Avanços e novas descobertas - Cap 5

Um conto erótico de Ju
Categoria: Trans
Contém 1557 palavras
Data: 23/05/2025 23:51:20
Assuntos: Trans

A semana começou com uma energia boa no ar. Morar com o Léo estava sendo tudo que eu sonhei e mais um pouco. Dividir a vida com ele — os cafés da manhã corridos, as mensagens no espelho do banheiro, os jantares improvisados depois de um dia puxado — era simplesmente perfeito. Nossa rotina era cheia de carinho, risadas, e uma cumplicidade crescente. A gente fazia questão de não deixar o romance cair na monotonia, nem dentro nem fora de casa.

Na segunda-feira, recepcionamos o novo estagiário do escritório, Matheus. Um garoto tímido, mas muito educado e atencioso. Ele me olhou com um certo brilho nos olhos quando se apresentou. Não era desejo, era admiração. E eu reconhecia bem aquele olhar. Eu já fui ele. Tímido, cheio de medo e expectativas, andando com cuidado pelos corredores do mundo jurídico, tentando ser levado a sério. Aos poucos, ele foi se soltando, fazendo perguntas pertinentes, rindo das nossas piadas — especialmente das do Léo, que adorava provocar com um ar debochado e afetuoso. Na terça-feira, finalizei oficialmente a venda do meu antigo apartamento. Foi uma mistura de alívio e nostalgia. Mas era um ciclo que eu encerrava com o coração leve. Entreguei as chaves com a certeza de que minha casa agora era com o Léo. Ele comemorou com um jantar especial em casa e um bom vinho... o resto da comemoração foi no sofá da sala, com mãos apressadas, beijos longos e palavras sussurradas que terminavam em gemidos abafados entre almofadas.

No escritório, a rotina fluía, mas nunca sem o toque provocante que Léo e eu sabíamos trocar como ninguém. Na terça-feira, eu entrei na sala dele para discutir um caso... e acabei trancando a porta atrás de mim. Estávamos sozinhos no andar naquela hora. Ele me olhou com aquele sorriso safado, e eu caminhei até ele, de salto alto e com um vestido que abraçava minhas curvas.

— Está com a mente muito focada no processo, doutor Leonardo? — perguntei, me inclinando na mesa, bem na frente dele, com o decote no ponto certo.

— Sempre focado no que importa, doutora Juliana — ele respondeu, já deslizando os dedos pela minha coxa, por baixo do vestido.

Os papéis do processo ficaram de lado, as vozes foram abafadas pelo som da madeira da mesa rangendo. Eu sentei sobre ela, abri as pernas e o puxei pela gravata. Entre beijos famintos, ele me pegou com força, me fazendo esquecer de qualquer outro compromisso. Quando terminamos, eu ajeitei o batom e ele endireitou o paletó, como se nada tivesse acontecido. Rimos cúmplices, e voltei à minha sala com as pernas bambas.

Matheus, curioso e atento, já começava a pegar os jeitos do nosso dia a dia — sem nunca desconfiar das bagunças por trás da porta da sala do Léo. Ele anotava tudo em seu caderno, olhava os processos com interesse, e eu percebia que ele se sentia mais confiante a cada dia. E eu gostava de vê-lo assim. Me lembrava de mim mesma quando tudo começou. No final da semana, em casa, o Léo me abraçou por trás na cozinha enquanto eu lavava uma taça de vinho.

— Sabe que morar com você é a melhor coisa que já me aconteceu, né? — ele sussurrou no meu ouvido.

— Eu sei… respondi, com um sorriso bobo e o coração cheio.

E naquele momento, eu soube: tudo estava exatamente onde devia estar.

A rotina do inicio da semana seguia intensa, com audiências, petições e muitos atendimentos. O escritório estava no ritmo acelerado que eu amava. E agora, com Matheus se entrosando cada vez mais, tudo parecia ainda mais vivo. Ele era aplicado, rápido, tinha boas ideias. Estava cada vez mais à vontade conosco. Era curioso e prestativo, fazia perguntas pertinentes, observava tudo com atenção e sobretudo, prestava atenção em tudo. Em tudo mesmo. Mas de vez em quando, eu percebia uns olhares mais longos, como se ele estivesse absorvendo algo além dos aspectos jurídicos. Eu percebia os olhares discretos — mas nem tanto — que ele lançava para mim. Mais do que curiosidade profissional, parecia uma fascinação silenciosa, especialmente pela forma como eu me apresentava. Meus looks, sempre pensados com elegância e um toque provocante; minha maquiagem, especialmente o batom vermelho que eu não abria mão; e os saltos altos que ecoavam firmes pelos corredores.

Na quarta-feira, estávamos no carro voltando do fórum, com a trilha sonora baixa no rádio, a cidade passando lenta pela janela. Matheus, sentado no banco do passageiro, observava o trânsito mas parecia inquieto, como se carregasse algo nos lábios que não tinha coragem de dizer.

— Doutora... posso dizer uma coisa uma coisa meio boba?

Olhei rapidamente para ele e sorri, curiosa:

— Claro que pode, Matheus.

