, sorriu como se tivesse acabado de vencer uma final de campeonato e anunciou com entusiasmo:
— Que prova incrível, galera! Foi uma disputa acirrada do início ao fim! Mas agora, só restam oito candidatas na competição!
A plateia respondeu com aplausos e gritos. Ele parecia se alimentar daquela energia, como se tudo aquilo fosse parte de um grande espetáculo criado por ele — e talvez, de certa forma, fosse mesmo. Paulo era mestre em transformar qualquer situação em show. E as pessoas, mesmo sem perceber, embarcavam completamente.
O time que perdeu, assim como na primeira prova, foi instruído a deixar de lado as camisetas. A justificativa era que isso marcava simbolicamente a saída da etapa — algo mais teatral do que prático. Já para mim, era só mais um incômodo em meio à tarde mais desgastante que eu já tinha vivido.
Mesmo decidido a colocar um ponto final naquela situação, algo me fez ficar. Talvez fosse curiosidade, talvez fosse teimosia. Ou talvez eu ainda estivesse tentando entender até onde aquilo poderia ir. Resolvi suportar mais um pouco. A terceira e última etapa estava prestes a começar.
O "showman da faculdade", sempre empolgado, subiu novamente ao palco e assumiu o microfone:
— É isso aí, pessoal! Nossa tarde tá chegando ao fim, mas ainda temos a última etapa! Agora é tudo ou nada! Das oito candidatas que restam, apenas três vão continuar. Isso mesmo, cinco serão eliminadas!
Ele anunciou a próxima prova como se fosse uma grande atração de domingo à tarde:
— Nosso desafio final será um remake da clássica banheira do Gugu, mas do nosso jeitinho! As candidatas terão que recolher o maior número de bolinhas espalhadas no fundo da piscina. Cada uma tem um minuto. Quem juntar mais, avança!
Diante de tudo o que já tinha presenciado, essa até parecia mais inofensiva. A piscina, com a plataforma instalada, deixava a água na altura da cintura. As candidatas se posicionaram em círculo, enquanto Paulo fazia mais um de seus teatrinhos antes do início. Então ele contou:
—!
Um sino tocou, e a prova começou.
As candidatas começaram a mergulhar as mãos na água, recolhendo bolinhas coloridas o mais rápido que podiam. Sem nenhum cesto ou balde por perto, uma das meninas improvisou e puxou a camiseta para frente, formando uma espécie de bolsa. Com isso, conseguia usar uma mão para segurar a camiseta e a outra para recolher mais bolinhas. Fernanda, percebendo a estratégia, imitou a colega e fez o mesmo, porém ela nem deve ter pensado que estava sem nada por baixo, ficou ali se abaixando, pegando bolinhas e mostrando sua nudez da cintura para baixo para todos que ali estavam. A cena foi caótica, com todas tentando se mover rápido e guardar o máximo que podiam. Quando o tempo acabou, o sino tocou novamente. As bolinhas foram contadas ali mesmo, uma por uma, e Fernanda terminou em terceiro lugar — suficiente para avançar.
Paulo voltou ao centro da piscina com o microfone em mãos e anunciou:
— E assim encerramos nossa tarde de desafios, minha gente! Palmas para todas as participantes, que deram um show de empenho! As três finalistas estão definidas — parabéns!
A plateia aplaudiu e gritou. Eu fiquei parado, imóvel, como se estivesse assistindo à última cena de um espetáculo que jamais pedi para ver. Mesmo sem a coragem de me levantar e ir embora, algo dentro de mim já começava a se desconectar. A tarde podia ter acabado ali, mas eu sabia: o que vinha depois seria ainda mais difícil.