— É que... eu acho incrível a sua postura. O jeito que a senhora se impõe. E... como se veste, como fala... é inspirador, de verdade. Desculpa se parece estranho, mas eu acho lindo.

Meus lábios se curvaram em um sorriso sincero, mas com aquele toque malicioso que eu não conseguia esconder:

— Não é estranho, não. Fico feliz que você admire. E se quiser perguntar algo, pode perguntar. Não sou só sua chefe, sou sua colega, e estou aqui também pra inspirar, ensinar.

— Doutora... Posso perguntar uma coisa sem parecer invasivo?? ele disse, com a voz hesitante.

Desviei o olhar rápido da estrada, curiosa com o tom.

— Claro, Matheus. Pode perguntar o que quiser.

Ele respirou fundo, demorando-se.

— É que... eu queria saber... se a senhora... se a senhora é uma mulher trans.

Silêncio. Mas não aquele desconfortável. Era um silêncio de quem sabia que uma pergunta importante tinha sido feita. Continuei com os olhos na rua, mas sorri com leveza.

— Sim, Matheus. Eu sou.

— É que… Eu percebo que a senhora sempre tá impecável, sabe? Os saltos, a maquiagem… Sempre tão segura, elegante. Eu fico pensando… isso foi natural pra você desde o começo? Ou foi uma construção?

Sorri de verdade, surpresa pela forma delicada como ele abordou o tema.

— Boa pergunta. Foi uma construção, Matheus. Demorada, cheia de inseguranças, de tentativas, de erros e acertos. A gente aprende a se enxergar no espelho aos poucos, sabe? Mas quando a gente se encontra… não tem mais volta. A segurança vem disso.

Ele engoliu seco, ficou vermelho e logo apressou-se: — Me desculpa, doutora! Eu não quis ser invasivo, de verdade, é que... eu fiquei na dúvida, sabe? E também fiquei com medo de parecer desrespeitoso...

— Calma — interrompi, ainda com suavidade.

— Não tem problema, Matheus. Você perguntou com respeito, e eu prefiro mil vezes uma pergunta sincera do que um cochicho pelas costas.

Mas agora me diga… por que a pergunta? Ele mexeu as mãos nervosamente sobre as pernas e respondeu com o olhar perdido pela janela:

— Por nada, por nada... só curiosidade mesmo…

— Hm... só curiosidade? — perguntei, provocando de leve, com um meio sorriso. Ele sorriu, tímido, e desviou o olhar.

— É que... a senhora é muito bonita, elegante… segura de si. Eu admiro isso, só isso. Desculpa de novo se fui longe demais.

— Fica tranquilo, Matheus. Tá tudo bem. E obrigada pelo elogio.

Ele assentiu, pensativo, com um respeito visível no olhar. E não perguntou mais nada. Não precisava. A forma como ele absorveu a resposta, com silêncio e um pequeno sorriso de admiração, disse mais que qualquer comentário. O restante do caminho foi em silêncio confortável. O tipo de silêncio que não pesa, mas amadurece. Matheus ficou mais quieto do que o normal, mas eu sabia que ele estava pensando, talvez até se redescobrindo. E eu? Eu segui dirigindo com um sorriso discreto no canto da boca, sentindo que, de alguma forma, minha presença ali ajudava a abrir caminhos — não só jurídicos, mas também humanos. Ao chegarmos no escritório, ele abriu a porta e, antes de sair, virou-se para mim:

— Doutora Ju… obrigado por ser você.

— E você, Matheus… obrigado por estar aberto a aprender.

Ele desceu, visivelmente mais leve. E eu também me senti assim. Mais viva. Mais eu.

Mas nos dias seguintes, essa curiosidade dele parecia crescer. Eu notava os olhos dele acompanhando o som dos meus saltos, observando discretamente como eu cruzava as pernas, o brilho da meia-calça, os detalhes do delineado perfeito. Na quinta-feira, ele apareceu com as unhas discretamente lixadas, camisa ajustada e cabelo bem penteado. Reparei. E gostei. Léo, por sua vez, já tinha percebido tudo. Num momento a sós, ele riu e disse:

— Seu estagiário está encantado, doutora Juliana. Mas quem não estaria, né?

— Encantado ou curioso? — devolvi, provocante.

— Os dois, talvez. Só não deixa ele tropeçar nesse salto imaginário que você põe nos outros. É afiado demais.

Rimos. Eu adorava quando o Léo demonstrava essa mistura de ciúme leve com admiração. E o Matheus, cada vez mais confiante, já me tratava com uma mistura de respeito, admiração e uma pontinha de encantamento que me fazia sorrir por dentro.

Naquela tarde, Léo me chamou para a sala dele, trancou a porta e me encostou na parede, quente de desejo. Antes que eu pudesse sussurar qualquer coisa, ele me calou com um beijo profundo. O resto da tarde teve mais do que pareceres e recursos — teve mãos rápidas, gemidos contidos e minha lingerie rasgada entre pilhas de papel.

O Matheus... bom, ele nem imaginava o que acontecia por trás das portas fechadas. Mas talvez, em algum momento, ele fosse descobrir que o mundo da advocacia podia ser bem mais intenso e ousado do que ele pensava.

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